terça-feira, 6 de setembro de 2016

Suíça-Portugal, 2-0 (crónica)



Primeiros parágrafos da nova página não convenceram

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Nani tinha avisado que a conquista do Europeu de França era uma página virada. O que o extremo da Seleção não sabia era o que estava escrito na página seguinte. E os parágrafos seguintes dizem que o arranque do apuramento para o Mundial 2018 não podia ter começado pior para a equipa das quinas. Portugal perdeu com a Suíça por 2-0 e, tal como em tantas outras alturas no passado, vai ter de correr atrás do prejuízo.
E o início do jogo até prometia uma boa rentrée dos comandados de Fernando Santos, que fez três alterações em relação ao onze inicial do Stade de France há quase dois meses: Moutinho, Bernardo Silva e Éder, renderam João Mário e os indisponíveis Renato Sanches e Cristiano Ronaldo.
Portugal entrou bem. Fluidez de processos e pressão alta a dificultar a primeira zona de construção da equipa helvética, que parecia espartilhada pelo trabalho dos três homens do meio-campo português.
Aos sete minutos, pouco depois de Éder rematado ao lado após excelente passe de Moutinho a rasgar a defesa suíça, ficou por marcar uma grande penalidade a favor de Portugal. Num lance caricato, Lichtsteiner aliviou com força contra Djourou, que tinha o braço direito aberto. A comunicação entre os dois jogadores denunciou o pecado do central da seleção da casa, mas o árbitro considerou não haver motivo para apontar para a marca do castigo máximo.
O aparente controlo de jogo de Portugal foi quebrado aos 23 minutos. Na cobrança de um livre, Ricardo Rodríguez rematou para defesa para a frente de Rui Patrício. Na recarga, Embolo atirou de cabeça para o golo perante a passividade da defesa portuguesa.
A Seleção Nacional parecia a quebrar no setor que esteve na origem do sucesso no Europeu (esqueça o jogo com a Hungria): na defesa.
Não há golo sofrido que faça bem a uma equipa. Pode despertá-la, mas quando surge contra a corrente do jogo o efeito pode ser nefasto e estar na origem de uma espécie de Lei de Murphy.
Foi o que aconteceu. Se Embolo pôs areia na engrenagem da máquina de Fernando Santos, Mehmedi acrescentou-lhe uma pedra. À passagem da meia-hora de jogo, o avançado do Bayer Leverkusen lançou pela esquerda, que cruzou para o interior da área. Estava lá novamente Mehmedi. Omnipresente, com tempo para controlar, olhar para a baliza e atirar friamente para o segundo do jogo.
Portugal tentou restabelecer-se de mais um murro no estômago e Raphael Guerreiro ainda ameaçou reduzir, mas a partida foi mesmo para o intervalo com os helvéticos em vantagem por dois golos.
Era preciso mudar e Fernando Santos não esperou mais e fez duas alterações para o reatamento. André Silva entrou para o lugar de Éder, enquanto João Mário rendeu William. Mais presença no meio-campo contrário, mas as dificuldades do costume para construir ocasiões de perigo diante de uma defesa suíça que parecia cada vez mais estabilizada e fechava os caminhos do golo.
Uma exibição que chegou a prometer ser colorida nos minutos iniciais não passou de um pálido preto e branco. Remates de meia-distância contra a muralha de pernas helvética, cruzamento inofensivos, remates desesperados e um cabeceamento ao poste de Nani é o que se espreme da desinspiração generalizada que redundou numa derrota que até podia ter assumido número mais pesados, numa altura em que os homens de Fernando Santos tudo faziam em busca de um golo que os resgatasse para o jogo.
Tal como há quase dois anos contra a Albânia, Portugal volta a arrancar com o pé esquerdo numa fase de apuramento para uma grande competição.
Bom presságio? Pelo sim, pelo não, é melhor mudar a página.
Outra vez.

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