Antes de o Brasil ganhar a Copa-1958, Nelson Rodrigues repetia que o brasileiro agia como um vira-lata que sempre se sentia em inferioridade em relação aos outros. Virou expressão o “vira-latismo'' nacional. Passados quase 50 anos, a maioria dos integrantes do futebol brasileiro vive uma síndrome inversa: se enxerga com uma superioridade mesmo após a goleada de 7 a 1 sofrida para Alemanha, há um ano.
O leitor certamente lembrará que a imprensa fez críticas pesadas ao técnico da seleção, Dunga, ao nível do Brasileiro, e à gestão da CBF. Mas em nenhum momento se vê essa reflexão, de verdade, entre os treinadores e em que decide os rumos do esporte nacional.
Lembre-se: a explicação de Luiz Felipe Scolari para a goleada foi um apagão que levou ao excesso de gols alemães. Ao ser eliminado pelo Paraguai na Copa América, Dunga apressou-se em lembrar que o time sofreu de uma virose. Disse que não era desculpa, mas, em seguida, considerou a competição ótima.
Ao ler a série de críticas de veículos de comunicação, a CBF criou, de pronto, um seminário para discussão de um plano para o futebol brasileiro. Teoricamente, isso implicará em fazer um diagnóstico de todos os problemas e depois tentar resolvê-los.
Só que, no primeiro seminário realizado com treinadores, o técnico Dunga voltou fazer o discurso de que o futebol brasileiro deveria se concentrar em resgatar uma identidade nacional, e questionou a utilidade de aprender com estrangeiros. Tanto que os primeiros a serem ouvidos foram ex-treinadores da seleção.
Como bem pontuou Tostão recentemente, as seleções e times europeus não estão jogando um futebol similar ao Brasil de antigamente. Houve uma evolução, uma nova forma de atuar, novos sistemas táticos mais dinâmicos com cada vez posições mais fluídas. Portanto, o Brasil não tem que se voltar para o seu passado vitorioso: o caminho é tentar aprender com quem pratica o futebol mais moderno atual.
Será que vamos andar para frente ouvindo sugestões de Zagallo, Candinho ou Carlos Alberto Parreira, todos aposentados? Não está aqui minizando seja quais forem os méritos que tiveram no passado. Mas isso é passado, e pouco vai contribuir para o futuro.
É hora de a CBF e nossos técnicos voltarem a ser vira-latas e reconhecerem a nossa inferioridade atual sem ressalvas. É hora de aprender, sim, de ser aluno e não professor. É hora de ter autocrítica.
Rodrigo Matos
Família de Jobson acusa PM de excessos em prisão; jogador fala em complô
A família de Jobson acusou a Polícia Militar de agir com excessos no episódio que culminou com a prisão do ex-jogador do Botafogo, na sexta-feira (4), em Conceição do Araguaia, no Pará. O atleta foi detido acusado de dirigir sob efeito de álcool e vai responder processo criminal também por resistência à voz de prisão e desacato.
Segundo Domingas Ananias de Oliveira, tia do atacante, ele foi vítima de truculência policial. "Deram um murro no nariz dele, chamaram de neguinho. Três policiais bateram nele. Apontaram arma para um amigo dele, empurraram o meu pai no chão quando ele tentou defendê-lo. É perseguição", revolta-se, sobre a prisão, na casa da família.
A cena teria sido gravada por celular por agentes de seguranças envolvidos na ação. Imagens do momento da prisão foram espalhadas em grupos de WhatsApp.
De acordo com a versão de Jobson, a confusão começou quando ele se divertia com dois amigos, a irmã e a namorada, Sandra, num bar à beira do rio Araguaia. Policiais militares que circulavam pelo local abordaram o jogador por causa do som alto que vinha do carro dele, uma Range Rover.
"Pediram para baixar o som, ele fez. Voltaram a pedir para baixar. Foi quando Jobson disse que iria embora, porque estavam de complô contra ele. Pagou a conta e seguiu de carro até a casa da mãe dele. Quando chegou já tinha dois policiais da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) esperando por ele", relata Domingas. Ela diz que Jobson negou que os PMs tenham sinalizado para ele parar com o carro: "Em nenhum momento eles viram polícia atrás dele".
Outro lado
Antônio Miranda, superintendente regional da Polícia Civil regional do Araguaia, nega a versão da tia do jogador. Ao UOL Esporte, conta que a abordagem seguiu os padrões da Polícia Militar. "Não há nenhum indício de que houve um excesso. É um procedimento que independe de quem seja envolvido, famoso ou anônimo. Como paraense, não gostaríamos de ver um conterrâneo nosso, que poderia ser motivo de orgulho para a população, envolvido em um episódio como esse", diz.
Miranda aponta que no boletim de ocorrência feito para registrar o incidente os policiais alegam que o jogador não parou o seu automóvel ao ser abordado. Após uma pequena perseguição, ainda segundo os policiais, ele tentou se esconder na casa da família.
Jobson ficou quase 48 horas detido na delegacia local. Só saiu após pagar fiança e agora vai responder o processo em liberdade. Por causa da ação criminal, o atleta não poderá deixar a cidade sem comunicar a Justiça.
Procurado pelo UOL Esporte, o advogado do jogador no Rio, Alexandre Lopes de Oliveira, afirmou que não está acompanhando o caso. A família de Jobson não soube afirmar o nome do advogado que está defendendo o jogador.
A reportagem também tentou entrar em contato com Jobson. Ao ser questionado, por mensagem de celular, se tomaria alguma medida judicial por causa da truculência policial limitou-se a dizer que "sim". A tia do jogador afirmou que o vídeo gravado por policiais será encaminhado ao Ministério Público como prova da denúncia de excessos.
Atleta tem histórico de desacato
Afastado do futebol profissional após ser considerado culpado em um caso de doping, Jobson Leandro Pereira de Oliveira já respondia um processo por crime de trânsito, seguido de desacato e resistência. Em agosto de 2013, ele foi detido em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, após se negar a parar seu automóvel durante uma batida policial.
O episódio virou uma ação criminal. Em maio deste ano, a Justiça de São Paulo revogou uma ação de suspensão condicional do processo após Jobson não se apresentar à audiência que discutiria o benefício. Lopes de Oliveira, que defende o jogador no caso, diz que prepara uma defesa para garantir, em juízo, que a ação seja suspensa.
No caso de doping, Jobson está suspenso do esporte até 2018. O vínculo com o Botafogo, time que defendia quando foi afastado, terminou no mês passado.
uol
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