quarta-feira, 25 de maio de 2016

Os grandes tropeços

Resultado de imagem para flag brasil


Ao cabo das duas primeiras rodadas do Brasileirão o que se viu foi o tropeço de todos os chamados grandes clubes do eixo Sul-São Paulo-Rio-Minas, numa ou noutra. Só o Santinha, um grande do Nordeste que ainda outro dia minguava nas divisões inferiores, saiu na frente, seguido de perto por Chapecoense.
Mas, claro, esse é um cenário temporário, inicial, nessa longa jornada a ser cumprida ainda. Jornada, aliás, pontilhada de incertezas de várias espécies: as janelas de transferência de jogadores, a Copa América, as Olimpíadas e as Eliminatórias da Copa do Mundo, que podem provocar mudanças substanciais nas grandes equipes, sobretudo, o que torna tudo muito imprevisível.
Isso, sem falar na inevitável dança dos técnicos, praxe irrevogável no futebol brasileiro.
Pegue o exemplo do Santos, campeão paulista, que se salvou na manhã deste domingo com um golzinho já nos acréscimos.
Um time que se caracteriza historicamente por um futebol ágil e ofensivo, já vai ter de encontrar uma nova fisionomia em plena disputa, segundo anuncia seu técnico Dorival Jr., que não poderá contar por várias rodadas, se não definitivamente, com três expoentes de sua equipe: Lucas Lima, Gabigol e Ricardo Oliveira. Afora, os que servirão à Seleção Olímpica, preço que os peixeiros pagam por terem um elenco jovem e de qualidade técnica acima da média.
Corinthians, atual campeão brasileiro, que no início do ano parecia ter superado rapidamente o processo de reformulação da sua equipe, com as derrocadas no Paulistão e na Libertadores, entrou em parafuso  com a inesperada virada sofrida diante do Vitória na última rodada. Justamente quando parecia que a mudança de feitio com a escalação escolhida por Tite no primeiro tempo, o que pode retardar ainda mais a mudança de estilo de jogo tão cobrada pela Fiel e parte da mídia.
E o pior: entram em xeque os dois maiores ídolos do atual Timão – Tite e Cássio. Turbulência à vista. Mas, o Corinthians tem elenco pra virar esse jogo, embora deva perder de vez o volante Elias, que, por sinal, não vinha bem há alghum tempo.
São Paulo, por sua vez, sob o pretexto das antenas viradas para as semifinais da Libertadores, continua sendo aquilo: uma no cravo, outra na ferradura – ganha e perde, ganha e perde…
A questão, porém, nem é essa. A questão é que depende demais do humor de um ou dois jogadores – mais precisamente, Ganso e Michel Bastos. Sem falar na teimosia do técnico Bauza em insistir com Centurión, que, ao lado de Calleri, um goleador emérito mas de reduzida capacidade técnica (sofre pra matar uma bola, dar um passe exato ou um drible desconcertante), dificulta o trabalho das jogadas ofensivas da equipe.
Pra que o coletivo receba o selo de qualidade é preciso que o menino Lucas Fernandes, que fez mais uma vez a diferença nos minutos finais da derrota para o Inter, seja efetivado de vez, ao lado de Ganso. Este, por sua vez, precisa se livrar do estigma da Camisa 10.
Desde os tempos de Muricy, exige-se que Ganso, como enverga a simbólica Camisa 10, deve jogar mais adiantado, entrar na área e fazer gols. A moçada, infelizmente, não sabe distinguir as sutilezas dessa veste mágica, elevada a essa categoria por ninguém menos do que Pelé, essencialmente um meia atacante, assim como o era Zico, por exemplo.
Ganso, porém, não tem a mais remota identidade com Pelé ou Zico. E nem falo, claro, de outras questões senão de estilo. Ganso é um 10 ao jeito de Gérson, pra citar um ícone do próprio São Paulo dos anos 70 nessa função. Qual? A de armador, aquele cara que pensa o jogo lá de trás, lançando ou iniciando o toque de bola que envolverá o adversário progressivamente. Essa é a função que a natureza lhe conferiu, e contrariar a natureza é sempre um flerte com  o desastre.
Por fim, o Palmeiras, que acendeu a luz verde da esperança na primeira rodada e caiu no vermelho na seguinte.
Esse também será prejudicado pelas Olimpíadas, com a saída temporária do menino Jesus, um pecado se ele, depois disso, partir para a Europa, como se cogita.
De qualquer forma, Cuca é um excelente treinador e saberá o que fazer (ou refazer) com um elenco de bom nível técnico. Espero.
Alberto Helena Jr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário