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O Vélodrome, em Marselha, recebe esta quinta-feira à noite (20 horas) o Polónia-Portugal, o primeiro encontro dos quartos de final do Euro 2016.
As bancadas do estádio terão pelo menos 15 mil adeptos polacos, que fizeram deslocar ainda do seu país uma tarja enorme de 50x30 metros, chegada ontem a Marselha. Na cidade, vivem apenas quatro mil portugueses. A região nunca foi um ponto de destino da emigração portuguesa, uma vez que quando se deu o fenómeno em massa, nos anos 50 e 60, atravessava uma crise económica, que fazia rarear postos de trabalho disponíveis nas suas principais atividades. O novo Vélodrome, remodelado para o torneio, tem capacidade para 67.394 espectadores, e era conhecido também pela qualidade do seu relvado. No entanto, o tapete aparenta estar ainda com alguns problemas, sobretudo nas zonas laterais.
A Seleção Nacional persegue a sétima meia-final de uma grande competição (1966, 1984, 2000, 2004, 2006 e 2012), com Cristiano Ronaldo a poder chegar à quarta da sua carreira. O capitão já se tornou o único jogador a marcar em quatro Campeonatos da Europa, e está a um de igualar Michel Platini como melhor marcador em fases finais – o antigo capitão francês tem nove golos, conseguidos numa só edição. Para chegar à final, Portugal terá de eliminar a Polónia, ficando à espera do vencedor do Bélgica-País de Gales. A meia-final terá lugar em Lyon – onde Portugal empatou com a Hungria – no dia 6 de julho.
As dúvidas na equipa portuguesa
Fernando Santos parte para o jogo desta noite com algumas dúvidas. Raphäel Guerreiro e André Gomes não fizeram um único treino de conjunto durante a semana e dificilmente entrarão nos planos para o onze. A confirmar-se, Eliseu voltará a ser chamado para o lado esquerdo da defesa, ficando a maior dúvida sobre o meio-campo. Renato Sanches tem sido opção frequente vindo do banco, e poderia ganhar espaço no onze sobre o flanco, mas Fernando Santos perderia um dos trunfos da sua estratégia no decorrer dos encontros. Quaresma também encaixaria aí, mas o raciocínio é idêntico ao do reforço do Bayern Munique: têm ambos sido demasiado importantes para um plano B nas segundas partes dos encontros. Resta Rafa que tem poucos minutos jogados, apenas frente à Áustria, mas já esteve a aquecer ao intervalo para entrar – o que não se verificou – com a Croácia.
Na defesa, Cédric – até porque voltará a ter pela frente um extremo muito dinâmico como é Grosicki – terá ganho a preferência de Fernando Santos para o encontro. Resta saber se Adrien fez o mesmo no meio-campo, numa altura em que João Moutinho estará praticamente recuperado para voltar a assumir o comando do setor.
Polónia na máxima força
Não há castigados ou lesionados na Polónia, embora Lewandowski e Milik tenham apresentado problemas no final da batalha com os suíços. O primeiro fraturou o metatarso e o segundo sofreu um ligeiro entorse, mas estão aptos para o jogo com Portugal.
Estratégias
Fernando Santos e Adam Nawalka admitiram que querem controlar o encontro, e o selecionador português assumiu que a estratégia terá um papel determinante logo à noite. O técnico quer os jogadores «acordadinhos» desde o primeiro minuto.
A Seleção Nacional tem sido criticada por apresentar um estilo mais defensivo, algo que não tem preocupado muito Santos, que já disse várias vezes que não se importa de jogar feio e ganhar.
Jogadores em risco
William Carvalho, Pepe e Ricardo Quaresma estão em risco para as meias-finais, caso Portugal se apure e vejam o cartão amarelo.
Do lado dos polacos, são Grosicki, Maczynski, Peszko, Piszczek, Pazdan e Jedrzejczyk que estão à beira da suspensão.
Equipas prováveis
PORTUGAL – Rui Patrício; Cédric, Pepe, Ricardo Carvalho e Eliseu; João Mário, William Carvalho, Adrien e Renato Sanches; Nani e Cristiano Ronaldo
POLÓNIA – Fabianski; Piszczek, Glik, Pazdan e Jedrzejczyk; Blaszczykowski, Maczynksi, Krychowiak e Grosicki; Milik e Lewandowski
Histórico favorável, mas…
O histórico de jogos entre as duas seleções é favorável a Portugal (4V, 3E, 3D), mas a tradição dos jogos em Marselha não. Portugal nunca venceu em dois jogos que fez na cidade portuária francesa. No antigo Vélodrome, a Seleção Nacional empatou com a Espanha (1-1) na fase de grupos do Euro 84 e perdeu a dramática meia-final para a França (2-3, a.p.) desse seu Europeu de estreia.
Portugal tem, contudo, boas recordações da Polónia em relação ao primeiro Europeu em que participou, pois venceu os dois jogos frente aos polacos na fase de apuramento para o Euro 84.
A Polónia, além de um particular ainda em 1990 (4-0 aos EAU), já jogou neste novo Vélodrome e foi neste Campeonato da Europa. A seleção de Adam Nawalka venceu a Ucrânia por 1-0 na terceira e última jornada do Grupo C.
Será bom assumir a iniciativa com a Polónia?
Começo pelo que importa: estamos nos quartos de final. Era o que todos queríamos.
Sofremos, mas festejamos no fim. Marcar aos 117 minutos e enfrentar, nos três minutos que faltavam, duas situações de golo iminente da Croácia que nos levariam para os penaltis, foi difícil: parecia que o jogo não acabava. Mas já passou e o foco agora é a Polónia.
Umas notas para perceber como lá chegamos e como abordámos estes oitavos. O nosso onze teve quatro alterações relativamente ao último jogo contra a Hungria: entraram Adrien, Cédric e Fonte e regressou Guerreiro.
A estratégia de Fernando Santos assentava em duas grandes preocupações. Por um lado, boa organização e consistência defensiva. Por outro, evitar que as peças mais influentes do jogo croata tivessem tempo e espaço para mostrarem a sua qualidade. O olhar atento de Adrien sobre Modric e de William sobre Rakitic foi evidente e deu resultados.
Tivemos pouca qualidade de jogo e fomos sobretudo uma equipa à espera do adversário, limitando e impedindo as suas acções e tentando sempre que possível uma saída rápida, que quase nunca conseguimos.
A felicidade acabou por sorrir-nos aos 117 minutos, precisamente numa saída rápida, a aproveitar um momento de desequilíbrio defensivo croata. Foi isso que permitiu a Renato Sanches arrancar com a bola desde o nosso meio campo, como gosta e decidir o passe para Nani à entrada da área. Este rematou mal mas encontrou Ronaldo no seu caminho. O capitão rematou para defesa de Subasic, Quaresma estava lá para encostar de cabeça. Foi a loucura. A oportunidade surgiu e deu em golo: o plano traçado e definido tinha resultado.
Um jogo de 120 minutos em que houve mais Croácia. Estiveram por cima no jogo, com mais iniciativa e com mais bola, traduzido em 59% de percentagem de posse, contra os 41% da equipa portuguesa. É certo que estiveram melhores, mas não fizeram aquilo que Quaresma fez.
Queria que Portugal tivesse apresentado um futebol de mais qualidade mas isso nem sempre é possível. Estamos nos quartos de final e esse era o objectivo. Sem nota artística mas com capacidade colectiva, concentração, espírito de sacrifício e com a eficácia que faltou na fase de grupos. Esta história está feita.
Quinta-feira temos a Polónia. Os desafios não param e para Fernando Santos o bilhete de regresso está marcado para 11 de Julho. O seleccionador acredita na equipa e confia na sua capacidade. Qual será a receita para este novo confronto?
Quem está nos quartos de final tem mérito. Mais ou menos forte, qualquer que seja a selecção, merece todo o respeito. A Polónia não é um dos grandes nomes mas temos de pensar como se fosse. Uma coisa eu sei: está ao alcance de Portugal.
Teremos nós a iniciativa e as despesas do jogo ou seremos um pouco a imagem do último sábado, uma equipa mais de contenção, preocupada em não se desorganizar e tapar as unidades mais criativas do adversário?
A Polónia não tem a qualidade individual da Croácia mas sabe quais são as suas limitações. Por isso, joga junta - e por vezes recuada - explorando o contra ataque faz parte da sua estratégia.
Acredito que jogue desta forma na quinta-feira e nessa medida será Portugal a tomar a iniciativa. Será bom para Portugal?
Fernando Santos sabe que não pode nunca deixar a equipa partir o jogo. O exemplo da segunda parte do jogo da Hungria não é para repetir. Assumir as despesas do jogo, tentar controlar e dominar mas sempre tendo atenção ao posicionamento defensivo, no caso da nossa perda de bola ou de uma saída rápida da Polónia.
Pede-se concentração em todos os momentos do jogo. O erro é cada vez mais proibido, falhar é ter o regresso a Portugal mais próximo. A Polónia não chegou aqui por acaso e quer continuar o seu sonho.
As limitações de jogadores importantes pode condicionar o seu jogo. Um deles é o seu capitão e dos melhores avançados europeus. Lewandowski está com problemas e veremos se os ultrapassa. Apesar disto não acredito em facilidades.
Cada selecção vai ter mais tempo de intervalo entre jogos. Serão cinco dias e isso vai permitir um maior descanso aos jogadores e recuperar aqueles que têm problemas.
No nosso caso, espero que Moutinho e Ricardo Carvalho estejam recuperados. Estaremos prontos para o embate com a Polónia. Com pragmatismo e um plano mais contido ou com um jogo mais autoritário e ofensivo e de mais qualidade?
Veremos qual a estratégia a utilizar pelo seleccionador e de que forma a equipa a desempenha. Como diz Fernando santos, o que interessa é que a equipa ganhe.
Estamos de acordo mas gostava que fosse com um futebol de qualidade e atractivo, e que vissem um Portugal forte e capaz.
Vamos para as meias finais!
Força Portugal!
Por Pedro Barbosa
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