por Cosme Rimoli
“É complicado você dormir sabendo que pode ser rebaixado no Paulista. O Palmeiras jamais foi e nem vai ser.” Gabriel Jesus, o grande personagem na primeira vitória do Palmeiras comandado por Cuca. Contra o rebaixado Rio Claro…
Mais de 15 mil palmeirenses deram uma bela demonstração de amor. Apoiaram uma equipe machucada pelas críticas, cobrança, pressão. Além das quatro derrotas seguidas. Mesmo assim, os torcedores cantaram, vibraram, apoiaram. O time de Cuca não jogou bem tecnicamente. Porém colocou coração, dedicação e um mínimo de organização. Mais um golaço do garoto Gabriel Jesus. E conseguiu vencer o Rio Claro por 3 a 0, a pior equipe do Campeonato Paulista. A derrota custou o rebaixamento da equipe interiorana...
O Palmeiras deixou a incômoda lanterna do grupo B. Está em segundo lugar, só atrás do Ituano. Mas a classificação para a segunda fase do Paulista não está garantida. O time precisará pontuar contra o Corinthians e Mogi Mirim, os dois últimos adversários.
"O espírito tem que ser esse, está todo mundo de parabéns. Não adianta a gente querer dar uma de herói, querer fazer tudo, eu querer ajudar o Prass. Cada um tem que ajudar seu companheiro mais próximo. Se a gente ajudar um pouquinho, a gente sai com uma bela vitória. Muita gente pode dizer que o time deles é o último colocado, é frágil, mas não foi isso que eles demonstraram aqui, dificultaram a partida", disse Alecsandro, autor do primeiro gol. Ele resumiu a entrega do time e ainda, esperto, valorizou o adversário batido.
Fernando Prass também deixou o gramado aliviado, mais confiante. "A gente teve uma atuação consistente, conseguimos impor um ritmo muito forte. O importante foi a doação que a gente teve e também a parte técnica, que hoje foi bem melhor."
"Minha característica é isso, ir para cima, velocidade, e mais do que tudo ajudar a equipe. A equipe está de parabéns por começar a dar a volta por cima. É complicado você dormir sabendo que pode ser rebaixado no Paulista. O Palmeiras jamais foi e nem vai ser. O Palmeiras inteiro está de parabéns por manter a cabeça no lugar e trabalhar com equilíbrio e fazer um dos melhores jogos do ano. Infelizmente tem alguns torcedores que se exaltam. Assim como eles, a gente não quer ver o Palmeiras nessa situação."
A declaração mais empolgada foi de Gabriel Jesus, o melhor da partida.
Pode não parecer. Mas o jogo de hoje era muito importante. Os palmeirenses não poderiam deixar de reagir, ganhar impulso, coragem para os dois próximos adversários. O clássico contra o Corinthians e o Rosário Central na Argentina. O Rio Claro, lanterna do Paulista, era um adversário fraco. Não só tecnicamente. Mas também fisicamente. A equipe não merece estar na Primeira Divisão.
O técnico Sérgio Guedes fez o que pôde. Montou duas linhas de marcação. E apenas um atacante esperando algum contragolpe. 4-5-1. Só que seus atletas não tinham explosão muscular, velocidade, força para as disputas de bola com os palmeirenses.
Cuca tratou de fazer cinco substituições no time que foi massacrado pelo Água Santa no domingo. Foram cinco novos jogadores na equipe. Gabriel Jesus, Matheus Sales e Lucas Barrios, Thiago Martins e Alecsandro. Lucas e Zé Roberto, atletas importantes, deixaram o time. As laterais eram pontos fraquíssimos palmeirenses.
Mesmo jogando em casa e contra um adversário frágil demais, Cuca optou pela segurança. Montou o time no 4-4-2. Ele cansou de perder o meio de campo. E comprou a briga entre as intermediárias.
Matheus Sales é muito firme como protetor da zaga. Arouca e Robinho são bons segundos volantes, atletas para sair com a bola dominada da intermediária verde. Gabriel Jesus é excelente meia-atacante, joga em função do gol. Ou seja, faltou ainda mais uma vez, os meias de articulação.
Qual a saída? Cruzamentos e mais cruzamentos da intermediária. Não havia triangulações pelas laterais do campo.
Lucas Barrios e Alecsandro isolados na frente, sentiam muito o desequilíbrio estratégico palmeirense. O time viveu 45 minutos vivendo de chuveiros, cruzamentos da intermediária. Não havia inteligência no meio de campo palmeirense. Só pressa para que a bola fosse levantada perto do goleiro adversário, na pequena área.
Qual a saída? Cruzamentos e mais cruzamentos da intermediária. Não havia triangulações pelas laterais do campo.
Cuca adiantou o Palmeiras e o time jogou dentro do campo interiorano. Marcação pressão diante do fraco Rio Claro. Chances criadas seguidamente em roubadas de bola. Sobravam vontade e entrega ao time.
A torcida percebeu a disposição, a luta. Cantou o hino do clube. Vibrou, apoiou, teve paciência. Os jogadores retribuíram. Sem meias talentosos, o primeiro gol saiu da maneira mais óbvia. Aos 44 minutos, Jean bateu escanteio e Alecsandro cabeceou live para as redes. O tento aconteceu no momento exato. Ir para o intervalo empatando deixaria a equipe ainda mais tensa. O alívio estava no ar.
A pressão palmeirense seguiu no segundo tempo. O pobre Rio Claro não tinha como reagir. E logo viria o segundo gol. Gabriel Jesus mostrou seu talento e força física. Ele roubou a bola no meio de campo. Puxou sozinho o contragolpe fatal. Com a bola dominada, driblou três zagueiros e concluiu com sangue frio, diante do desesperado goleiro Lucas Frigeri. 2 a 0, aos nove minutos.
Até o prefeito de Rio Claro sabia que a partida estava decidida. O Palmeiras diminuiu o ritmo. E atraiu os interioranos para o ataque. Mas faltava talento, habilidade ao fraco lanterna do Paulista.
O placar ficaria justo aos 41 minutos, quando Egídio cruzou na cabeça de Rafael Marques. 3 a 0. Jogo definido. Palmeiras começando a recuperar sua auto-estima.
A equipe ainda tem inúmeros problemas táticos e técnicos.
Mas no futebol, as vitórias trazem o amor próprio, a confiança.
O ambiente fica mais leve para trabalhar.
O que é ótimo já que a dureza começa no domingo.
No mesmo Pacaembu, o Corinthians.
E quarta-feira, o jogo da vida ou da morte na Libertadores.
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