Vencer o Brasil em pleno Maracanã lotado. Ganhar a medalha de ouro na Olimpíada. E depois encerrar a carreira. E ir pescar bacalhau. Este é o sonho do técnico da Alemanha, Horst Hrubesch.
Ganhar a medalha de ouro no Maracanã. E encerrar a carreira. Este é a grande motivação de Horst Hrubesch. O treinador da Alemanha não escondia sua alegria ao estar no Rio de Janeiro. Agia como se estivesse se preparando mesmo para seu último jogo.
"O que é melhor e mais bonito do que jogar no Maracanã, jogar uma final de Olimpíada, contra os donos da casa, o Brasil? Não acho que eu possa esperar mais. Vamos jogar ofensivamente, sempre jogamos assim. É nosso estilo. Não podemos jogar de outra forma", promete, sem medo.
Aproveito sua descontração e na coletiva pergunto sobre Neymar. Se ele estudou uma maneira de parar o principal jogador brasileiro.
Astuto, ele me responde. "Nós vamos jogar contra o Brasil e não apenas contra o Neymar. É um time e não só um jogador. Eu deveria perguntar: como você vai parar nosso ataque? Fizemos 21 gols. Você deveria pensar nisso."
Repassarei a pergunta a Micale.
Desde 2000 Hrubesch comanda seleções de base na Alemanha. Formou jogadores importantíssimos para o time que humilhou o Brasil, no inesquecível confronto por 7 a 1. Khedira, Neuer, Boateng, Hummels, Howedes e Ozil. Venceu a Eurocopa sub 21 anos e sub-19 anos.
Ele foi atacante. Jogou no time alemão vice campeão mundial em 1982. Foi campeão europeu em 1980. Era truculento. Mas como treinador se mostrou um especialista em sistemas de jogo. E é adepto do 4-1-4-1 que fez os germânicos tetracampeões mundiais. E que humilhou o time de Felipão no Mineirão.
" Eu já respondi essa pergunta várias vezes. Estamos na final, é um time diferente. Claro que temos um campeão do mundo aqui (o zagueiro Matthias Ginter), mas não estamos preocupados com isso."
Aos 65 anos, ele age como se estivesse mesmo se preparando para o adeus."Era um grande sonho classificar para a Olimpíada. Agora, sentado aqui antes da final, virou realidade. Depois do jogo vou chorar um pouco, mas também terei um grande sorriso."
Ele se referia ao que pretende fazer após o futebol. Vai pescar. É o seu grande hobby. A ponto de ter escrito um livro de sucesso. Dorschangeln vom Boot und an den Küsten" ("Pesca de Bacalhau em Barco e na Costa").
Portanto se mostra disposto a desfrutar a final.
Tanto que garante que seu time não sentirá a pressão dos 70 mil torcedores que deverão lotar o estádio no sábado.
"Não vamos mudar nada. Temos bons jogadores para atacar e defender. Vamos continuar da mesma maneira. Estamos muito felizes de chegarmos à final e vamos fazer de tudo para vencer."
Vivido, não iria se aprofundar taticamente às vésperas da decisão. Mas está claro que o segredo do seu time é a movimentação constante dos seus meio-campistas. A Alemanha nos seus jogos mais importantes desta Olimpíada dominou as intermediárias.
Em relação ao Brasil, foi perguntado se percebia o DNA dos times vencedores, vibrantes nesta equipe de Micale. O alemão escapou pela tangente. Deu uma resposta sutil.
"É necessário ter jogadores para ações individuais, mas também é preciso de um trabalho de equipe. O Brasil continua com grandes jogadores. O futebol mudou. Nós mudamos. O Brasil também."
Ou seja, Horst Hrubesch, viu os defeitos brasileiros na goleada por 7 a 1. Percebeu o quanto a Seleção de Felipão estava atrasada taticamente. E por isso foi humilhada. Faltou o que ele mais gosta: 'trabalho de equipe".
Em resumo, o Brasil terá um adversário diferente na decisão da medalha de ouro. Um treinador disposto a encerrar sua carreira com uma grande conquista. No palco mais tradicional do futebol mundial.
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