O FC Porto resolveu uma deslocação teoricamente difícil à Madeira com uma goleada sobre o Nacional, iniciada com um hat-trick ainda no primeiro tempo de jogo por Diogo Jota, que se estreou a titular. Com o triunfo mais convincente da época, os dragões sobem à liderança da Liga em igualdade pontual com Sporting e Benfica, que tem menos um jogo.
Já conhecendo o empate do Sporting em Guimarães, o FC Porto entrou decidido e autoritário no jogo, sempre a pressionar a primeira bola do Nacional, e a partir para o ataque com transições rápidas. O aviso de «murro na mesa», deixado por Marcano a meio da semana, em resposta à derrota por 1-0 em Leicester, para a Liga dos Campeões, era mesmo para ser levado a sério. Mas o primeiro lance de perigo surgiu num lance de bola parada. Aos 6 minutos, através da cobrança de um livre na zona frontal da baliza de Rui Silva, Layún atira forte e colocado, mas o guardião alvinegro, estava atento e afastou para canto.
O apetite portista de querer chegar rápido à baliza adversária manteve-se, bem com a dificuldade sentida pelos homens da casa em parar o pendor ofensivo dos dragões. Foi assim que começou o festival de Diogo Jota. O ex-avançado do Paços de Ferreira, que se mudou para o Atlético de Madrid no último defeso, mas acabou por ser emprestado aos dragões, tabelou com Herrera, entrou na área e na cara de Rui Silva desviou com a ponta da bota esquerda, colocando a sua equipa em vantagem.
O Nacional reagiu logo a seguir, com Salvador Agra a desferir um remate fortíssimo e cruzado à entrada da área. Mas a grande aposta de Nuno Espírito Santo voltou a fazer das suas. Aos 14', Diogo Jota antecipa-se e acaba por ser derrubado por Tobias Figueiredo, à entrada da área, conquistando um livre perigoso que Alex Telles veio a cobrar, mas rematando muito por cima.
Seguiram-se dois lances em que o FC Porto podia ter avolumando a vantagem. O primeiro foi protagonizado aos 21’, por André Silva, que desperdiçou um passe longo teleguiado de Layún. O jovem portista, isolado, dominou bem mas rematou fraquíssimo de pé esquerdo.
Depois apareceu Diogo Jota novamente, que por pouco não assinou um golo de antologia. Aos 26’, após driblar dois adversários e ganhar um ressalto, entra na área, onde fez outro drible, mas acabou por desviar em demasia no cara a cara com Rui Silva.
O Nacional não se deixou intimidar, é certo, e continuou a reagir, mas com a excepção de alguns remates com perigo relativo, apenas conseguiu incomodar Casillas através de marcação de pontapés de canto. Em pouco mais de 15 minutos, chegou a conquistar cinco. Neste período, ficou na retina um remate de fora da área de Washington, aos 31’, já que a bola não saiu longe da baliza portista.
A pressão nacionalista incomodou o dragão, mas sem chamuscar. Tanto assim foi que aos 37’ Diogo Jota voltou a marcar. Desta feita isolado por André Silva, o jovem que viria a ser o homem do jogo entra na área e com o pé esquerdo pica ligeiramente a bola sobre Rui Silva...
Em cima do intervalo, Diogo Jota tornou-se no primeiro jogador do dragões a assinar um “hat-trick” contra o Nacional, ao corresponder a um excelente cruzamento na direita de Layún, mas desta feita de cabeça...
No regresso dos balneários, Manuel Machado sabia que a sua estratégia havia falhado, pelo que fez entrar Jota e Ricardo Gomes por troca com Aly Ghazal e Wtti.
Era o tudo por tudo, mas insuficiente. Fez muita falta Victor Garcia, que não pôde jogar por ser emprestado pelo FC Porto, e também pela mesma razão, Tiago Rodrigues, pois do outro lado estava um FC Porto muito concentrado e já sem pressas na hora de decidir o que fazer com a sua construção de jogo.
O jogo ameaçava começar a ficar morno, mas André Silva, aos 58’, encarregou-se de desfazer quaisquer dúvidas a esse respeito. Otávio, assistido por Óliver, cruza rasteiro para André Silva, que aparece na área a desviar com o pé direito, assinando o quinto golo na Liga.
O quarto golo matou a réstia de esperança que alimentava o sonho da equipa da casa de contrariar o rumo dos acontecimentos. André Silva ainda desperdiçou dois golos feitos, mas até ao final foi ver o FC Porto jogar mas sem materializar uma superioridade que também contou com um recuo do Nacional em campo, numa clara aposta no contra-ataque para tentar o golo de honra, que não chegou, e que ficou mais difícil depois da expulsão de Tobias Figueiredo, por acumulação de amarelos.
Nacional-FC Porto, 0-4 (destaques)
A FIGURA: Diogo Jota
Rápido, inteligente, tecnicista, jogador de equipa... Três golos. Diogo Jota foi um autêntico quebra-cabeças para a defesa do Nacional, que quando não o parou recorrendo a faltas, ficou a vê-lo jogar. O FC Porto tem mantido uma pedra preciosa no banco, mas agora será difícil justificar que não venha a ser opção para o onze. O jovem jogador emprestado pelo Atlético de Madrid rematou por quatro vezes e marcou os três golos em 45 minutos iniciais (um deles de cabeça). Mas que exibição!
--
O MOMENTO: sentença ao minuto 44
O terceiro golo de Diogo Jota, mesmo em cima do intervalo, abriu uma brecha incontornável entre as duas equipas. Ainda faltavam 45 minutos, mas o ânimo nacionalista ficou ferido de morte, como vieram a confirmar as alterações que Manuel Machado operou no reatamento.
--
Outros destaques:
Layún
O lateral do FC Porto não sabe jogar mal, sobretudo quando toca a assistir. E, obviamente, a defender. Neste jogo, assinou novamente assistências milimétricas e muitos toques de pura classe. O melhor de todos foi para o terceiro de Diogo Jota, que só teve de aparecer e marcar, de cabeça. Mais uma brilhante exibição do mexicano, quando ainda teve tempo para tentar um chapéu a Rui Silva, numa altura em que atuava como extremo direito, depois da entrada de Maxi Pereira para a sua posição.
André Silva
Foi um ponta de lança de apoio, primeiro, e de finalização, depois. Marcou o quarto, após uma grande jogada desenhada entre ele próprio, Óliver e Otávio. Apareceu na cara de Rui Silva só a empurrar, mas com muita classe. Assistiu Diogo Jota para o segundo do FC porto, também com um passe milimétrico. Está feito um grande jogador, mas neste jogo denotou alguma ansiedade, bem visível nos golos feitos que falhou.
Óliver
Foi notório o entrosamento com Ótavio e Danilo e também foi evidente que procurou mais espaços ofensivos, tentando tabelas investidas pelos flancos. Foi dele a assistência para o golo de André Silva. Mas quando foi preciso recuperar bolas, também o fez, mas não tantas vezes como habitualmente, pois Danilo esteve quase sempre bem posicionado. Nota-se que está a evoluir de jogo para jogo.
Rui Silva
Sofrer quatro golos e ser destaque não é para todos. Mas a honra tem de ser atribuída porque evitou que a hecatombe fosse muito maior. Remediou o desacerto de Rui Correia e Tobias Figueiredo. Foi um quase sempre só entre os três postes, mas parou dois remates de Diogo Jota e um de André Silva, que podiam dar em golo..
César
O brasileiro não tem culpa, mas coube-lhe tapar os caminhos de Diogo Jota e André Silva. E quando não eram estes, apareciam-lhe pela frente Telles e Óliver. Para quem nunca actuou como lateral, pelo menos no Nacional, viveu um calvário até chegar aos 90 minutos. Não tem características nem capacidade física - velocidade e reacção para jogar nesta posição. E neste particular, o Nacional ficou a perder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário