por Emerson Gonçalves-Globo.com
É hoje.
Dentro de alguns minutos, enquanto começo a escrever, Manchester United e Tottenham abrirão a temporada, disputando o primeiro jogo da Premier League. Se sair gol, ouvirei o grito e mudarei a tela do meu notebook, passando do word para a cobertura em tempo real no portal GloboEsporte. Minha torcida nesse jogo, ou preferência, melhor dizendo, é pelo United.
Essa temporada começa turbinada financeiramente. O novo contrato de direitos de transmissão entra em vigor na próxima temporada (veja nesse link post do OCE com os valores futuros e aqui matéria desse OCE com os números finais dessa temporada, por si só gigantescos), mas seus efeitos já entram em campo hoje mesmo. Os times médios e pequenos se reforçaram. Os grandes também, mas isso é natural, temporada após temporada.
Esse post, todavia, não é sobre contratações ou jogadores ou times ou os valores dos contratos assinados, os contratos que turbinaram essa e turbinarão as próximas temporadas.
A finalidade desse post é colocar alguns números (mais números??? – sim, mais números) que mostram algumas diferenças entre a Inglaterra da Premier League e o Brasil do Brasileirão da Série A. De quebra, uma comparação com o estado de São Paulo, que, em termos numéricos (e, por favor, atentem para isso, não se trata de regionalismo ou bairrismo ou qualquer outro “ismo”, exceto, talvez, “numerismo”), é o que há de mais próximo da Inglaterra da Premier League. Seria, como comparação, um “Paulista League”.
O tamanho dos territórios e das populações
Aqui vamos falar da Inglaterra e não do Reino Unido. Tecnicamente, a Premier League também inclui o País de Gales, que tem um time na disputa, o Swansea City. Apesar disso, não incluí os números de Gales (20.000 km² e pouco mais de 3 milhões de habitantes) nos cálculos e comparações desse post. O Reino Unido compreende, ainda, a Escócia (que tem liga própria) e a Irlanda do Norte.
A Inglaterra cabe 65 vezes dentro do Brasil – e ainda sobram 40.000 km²! Ou, o Brasil é 65 vezes maior que a Inglaterra – são 8.515.767 km² contra 130.395km². Também podemos dizer que o território inglês equivale a 1,5% do Brasil.
Essa área da terra da Rainha equivale a 52,5% da área do Estado de São Paulo – 248.222 km².
A população inglesa está hoje na casa dos 54 milhões de habitantes, contra 204 milhões do Brasil e 43 milhões do Estado de São Paulo (números arredondados, estimados para 2014 e já entrando em 2015).
(Walker marca o primeiro gol da temporada – United 1 x 0 Tottenham)
Tamanho das economias (PIB)
Os números de Produto Interno Bruto a seguir são do IMF – Fundo Monetário Internacional (em português) e foram calculados de acordo com o método Current Prices e não pelo PPP ou PPC em português – Purchasing Power Parity ou Poder Paritário de Compra – que não considera as taxas de câmbio e sim o poder aquisitivo de uma pessoa de acordo com os preços e custo de vida de seu país. Embora mais simpático, o método Current Prices me parece mais adequado, em especial para falar de países tão diferentes.
Os valores usados nesse post são estimativas do FMI para o ano corrente de 2015.
A participação da Inglaterra no PIB do Reino Unido é de 85%, ficando a Escócia com 8%, Irlanda do Norte com 3% e País de Gales com 2% e mais 2% que os analistas não conseguiram determinar para regiões específicas.
O PIB inglês tem o respeitável valor de US$ 2,85 trilhões.
O PIB brasileiro é de US$ 1,9 trilhão, na 9ª posição do ranking mundial (e 7º colocado, se considerarmos o PPC), o que deixa o estado de São Paulo com um PIB da ordem de US$ 0,7 trilhão.
Para efeito comparativo, o PIB argentino é de US$ 0,56 trilhão. Os parceiros brasileiros do BRICS têm PIBs de 11,2 trilhões a China, 2,3 trilhões a India, 1,2 trilhão a Rússia e 0,3 trilhão de dólares a África do Sul.
Renda por área e por pessoa
Esse parâmetro não é utilizado em estudos desse tipo, mas eu penso que ele é importante. Na verdade, considero-o muito importante, pois dá uma dimensão de como a riqueza de um país está dividida, ao mesmo tempo que passa a ideia de quão grandes podem ser os custos para se fazer alguma coisa num país em relação a outros.
Cada quilômetro quadrado do território inglês gera nada menos que US$ 21,9 milhões de riqueza.
Considerando o Brasil, esse número despenca para pouco mais de duzentos mil dólares por quilômetro quadrado: US$ 0,22 milhão.
Sobe para US$ 2,8 milhões se considerarmos apenas o Estado de São Paulo.
Naturalmente, a renda por pessoa, a renda per capita, também é importante.
Para dizer o mínimo: a renda do inglês é, praticamente, seis vezes maior que a do brasileiro (essa diferença cai quando trabalhamos com o PPP) e três vezes maior que a do paulista.
Pensem no que pode significar tão grande concentração de riqueza por área, no caso inglês, e como essa riqueza é pequena, quando tomamos o Brasil como exemplo.
Isso significa alta concentração de consumidores com renda média muito elevada em pequenos espaços geográficos.
Tudo isso facilita e diminui custos os mais diversos. Indiretamente, esses números influenciam os valores estratosféricos dos contratos de direitos de transmissão, que são, justamente, a grande razão para a espantosa explosão de crescimento do futebol inglês e de seus clubes.
Eles também ajudam a entender muitas diferenças entre os valores de direitos no Brasil quando comparados à Inglaterra, Alemanha e outros países europeus.
(Schweinsteiger mal entrou e já foi amarelado... Como vai se sair no United?)
Bom final de semana a todos. Vou aproveitar a hora do almoço para dar uma olhada no jogo em que Romero brilhou e o United venceu com um gol contra.
Ah, o futebol...
Em tempo: uma tabelinha para o lazer.
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