O Sporting comprometeu esta noite as suas aspirações na Liga dos Campeões ao perder em casa diante do Borussia de Dortmund por 1-2, depois de uma primeira parte em que foi esmagado pela máquina alemã e uma segunda em que se transfigurou e chegou a ameaçar o empate que podia deixar tudo em aberto para o próximo jogo com a equipa de Thomas Tuchel. Um golpe duro para o leão que não teve a devida recompensa depois da esforçada segunda parte que fez esquecer as muitas limitações que o Dortmund expôs nos primeiros 45 minutos.
A primeira parte foi um verdadeiro pesadelo para o Sporting que chegou ao intervalo a perder por 0-2, um resultado lisonjeiro, tantas foram as oportunidades criadas pelo Dortmund que controlou o jogo como quis, com um equipa muito subida no terreno a criar muitas dificuldades aos leões. Com Weigl à frente do quarteto defensivo e mais uma linha de quatro nas costas de Aubemayang, a equipa comandada por Thomas Tuchel asfixiou os leões desde o primeiro minuto, sempre em superioridade numérica na zona do meio-campo, com Elias desamparado na zona central. William estava mais recuado e Markovic pouco ajudou a defender, num quadro em que os alemães mandavam em toda a linha.
O Sporting quando recuperava a bola, era logo pressionado no seu meio-campo, perdendo rapidamente a iniciativa e permitindo novo ataque do Dortmund que, com bola, abria rapidamente as alas, com Pulisic e Dembélé e provocava o caos na área de Patrício. O primeiro golo, logo aos 10 minutos, surge num rápido contra-ataque, com Aubemayang a fugir a toda a gente, a ignorar a marcação de Rúben Semedo, com um desvio subtil, e a bater Patrício com classe. O Sporting tentou reagir, mas continuava a não conseguir passar a compacta linha amarela sobre o meio-campo. Foram vinte minutos assim, mas aos poucos, os leões foram testando um futebol mais rendilhado, com Elias em destaque neste papel, para descoser a consistência alemã e começaram também a chegar à área de Burkic.
O jogo estava aberto nesta altura, com oportunidades nas duas balizas, com Bas Dost também a entrar no jogo e Gelson a encontrar o seu espaço sobre a direita, com o apoio de Schelotto, mas faltava ainda Bryan Ruiz entrar no jogo e Markovic continuava a perder demasiadas bolas. Aubemayang teve, pelo menos, mais três oportunidades para voltar a marcar, numa delas negada com uma defesa impossível de Rui Patrício. Foi preciso esperar meia hora pelo primeiro remate do Sporting, uma cabeçada de Bas Dost de raspão, depois de cruzamento de Gelson.
Equilíbrio e empate à vista
Os leões conseguiam, finalmente, equilibrar o jogo e até podiam ter ganho um suplemento de confiança, quando Coates marcou na sequência de um canto, mas o árbitro detetou uma falta de Bas Dost sobre Burkic e, logo a seguir, novo balde de água fria em Alvalade, com Weitl, o médio mais recuado do Dortmund, a ir por ali fora, a ultrapassar Zeegelaar e Elias com dribles curtos antes de disparar uma bomba indefensável para Rui Patrício. Um duro golpe sobre o leão no momento em que procurava levantar a cabeça.
Jorge Jesus manteve a confiança no mesmo onze para o início da segunda parte, mas a verdade é que a equipa veio transfigurada, diante de um Borussia bem mais macio. Os leões, nesta altura, tinham pouco a perder e arriscavam agora mais nos duelos individuais e, desta forma, conseguiam abrir brechas na organização dos alemães. Jorge Jesus foi depois refrescando as unidades mais desgastadas, lançando Bruno César e, depois, Joel Campbell e a equipa cresceu a olhos vistos, com a tal linha amarela a recuar para bem perto da área de Burkic.
Um atraso para Burkic permitiu um livre dentro da área e com a equipa toda do Dortmund sobre a linha de golo, Campbell deu para Bruno César que atirou uma bomba para as redes de Burkic.
Um golo que teve o condão de mostrar que a diferença entre as duas equipas não era assim tão grande como se tinha visto na primeira parte. As bancadas explodiam e recuperavam o apoio à equipa que, logo a seguir, podia ter chegado ao empate, com uma cabeçada de Bas Dost que passou a rasar o poste. O avançado holandês voltou a ameaçar Burkic e o Dortmund, ao sentir que a vitória estava sob ameaça, voltou a despertar, procurando subir as suas linhas. Pulisic teve uma oportunidade soberana para matar o jogo, com um remate à trave, com Rui Patrício batido, mas agora o leão já não se deixava intimidar e esteve outra vez muito perto do empate, num cruzamento mortífero de Gelson. André, que tinha acabado de entrar, entrou na baliza, mas a bola passou ao lado.
Os últimos minutos foram tensos, com o Sporting com pressa na procura do empate e os alemães à espera do final do jogo que acabou mesmo com vitória dos alemães.
Com apenas três pontos e ainda duas deslocações pela frente [o jogo em casa é com o Reakl Madrid], o Sporting está agora obrigado a vencer em Dortmund para poder continuar a aspirar aos oitavos de final. Pelo que se viu na primeira parte, parece uma missão impossível, mas a segunda parte deixa ainda uma esperança em aberto.
LC: Sporting-B. Dortmund, 1-2 (destaques)
Figura: Aubemayang mortífero
Um golo e mais três oportunidades soberanas dão bem conta das boas movimentações deste avançado que é uma das figuras mais proeminentes da Bundesliga. Marcou logo aos dez minutos, num lance individual, escapando com facilidade à marcação de Rúben Semedo antes de bater Rui Patrício com um remate a derramar classe. Ao longo de toda a primeira parte foi um verdadeiro pesadelo para a defesa do Sporting, aparecendo em vários sectores da área a provocar o caos, sempre com o seu estilo de quem não quer nada com aquilo. Num desses lances, esteve muito perto de fazer o segundo, negado por uma defesa impossível de Rui Patrício.
Momento: bomba de Weigl
Quando o Sporting começava a levantar a cabeça e a respirar, depois do sufoco inicial dos alemães, logo depois de Alvalade ter festejado um golo de Coates que não valeu, Weigl voltou a baixar as expetativas dos sportinguistas, com uma bomba do meio da rua. Rui Patrício nem viu a bola partir e quando esboçou uma reação, a bola já estava a escorregar nas suas redes. Um duro golpe para os leões mesmo no final da primeira parte.
Outros destaques: confira a FICHA DO JOGO
Rui Patrício
Com uma série de boas defesas, Rui Patrício conseguiu evitar que o jogo ficasse decidido logo na primeira parte. Defendeu remates de Pulisic, Dembélé, mas o que fica na memória, foi aquela dupla defesa num dos momentos de maior pressão do Dortmund. Ainda a levantar-se da primeira estirada, o guarda-redes ainda conseguiu lançar-se para defender um remate de Aubemayang da zona de grande penalidade. Uma daquelas defesas que só está ao alcance dos grandes guarda-redes.
Schelotto
O Sporting só conseguiu atacar pelo lado direito praticamente ao longo de todo o jogo e isso deveu-se, mais do que a Gelson Martins, a disposição de Schelotto para subir no tereno. Foi certamente o jogador que mais bolas cruzou ao longo do jogo e, por duas vezes, esteve perto de assistir os companheiros para golo. Um cruzamento que Bas Dost só conseguiu desviar de raspão e outro que o holandês também não conseguiu dar o melhor seguimento.
Elias
Durante muito tempo esteve desamparado a correr entre o carrocel de Weigl, Götze, Kagawa e companhia, mas também foi o brasileiro que começou a quebrar a superioridade dos alemães, recorrendo a um futebol mais rendilhado, com passes curtos e tabelinhas, para ultrapassar a pressão alemã.
Weigl
Uma grande exibição coroada com um golo de levantar o estádio. O jovem médio é uma das pedras basilares deste Dortmund de Tuchel, destacando-se à frente da defesa para jogar sempre na vertical. Pode recuar para terceiro central, mas também sai facilmente a jogar com a bola nos pés e abrir o jogo paravos flancos. Esteve em especial destaque na primeira parte em que beneficiou do facto do Dortmund estar em clara vantagem numérica no seu território. A fechar o primeiro tempo, surpreendeu tudo e todos com o tal golo. Depois de evitar Zeegelaar e Elias, atirou um pontapé cruzado de fora da área, indefensável para Rui Patrício.
Bas Dost
O avançado holandês deve estar agora ainda mais irritado depois de dois jogos consecutivos sem fazer golos e, neste, até teve oportunidades para o fazer. Desperdiçou, pelo menos, por duas vezes, com cabeçadas defeituosas que não chegaram para bater Burkic.
Bryan Ruiz
Uma noite que lhe passou ao lado. O Sporting, ofensivamente, só atacou pela direita porque do lado contrário o costarriquenho nunca chegou a aparecer no jogo.
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