quinta-feira, 30 de junho de 2016

Polónia: o predador Lewandowski e o adversário das duas faces

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A Polónia é o quinto adversário de Portugal no Euro 2016. A Polónia de Lewandowski, mas também de Grosicki, Krychowiak, Milik e Piszczek. Uma Polónia que já travou nos últimos dois anos por duas vezes a campeã do mundo Alemanha: venceu por 2-0 em Varsóvia, perdeu por 3-1 em Frankfurt e empatou já neste Campeonato a zero, no Stade de France. Algo que tem de servir como aviso a Fernando Santos e companhia.
MAISFUTEBOL traça-lhe aqui algumas ideias de jogo de uma seleção que já mostrou duas faces: uma que domina toda a segunda parte do embate com a Mannschaft, com ocasiões flagrantes suficientes para outro resultado; e a outra, a da segunda metade e tempo-extra do embate com a Suíça nos oitavos de final, à sombra da vantagem conquistada nos primeiros 45 minutos.
Ao olharmos para a Polónia, temos, como se disse, de olhar para Robert Lewandowski, capitão e goleador-mor da equipa de Adam Nawalka, embora ainda não tenha marcado qualquer golo no torneio francês. O ponta de lança assinou 13 golos no apuramento e agora mantém-se em branco. E o que vale esse número 13? É recorde, repartido com David Healy, melhor marcador de todos os tempos da Irlanda do Norte, em fases de qualificação.
Lewandowski tem aparecido nesta fase final num papel também de organizador, de pivot ofensivo, complementando as funções de finalizador nato. Transformou-se num ponta de lança altruísta, condição quase contranatura, porque goleador que é goleador, rezam as leis, quer-se egoísta.

Lewandowski a lançar o contra-ataque, com Milik e Grosicki na frente.

O 9, o melhor nove do mundo segundo o selecionador polaco – opinião da qual nem temos muito por onde discordar se estivermos a falar de um predador de área – tem feito dupla com outro grande avançado de enorme potencial: Arkadiusz Milik. Joga no Ajax, marcou 21 golos e assinou oito assistências na Eredivisie, o que diz bem da sua qualidade. O esquerdino pode jogar como primeiro ou segundo ponta de lança, ou ainda descaído sobre a esquerda. Grande qualidade com ambos os pés, no remate e no passe, e excelente visão de jogo transformaram-no no companheiro inseparável de Lewandowski em 13 dos 14 jogos competitivos dos últimos dois anos. Marcou por seis vezes, assistiu quatro os colegas no apuramento. Assinou já um golo e uma assistência no Euro, mas falhou golos fáceis frente a Alemanha e Suíça, e tem sido alvo de algumas críticas. Mas o potencial, face ao que já fez, é enorme.
Claro que na equipa polaca há ainda os experientes Piszczek e Blaszczykowski, que fizeram carreira no Dortmund, com o médio a integrar agora o plantel da Fiorentina e a aparecer nos últimos meses como jogador importante da seleção: no Euro marcou dois dos três golos e assistiu para o outro. Mas é preciso não esquecer a irreverência de Grosicki – jogo fantástico com a Alemanha – e ainda o pendular Krychowiak. O médio do Sevilha fez todos os minutos de todos os jogos competitivos da Polónia nos últimos dois anos.
E há ainda Kapustka, um jovem extremo de apenas 19 anos, que empresta irreverência à equipa e tem servido comobackup para Grosicki. O miúdo do Cracóvia já somou dois jogos a titular neste Europeu, frente à Irlanda do Norte e Ucrânia, tendo estado em muito bom plano.

Blaszczykowski regressou em força à seleção polaca.

Transições rápidas
Uma ideia que sobressai dos jogos analisados é a que a seleção polaca tem dificuldades em gerir os momentos do jogo, sendo incapaz de manter o adversário à distância. Viu-se na segunda parte e prolongamento do embate com a Suíça. Por outro lado, quando consegue perceber como ultrapassar as zonas de pressão do adversário consegue entrar em modo-vertigem, com transições velozes e bastante objetivas, e chegar com frequência à baliza adversária. A Alemanha, no Stade de France, pôs-se a jeito da derrota, face à qualidade individual dos polacos do meio-campo para a frente.
Grosicki é uma das unidades que leva a bola com mais entusiasmo, em drible ou em linha reta, chegando com profundidade nos flancos e cruzando sempre com muito perigo. Fez duas jogadas a papel químico frente à modesta seleção de Gibraltar, em que assistiu Milik e Kapustka, sucessivamente.
Depois, Milik tem a qualidade de passe para criar roturas e Lewandowski já se sabe o que vale perante os guarda-redes.

Na imagem de cima, Bellarabi isolou Hector com uma bola nas costas, nesta já o lateral serviu atrasado Müller para o 1-0.

Um lado para explorar
O lado esquerdo da defesa, agora ocupado por Jedrzejczyk, lateral direito de origem e que também pode ser utilizado como central, está longe de convencer. Nawalka utilizou três laterais nesse flanco ao longo da fase de qualificação e o defesa do Legia Varsóvia apenas ganhou o lugar de vez à entrada para o Euro 2016. Até aí Wawrzyniak e Rybus foram várias vezes primeiras escolhas. É claramente um setor a explorar, se não de início durante o encontro, colocando aí Ricardo Quaresma ou João Mário.
Também na defesa, Pazdan, com apenas 1,81 metros, demorou algum tempo a convencer o selecionador. Contrasta com Glik, bem mais alto (1,90m), e também poderá ser um dos elos a querer quebrar pela Seleção Nacional, embora tenha estado muito bem frente aos suíços. Os restantes setores parecem consolidados, sobretudo depois do regresso de Blaszczykowski para o meio-campo.
4x4x2 como ponto de partida
Muitas vezes em 4x4x2 ou 4x4x1x1 (com Milik mais recuado) em posição ofensiva, a defender em 4x3x3 ou 4x2x3x1. Dois médios de construção, com bom qualidade de passe, um jogador aberto (Grosicki) num dos flancos (qualquer um), e outro a jogar ainda mais por dentro (Blaszczykowski), o lateral direito bem mais ofensivo que o esquerdo, e Milik a aparecer nas costas de Lewandowski para ter espaço para os passes de rotura. Sem bola, Lewandowski fica para trás, para servir de referência para as transições, se for preciso.
EQUIPA-TIPO: Fabianski; Piszczek, Glik, Pazdan e Jedrzejczyk; Blaszczykowski, Krychowiak, Maczynski e Grosicki; Milik e Lewandowski
GOLOS:
13 – Lewandowski; 7 – Milik; 4 – Grosicki; 3 – Blaszczykowski; 2 – Krychowiak e Mila; 1 – Kapustka, Szukala, Maczynski, Glik, Peszko e
ASSISTÊNCIAS
5 – Milik e Grosicki; 2 – Lewandowski, Rybus, Maczynski, Krichowiak e Blaszczykowski; 1 -  Wawrzyniak, Klich, Pizszczek, Jedrzejczyk, Pazdan e Glik
GOLOS MARCADOS
36 – 28 de bola corrida, 8 de bola parada (quatro cantos, três livres indiretos e um penálti)
GOLOS SOFRIDOS
11 – 8 de bola corrida, 3 de bola parada (um livre indireto, um canto e um penálti)
A DEFENDER
Pressão – Nawalka altera as zonas de pressão conforme o adversário. A Polónia começou com blocos mais baixos frente à Alemanha, mas tentou fugir do sufoco com uma pressão mais alta e agressiva na saída da Mannschaft. O sucesso não foi imediato, mas a verdade é que os alemães, com o passar do tempo, foram perdendo fulgor e deixaram virar o domínio para o lado polaco.
Frente à Suíça, a pressão alta ia valendo um golo logo de início, caindo em cima do defesa que recebeu a bola de Sommer e depois do próprio guarda-redes, com a bola a sobrar para Milik, sem ninguém na baliza. O avançado atirou por cima.
Posicionamento – a Alemanha conseguiu na vitória de Frankfurt explorar os movimentos verticais entre o lateral e o central, e os cruzamentos atrasados, bem como alguma permeabilidade na zona central polaca. Nawalka preocupou-se muito com isto durante a fase pré-Euro. A Polónia tinha chegado a sofrer golos em jogada individual pelo eixo da defesa, como o de Gosling na goleada por 8-1 a Gibraltar.
Bolas paradas – tem também havido algum insucesso na cobertura dos postes mais distantes.
A ATACAR
A Polónia garantiu a terceira presença consecutiva num Europeu com 33 golos marcados, mais nove do que a Alemanha, e dez sofridos. Nawalka dedicou-se a trabalhar os processos defensivos, mas também perdeu algo no ataque. Os polacos têm sofrido muito pouco (um golo em quatro jogos, precisamente frente à Suíça, um pontapé de bicicleta de fora da área) e marcado menos (três).
Transições rápidas - o adversário de Portugal cria a maior parte dos desequilíbrios em transições rápidas, e também por isso sente-se bem com o jogo partido, com espaço, em que sobressaem as qualidades de Grosicki, Milik e dos médios-centro Maczynski e Krychowiak, que também conseguem passes de rotura. Lewandowski aparece no final de tudo, mas muitas vezes também no meio, servindo também ele de porto de abrigo das jogadas de ataque.
Futebol direto, sim – a Polónia procura muitas vezes jogar longo, para uma das faixas, procurando as diagonais dos médios ou dos avançados. A partir daí, tudo acontece muito rapidamente, geralmente com um cruzamento a pedir a finalização na pequena área ou um pouco mais atrás, para a chegada da segunda vaga.
Bolas paradas – são apenas 22 por cento dos golos marcados, porque a Polónia é sobretudo uma equipa de transições. No entanto, há várias situações estudadas, como o golo marcado por Milik à Geórgia, em que é o avançado do Ajax que marca o canto e vai acabar por rematar à entrada da área.
Ordem para rematar – com espaço, é para atirar. Parece ser a ordem clara de Nawalka para os seus jogadores, sobretudo em zona frontal. Foram vários os golos que resultaram de pontapés de longe.
PONTOS FORTES
Talento individual de jogadores como Milik, Lewandowski e Grosicki
Regresso de Blaszczykowski, que torna a seleção ainda mais objetiva e intensa, consolidando o meio-campo.
Experiência de Pisczsek, Blaszczykowski, Krychowiak, Lewandowski, que jogam ou jogaram em algumas das melhores equipas da Europa, tendo conquistado bastantes troféus.
A explosão dos contra-ataques polacos.
PONTOS FRACOS
O lado esquerdo (sobretudo) e o eixo da defesa parecem ser os setores mais frágeis.
Altura do central Pazdan, que pode ser aproveitada em situações de bolas paradas.
Dificuldades no jogo de posse paciente.
Dificuldades no controlo do jogo, mesmo que em posição de vantagem no marcador. 

onze polaco frente à Ucrânia no Euro 2016.

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