Presidente promete "enxugar" Bahia com folha salarial de R$ 1,5 mi mensal
Marcelo Sant'Ana critica salários do futebol brasileiro, diz que base precisa de R$ 8 milhões por ano e vê torcedor como "principal patrocinador" do clube
O jornalista Marcelo Sant’Ana assumiu a presidência do Bahia este mês com o clube em declínio: uma dívida de R$ 127 milhões e a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro em 2015 após o descenso na última edição. Em entrevista ao “SporTV News”, o dirigente não se privou de falar em números e deixou bem claro que vê o futebol do país como “inflacionado”. Dentro desta idelogia de "adequação à realidade", ele promete enxugar as finanças do Tricolor baiano, traçando o limite de R$ 1,5 milhão mensais para jogadores e comissão técnica
- O primeiro trabalho é mudar a mentalidade do torcedor do Bahia. A gente quer um clube grande, um time competitivo, que nos orgulhe, nossa tradição, nossa mística. Mas ele tem que saber que temos uma situação financeira difícil. O Bahia tem dívidas de R$ 127 milhões, quando você soma fornecedor, tributário, fiscal. Para ser um clube que honre seus compromissos e pague em dia, o nosso futebol profissional, comissão técnica e atletas, tem que ter uma folha de R$ 1,5 milhão. Acima disso, precisam entrar novas receitas para que tenhamos capacidade de pagar. Se você pergunta, vai ser bom e barato? Acho que barato não é, porque se tem uma folha de R$ 1,5 milhão, não é barato, é caro – disse o presidente.
Sant’Ana criticou os altos salários pagos a treinadores no futebol brasileiro. Para o presidente, os valores são uma distorção se comparados com os campeonatos de outros países, como os europeus. No Tricolor, Sergio Soares foi anunciado como novo comandante nesta segunda-feira.
- Não entendo como o mercado brasileiro pode pagar salários para técnicos de R$ 300 mil, R$ 400 mil, R$ 700 mil mensais. Como um clube pode pagar R$ 1 milhão para ter uma comissão técnica? Respeito cada presidente. Entendo que eles têm a paixão e o compromisso com seus clubes, mas entendo que é por causa disso que sempre os clubes não estão com salário em dia, quando paga carteira não paga imagem. O mercado brasileiro é inflacionado. O nível do jogo que a gente vê não é bom. Quando a gente compara com os principais mercados europeus, futebol espanhol, italiano, inglês, alemão, o nível do jogo não é bom do que a gente acompanha. Individualmente, nossos atletas não são de ponta a nível mundial, mas os salários são. Entendo que a diferença técnica no futebol brasileiro se botaria entre o jogador da Série A entre o melhor e o pior, mas a diferença salarial, o abismo é desse tamanho (abrindo bem as mão). O futebol brasileiro precisa se readequar se quiser viver como um produto competitivo.
Além de levar o Bahia a uma nova realidade financeira, o dirigente prometeu dar força ao programa sócio-torcedor do clube. Segundo ele, a principal fonte de receita precisa ser o apoiador fanático, mais do que o patrocínio que estampa a camisa tricolor. Sant’Ana ainda revelou que pretende investir na base, tanto para equilibrar a folha salarial do futebol profissional quando para valorizar os jogadores com raízes no clube.
- O Bahia precisa investir, anualmente, pelo menos, R$ 8 milhões nas divisões de base, para ter um trabalho de formação de excelência. Que 10% da renda do sócio seja destinado à divisão de base, porque nós tricolores somos identificados com o atleta que cresce na base, ele tem nossa DNA, nossa identidade. Esse atleta da base permite que a folha seja mais equilibrada, porque o salário é menor por estar em início de carreira (...) O Bahia só pode ser um time grande, como foi, se valorizar o sócio, o torcedor. O principal patrocinador do Bahia não é o patrocínio máster, é o torcedor, aquele que sente igual à gente. É um clube grande que vai fazer o time ser campeão.
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