O vínculo da Globo com os sete clubes que haviam fechado com ela contrato para a transmissão do Brasileirão na TV fechada até 2020 foi estendido por mais quatro anos, até 2024. Ou seja, agora todos os times que renovaram com a Globosat têm contrato até 2024.
Os clubes, cujos contratos foram estendido em diferentes momentos, são Corinthians, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, Sport e Vitória, que reformulou seu contrato nesta segunda-feira (30).
O novo modelo prevê o novo rateio entre os clubes na proporção de 40% (a ser dividido equitativamente entre os times), 30% (baseado em resultado em campo) e 30% (de acordo com a audiência do time) a partir de 2019.
O Sportv, braço na TV fechada da Globosat, enfrenta a concorrência do Esporte Interativo pelo Brasileiro de 2019 a 2024.
Para transmitir uma partida de futebol, os dois times têm que estar fechados com o mesmo canal. As partidas nas quais uma equipe fechou com uma emissora e a outra com outro canal, não serão transmitidos na TV fechada, conforme manda a legislação brasileira. Ou seja, a transmissão não é definida pelo mando de campo.
O Esporte Interativo também busca fechar contratos com os clubes até 2024.
Há situações, porém, em que isso não é possível, como o caso do Internacional.
“O Internacional fechou com a Turner só até 2020 porque o estatuto proíbe que um presidente feche acordos comerciais cuja abrangência extrapole em mais de quatro anos o fim de seu mandato'', argumenta Marcelo Feijó de Medeiros, ex-vice de futebol do clube. “Exceções podem ser permitidas se forem aprovadas pelo conselho deliberativo, o que não aconteceu.''
A Globosat fechou com pelo menos 17 clubes: Corinthians, São Paulo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-MG, América-MG, Grêmio, Sport, Vitória, Chapecoense, Avaí, Náutico, Goiás, Londrina. O contrato da maioria deles inclui todas as mídias.
Já o Esporte Interativo tem pelo menos 13 equipes: Santos, Internacional, Atlético-PR, Bahia, Ceará, Coritiba, Criciúma, Fortaleza, Joinville, Paraná, Paysandu, Ponte Preta e Sampaio Corrêa.
Globosat e Esporte Interativo afirmam ter assinado com Santa Cruz e Figueirense e seus respectivos casos podem ser decididos na Justiça.
O único clube grande que ainda não fechou com nenhuma das emissoras é o Palmeiras.
por Eduardo Ohata
Vão matar o futebol brasileiro
Tem tanta coisa ruim acontecendo com o futebol que, se eu fosse um desses americanos aposentados, pensaria logo em uma incrível teoria da conspiração. Daquelas bem cabeludas, como no filme do Mel Gibson com a Julia Roberts. Aquelas histórias que misturam mulheres de presidentes mancomunadas com sargentos marcianos e compositores búlgaros, todos unidos em descobrir a fórmula do jabá sintético.
Começa com a violência das gangues. Gente marcando encontro com gente para uma agradável sessão de porradaria. Nada de blind date, nada de espera por um beijo, nada disso. Apenas pancadaria, talvez seguida por morte.
Depois, a energúmena decisão do MP para acabar com a violência. Jogos com torcida única, mesmo sabendo que a maioria das brigas é realizada longe dos estádios, às vezes até longe da cidade. A adrenalina não está no drible, está na facada.
Bem, diz o torcedor são-paulino, vamos aproveitar que o jogo tem uma torcida só e dar uma passada no Morumbi para ver o time do Bauza. Isso é, se meu cunhado não confirmar o churrasco. Amanhã, eu ligo e decido isso. Dez da manhã, sem churrasco e sem cunhado, o cara toma um bom café da manhã, com aquele suco de laranja do mosão, pega o filho, passa no banco, saca um dinheiro e toca para o estádio. Chega lá e descobre que as bilheterias foram fechadas ao meio dia.
Sim. Torcida única e com ingressos vendidos apenas até o meio dia.
E o Morumbi recebe apenas 21 mil pessoas. Se vendesse ingressos na bilheteria, poderia ser pelo menos 30 mil. E, se fosse com duas torcidas, poderia ter 30 mil são-paulinos, 20 mil palmeirenses e dez mil lugares vazios, separando as tribos.
Não, para que isso? Vamos de torcida única mesmo. E o nosso herói que pegue o carro e corra para casa para ver o clássico. No sofá, que é o lugar que estão reservando a ele. Que o estão obrigando a usar.
E o palmeirense que, rebelde, não aceita o sofá?
Faz um grande sacrifício. Pega uma camisa do São Paulo, veste e vai comparar o ingresso. Canta os cantos que odeia ouvir. Bem, acho que estou exagerando um pouco. Ninguém faria isso. Vai lá no estádio e, sem conversar com ninguém, compra seu ingresso. Louco para gritar um palavrão, mas quieto…
Entra no estádio e se senta junto aos rivais. Alguém puxa conversa e ele tem de concordar com o que considera insanidades mentais: Ganso virou artilheiro, Maicon é seleção, Kelvin foi injustiçado no Palmeiras. O cara concorda com a cabeça e não entra em discussão. Sorri afirmativamente quando o rival confessa o medo que tem de Denis. “Esse não vai me decepcionar'', pensa.
O jogo começa com o Palmeiras dominando e ele até segura o pulso direito para não comemorar o que ainda não se concretizou. Aquele uuuuuuuuuuuuuuu fica preso na garganta.
Depois, tudo degringola. Ele tem de levantar – comemorar jamais – no gol de Ganso. Não reclama do abraço tricolor. Nem pode. Sofre por muito tempo. Sofre calado. Chora para dentro.
Então, o jogo acaba. Ele dá uma última olhada para o campo e vê, como bem notou meu grande amigo Luiz André Rosa, o Luan conversando alegremente com o Wesley. Como dois bancários na pelada. Como dois professores universitários discutindo se D. João VI era um estadista ou apenas alguém que foi obrigado a abrir os portos brasileiros. Ou como duas adolescentes discutindo se Justin Bieber chega ou não aos pés de Brad Pitt.
Eu e o Luis André não queremos briga em campo, não queremos jogadores se atracando, apenas que entendessem que, se o futebol é apenas um negócio para eles, para nós ainda é uma paixão. E, que se não for paixão para nós, não existirá como business. Não é paixão para nós e não é ganha-pão para eles;
Ou, como escreveu o Luis André Rosa:
Sei que são seres humanos comuns, que o futebol não é uma guerra, que as amizades contam muito, mas não entendo por que nem acabou direito o clássico, seu time tomou um vareio de bola, onde não ganha há 14 anos, e você consegue encontrar forças para dar risadas. Por serem cada vez mais “profissionais'', eu noto que os jogadores já não sentem mais a tal pressão de jogar um clássico. É claro que devam existir exceções, mas para eles ganhar ou perder faz parte da rotina e vamos para o dia seguinte. Sentem que ganhando ou perdendo, o dinheiro vai cair na conta mesmo.
Só que vem a parte polêmica, vou pisar em ovos e reforço, não estou querendo fazer apologia à violência. O torcedor, que é movido a paixão e não trata o futebol como uma mera formalidade de domingo à tarde, está cada vez mais irritado e descontente com o que posso dizer falta de comprometimento. Vide o famoso 7 a 1 e tudo seguiu como se nada tivesse ocorrido. Ninguém quer que vença todos os jogos, claro, mas quer ver luta, que sinta na pele a dor de perder e que eles não fiquem dando risadas menos de um minuto após ser derrotado.
Sempre digo que não sou saudosista. E nem masoquista. Mas tenho saudade de pegar uma fila enorme, tomar um ônibus lotado, pegar fila para o ingresso, pegar fila para pagar vintão em um pernil que assustaria os gourmets, pegar fila para entrar no estádio, pegar um lugar ruim, ver pouco do jogo e ser auxiliado pelo meu narrador e meu repórter preferido. Sou do tempo em que a rádio Bandeirantes, minha preferida tinha repórter. (essas reflexões foram tomadas a partir de um texto de Eduardo Castro, grande repórter).
Ah, e se não fosse pedir demais, com jogador usando chuteira preta.
Menon
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