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Ricardo Oliveira mantém mistério, mas confirma retorno ao Brasil em 2015
Atacante relembra início de superação, afirma estar preparado para desafio de voltar ao país e revela desejo de momento: "Quero jogar em um grande clube"
Os rumores sobre um possível retorno de Ricardo Oliveira ao futebol brasileiro finalmente acabaram. O atacante confirmou, em entrevista por telefone, que a volta ao Brasil para a próxima temporada está confirmada. Aos 34 anos e com propostas na mesa, foi tomada a decisão de deixar os Emirados Árabes, após passagens por Al Jazira e Al Wasl. A camisa que irá usar, contudo, ainda é uma incógnita.
- Estou em um momento único da carreira de um atleta. Graças a Deus cumpri minha caminhada com sucesso, sempre com muito trabalho e muito esforço. Por onde passei, fui exemplo de profissionalismo dentro de campo. Esse é o momento que nós decidimos, eu e minha família, que chegou a hora de retornar ao Brasil. O momento é oportuno e a expectativa de acertar em pouco tempo com uma equipe é grande, estarei anunciando assim que puder. É uma alegria dupla, primeiro por estar voltando ao meu país e segundo por continuar podendo fazer aquilo que amo.
- Estou em um momento único da carreira de um atleta. Graças a Deus cumpri minha caminhada com sucesso, sempre com muito trabalho e muito esforço. Por onde passei, fui exemplo de profissionalismo dentro de campo. Esse é o momento que nós decidimos, eu e minha família, que chegou a hora de retornar ao Brasil. O momento é oportuno e a expectativa de acertar em pouco tempo com uma equipe é grande, estarei anunciando assim que puder. É uma alegria dupla, primeiro por estar voltando ao meu país e segundo por continuar podendo fazer aquilo que amo.
Enquanto muitos voltam para encerrar a carreira, Ricardo busca outros desafios. Desde 2009 no futebol árabe, o artilheiro quer provar que ainda continua em forma para atuar em alto nível, mesmo com a desconfiança por parte de muitos por causa do físico. Nos Emirados foram 118 jogos e 85 gols pelos dois clubes, e é essa a pretensão do atacante no Brasil.
- Estar voltando me motiva ao extremo. É um desafio, porque existe uma certa incredulidade acerca de um atleta que passou tanto tempo nos Emirados. O futebol tem crescido muito por lá, a seleção nacional tem ganhado títulos dentro das competições asiáticas, esses atletas cresceram aproveitando nossos exemplos. Mas claro que existe uma dúvida sobre quem volta pelo potencial físico. Isso não me assusta, me deixa bem tranquilo. Sempre trabalhei bastante essa parte, acima da média com isso. Estou muito motivado para o desafio. Só quando estiver em evidência vou poder mostrar para quem pensa que é um risco a contratação que está errado. Terei que provar.
Revelado na Portuguesa, com passagens por Santos e São Paulo, o jogador se sente em casa nos clubes paulistas. Mas se manter no futebol do estado não é uma das exigências do jogador para o retorno.
- Confesso que não estou dando prioridade para São Paulo. Ficaria feliz, era o unir o útil ao agradável (risos). Mas se não acontecer, não tenho o menor problema de atuar longe daqui. Morei muito tempo fora do Brasil, então estou acostumado a me virar longe da minha casa. Agora quero é acertar a situação e anunciar a decisão o mais breve.
Confira mais trechos da entrevista:
GLOBOESPORTE.COM: Para confirmar esse retorno ao Brasil, algumas propostas já apareceram. Já existe avanço com algum clube?
RICARDO OLIVEIRA: Nós já temos algumas coisas em vista. Estamos trabalhando com nosso time, todo o staff que me acompanha, para que, com muita tranquilidade, tudo seja fechado. Esperando o momento certo para tornar a decisão pública.
O Brasil passa por um momento de renovação e uma escassez de camisas 9. Você está acostumado a atuar na função, isso pesou na sua volta?
- Eu não entendo que exista uma escassez de camisas 9, temos grandes nomes no Brasil, até que serviram a seleção brasileira. O fato de muita gente achar isso é porque não tiveram destaque como os antecessores. Eu tenho condição de vir e mostrar meu valor, estar em evidência. A competitividade é grande, são grandes jogadores, mas acredito no meu potencial e espero render em campo.
Você tocou nesse assunto da lesão que impossibilitou sua convocação para Copa do Mundo de 2006. O que você tirou de lição desse fato? É algo que ainda passa pela sua cabeça?
- Eu entendo que estou vulnerável a lesões. Quando eu me machuquei eu tinha um tempo, ainda que curto, para me recuperar antes da Copa do Mundo. Mas a minha preocupação não era só jogar uma Copa. Nunca foi prometido e nunca forcei a barra para poder voltar e servir a Seleção. Trabalhei para voltar a jogar futebol, de forma segura, em alto nível. É um tema superado para mim. Nunca vou usar a palavra frustração. O que o futebol me deu eu não vou poder retribuir em vida. Me formou como atleta, como homem, me deu recursos para viver com minha família, criar meus filhos. Era um sonho jogar a Copa? Claro. Óbvio que gostaria. Essa é a maior meta de um atleta que inicia no futebol. Mas para mim que saí da "caverna", do meio de dificuldades, onde a perspectiva era zero, conseguir chegar à Seleção em qualquer momento era um sonho. Aquilo era impossível e aconteceu.
- Eu entendo que estou vulnerável a lesões. Quando eu me machuquei eu tinha um tempo, ainda que curto, para me recuperar antes da Copa do Mundo. Mas a minha preocupação não era só jogar uma Copa. Nunca foi prometido e nunca forcei a barra para poder voltar e servir a Seleção. Trabalhei para voltar a jogar futebol, de forma segura, em alto nível. É um tema superado para mim. Nunca vou usar a palavra frustração. O que o futebol me deu eu não vou poder retribuir em vida. Me formou como atleta, como homem, me deu recursos para viver com minha família, criar meus filhos. Era um sonho jogar a Copa? Claro. Óbvio que gostaria. Essa é a maior meta de um atleta que inicia no futebol. Mas para mim que saí da "caverna", do meio de dificuldades, onde a perspectiva era zero, conseguir chegar à Seleção em qualquer momento era um sonho. Aquilo era impossível e aconteceu.
Seu início parece ter sido difícil pelas suas próprias palavras. Como foi a infância e a caminhada para virar um jogador?
- A minha realidade era o Carandiru, na zona norte, morei lá por 20 anos. Morei em favela, condições escassas. Quando chovia era mais dentro do que fora de casa, tinha que escolher um canto para dormir. Quando aconteciam desastres era correria. Colocavam fogo no barraco e a gente tinha que sair e ver aquilo acontecendo. Minha infância foi pobre, pedia dinheiro nos semáforos, catava papelão. Perdi meu pai com oito anos, minha mãe trabalhou até eu me tornar um profissional. Não poderia sair nada de bom dali, as pessoas têm preconceito com quem mora na periferia, acham que ninguém vale nada. Mas tem muita gente do bem. Tive um sonho e lutei por ele. Uma vez falaram para mim que eu não prestava para jogar nem em time de quarta divisão, justamente quando eu procurava uma equipe. Aquilo me motivou. Hoje poder dar um exemplo para algumas crianças, jogadores que estão tentando começar a carreira, é gratificante.
Você apareceu para o mundo na Portuguesa. Foi um início arrasador naquela época. Como é ver a equipe nessa situação de momento? Acompanhou todo o caso que tirou a Lusa da Série A?
- Acompanhei tudo de longe. Passo sempre em frente ao Canindé e lembro do meu início lá. Quando as portas se fecharam de um lado, a Portuguesa quem me deu a oportunidade. Foi ali que me mostrei para o mundo. Eu saí da Portuguesa por um litígio. Muitos não sabem o que aconteceu, mas na época recebi uma proposta de oito milhões de euros de um clube europeu e eles não quiseram me vender. Só que estavam me devendo, eu precisava comprar uma casa para a minha mãe e falei com eles que tinham que cumprir o combinado comigo. Eles não cumpriram e na Justiça eu consegui me desligar. Mas nunca deixei de acompanhar o time, ver essa situação hoje é triste. Ninguém tem direito de entrar em um clube, fazer o que quer e não pagar por isso. Tem história, pessoas construíram aquilo, elevam o nome da Portuguesa para o cenário nacional. Existem torcedores que não fazem mais nada a não ser assistir aos jogos no estádio. Fico triste, é lamentável. As pessoas que deixaram o clube nessa situação devem estar rindo, vivendo muito bem, enquanto torcedores não dormem, estão chorando. Mas eu acredito que ainda vai sair dessa. Existe esperança.
Você tem um carinho pelo São Paulo pelas passagens que teve por lá?
- Eu nunca escondi o respeito e carinho que tenho pelo São Paulo. Fiquei fora da Copa do Mundo de 2006 por causa de uma lesão. Quem me recuperou foi o São Paulo. A partir de então a amizade foi grande, cresceu meu carinho. Tenho muitos amigos até hoje por lá.
- Eu nunca escondi o respeito e carinho que tenho pelo São Paulo. Fiquei fora da Copa do Mundo de 2006 por causa de uma lesão. Quem me recuperou foi o São Paulo. A partir de então a amizade foi grande, cresceu meu carinho. Tenho muitos amigos até hoje por lá.
Você está no Brasil, pronto para voltar a atuar por aqui. Tem desejo de atuar por algum clube em especial?
- É claro que eu tenho um desejo, não tem como eu falar que não, senão estaria dizendo que estou numa péssima situação e vou onde abrir uma porta. Não é assim. Sou ambicioso, tenho desejo de jogar em um grande clube. Espero poder em pouco tempo estar externando a decisão. Não volto para o Brasil pensando em encerrar a carreira, quero é jogar bem, em alto nível, ser feliz. Levar meu filho para ver o pai jogando por aqui, ser ovacionado e fazendo gols. É isso que eu quero. Quero jogar em grande clube e ganhar destaque com uma grande camisa, com todo respeito aos clubes de menor expressão. Sei que sou capacitado para isso, não vim para jogar em qualquer time.
globo.com
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