OPINIÃO COSME RÍMOLI

Tite foi muito esperto na sua segunda convocação. Deixa evidente que tem mais quatro armas. Thiago Silva, Fernandinho, Philippe Coutinho e Douglas Costa. Seu Brasil já soma 15 ‘titulares’…

Goleiros:
Alex Muralha (Flamengo)
Alisson (Roma)
Weverton (Atlético-PR)

Laterais:

Daniel Alves (Juventus)
Fagner (Corinthians)
Filipe Luís (Atlético de Madri)
Marcelo (Real Madrid)

Zagueiros:
Gil (Shandong Luneng)
Marquinhos (PSG)
Miranda (Inter de Milão)
Thiago Silva (PSG)

Meio-campistas:
Casemiro (Real Madrid)
Fernandinho (Manchester City)
Giuliano (Zenit)
Lucas Lima (Santos)
Oscar (Chelsea)
Paulinho (Guangzhou Evergrande)
Philippe Coutinho (Liverpool)
Renato Augusto (Beijing Guoan)
Willian (Chelsea)

Atacantes:

Douglas Costa (Bayern de Munique)
Gabriel Jesus (Palmeiras)
Neymar (Barcelona)
Roberto Firmino (Liverpool)

Esta a segunda convocação de Tite como técnico da Seleção Brasileira. Chamou 24 atletas para confrontos mais fáceis do os primeiros adversários. Bolívia em Natal e Venezuela, em Merida, são muito mais fáceis que Equador em Quito e Colômbia, em Manaus.

Mas o treinador foi esperto. Fez questão de deixar à flor da pele o grau de competitividade. Trocou cinco peças. Alex Muralha (Flamengo), o zagueiro Thiago Silva (PSG), o volante Fernandinho (Manchester City), o meia Oscar (Chelsea) e os atacantes Douglas Costa (Bayern de Munique) e Roberto Firmino (Liverpool) entraram.

Saíram goleiro Marcelo Grohe (Grêmio), o zagueiro Pedro Geromel (Grêmio), o volante Rafael Carioca (Atlético-MG) e os atacantes Taison (Shakhtar Donetsk) e Gabigol (Inter de Milão).

O que busca Tite com essas trocas, os retornos de Thiago Silva, Fernandinho, Oscar, Douglas Costa e Roberto Firmino?

O técnico já tem uma equipe que deu excelente retorno técnico, tático e 'anímico'. Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro; Renato Augusto, Paulinho, Willian e Neymar; Gabriel Jesus.

A intenção é absolutamente pretensiosa, difícil. Encaixar o melhor Brasil possível no seu esquema favorito, o 4-1-4-1. Mas não apenas 11. Mas com o máximo de jogadores possíveis. Uma aposta na utopia. Como se pudesse manter o mesmo padrão de excelência com mais pelo menos quatro jogadores. Ter outros quatro titulares. Thiago Silva, Fernandinho, Philippe Coutinho e Douglas Costa.

Tite quer atletas que possam trocar de olhos fechados. Sem se preocupar com os absurdos dois dias para treinamento. Busca jogadores talentosos que se encaixem perfeitamente na sua maneira de jogar. É algo muito parecido com o que fez no Corinthians. Mas sem profissionais tão talentosos.

A volta de Thiago Silva é fundamental. Tite o considera um dos melhores jogadores do mundo. Com potencial para ser seu titular absoluto. Mas ele o quer mais confiante com a camisa da Seleção Brasileira. Pretende fazer uma lavagem cerebral. Tirar tanta pressão, tanta responsabilidade que o zagueiro se impõe. A ponto de desestabilizá-lo. Como aconteceu durante a Copa de 2014. E na Copa América do Chile, quando deu um tapa infantil na bola contra a Colômbia, provocou um pênalti. E depois, tão tenso, não se lembrava do que havia feito.

Tite quer recuperar de vez Thiago Silva para a Seleção. Sem virar as costas ao excelente desempenho de Miranda e Marquinhos. Ambos foram bem demais nas suas duas primeiras partidas. Se tiver de escolher, hoje, Tite teoricamente acredita que sua melhor dupla seria Miranda e Thiago Silva. Mas a possibilidade maior é que prestigie os dois que enfrentaram Equador e Colômbia.

Mas o que ele quer é ter três zagueiros em excelente nível. Ou até quatro. Já que confia cegamente em Gil. O miolo da defesa brasileira não provoca receio a Tite. Até porque ainda gosta de Geromel.

Fernandinho veio para a Seleção para ficar. O treinador brasileiro percebeu que o volante nas mãos de Guardiola é outro. Bem diferente do cão de guarda que era com Dunga. Tite quer Fernandinho atuando exatamente como o catalão gosta. À frente. Buscando construir jogadas e até marcando gols. Nada de jogar parado, tentando fechar um lado da intermediária. Isso é antigo, ineficaz. Por isso foi convocado com o status de potencial titular.

A imprensa carioca está ouriçada pela convocação de Muralha do Flamengo para o gol. Ele substitui Marcelo Grohe. Weverton segue sendo a terceira opção. E tem tanta importância quanto a segunda. Na verdade, o treinador da Seleção escolheu Alisson como seu homem de confiança no gol. Quando estiver recuperado, Fernando Prass, terá a sua chance.

Philippe Coutinho é a metade ofensiva de Willian. O treinador o quer 'flutuando' na intermediária brasileira, como faz no Liverpool. Só que do lado direito. Buscando o ataque. Willian é fundamental para fechar, marcar, acalmar o ímpeto do adversário pela esquerda. Já Coutinho é a explosão, a habilidade a serviço da ofensividade, da busca do resultado. Willian cansando os rivais pela direita e o Phillipe se aproveitando desse cansaço já provou ter dado certo.

Agora, Tite estuda, principalmente contra adversários mais fracos como Bolívia e Venezuela, apostar no ataque logo de cara. Colocar Philippe Coutinho desde o início. Ele já é o 12º titular do Brasil.

Agora, o técnico terá todo o talento, a explosão, a habilidade de Douglas Costa. A princípio, ele seria o plano B para Neymar. Em caso de expulsão, contusão do principal jogador brasileiro. O jogador do Bayern adora e rende muito mais atuando na esquerda. Exatamente o mesmo lugar de Neymar. O desafio pode obrigar o treinador a testá-lo na vaga de Gabriel Jesus, que já ganhou seu lugar no grupo. Tite quer ver Neymar e Douglas Costa juntos, se revezando pela esquerda e meio.

Roberto Firmino foi chamado mais para observação. O novo técnico da Seleção quer tirar várias dúvidas que tem sobre o seu real potencial como atacante. As informações que têm são contraditórias.

Enfim, a segunda convocação conseguiu respeitar o time que deu excepcional resposta nos dois primeiros jogos. E avançou. Peneirou mais quatro jogadores importantes que estão chegando para ficar no grupo. Da mesma maneira que o treinador já vai 'desencanando' daqueles que não deram a resposta às suas exigências.

Gabriel Barbosa, Taison e Rafael Carioca estão muito abaixo de Douglas Costa, Firmino e Fernandinho. Mas não podem reclamar. Tiveram sua oportunidade.

Elias teria a sua. Mas jogou fora ao sabotar o Sporting contra o Real Madrid. Fazendo falta infantil na entrada da área que desencadeou a virada do time espanhol.

Foram chamados 24 jogadores porque Paulinho está suspenso, não atua contra a Bolívia. Mas estará firme contra a Venezuela. Se ninguém for suspenso, Tite fará um corte.

Tite está sendo muito esperto.

Otimizando o tempo.

Aprimorando o potencial de seu time-base.

Tornando o seu Brasil uma equipe de 15 titulares...