quarta-feira, 8 de julho de 2015

CARTA BOMBA !!!

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Felipão lamentando jogo Brasil x Alemanha

Digo “caro” por formalidade, o senhor sabe. Nem nos conhecemos. Entrevistei você quando era técnico do Grêmio e do Palmeiras nos anos 1990, cobri bastante o Palmeiras em 1998... Para a Copa de 2002 não fui. A Placar, onde eu trabalhava, fechou. A editora Abril tinha certeza -  70% das pessoas por aqui tinham - que a Copa seria um retumbante fracasso. Cobertura tímida em todos os veículos. Japão e Coreia eram caros... Anos duros de mudança cambial e, enfim, o senhor há de se lembrar que havia poucos jornalistas com vocês na Ásia. Eu fui para a revista Playboy e daqui acompanhava um Brasil que via Ronaldo como ex-jogador, vítima de dois joelhos bichados, um time que estava perdendo de todo mundo, que suou para se classificar para a Copa. A coisa seria feia. E o Romário, craque da época, o senhor não levou! Bom... Era quase tão improvável ganhar aquela Copa (a França com Zidane, a Argentina voando) quanto prever uma derrota de 7 a 1 na semifinal de outra!

Em 2002 foi tudo incrível, Felipão... Cósmico! Até o juiz ajudou um pouco, contra a Bélgica. Você mexia com os brios de um time descreditado. E que na hora H jogou muito, transformou os caras em lenda. Você sempre trabalhou bem com time desacreditado. O Grêmio de Dinho e Goiano que detonava o futebol “serelepe” do Sudeste, com a dupla de ex-renegados Paulo Nunes e Jardel! A mesma coisa com Portugal. Aí vem “O projeto 2014”...

Você pegou a Seleção (por que pegou? Deixasse a batata pro Guardiola) com moral baixo, a gente morrendo de medo de dar vexame – dentro e fora de campo. E de repente... campeão da Copa das Confederações! Três a zero na Espanha. Mas em vez de continuar trabalhando onde o senhor é mestre (“os desacreditados contra o mundo”), tomou a pior decisão de sua vida. Saiu vociferando que nós éramos os maiores, a Espanha era uma chatice, a Alemanha não era de nada. Claro que eu não conheço sua vida para falar em “pior decisão”. Mas conheço sua carreira, Felipão, sei o quanto você ama ser técnico de futebol e o quanto já fez isso bem. Você e o Parreira, com o discurso de “taça na mão”, criaram um peso desnecessário, incompreensível e impossível para uma geração nota 6,5 carregar. Enfim...

Um ano depois, Felipão, eu penso em você exilado aí na China, ganhando muito bem, mas eu tenho certeza de que bastante triste. Um cara que fez coisas grandes no futebol. E um trabalho ruim na Copa, em vários aspectos. Mas o 7 a 1 é cruel demais para você... Futebol, como metáfora da vida, é demolidor nessas horas. Não poupa ninguém. Nem os vencedores. Deixo nossa total falta de afinidade (e intimidade) de lado. Presto o pouco que tenho de solidariedade deste 8 de julho eterno a você, Felipão.

por André Rizek-Globo.com


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