Danilo, William Carvalho e Fejsa são os "trincos" de quem se fala nas discussões entre adeptos de Benfica, Sporting e Porto. Qual deles o melhor?
O futebol é paixão e golos, pelo que a discussão em torno das principais estrelas de cada equipa recai, na maior parte dos casos, nos que mais atacam, constroem ou marcam. Jonas, Slimani, Gaitán, Brahimi ou outro qualquer outro “mágico”… nem sempre se reconhece o trabalho de sapa dos elementos que garantem os equilíbrios defensivos. É o caso dos chamados “trincos”, ou médios-defensivos. E esta temporada a Liga NOS – e os “três grandes” em particular – tem jogadores com a qualidade certa para lançar a discussão sobre os homens que melhor fecham a “porta” do caminho da sua baliza, a meio-campo.
Benfica, Sporting e Porto têm os chamados “trincos” puros, aqueles que servem de âncora à frente dos seus quartetos defensivos, ao invés de médios-defensivos flexíveis e mais “vagabundos” nas deambulações no terreno. São eles Ljubomir Fejsa, William carvalho e Danilo Pereira. Apesar de serem três homens de posição fixa, são muito diferentes nas características individuais que evidenciam. Será possível perceber quem é o melhor? Quer iniciar essa discussão connosco? Nós entramos com o habitual: com os factos (números).
O GoalPoint já fez parte do trabalho de análise aos “trincos”, no artigo dedicado ao melhor “onze” português da Liga NOS até ao momento. Danilo ganhou a William nesta discussão – que deixou, naturalmente, Fejsa de fora -, graças ao melhor GoalPoint Rating™ (6.07 do portista, contra 5.71 do “leão”). Mas o debate não termina aqui. Queriamos saber em que é que uns se destacam em relação aos outros, o que dão às respectivas equipas, juntando o sérvio ao barulho.
Uma nota prévia que, apesar de não influenciar a maioria dos indicadores, ponderados por desempenho médio a cada 90 minutos jogados, é importante quando comparamos números absolutos: o número de minutos jogados. Neste capítulo o sérvio o Benfica soma apenas 853 minutos, contra 1.507 de William e 2.008 de Danilo. Realidades diferentes no que toca à regularidade como titular, com o “leão” a partir atrás após a lesão no arranque da época e o benfiquista a pagar a factura daquele que é provavelmente o seu principal problema: a propensão para a indisponibilidade física.
Audácia vs cautela
Não se trata propriamente do pormenor definidor de um “trinco”, mas serve neste caso para estabelecer diferenças imediatas, e que explicam em grande parte o rating de Danilo. Em 26 jogos o portista soma quatro golos, uma assistência e 16 passes para ocasião, em claro contraste com os valores de William Carvalho (um golo, uma assistência, seis passes para ocasião) e de Fejsa (cinco passes para ocasião). Danilo é bem mais ofensivo que os dois rivais – o que pode explicar, em parte, a menor consistência defensiva do FC Porto e a fragilidade para travar o primeiro momento das transições contrárias. Mas deixamos para si esse tipo de conclusões.
Danilo soma, aliás, uma média de um remate a cada 90 minutos (57% dos quais de dentro a área) e revela-se verdadeiramente nos lances pelo ar, pois três dos seus golos foram de cabeça. O portista é rei pelo ar, valendo-se do seu porte físico. Dos 64% de duelos ganhos (57% de William e de Fejsa) a maioria são aéreos:67% ganhos de 4,7 lances deste tipo por cada 90 minutos (William disputa 3,6; Fejsa 2,4).
Pêndulo defensivo
Com metade dos jogos realizados por Danilo (26) está Fejsa (13). No entanto, o sérvio tem mostrado serviço em aspectos específicos do jogo defensivo, mais do que os outros dois médios. Para além de melhor eficácia no passe (87%, para 80% e Danilo e 79% de William), o ex-Olympiacos potencia o seu posicionamento exemplar com a realização de mais acções defensivas (sete por cada 90 minutos), mais desarmes tentados e com sucesso (86% ganhos de três) e mais intercepções (3,3 por 90 mins) que os seus rivais nesta análise, com a “cereja” de, com ele em campo, o Benfica sofrer apenas 0,32 golos por 90 minutos, para 0,9 de Danilo no Porto e 0,6 de William no Sporting.
William é, neste comparativo, o grande mistério. A favor do “leão” está o facto de a comparação pura não reflectir a importância e influência que tem no colectivo da sua própria equipa, mas nesta discussão sai claramente a perder. O jogador leonino destaca-se apenas em dois vectores, a pro-actividade e intervenção nos jogos, que se reflectem na média de 86,9 toques na bola e os 73,2 passes por 90 minutos, e os alívios(1,5 por 90 mins, para 1 de Danilo e 0,5 de Fejsa), embora neste caso mostre uma forma de defender mais pragmática do que produtiva.
Conclusões? Os números mostram um Danilo poderoso pelo ar, atrevido no ataque, importante na manobra do Porto; um Fejsa pendular e fiável nos equilíbrios defensivos, um William muito em jogo mas pouco marcante nos diversos processos de jogo, pelo menos na época em curso. Use e abuse desta informação para debater com os seus amigos quem é o melhor “trinco”. Porque há certamente opiniões para todos os gostos.
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