Depois da saída do ídolo Leivinha em 1975 para o Atlético de Madrid, os dirigentes alviverdes apostaram suas fichas no talentoso meio campista do Náutico para tentar sossegar os corneteiros de plantão.
Falamos hoje do carioca da cidade de Silva Jardim, Jorge Pinto Mendonça, nascido no dia 06 de junho de 1954.
Seu pai, o ferroviário Niltro Mendonça, ficava preocupado com o futuro do filho mais velho que só se preocupava em jogar futebol pelo União, o único time de Silva Jardim.
Levando o curso de contabilidade aos trancos e barrancos, o jovem Jorge Mendonça foi descoberto por Eusébio de Andrade, (presidente do Bangu naquela época e pai do lendário Castor de Andrade) que coincidentemente tinha um sítio naquela região.
Em 1971, diante de uma proposta de moradia, comida e 100 cruzeiros por mês, o jovem craque deixou definitivamente o curso de contabilidade de lado, encantando os torcedores que acompanhavam o juvenil do Bangu.
No ano seguinte profissionalizou-se ganhando 800 cruzeiros mensais em seu primeiro contrato.
Não demorou muito para que Mendonça fosse vestir outra camisa alvirrubra no ano de 1973, quando o Náutico levou o jogador por empréstimo para Pernambuco.
E foi pelas mãos do técnico Orlando Fantoni, em 1974, que o futebol de Mendonça encontrou seu espaço. Além de conquistar seu primeiro título, o meia projetou seu nome no cenário nacional.
Ainda no ano de 1974, Mendonça conseguiu um feito que entrou na história do clube. Foi o autor de todos os oito gols na goleada por 8×0 contra o Santo Amaro, o mesmo time em que o centroavante Dario também anotou dez gols em um único jogo.
Por 1,5 milhão de cruzeiros, mais os empréstimos de Fedato, Mário e Toninho Vanusa, o Palmeiras foi buscá-lo junto com o meia Vasconcelos no começo do ano de 1976.
Feliz da vida, Jorge Mendonça não pensou duas vezes quando soube do salário: 11 mil mensais! Sua estréia aconteceu na vitória por 1×0 contra a Francana em 22 de fevereiro.
É bem verdade que os primeiros meses na cidade de São Paulo foram difíceis. O técnico Dino Sani não lhe dava oportunidades e isso só aconteceu quando Dudu assumiu o comando da equipe.
Mendonça batia faltas com rara eficiência e era dono de uma calma incomum dentro da grande área. Finalizava com perfeição e servia os companheiros com passes geniais, fazendo os torcedores esquecerem rápido da saída de Leivinha.
Em seu primeiro ano no Palestra Itália, o craque conquistou o título paulista em uma disputa com o XV de Piracicaba, sendo o autor do gol que decidiu o campeonato em favor do Palmeiras.
Mendonça foi convocado para a Copa do Mundo de 1978 na Argentina. Durante o mundial, em razão da contusão de Zico, ocupou funções táticas importantes no esquema do treinador Cláudio Coutinho.
Realizou boas partidas pela seleção e voltou com seu passe bastante valorizado da Argentina. Depois da copa, ao contrário das expectativas da imprensa e da torcida do Palmeiras, seu futebol foi caindo de produção.
Rotulado como indisciplinado, chamado de pipoqueiro e com uma vida um tanto tumultuada fora dos gramados, o craque protagonizou alguns desentendimentos com o disciplinador técnico Telê Santana.
Desentendimentos esses, que custaram muito caro ao jogador quando o treinador assumiu o comando do selecionado nacional visando o mundial da Espanha em 1982.
No ano de 1979, participou da histórica vitória contra o timaço do Flamengo, naquela memorável partida que terminou com o placar de 4×1 para o Palmeiras em pleno Maracanã.
Jogando pelo alviverde foram 217 partidas disputadas no período compreendido entre 1976 e 1980. Foram 113 vitórias, 62 empates, 42 derrotas e 102 gols marcados.
Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Ainda em 1980, seu passe foi negociado com o Vasco da Gama. Começava assim seu ciclo de andarilho pelo futebol, já que no Vasco não permaneceu por muito tempo.
Depois da “fumaça” no Vasco, o meia desembarcou em Campinas para defender o Guarani por dois anos. Jorge Mendonça foi o maior artilheiro, depois de Pelé, em uma única edição do campeonato paulista ao anotar 38 tentos no certame de 1981.
Os gols marcados por Jorge Mendonça no Guarani não seduziram o técnico da Seleção do Brasil, Telê Santana.
O treinador dizia na época que a seleção estava muito bem servida naquela posição: “O Zico é o titular, o Renato é uma ótima opção, além de outros bons jogadores que atuam no meio-campo”.
Entretanto, era de conhecimento público que Telê fazia restrições ao comportamento de Jorge Mendonça fora do campo. Na verdade, Telê não esqueceu das ações cometidas pelo jogador quando ele era vinculado ao Palmeiras.
Sem ter chances na seleção, Mendonça seguiu sua vida e, conforme os anos passavam, era evidente que ele não queria deixar os gramados tão cedo.
O fantasma de ser apenas um “ex-craque” o atormentava. A tentativa de encontrar seu mágico futebol até que deu certo enquanto jogou pela Ponte Preta em 1983 ao lado de Mário Sérgio.
Esgotado seu repertório na cidade de Campinas, Jorge ainda pelo Cruzeiro (MG), Rio Branco (ES), Colorado (PR) e no Paulista de Jundiaí (SP), onde encerrou sua carreira em 1991.
Em seus últimos anos de vida conviveu com o vício do alcoolismo. Depressivo, preferiu o isolamento dos amigos e da família. O craque faleceu vítima de problemas cardíacos no dia 17 de fevereiro de 2006, no hospital Mário Gatti em Campinas, com apenas 51 anos de idade.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por José Maria de Aquino, Dagomir Marquezi e Mílton Costa Carvalho), revista Manchete Esportiva, albumefigurinhas.no.comunidades.net,gazetaesportiva.net, esporte.uol.com.br, jovempan.uol.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti, Gustavo Grohmann e Raphael Cavaco), wanderleynogueira.com.br, campeoesdofutebol.com.br.palmeiras.com.br, verdazzo.com.br, Almanaque do Palmeiras – Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
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