futebol interior
MALDINI
Nascimento: 26 de Junho de 1968, em Milão, Itália
Posição: Lateral Esquerdo / Zagueiro
Principais títulos por clubes: 3 Mundiais de Clubes (1989, 1990 e 2007), 5 Liga dos Campeões da UEFA (1989, 1990, 1994, 2003 e 2007), 5 Supercopas da UEFA (1989, 1990, 1994, 2003 e 2007), 7 Campeonatos Italianos (1988, 1992, 1993, 1994, 1996, 1999 e 2004), 1 Copa da Itália (2003) e 5 Supercopas da Itália (1988, 1992, 1993, 1994 e 2004) pelo Milan.
Principais títulos Individuais:
Jogador do Ano pela Revista “World Soccer”: 1994
Segundo Melhor Jogador do Mundo da FIFA em 1995
2 vezes eleito para a Seleção da Copa do Mundo: 1990 e 1994
3 vezes eleito para a seleção da Eurocopa: 1988, 1996 e 2000
2 vezes eleito para a Seleção da UEFA: 2003 e 2005
Melhor Jogador do Mundial Interclubes: 2003
Vencedor do Oscar del Calcio: 2004
FIFA 100: 2004
FIFPro World XI: 2005
Melhor Defensor da UEFA: 2007
Jogador com o maior número de partidas pelo Milan: 902 jogos
Recorde de presença na Serie A: 647 jogos
Recorde de presença na Liga dos Campeões da UEFA: 168 jogos
“O capitão de um clube só”
O grande Milan que encantou o mundo no final da década de 80 entrou nos anos 90 sabendo que seu grande capitão e mito, Franco Baresi, logo encerraria a carreira. Com isso, a equipe precisaria de um líder à altura do grande líbero, que fosse igualmente identificado com o clube e com a torcida. Esse alguém foi rapidamente escolhido. E muito bem escolhido: Paolo Cesare Maldini, um dos maiores atletas do esporte mundial, bem como um dos maiores defensores que o futebol conheceu. Elegante, técnico, leal e praticamente perfeito na defesa, Maldini construiu sua estrondosa carreira em apenas um clube: o Milan, onde jogou por 25 temporadas. A única camisa diferente que ele vestiu foi o manto azul da Itália. Colecionador de títulos no clube de Milão, a única mágoa que Maldini carregou foi não ter vencido absolutamente nada com a suaAzzurra. Mas ele não precisava, afinal, foram 26 títulos conquistados pelo Milan. É hora de conhecer melhor a carreira desse mito da bola.
Filho de craque, craque é…
Paolo Maldini cresceu vendo seu pai, Cesare Maldini, vencer inúmeros títulos pelo Milan com extrema técnica e liderança na defesa. Porém, o garoto apreciava a rival Juventus. Por insistência do pai, Maldini filho começou a jogar nas categorias de base do Milan também como defensor. Ali, se sentiu confortável e hábil para fazer história. Sua estreia na equipe profissional foi aos 16 anos, na temporada 1984-1985, em confronto contra a Udinese. Com muita qualidade, foi logo conquistando seu espaço na equipe e virou titular a partir de 1988, ano de seu primeiro título, o Campeonato Italiano. Logo depois, venceu também a Supercopa da Itália. Com ótimos jogadores e um certo trio holandês desembarcando na equipe, a partir de 1989 ele viveria anos mágicos em sua carreira.
Colecionando títulos
Em 1989, Maldini venceu sua primeira Liga dos Campeões após o Milan golear o Steaua Bucareste por 4 a 0 na grande final. Foi a revelação do jovem para toda a Europa, que ficou assombrada com aquele quarteto defensivo que o Milan havia montado: Maldini, Baresi, Costacurta e Tassotti. Era simplesmente um paredão, que garantia a proteção que o meio de campo e ataque rossoneros precisavam para entupir os adversários de gols. Maldini atuava como lateral-esquerdo naquela equipe e apoiava também o ataque com excelentes cruzamentos. A equipe ainda venceria o Mundial Interclubes naquele ano, além da Supercopa da UEFA. Suas atuações o credenciavam a disputar a Copa do Mundo da Itália, no ano seguinte.
A primeira Copa
Maldini era um dos grandes jogadores que a Itália reuniu para tentar vencer a sua quarta Copa, a segunda em casa. Baggio, Baresi, Zenga, Schillaci e o próprio Maldini colocavam a Azzurra como uma das favoritas, principalmente por jogar em casa. Com uma zaga tão boa, a equipe não levava gols naquela Copa. Na primeira fase, vitórias contra Áustria (1 a 0), EUA (1 a 0) e Tchecoslováquia (2 a 0). Nas oitavas, vitória contra o Uruguai, por 2 a 0. Nas quartas, mais uma vitória, 1 a 0, contra a Irlanda. O goleiro italiano Zenga ria à toa e conseguiu ficar 517 minutos sem levar gol naquele mundial, uma façanha jamais superada. Porém, nas semifinais, os italianos levaram seu primeiro gol, de Caniggia, no empate em 1 a 1 contra a Argentina. A partida foi para os pênaltis e brilhou a estrela de outro goleiro, o argentino Goycochea, que defendeu duas cobranças dos italianos, que tiveram que amargar um dolorido terceiro lugar.
Outro ano perfeito – no Milan
Se pela seleção Maldini não conseguiu o almejado título mundial, pelo Milan ele ganhou o bi, e também o bi europeu. A equipe chegava ao seu ápice, e Maldini orgulhoso como um dos grandes defensores do futebol. No ano seguinte, a equipe não conseguiu repetir o sucesso dos anos anteriores na Liga dos Campeões e foi eliminada. Sem a competição europeia como “distração”, a equipe começou a batalha pelo título nacional. E deu certo. O Milan conquistou três campeonatos consecutivos, em 1991-1992 (invicto), 1992-1993 e 1993-1994. Em 1994, a equipe não só venceu o scudetto como também voltou a conquistar a Europa, ao golear o Barcelona por 4 a 0 e apagar a frustração do vice de 1993, quando perdeu para o Olympique de Marselha.
Nova Copa. Nova frustração
Comandado por Arrigo Sacchi novamente, Maldini esteve na seleção italiana que disputou a Copa do Mundo dos EUA de 1994. A equipe foi superando os obstáculos na competição e Maldini fazendo brilhantemente sua parte. Na decisão contra o Brasil, Maldini foi impecável e garantiu o 0 a 0 para a Itália no tempo normal e na prorrogação. Mas, na decisão por pênaltis, os erros de seus companheiros mandaram para as nuvens a chance do tetra. Mais uma vez, o sonho teria que esperar mais quatro anos.
O novo capitão
Depois das glórias pelo Milan em 1994, da decepção pela seleção também em 1994 e em 1996, na Eurocopa, onde a equipe não passou da fase de grupos, Maldini voltou a sorrir com a conquista do Campeonato Italiano de 1996. Em 1997, com a aposentadoria de Franco Baresi, Maldini assumiu a tarja de capitão do time e mostraria nos anos seguintes seu espírito de liderança e garra perante o grupo rossonero. Porém, as temporadas posteriores seriam de vacas magras para o time, que só voltaria a brilhar na virada do milênio.
Novas Copas, novas derrotas e a despedida da Azzurra
Maldini foi o capitão da seleção na Copa de 98. Então vice-campeã mundial, a Itália era uma das favoritas ao título, mas foi eliminada de novo nos pênaltis, para a anfitriã França. Novo pesadelo para o capitão… Em 2000, nova chance de título, dessa vez pela Eurocopa. E, de novo, derrota para a França na decisão, com gol de ouro de Trezeguet. A idade vinha chegando, e Maldini ainda não tinha ganhado nada com a Azzurra. Ele via que a Copa de 2002 seria sua última chance. E foi. A Itália passou pela fase de grupos, mas nas oitavas uma arbitragem desastrosa colocou tudo a perder. A equipe teve gol anulado, faltas invertidas, Totti expulso… E viu a Coreia do Sul vencer por 2 a 1. Era demais para Maldini, que anunciou sua aposentadoria da seleção, passando a se dedicar apenas ao Milan.
Novos tempos de glória e o fim de um jejum histórico
Passado o drama de 2002, em 2003 o Milan voltou a formar uma boa equipe e conseguiu pôr fim a um incrível jejum. Maldini, que ano a ano disputava a Copa da Itália, pôde vencê-la pela primeira (e única) vez na sua carreira. A conquista enterrou um jejum que durava absurdos 26 anos! Isso mesmo, desde 1977 a equipe rossonera não vencia a competição. Além do título, o Milan voltou a disputar uma Liga dos Campeões com reais chances de vencê-la. E nunca uma Liga foi tão saborosa. Depois de passar pela fase de grupos, a equipe eliminou o Ajax nas quartas de final, com 3 a 2 no placar agregado. Na semifinal, eis que surge a grande rival Internazionale (nota: aquela edição não teve o número de participantes atual, por isso, a fase de mata-mata começou direto nas quartas de final). Após empate em 0 a 0 no primeiro jogo, a partida seguinte, disputada no mesmo campo, o San Siro (Giuseppe Meazza) – só que com mando da Inter -, teve empate em 1 a 1. O empate com gols deu a classificação ao Milan, que pôde comemorar a eliminação do maior rival graças ao critério do gol marcado “fora” de casa.
Final italiana
Maldini e seu Milan teriam pela frente mais um rival italiano, a Juventus de Del Piero, Trezeguet e o paredão Buffon. Mas o Milan também tinha o seu paredão, Dida, além de Nesta, Shevchenko, Seedorf, Pirlo e o próprio Maldini. O jogo, como esperado, terminou empatado em 0 a 0. A decisão, então, foi para os pênaltis, e a estrela de Dida brilhou. O goleirão fez dos seus milagres e garantiu o sexto título europeu ao Milan, o primeiro de Maldini como capitão. Enfim, o zagueiro pôde levantar a prateada e imponente taça da Liga há exatos 40 anos depois que seu pai, Cesare, fizera o mesmo. Seu Milan chegava, novamente, no topo da Europa, e ele, à seleção da UEFA daquele ano. Pena que no final de 2003 a equipe perderia o Mundial para o Boca Juniors.
Itália rossonera
Em 2004, Maldini venceu seu último Campeonato Italiano. Naquela conquista, o time começava a contar com o brilho de Kaká, que logo virou xodó da equipe. Naquele ano, Maldini venceu o Oscar Del Calcio como melhor defensor do futebol italiano.
Drama vermelho
Em 2005, o Milan se concentrou na Liga dos Campeões para superar o fiasco da temporada anterior, quando conseguiu a “proeza” de vencer o primeiro jogo das quartas de final contra o Deportivo La Coruña por 4 a 1 e perder a volta por 4 a 0. A equipe passou com segurança pela fase de grupos e eliminou o Manchester United com duas vitórias por 1 a 0. Nas quartas de final, novo embate com a grande rival Inter. E o Milan deu show. Vitória por 2 a 0 no primeiro jogo e 3 a 0 no segundo, que fizeram explodir o San Siro de alegria. A Inter virava freguês…
Nas semifinais, páreo duro contra o PSV. No primeiro jogo, vitória do Milan por 2 a 0. Na volta, o PSV venceu por 3 a 1, mas o gol marcado fora garantiu o time italiano na final.
Sobrenatural de Istambul
Na decisão, disputada em Istambul (TUR), Maldini e seu Milan tiveram pela frente o Liverpool, que voltava a uma final de Liga depois de exatos 20 anos. O time italiano começou a todo vapor e Maldini marcou o gol mais rápido de uma final de Liga, com menos de um minuto de jogo. Crespo anotou mais dois e o primeiro tempo terminou com um vareio do time italiano: 3 a 0. Jogo ganho? Parecia que só para o Milan, porque no segundo tempo o Liverpool conseguiu o improvável: empatar o jogo e até ter a chance de virar. O Milan ficou atordoado. Parecia não acreditar. Maldini via vermelhos e mais vermelhos passarem por sua área e nem ele conseguia impedi-los. O jogo foi para a prorrogação e depois para os pênaltis. Foi então que brilhou a estrela de Dudek, que garantiu o quinto título europeu ao Liverpool. Era a maior derrota da carreira de Maldini, como o próprio jogador afirmou. Com certeza, foi a pior da história também do Milan, que se confunde com a de Maldini. Nunca uma partida fora tão dolorosa. Depois do forte baque, a equipe só voltaria a ganhar alguma coisa em 2007 (leia mais sobre esse duelo clicando aqui).
O último ano perfeito
Sem chance de vencer torneios na Itália, já que a rival Inter começava a virar especialista em campeonatos italianos, o Milan começou a temporada de 2007 com o intuito de ir bem na Liga dos Campeões, depois de conseguir participar da competição após o escândalo de manipulação de resultados no campeonato italiano, que rebaixou a Juventus. A princípio, o time não poderia participar da Liga, mas conseguiu um recurso e jogou a 3ª fase eliminatória, onde conseguiu a classificação para a fase de grupos. Passada a polêmica, o time avançou no torneio e eliminou o Celtic-ESC, nas oitavas, Bayern München-ALE, nas quartas, e Manchester United, nas semifinais, após acapachante vitória por 3 a 0 em casa. A equipe estava de volta a uma final. E quis o destino que o adversário fosse de novo o Liverpool, algoz da maior derrota da equipe em sua história.
Doce vingança – parte 1
Maldini via pela frente os vermelhos que o deixaram com pesadelos dois anos antes. Mas, dessa vez, seu time era melhor, mais experiente, e tinha Kaká em sua melhor fase na carreira (o craque venceria o prêmio de melhor jogador do mundo naquele ano). E o Milan não deixou os ingleses assustarem. Inzaghi marcou duas vezes e garantiu a vitória rossonera por 2 a 1. Maldini levantava pela segunda vez a Liga dos Campeões e conquistava seu quinto título da competição como jogador do Milan. Era a vingança do capitão, que enterrou de vez os fantasmas vermelhos da terra da rainha.
Doce vingança – parte 2
Maldini teria mais uma vingança pela frente. No Mundial de Clubes da FIFA, na decisão contra o Boca Juniors, que em 2003 tirara a chance de seu terceiro mundial pelo Milan. E sua equipe atropelou: 4 a 2, resultado que deu ao time italiano o tetracampeonato mundial. Maldini erguia pela primeira vez o troféu máximo do futebol para um clube. Pronto, não faltava mais nada para o craque. Era hora de pensar no adeus.
“Ciao, Capitano!”
Maldini anunciou na temporada 2008-2009 que encerraria a sua gloriosa carreira, aos 41 anos. O adeus foi contra a Fiorentina, em 31 de maio de 2009, na vitória do Milan por 2 a 0. Era o fim de uma das maiores lendas da história do futebol italiano e mundial, que colecionou recordes como o jogador com maior número de jogos pelo Milan e pela Série A. Como forma de homenagem, o seu querido clube aposentou, para sempre, a camisa número 3. Ninguém usará mais este número no rossonero. Apenas os filhos de Maldini, se seguirem a profissão do pai, é que poderão utilizá-la. Caso contrário, ela ficará eternizada na história. Vida longa ao “Il Capitano”, glória e orgulho do Milan.
Números de destaque:
Disputou 126 partidas pela seleção italiana, de 1988 a 2002. Marcou 7 gols.
Somou mais de 1000 partidas juntando seus jogos pelo Milan e Itália.
Disputou 902 partidas pelo Milan, recorde até hoje. Marcou 33 gols pelo clube.
É o autor do gol mais rápido da história das finais da Liga dos Campeões da UEFA, com menos de um minuto de jogo, em 2005.
Venceu 26 títulos com o Milan.
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