O resultado da primeira rodada de transmissão do Campeonato Brasileiro com exclusividade pela Globo mostrou o quanto, para a emissora carioca, o fim do acordo com a Band é benéfico, ao passo que, para a emissora paulista, a perda do futebol terá impacto negativo na audiência (detalhes
aqui).
A justificativa da Band de que a conta do futebol não fecha tem, naturalmente, todo sentido. O problema é imaginar o quanto, para a emissora, deixar aos poucos de ser o “canal do esporte'' (algo que ela já deixou faz tempo, mas ainda se beneficia do histórico) pode representar em relação a faturamento e audiência de outros programas da casa, esportivos ou não.
Curioso notar que a saída da Band, agora, acontece mais ou menos pelo mesmo motivo que fez a emissora deixar de ser “O canal do Esporte'', no começo dos anos 2000. Naquela época ocorreu o primeiro grande salto nos valores dos direitos de transmissão no país, e a Band optou por não arcar com os altos custos.
A decisão, então, foi sair do “Canal do Esporte'' para o “Canal da Mulher'', algo que estava começando a representar bons índices de audiência e relativo sucesso comercial. O projeto, porém, não foi para frente. Após cinco anos, mais ou menos, a emissora voltou a buscar no esporte o conteúdo que a diferenciava.
Sem o mesmo fôlego da época áurea do “Show do Esporte'', e com Luciano do Valle mais em Recife do que em São Paulo, a Band foi aos poucos retomando o esporte em sua grade. Já com a saúde debilitada e sem a mesma autonomia de antes, Luciano também não conseguiu retomar o projeto que consagrou a emissora nos anos 80/90, com a segmentação do conteúdo antes do advento da TV a cabo.
O sucesso do MasterChef ajuda a Band a ver que há vida fora do futebol. O problema é que, à exceção do programa da terça-feira à noite (um dia em que o futebol é tradicionalmente fraco em conteúdo), geralmente a audiência da emissora fica oscilando entre 1 e 4 pontos.
A reprise dos Simpsons, com certeza muito mais barata que o futebol, foi trágica na audiência.
A justificativa da crise para não apostar num produto que dá prejuízo financeiro, mas garante constância e status ao canal poderá, no médio prazo, mostrar-se à Band uma aposta tão desastrosa quanto foi a escolha por ser o “Canal da Mulher'' no início dos anos 2000.
Ao renegar o futebol, a Band vai contra aquilo que a consagrou na audiência. Enquanto isso, a Globo sorri sozinha com a conquista de mais pontos na audiência. Isso, sem dúvida, fará com que a renegociação do pacote futebol, em 2017, seja benéfica para a emissora. No fim das contas, o futebol será o único produto que teve um acréscimo na audiência média de um ano para o outro.
E isso tem um impacto no próprio faturamento publicitário da Globo que, por sua vez, deverá compensar tranquilamente a saída da Band das transmissões do futebol…
Sozinha, Globo cresce no Brasileirão, e Band afunda
Emissora consegue ficar com pontos que era da emissora paulista no último ano
Como era esperado, a Globo “roubou” a audiência da Band na transmissão do Campeonato Brasileiro e teve alta na estreia do torneio deste ano. A emissora paulista, por outro lado, amargou ibope bastante baixo em comparação aos mesmos horários com futebol.
A Globo transmitiu a estreia do atual campeão, Corinthians, contra o Grêmio. Foram 22 pontos de média, com participação de 42% das televisões ligadas.
O número foi muito próximo da primeira rodada de 2016, quando o Corinthians também foi protagonista. Na ocasião, o jogo contra o Cruzeiro rendeu 23 pontos de média. A diferença é que a Globo ficou com 18 pontos, e a Band marcou cinco.
Agora, sem a transmissão do Brasileirão na emissora paulista, os pontos migraram para a Globo. Sem os direitos neste ano, a Band transmitiu Os Simpsons, mas a mudança não foi boa. O desenho marcou apenas um ponto de média. Em comparação, em nenhuma partida do torneio de 2015 o canal atingiu menos do que três pontos de média.
No Rio de Janeiro, a Band costuma ter menos audiência. Logo, a ausência do Brasileirão teve menos peso. Neste ano, o jogo entre América e Fluminense marcou 19 pontos para a Globo, mesmo número de São Paulo e Flamengo, pela primeira rodada do ano passado. Na época, a emissora paulista marcou dois pontos na partida. Com Simpsons neste ano, ficou com apenas um.
Na próxima semana, a Globo trocará os times com destaques em suas praças. Em São Paulo, a transmissão ficará com São Paulo x Internacional. Já no Rio de Janeiro, a exibição será entre Grêmio e Flamengo.
Cada ponto no Ibope equivale a 67.113 domicílios sintonizados em São Paulo e 42.292 no Rio de Janeiro, ambos apenas nas regiões metropolitanas, referências para o mercado publicitário.
maquinadoesporte.
Palmeiras é a melhor notícia do início insosso da Série A do Brasileiro
O Santa Cruz de Milton Mendes foi eficiente no Arruda: 4 a 1 no Vitória com 46% de posse de bola. Sete finalizações, cinco no alvo. Quatro nas redes, dois de Grafite. O Fluminense teve 62% de posse no Independência. Impôs seu estilo sobre o América de Givanildo, com formação ofensiva e vertical no último terço. Mas, para variar, quem decidiu foi Fred.
Atlético Mineiro e São Paulo saíram com lucro enorme: reservas, foco na Libertadores…e vitórias! Melhor para o tricolor, que somou três pontos fora sobre um Botafogo já preocupante. Bom também para o Coritiba de Kleber Gladiador que aproveitou o Cruzeiro ainda sem Paulo Bento no comando no jogo do sábado às 21h que honrou sua tradição de ser muito chato.
Muricy já jogou a filosofia Barcelona para o alto oficialmente. Não por acaso, vitória pragmática e sem sal do Flamengo sobre o Sport. Menos ruim que os três empates sem gols e sem graça. A rigor, uma primeira rodada insossa na Série A, com saldo negativo em desempenho. A exceção foi o Palmeiras de Cuca. A melhor notícia, ainda no sábado.
Time das variações táticas, de Tche Tche alternando com Jean na lateral e no meio. De Roger Guedes e Gabriel Jesus nas pontas buscando as diagonais nos espaços deixados por Lucas Barrios. Do volume de jogo que já impressionou. 61% de posse, 22 desarmes certos. Três de Gabriel Jesus no campo de ataque. Tão importantes quanto os dois gols do jovem talento alviverde nos 4 a 0 no Allianz Parque.
Equipe de Cleiton Xavier, o meia organizador que recuava para auxiliar na saída de bola e aparecia na frente para servir seus companheiros. Com bola parada ou rolando. Duas assistências. A peça para dar liga numa equipe veloz, elétrica, com jogadas ensaiadas. Que não deu chances a um Atlético sem intensidade, velho problema das equipes de Paulo Autuori que parecia resolvido pelas atuações no paranaense e na Primeira Liga.
Em um campeonato imprevisível, parelho, com várias “etapas” influenciadas por negociações, seleções e oscilações, começar bem pode ser um sinal. Na rodada inicial, o otimismo pertence ao Palmeiras.
(Estatísticas: Footstats)
por André Rocha
Nenhum comentário:
Postar um comentário