segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sentimentais estaduais. Um brinde ao Calabar!




Audax 1 x 3 Palmeiras – é grande


Zé Roberto tem 40 anos. O Palmeiras, 100.
Mas ambos pareceram tão jovens e vivos quanto o Allianz Parque e o Vitinho, meu sobrinho-primo que estreava em estádios.
Quando o Zé batia no peito de menino com coração de veterano e berrava na preleção que o “Palmeiras é grande”, ele estava jogando na cara de quem apequenou o clube um fato tão absoluto que, de tão real, às vezes, é preciso recordar. Realidade tão clara e cara que os pobres de cultura precisam sempre ser lembrados: por mais que alguns palmeirenses rebaixem o clube, uma história assim não acaba nem nas manchetes da mídia que não fala o nome certo do estádio. E fala inverdades sobre colossos que às vezes soçobram, ou capengam como o Palmeiras deste século.
O Corinthians se reergueu depois do cataclismo Dualib-MSI em 2007. O Galo caiu em 2005 e nunca foi tão vingador e forte quanto nos dois anos que passaram.
O jogo vira quando se é gigante com espírito desse menino Zé Roberto, tão vivo quanto o sorriso do meu caçula Gabriel no primeiro gol que vimos para valer no Allianz Parque. O gol de Robinho, o segundo no início arrasador do sábado. O primeiro gol do Palmeiras meu filho celebrou no elevador, que não chegamos a tempo. O que seria o segundo gol ele viu Maikon Leite jogar a bola no telão, como se fazendo um replay ao vivo de tudo que ele e o Palmeiras erraram feio nos últimos tempos.
Mas Maikon teve mais uma chance. Entre as tantas que o time de velocidade, toque de bola e boas deslocações de Allione teve. Guardou o terceiro que poderia ser o dobro no ótimo primeiro tempo contra um adversário confuso na marcação. Sofreria o Verdão um gol no final do segundo tempo de desgaste físico natural. Bola nas costas de Zé Roberto. Sim. Mas foi ele que levou nas costas e no peito e na garganta o espírito inflamado para dentro de campo.
Zé foi o “animal” que ele lembrou ser Edmundo.
Talvez ele não seja o que é o craque da camisa sete palmeirense para o fim de todos os tempos. Certamente outros que estão no elenco de bom nível em 2015 jamais conquistarão tudo que Edmundo levou junto com ele do Palestra Italia. Não só pela bola, mas pela identificação com a torcida que corneta e vibra.
Mas para começo de conversa e de temporada, a impressão foi ótima. O Palmeiras saiu aplaudido no intervalo como não era desde… Desde quando?
Desde quando Zé Roberto era ainda mais menino. Quando, segundo ele, o lateral, volante, meia e ponta queria um dia estar forrando as paredes do vestiário de um clube por tudo que um dia fez por um time de futebol.
Talvez não haja tempo hábil para tanto. Nem tantos jogadores tão hábeis quanto o Zé.
Mas, certamente, pelas palavras de incentivo, pelas intenções iniciais, Zé pilhou o porco. Pode até ter falado o óbvio. Pode até ter dado munição aos descrentes que podem dizer que grandeza não se fala e nem se mede.
Mas quando o clube do Zé é aquele que um dia outros chamaram de Academia. Quando o time do Zé é aquele que foi coroado por quatro rankings distintos como o maior vencedor do século. Quando tudo isso foram os de fora que disseram, sempre é bom vir alguém de dentro para olhar para tudo aquilo que se fez e berrar que gigante é a gente. Assim tem de ser tratado. Grande. Assim tem de jogar como pretende Oswaldo. Grande.
Assim começa o novo tempo no velho tempo da Água Branca.
Você é pé-quente, Vitinho.
(Quando daqui umas décadas você achar este post e ler para o seu filho, Vítor, fale para ele que o Zé Roberto deste jogo de 2015 contra o Audax ainda é o mesmo que ele estará vendo jogar pelo Palmeiras)
Mauro Beting-Lancenet.com

Sentimentais estaduais. Um brinde ao Calabar!


Abro o jogo:
Rio de Janeiro: Flamengo
São Paulo: Palmeiras
Rio Grande do Sul: Grêmio
Minas Gerais: Atlético
Bahia: Vitória
Paraná: Atlético
Pernambuco: Sport
Copa do Nordeste: Sport
Depois eu volto ao tema.
Agora é hora de parabéns.
Hoje faz 45 anos, salvo engano, meu primo Paulo.
Ele faz uns 40 e poucos anos como o Pauletto irmão do Danilo.
Como Calabar já são 29 anos. E contando.
Não saberia contar em números, nomes, lugares, canções, lágrimas, sorrisos, darintas e Marcos, Joakin´s e Castelões, strombolis e crustolis, wi-fi ligado em Hi-fi, quantos Tombos levamos na madrugada – mas bastaria uma noite de verão. Quantas fontes Simão, quantos sims e tantos nãos, que tivemos ente Ipiranga e Piracicaba, Campos e Guarujá, Palestra e Pacaembu.
Hoje ele está no Rio celebrando com amor e amigos a data Charles Anjo 45. Típica da Alegria Loira…
Fim de semana sim e não também estou pelo Fox Sports no Rio.
Desta vez é o não, que tantas vezes não me levou para Pira por motivos de trabalho. Pira de pirado mesmo. De louco. De pazzo.
Como fomos em 1985 ver outro XV, o de Jaú, nos mandar tomar maracugina pela eliminação no SP-85.
É Maracugina. Com G. Quem explica? É como perder aquele jogo. Como perder para a Inter de Limeira da Adriana Marmo em 1986. Como badalar e levar um porre com o Bragantine’s 12 Anos da Terra do Magoo, em 1989.
A Ferroviária em 1990… Aguirregaray. Novorizontino. Bragantino de novo na nossa cara. Fila de velho na nossa fuça.
Até aquele gol de falta do Evair, na meta de entrada do Morumbi, que tirou lágrima da rede molhada. O do One, do U2, que o Ronaldo não defendeu, e com o Dudu lá na arquibancada molhada do Morumbi. Como estava encharcada depois quando o São Paulo ganhou de novo, na final do SP-92.
Quando acabaria aquela tortura?
Pergunte e leia o Gustavo Piqueira, no livraço “Coadjuvante”.
Está tudo lá.
Estivemos sempre por lá.
Como você está sempre por aqui, ainda que não tão perto da gente. Mas perto do amor da mulher, das filhotas lindas, do enteado lindo. Tão verde quanto a gente.
Vai começar amanhã mais um Estadual. Em SP, no RJ (se os cartolas deixarem…), em todo Brasil.
Já não é mais tudo aquilo que um dia foi. Como para sempre será 12 de junho de 1993 – a maior alegria.
A que secou as lágrimas do gol de canela do Biro-Biro na semifinal do SP-80.
Justo na noite do seu aniversário. Saí da sua casa no Ipiranga e dormi chorando ouvindo pela milésima vez a narração do Silvério da canelada que daria o título paulista de 1979 para o Corinthians.
Dou os meus chutes para os estaduais de 2015. Estarão na revista “Placar”, editada pelo Dimitrius Pulverenti, um que sabe escrever muito bem, e torce ainda melhor, entre nós.
Aí estão mais uma vez. Quem eu acho que ganha pelo Brasil:
Rio de Janeiro: Flamengo
São Paulo: Palmeiras
Rio Grande do Sul: Grêmio
Minas Gerais: Atlético
Bahia: Vitória
Paraná: Atlético
Pernambuco: Sport
Copa do Nordeste: Sport

Será que vai ser isso?
Não é torcida. É palpite. É chute.
(quer dizer, em São Paulo, você sabe…)
Mas o que eu gostaria mesmo não era só voltar aos tempos em que jogávamos bola e futebol de botão e subbuteo com o Calabar que ainda não era Calabar.
Mas que já era o cara que não tenho palavras para contar.
Eu também gostaria que os estaduais fossem como as finais dos anos 70 e 80. Adoraria ver  aquela rede do Maracanã estufando numa batida de Zico ou Dinamite. A trave esticada do Pacaembu, o filó cheio do Mineirão, aquele sol de Beira-Rio e do Olímpico, aquelas milhões de fases do Pernambuco, um drible do Osni no Bahia e um passe do Mário Sergio no Vitória. Gols do Sima, do Radar, do Alberi, do Pastoril, do Bife, do Bira Burro, da aquarela do Brasil no Fantástico.
Dar tchau para o Leo Batista, ouvir a musiquinha do Fantástico e entrar em crise.
Era ótimo.
Mas já era.
O mundo mudou. A mídia mudou. Meu primo Calabar mudou para mais longe.
Mas a bola volta a rolar neste fim de semana.
Ainda é muito jogo para pouco futebol. E vai ser ainda mais. E cada vez menos.
Mas é assim a nossa vida. E ela passa em cada jogo, cada estádio e cada rival estadual.
Todos eles vêm junto comigo. A vida toda.
Parabéns, Calabar, pelos 45 anos.
Parabéns, estaduais, pelos 113 anos desde o primeiro.
Vocês podem estar cada vez mais distantes.
Mas, pelo menos para quem assina este texto, estão sempre presentes.

Mauro Beting-Lancenet.com

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