Marcante jogador do Vasco da Gama nos tempos do “Expresso da Vitória”, Eli do Amparo (ou ainda Ely do Amparo conforme alguns registros publicados) nasceu na cidade de Paracambi (RJ), em 14 de maio de 1921.
Ely começou a jogar em sua própria cidade, no time do Brasil Industrial Esporte Clube ao lado de seu irmão, o goleiro Osni, que também fez sucesso com a camisa do América.
Corria o ano de 1938 quando o jovem Eli chegou ao antigo Estádio do Andaraí para tentar a sorte no juvenil do América e se deu bem.
Crédito: revista Manchete Nº 41 – 31 de janeiro de 1953.
Eli, o terceiro em pé da esquerda para a direita, no time do Canto do Rio F.C.
Depois do juvenil do América, Eli foi contratado pelo Canto do Rio F.C em 1940. Jogando inicialmente como médio direito, volante ou ainda como lateral direito, Eli já era um polivalente naquele início dos anos quarenta.
E foi na simpática agremiação azul da cidade de Niterói, jogando ao lado do famoso goleiro Veludo, que ele encantou os cartolas do Vasco da Gama em 1944.
Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Crédito: revista O Globo Sportivo Nº 636.
Com credenciais de atleta dedicado, valente, destemido e vigoroso, Eli do Amparo logo se transformou em um líder daquele grande time do expresso da vitória, uma equipe acostumada a grandes triunfos naquela época.
Seu futebol foi fator determinante nas conquistas dos campeonatos estaduais de 1945, 47, 49, 50 e 52, além do importante e histórico Sul-Americano de clubes em 1948.
Os irmãos Osni do América e Eli do Vasco da Gama. Crédito: revista Esporte Ilustrado Nº 801.
A intermediária do Vasco com Jofe, Eli e Dario. Crédito: revista Esporte Ilustrado – 893 – Maio de 1955.
Conhecido como Xerife, talvez um dos primeiros a receber essa alcunha, não pensava duas vezes na hora de abrir seu “estojo de ferramentas” para interromper alguma jogada mais perigosa.
No Vasco, Eli formou a famosa linha média Eli, Danilo e Jorge. Os três eram carinhosamente chamados pela torcida vascaína de Feijão, Arroz e Carne Seca.
Crédito: revista O Globo Sportivo Nº 670.
Sua grande paixão fora dos gramados era uma caminhonete Mercury modelo 1941.
Quando não estava em São Januário, Eli vivia entre baldes e mais baldes de água e sabão cuidando pessoalmente da paixão de lata de habitava sua garagem.
Eli e sua caminhonete Mercury modelo 1941. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Crédito: revista O Cruzeiro – encarte ídolos do futebol brasileiro.
Em 1949, Eli conquistou seu primeiro título com a camisa da Seleção Brasileira na conquista do campeonato Sul Americano de 1949.
Convocado pelo técnico Flávio Costa para a disputa da Copa do Mundo de 1950, Eli era o reserva imediato de Bauer, participando da partida de estréia contra o México na vitória por 4×0 no Maracanã.
Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Eli concede entrevista com uma toalha sobre as costas. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Depois do vice-campeonato mundial de 1950, Eli foi campeão Pan-Americano de 1952 e também disputou a Copa do Mundo de 1954 realizada na Suíça.
Ao todo, foram 19 partidas com a camisa nacional, obtendo 15 vitórias, um empate e três derrotas.
Eli e Pinheiro. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Memória Pública – Jornal Última Hora.
Eli, Paulinho e Pinga. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Eli também era figura garantida nas convocações da seleção carioca que habitualmente disputava o campeonato brasileiro de seleções estaduais naquela época.
O craque deixou o Vasco da Gama em 1955 e foi contratado a peso de ouro pelo então presidente Adelmar da Costa Carvalho para defender a camisa do Sport Recife, que comemorava o seu cinqüentenário.
Eli, Augusto e Barbosa. Crédito: Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora.
Eli e Rubinho do Botafogo. Crédito: revista Esporte Ilustrado.
Em 1955, após uma brilhante carreira no Sudeste do país e longa passagem pela Seleção Brasileira, Ely desembarcava em Recife, para vestir o manto rubro-negro.
O craque, já com 34 anos, tinha em sua bagagem a experiência de ter ido a duas Copas do Mundo (1950 e 1954) e ter conquistado os títulos do Sul-Americano de 1949 (atual Copa América) e do Pan-Americano de 1952 (uma espécie de Copa América de todas as Américas) pela Seleção.
Chegou ao Sport por meio do técnico pernambucano Gentil Cardoso, que tinha sido contratado por uma fortuna no Sudeste, com o objetivo de conquistar o Campeonato Pernambucano de 1955, título do Cinquentenário do Sport, grande desejo do então presidente Adelmar Costa Carvalho (que atualmente dá nome ao nosso estádio).
Ely do Amparo estreou no Sport em 7 de agosto de 1955, num clássico contra o Santa Cruz, na Ilha do Retiro. Aquela partida, que valia pelo Campeonato Pernambucano daquele ano, terminou em empate: 1x1.
Durante toda campanha do estadual, Ely foi figura fundamental no time do Sport. Levou o time às finais, juntamente com Osvaldo Baliza, goleiro que já tinha passagem pela Seleção, e a famosa linha de ataque Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e Geo.
Nas três finais do campeonato, contra o Náutico, foi quando Ely do Amparo viveu seus grandes momentos de glória no Leão.
Na segunda partida da "melhor de três", nos Aflitos, uma disputa com um jogador alvirrubro resultou num profundo corte no supercílio do craque. Contrariando a ordem médica, Ely permaneceu em campo, e esquivou-se das posteriores tentativas dos jogadores do Náutico em acertá-lo no local ferido. O jogo terminou em 0X0.
Por sorteio, os Aflitos foi escolhido como o palco da última partida da "melhor de três". O Sport jogaria pelo empate para ser campeão.
Mesmo sem a cura do ferimento, Ely foi à grande decisão, com a proteção de uma faixa na cabeça. No decorrer da partida, quando o placar estava em 1x1, o médio do Sport foi outra vez acertado no mesmo local do ferimento pelo mesmo jogador alvirrubro que o fizera na partida anterior. Ely saiu de campo com a testa sangrando. O Náutico aproveitou-se da desvantagem numérica do rubro-negro e desempatou: 2x1.
Antes de voltar à partida, Ely falou ao médico: "Vamos ganhar este jogo. Essa será minha melhor vingança pelo que me fizeram". Após seu retorno, o guerreiro rubro-negro, com a camisa encharcada de sangue, não deixou passar mais nada; até quando a bola vinha por cima, ele cortava com a cabeça, ensopando a faixa com sangue. O espírito de Ely contagiou o resto da equipe, que logo empatou a partida novamente, através de Traçaia.
O empate já era suficiente para o título rubro-negro, mas não para Ely. No finalzinho da partida, o craque roubou a bola de um alvirrubro, partiu rapidamente para o campo de ataque e acertou um magnífico passe para Naninho. Bastou ao atacante tocar na saída do goleiro adversário para marcar o gol da vitória: Sport 3 a 2. Foi dessa forma que Ely do Amparo tornou-se campeão do Cinquentenário do Sport.
No ano seguinte, Ely continuou no Sport, mas por pouco tempo. Sequer jogou o Campeonato Pernambucano de 56. Retornaria ao clube apenas em 1969, mas, desta vez, no cargo de treinador.
Apesar da pequena passagem pelo clube, Ely do Amparo é lembrado até hoje por ter encarnado o verdadeiro espírito rubro-negro naquelas decisões de 55, algo então inesperado de um jogador que já era consagrado no futebol nacional.
Eli com a camisa do Sport e as ataduras na cabeça depois do ferimento. Crédito: futurosport.com.br.
Crédito: revista O Globo Sportivo Nº 691
Depois, como treinador, mostrou seu lado mais afável. Tratava os jogadores como filhos e era um verdadeiro cavalheiro desfilando cortesia nos bastidores da bola.
Posteriormente, o Vasco abriu suas portas novamente para Eli, que foi funcionário do clube por longos anos exercendo funções de técnico, auxiliar-técnico e preparador de goleiros inclusive.
Eli do Amparo faleceu em 09 de março de 1991.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista do Esporte, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista Esporte Ilustrado, revista Vida do Crack, revista O Globo Sportivo, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, esporte.uol.com.br, esporte.ig.com.br,museudosesportes.blogspot.com, topicos.estadao.com.br, site do Milton Neves, Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública – Jornal Última Hora, cacellain.com.br, valdirappel.blogspot.com.br, meusport.com,futurosport.com.br, sovascodagama.blogspot.com.br,albumdocrvascodagama.blogspot.com.br.
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