sexta-feira, 1 de maio de 2015

Multicampeão Tinga se aposenta, vira ''chinês'' e descarta ser treinador



Volante se aposenta e deixa legado de honestidade, caráter e liderança no clube
Volante se aposenta e deixa legado de honestidade, caráter e liderança no clube



Sinônimo de raça e liderança no Cruzeiro, o volante Tinga concedeu nesta quinta-feira (em seu último dia de contrato com o clube), sua última entrevista coletiva como jogador de futebol. Conforme já havia antecipado, a partir do dia 1º de maio, o agora ex-jogador irá se dedicar aos negócios e aos estudos do futebol. Ainda neste primeiro semestre, Tinga voltará à Alemanha, onde foi ídolo, para acompanhar as finais da copa local, além da decisão da Champions League.
Durante mais de uma hora, o agora ex-jogador comentou sobre os 18 anos de carreira e o desfecho mais que positivo para quem sonhava apenas em proporcionar uma vida melhor à mãe, o Rio Grande do Sul.
"Só tenho que agradecer aos torcedores, eles que fazem o Cruzeiro ser grande. Pessoal que não aparece, da grama, da portaria. O futebol não é só quem vai ao campo. As coisas mais importantes ocorrem de segunda a sábado. No domingo, dia do jogo, não acontece muita coisa. Desde o primeiro dia que cheguei, já me envolvi com o Cruzeiro. Completei três anos de Cruzeiro e parece que tem 10 anos. Fui presenteado, tive o privilégio de ser escolhido para jogar no Cruzeiro", disse.
"Tenho mais intimidade com o Cruzeiro, todos ficam assustados quando falo isso, todos sabem que sou colorado, mas o que tive no Cruzeiro foi inesquecível, e realização de poder terminar num time grande. Eu tinha um sonho de me tornar jogador e dar uma casa para a minha mãe, a vida me deu mais que eu imaginava", completou.
No Cruzeiro desde 2012, Tinga levantou duas taças do Brasileirão, além de um Campeonato Mineiro. Em 1997, o volante foi revelado pelo Grêmio e ainda passou pelo Kawasaki Frontale, do Japão, Botafogo, Sporting, de Portugal, Internacional e Borussia Dortmund, da Alemanha, conquistando títulos relevantes como duas Copas Libertadores, duas Copas do Brasil, Supercopa da Alemanha, Recopa Sul-Americana e nada menos que cinco campeonatos gaúchos. Hoje, aos 37 anos, o jogador encerra sua passagem pelo futebol como um dos líderes do clube e exemplo de caráter e comprometimento com o seu trabalho.
"Eu tinha o sonho de ser campeão brasileiro e foi mais do que eu imaginava, foram dois títulos. Hoje, já me considerando ex-jogador sou torcedor assíduo desses jogadores e pessoas que fizeram parte do Cruzeiro em 2013 e 2014. Dedé, Bruno, Henrique, Willian, Manoel, Leo, todos eles, os que estão foram, o Everton, Goulart, Nilton, que eu converso todo dia... Agradeço a todos eles que me deram a oportunidade de me fazer campeão. Como torcedor vou sempre idolatrá-los. Hoje sou mais um chinês, torcendo pelo Cruzeiro. Não é média, não preciso fazer isso", disse, referindo-se à 'China Azul', apelido da torcida cruzeirense, conhecida também pelos seus milhões de torcedores.
No início do Campeonato Brasileiro, Tinga ainda será homenageado com uma placa pelo Cruzeiro, pelos três anos, 65 jogos e três títulos e dois gols pelo clube. Até lá, uma coisa já é certa na cabeça do jogador. Treinar uma equipe ou se tornar dirigente de futebol, a princípio, estão descartados.
"Tenho duas certezas que não quero, que é ser treinador nem empresário de futebol, isso eu sei que não quero. Não estou capacitado para isso. Se acontecer algo dentro do que imagino de ética, de trabalho de projeto, não tem por que não pensar, mas tenho outros negócios que têm corrido muito bem e tenho a família, que é minha maior riqueza. Encerrar a carreira me gera uma alegria que não é normal. Muitas vezes quando se para de jogar não tem alegria, e eu estou muito alegre. Por isso agradeço as pessoas do Cruzeiro que me ajudaram a decidir isso desta forma", concluiu.
Abaixo, outros trechos da despedida de Paulo César Tinga:
Racismo: Isso fortaleceu a afinidade com o torcedor e o grupo de jogadores, aquilo deveria ser algo que muitos se abalassem, mas foi uma coisa que encarei de forma normal. Não se deve encarar normal aquilo, mas pelo apoio que tive aqui e pela base familiar, a coisa foi tratada deste jeito (normal). Qualquer assunto que se fala de racismo no esporte se lembra daquele caso, que desencadeou outros casos. Sou mais um ser humano que quer sempre o bem de todos em todas as áreas.
Treinadores: Consegui jogar 18 anos só em times grandes. Isso com certeza teve parcela grande dos treinadores que peguei. Quero agradecer a todos os treinadores, são muitos nomes, vai levar tempo (risos). Roth, Tite, Felipão, Marcelo Oliveira, Abel, Falcão, são muitos. Sempre procurei aprender um pouco com cada um. Só me tornei o jogador que fui, de estar num grupo considerado o melhor do Brasil mesmo com uma idade avançada, pelo que aprendi taticamente com eles.
uol.com

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