terça-feira, 17 de maio de 2016

Tite e a infiel Fiel

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Depois do empate pífio com o Grêmio em Itaquera, o técnico Tite sugeriu nas entrelinhas que a reação de parte da torcida corintiana era, no mínimo, estranha.
Não me atrevo a dizer que Tite estaria se referindo a um eventual gesto comandado pelas sombras do clube, mas que parece, parece.
O fato é que, de uma hora pra outra, Tite virou de bestial a besta, recuperando a expressão de Oto Glória. Mito num dia, técnico burro e repetitivo no outro.
E, já a turma passou a exumar o termo empaTite, de triste e recente memória.
Cá entre nós, Tite nem é bestial nem uma besta. Trata-se de um treinador altamente vitorioso, trabalhador, honesto, que, depois de campeão da Libertadores e do Mundo, conseguiu atravessar uma fase de reformulação do time e ainda levantar o título brasileiro, que ostenta atualmente. E que, agora mesmo, enfrenta outro desafio: o de remontar esse time, sem os recursos financeiros e técnicos de que dispunha antes.
Não é pouco na história do Corinthians, gente. Aliás, é um feito único. diga-se.
Afinal, nunca na vida corintiana a Fiel viveu um momento tão glorioso. Além dos títulos conquistados em campo, a realização do sonho eterno de seu estádio e tal e cousa e lousa e maripousa, embora sobre esta última conquista recaiam suspeitas de manipulação de verbas.
E aqui vale lembrar em que circunstâncias a torcida alvinegra foi batizada de Fiel, se não me falha a memória, pelo saudoso repórter de A Gazeta Esportiva, Solange Bibas.
Fiel por quê? Fiel porque, nas duas longas fases de estiagem (de 1941 a 1951 e de 54 a 77), essa torcida não só foi fiel ao time como cresceu na mesma proporção em que não lhe era dado o prazer de celebrar um título importante sequer. E, mais: mesmo não ganhando nada, a Fiel considerava sempre o Corinthians, o Maior! Cada cabeça de bagre que envergasse a camisa branca e preta era logo alçado pelas gerais e arquibancadas como um craque inexcedível, merecedor da camisa da Seleção Brasileira.
E olhe que houve uma infinidade de cabeças-de-bagre vestindo a camisa alvinegra naqueles tempos sombrios. Todos craques, quando não ídolos, aos olhos da Fiel, porém.
Mas, essa é a fidelidade dos humildes, dos enjeitados, dos marginalizados, que representam a imensa maioria da nossa gente. Talvez, por isso mesmo o Corinthians ganhou outro título: o Time do Povo.
O poder, a glória sempre transitória, contudo, costumam virar a cabeça das pessoas. E o que elas conquistam é sempre menos do que desejam.
Talvez isso explique o comportamento dessa torcida que, antes de mais nada, começa a passar uma borracha no seu próprio nome enquanto a fidelidade se escoa pelo buraco negro de nossa memória vagabunda.
autor ; Alberto Helena Jr.

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