Foi um sufoco. Mas o Brasil de Tite conseguiu sua segunda vitória seguida. A Seleção saltou de sexto para segundo lugar nas Eliminatórias. Neymar decidiu em Manaus…
O Brasil de Tite passou pelo seu segundo e mais difícil teste. Venceu a Colômbia por 2 a 1, em Manaus. Foi uma partida sofrida, equilibrada, tensa. Pela primeira vez nas Eliminatórias, a Seleção venceu dois jogos em seguida. Os seis pontos tiraram o Brasil da sexta colocação e o fez alcançar a segunda colocação nas Eliminatórias. Neymar decidiu a partida com um belo gol aos 28 minutos, com um chute cruzado, indefensável para o ótimo Ospina.
"Eu estou aqui", comemorava o camisa 10 da Seleção.
Ele mostrou que a melhor vingança contra os pontapés colombianos era jogar bem, decidir a partida a favor do Brasil. Foi o que fez. Controlou seus nervos. Seu ego. O que foi fundamental para a vitória da Seleção.
Embora atuasse "em casa", o time de Tite teve de se desdobrar para conseguir vencer. A começar pela estúpida escolha do local da partida. Manaus tem exatamente as mesmas características de Barranquilla, cidade onde a Colômbia manda seus jogos nas Eliminatórias.
A escolha do ex-coordenador de Seleções e do ex-técnico Dunga, com o aval de Marco Polo del Nero, foi caótica. A umidade relativa do ar estava em assustadores 83% durante o jogo. O que provocou um desgaste absolutamente desnecessário. E que prejudicava o time interessado em vencer. Não empatar.
Mas Tite conseguiu igualar Telê Santana que, em 1981, foi o último treinador a ganhar seus dois primeiros jogos, dirigindo o Brasil em uma eliminatória para a Copa do Mundo.
A vitória foi dificultada por vários motivos. O primeiro deles, o óbvio. A qualidade do time colombiano, um dos times que seguem firmes para o Mundial da Rússia. O segundo, o fim do fator surpresa. O inteligente José Peckerman sabia que teria um adversário atuando de maneira moderna, forte, vibrante. Explorando o potencial do esquema o 4-1-4-1. Isso já era enorme diferencial em relação à festa que foi em Quito, com direito a 3 a 0.
Tite aproveitou ao máximo os três dias que teve para treinar para o confronto de hoje. Repetiria a equipe. Esperto,ele inovou. Pediu e a administração do estádio de Manaus permitiu que a Seleção treinasse todos os dias no gramado onde seria disputada a partida. Os atletas ficaram com referências importantes em relação ao campo de jogo.
O treinador sabia que Peckerman não daria espaços. Faria a Colômbia embolar as intermediárias e contragolpear pelos lados de campo. Velha estratégia para derrotar equipes que insistem no 4-1-4-1.
Só que os treinamentos de Tite atrapalharam literalmente Peckerman. Logo a um minuto e 19 segundos, Neymar cobrou escanteio. E Miranda se antecipou, cabeceando certeiro, confiante. Brasil 1 a 0.
O gol mudou com toda a dinâmica do jogo. A Seleção ficou confiante. Ficou com a falsa impressão que a Colômbia repetiria a ingênua postura do Equador. E na vontade de empatar, acabaria desguarnecida.
Nada disso. A Colômbia seguiu seu plano de jogo. Marcar forte, mesmo perdendo, e só tentar os contragolpes em velocidade. Um esquema simples, que seu bom time conseguiu usa muito bem fora de Barranquilla.
O Brasil seguia com o mesmo esquema. Mas com atletas tendo rendimento abaixo da partida contra equatorianos. Gabriel Jesus esteve muito bem marcado. Se limitando a exercer o pivô do que buscar finalizações. Paulinho irritadiço e improdutivo. Willian, burocrático.
Neymar esteve no primeiro tempo nervoso. Discutindo, tenso. Atuar contra colombianos não traz boas lembranças. O jogador foi tirado da Copa do Mundo no Brasil, depois de uma covarde agressão de Zuñiga. Daniel Alves vigiado, Marcelo conseguia fazer ótimas tabelas com Neymar pela esquerda.
No primeiro tempo, o Brasil criou chances para matar o jogo. Ospina fez grandes defesas em chutes de Renato Augusto e Neymar. Mas o goleiro colombiano estava excelente noite.
Só que a situação ficaria pior. Além de Seleção não conseguir ampliar, a Colômbia empatou. Na primeira oportunidade do jogo. James Rodrigues cobrou falta da lateral direita. Marquinhos desviou e mandou a bola para o fundo do gol de Alisson. 1 a 1, aos 35 minutos.
O Brasil de Tite passava pelo primeiro grande teste. Sofrer o primeiro gol, via a vitória virar empate. E diante dos colombianos, especialistas em contragolpe. Os jogadores brasileiros perderam confiança ao cederem a igualdade. Para piorar as coisas, no último lance da primeira etapa, Neymar deu um pontapé desnecessário em Óscar Murillo. E tomou o cartão amarelo do instável árbitro Patricio Lousteau.
O segundo tempo começou com a Colômbia dando as cartas. Péckerman percebeu o bom momento e adiantou sua marcação. E os colombianos conseguiram acuar a Seleção Brasileira. E obrigar a zaga e Alisson a participar do jogo. Tite percebia que o jogo não fluía. Paulinho estava muito adiantado. Não era homem de surpresa, como deveria ser. Atuava ao lado de Gabriel Jesus. Parecia que o Brasil tinha dois centroavantes.
As laterais estavam bem travadas pelos colombianos. A estratégia estava sendo utilizada ao máximo. Era chegada a hora de o talento decidir. E foi o que aconteceu. Philippe Coutinho entrou outra vez muito bem no jogo. Assim como em Quito. O meia atacante do Liverpool conseguiu descobrir Neymar livre, depois de uma grande disputa na intermediária. O passe foi perfeito para o pé esquerdo.
E foi assim que saiu o chute forte, cruzado, sem defesa para Ospina. 2 a 1, Brasil, aos 28 minutos. Neymar comemorou com muita raiva. Falou vários palavrões até acabar com a frase: "Eu estou aqui, p..."
Com o Brasil vencendo a partida, Tite reforçou a marcação. Mas é preciso destacar novamente a excepcional partida de Casemiro. Foi a grande muralha de Marquinhos e Miranda. O sistema de marcação brasileiro funcionou. Esta é uma especialidade de Tite. E a Seleção, sofrendo, conseguiu segurar a importantíssima vitória.
Tite saiu entusiasmado.
Nunca irá confessar, nem torturado.
Mas ele ficaria satisfeito.
Bastaria que o Brasil somasse quatro pontos nos dois jogos.
Contra Equador e Colômbia.
Seis conquistados foi algo mais do que especial.
"O grupo todo de trabalho se mobilizou. Fui convencido de uma ideia e em um curto espaço de tempo tentar implantar. Tiveram algumas falhas, mas foram consistentes. Saímos de um jogo onde estávamos perto do segundo gol e sofremos o empate. E soubemos reagir", comemorava Tite, feliz.
A Seleção deixou o gramado da arena de Manaus ouvindo um refrão simples, direto. Mas que conseguiu arrancar um sorriso enorme de Tite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário