domingo, 24 de abril de 2016

Académica-FC Porto, 1-2 (crónica)

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E eis que, ao fim de mais de um mês, o FC Porto voltou às vitórias fora de portas, garantindo assim o terceiro lugar em mais um campeonato para esquecer. A história deste jogo teve contornos masoquistas para os dragões, que terminaram a pedir o apito final frente a uma Académica defensiva até ao intervalo e mais atrevida após o descanso.
À entrada para esta partida, ambas as equipas apareciam motivadas pelos resultados satisfatórios do fim de semana passado: a Académica conquistou importante ponto na luta pela salvação, no Restelo, e o FC Porto goleou o Nacional, com nota artística.
Os primeiros minutos do embate do Cidade de Coimbra foram intensos, embora sem grande acerto de parte a parte.

A Briosa partiu para o jogo num bloco baixo, convidando os dragões a partir para cima, embora a equipa de Peseiro não tenha sido demasiado assertiva na forma como empreendia o futebol de ataque. Faltava profundidade pelos corredores laterais e o jogo entrelinhas perdia-se numa sucessão de passes errados. Ainda assim, o FC Porto ia recuperando a bola rapidamente e não deixava sequer a Briosa esboçar reação.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA AO MINUTO
Ainda assim, pouco depois do quarto de hora, e já na sequência de duas boas paradas de Pedro Trigueira, a remates de meia-distância de Rúben Neves e Maxi Pereira, Nuno Piloto teve espaço de progressão, subiu com a bola mas o remate saiu ao lado da baliza de Helton. Depois disso, foi a vez de Varela dispor de duas oportunidades, mas à primeira nem sequer acertou na bola (com a baliza escancarada) e à segunda rematou bem por alto.
Quem acabou por inaugurar o marcador foi mesmo a equipa da casa, a 20 minutos do intervalo, numa brilhante execução do prodigioso Pedro Nuno, em livre à entrada da área, ligeiramente descaído para a esquerda. Helton não conseguiu travar um remate colocadíssimo que supôs o quarto golo neste campeonato para o jovem figueirense.
Os dragões sentiram-se na obrigação de responder e mantiveram o domínio, embora sem acerto na hora do último passe e da finalização. Porém, e como estávamos numa tarde de inspiração das jovens promessas, Rúben Neves sacou de um espetacular remate colocado de pé direito à entrada da área, empatando a partida ao minuto 38. Foi o primeiro golo do jovem internacional português nesta edição da Liga.
A igualdade acabou por permanecer até ao apito final para o primeiro tempo, num prémio ao labor defensivo da Briosa e ao génio de dois médios sub-21.
Brahimi, decisivo no regresso
Tanto Filipe Gouveia como José Peseiro nada mudaram ao intervalo, não surpreendendo portanto que a toada de jogo se tenha mantido: FC Porto dominador, embora um pouco mais intencional na hora de rematar, perante uma Académica resguardada mas a procurar atrever-se num ou noutro contra-ataque.
Sérgio Oliveira, em duas ocasiões, atirou por cima da baliza de Trigueira, guardião que se viu obrigado a uma excelente intervenção após belo trabalho na área de André Silva (titular pela segunda vez consecutiva neste campeonato).

Na resposta, a Briosa pareceu soltar-se melhor para o contra-ataque, com a entrada de Hugo Sêco para o lugar do lesionado Rafael Lopes a fazer-se notar. No entanto, era Pedro Nuno quem mais magia espalhava no relvado do Cidade de Coimbra. Vários foram os pormenores técnicos deliciosos e arranques, obrigando a atenção redobrada da estrutura defensiva azul-e-branca.
A qualidade de produção do futebol ofensivo dos dragões parecia haver diminuído nos primeiros 20 minutos do segundo tempo e José Peseiro não foi de modas, lançando praticamente de seguida os regressados Brahimi e André André.

E o efeito foi imediato: o argelino cruzou para a área, a bola sofreu um desvio traiçoeiro em Hugo Sêco e foi parar ao fundo das redes de Pedro Trigueira, algo baralhado pela movimentação em direção à baliza de André Silva. Os dragões estavam pela primeira vez na frente do marcador e logo numa altura em que até iam sentido mais dificuldades para criar ocasiões de perigo…
A Briosa reagiu a caminho do último quarto de hora: na sequência de uma jogada de contra-ataque bem gizada, Pedro Nuno atirou para as nuvens, à entrada da área, desperdiçando boa ocasião para bisar e, por consequência, empatar a partida.

Depois disso, Filipe Gouveia procurou agitar o jogo, lançando o velocista Marinho e Makonda, lateral/ala francês que regressou após paragem prolongada por lesão. E na verdade, Marinho deu verticalidade ao ataque, quase assistindo Pedro Nuno para a igualdade, já nos últimos dez minutos do encontro.
E este período final do jogo foi realmente de sufoco para os vice-campeões nacionais, fechados num colete de forças bem apertado por uma equipa pressionante e intencional como até aí não havia sido. A um minuto dos 90, Nii Plange teve uma das ocasiões da partida, mas o chapéu saiu direto à barra da baliza à guarda de Helton. Depois disso, foi novamente Pedro Nuno a desperdiçar boa ocasião para chegar ao empate, em mais uma tentativa à entrada da área.
No final, triunfo muito sofrido dos dragões (que acabaram a queimar tempo), que assim garantem o objetivo mínimo para esta fase da época (acesso ao «play-off» da Liga milionária). Quanto à Académica, fica a sensação de que poderia ter claramente ganho um ponto numa luta pela manutenção que prossegue na próxima semana numa final épica frente ao União da Madeira…

Destaques ;

FIGURA: Pedro Nuno 
Mais uma exibição de grande nível do jovem médio ofensivo academista. Acutilante com bola no pé, fisicamente mais disponível e sempre de cabeça levantada, marcou o golo academista, num livre cobrado de forma exemplar à entrada da área portista. Extraordinário na condução de bola e leitura de jogo, esteve perto do golo em mais três ocasiões, mas atirou para fora.
MOMENTO: Nii Plange quase tocou o Céu (90 minutos)
Estávamos a caminhar a passos largos para o minuto 90, quando se deu um dos grandes momentos da partida. Nii Plange, descaído para a direita, sacou de um chapéu inesperado, ficando muito perto de bater Helton. A trave impediu aquele que seria mais um grande golo numa tarde de momentos artísticos dignos de serem vistos e revistos no Cidade de Coimbra…
OUTROS DESTAQUES
Maxi Pereira: jogo de enorme entrega e querer do lateral-direito uruguaio. Ofensivamente, foi um dos jogadores mais destacados da equipa, dando constante largura e profundidade à equipa e mostrando equilíbrio no momento defensivo. Importante até ao final da partida, poderia claramente ter feito o gosto ao pé em algumas ocasiões.
Brahimi: entrou para ajudar a resolver, fazendo o cruzamento do qual resultou o segundo golo dos portistas. Rápido, tecnicista, embora nem sempre optando pela melhor decisão, foi importante a mexer com o jogo de ataque do FC Porto numa altura em que este sentia a falta de um criativo…
Rúben Neves: golo fabuloso, numa exibição com altos e baixos. Ao nível do passe cumpriu, em geral, embora algumas bolas longas não lhe tenham saído bem. Defensivamente, sentiu algumas dificuldades na marcação a Pedro Nuno e viu-se algo desacompanhado, sobretudo após a saída de Sérgio Oliveira. Apesar de tudo, vai beneficiando dos minutos que lhe iam faltando em partidas mais recentes…
Nii Plange: o burquinês ficou muito perto da igualdade num lance espetacular já na parte final da partida. Rápido e dinâmico, não apareceu muito durante o primeiro tempo mas acabou por se soltar após o intervalo. Tem sido um dos jogadores mais regulares da Briosa esta temporada.
Makonda/Marinho: foi muito graças a eles que a Académica terminou o jogo em cima do FC Porto. Rápidos, interventivos e dinâmicos, sacaram cruzamentos perigosos, que poderiam muito bem ter resultado em golo. Ficou a sensação clara de que poderiam ter entrado em campo mais cedo…

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