por Cosme Rimoli
Um dos maiores vexames da história do São Paulo. Derrota vergonhosa para o Audax. 4 a 1. Eliminado do Paulista. Viaja desmoralizado para seu jogo de vida ou morte na Libertadores…
A instabilidade do São Paulo de Bauza chegou ao seu pior momento. Depois de uma excelente contra o River Plate, o time perdeu para o Audax, em Osasco, por 4 a 1. Goleada impiedosa e inesquecível. Uma das mais vergonhosas de sua história. E está eliminado do Campeonato Paulista, ainda nas quartas-de-final.
A torcida são paulina, maioria em Osasco, xingou muito os jogadores. Principalmente o goleiro Denis.
A derrota, além do vexame, causou um desgaste imenso para a partida que vale a vida na Libertadores: contra o The Strongest, em La Paz, quinta-feira.
A diretoria chegou a cogitar colocar reservas em Osasco. E levar os titulares para a Bolívia. Mas Bauza preferiu não arriscar. Queria aproveitar o jogo de hoje para que o time ganhasse confiança. Deu tudo errado. O elenco viajará o mais abalado possível. Certo que se não conseguir a vaga na Libertadores, a reformulação começará logo na sexta-feira. Isso se o próprio treinador argentino sobreviver, apesar da promessa de apoio de Leco.
"É o futebol. Eles foram mais objetivos, mais práticos. Era um jogo que poderia acabar 4 a 4, eles foram bem ofensivos, mas não aproveitamos nossas chances. Quando você é superado, não é vexame. Hoje o São Paulo fez o que pôde. Fomos superados e não tem nada para reclamar, apenas que temos que jogar mais futebol. Não foi vexame, não", dizia Lugano, admitindo a inferioridade do São Paulo.
"Sentimos um pouco o cansaço. Eles se aproveitaram. E mereceram vencer", resumiu Ganso.
A cobrança será forte. Paulo Henrique Ganso sumiu em mais um jogo decisivo. Assim como Michel Bastos. Os gritos e carrinhos de Lugano não levaram a lugar algum. O time foi apático, desinteressado, espaçado. Aceitou passivamente o domínio do humilde Audax.
"Fisicamente caímos no segundo tempo. Não pudemos encarar. Com as mudanças, a equipe se tornou ofensiva, mas não deu. Lamentavelmente não pudemos sustentar o nível físico do primeiro tempo.
" O Audax é uma equipe tecnicamente muito capaz. E parecida com o São Paulo. Queremos pedir desculpas por este jogo, viemos com a intenção de fazer uma boa partida, mas não pudemos dar a classificação. Agora resta tentar se classificar para a Libertadores", dizia, abatido, envergonhado, Bauza.
A última vez que o São Paulo foi campeão paulista foi em 2005. Onze anos atrás. Terá de esperar, no mínimo, mais um.
Foi incrível a facilidade com que o time de Fernando Diniz venceu o São Paulo. A equipe se impôs desde o princípio da partida. Parecia que o grande atuava de vermelho. E o pequeno, atuava com camisa tricolor. Patético.
O que Paulo Henrique teve coragem de chamar de cansaço, se explica na movimentação coordenada, toque de bola de um time bem treinado. Fernando Diniz foi esperto. E acabou com seu radicalismo desnecessário. Embora ele adore e imponha que seus atletas saiam da defesa trocando passes, ele liberou os necessários chutões, que até o Barcelona de Guardiola, apelava. Com essa evolução, seu time ficou muito menos vulnerável.
Triste foi o futebol do São Paulo. Em relação à equipe que venceu o River Plate só havia duas alterações. Lugano entrou no lugar de Maicon, o único poupado. E Thiago Mendes na vaga do contundido João Schmidt. O esquema era o mesmo. Com o São Paulo começando a partida marcando forte a saída de bola do Audax. E com muita vibração. Pelo menos era o pedido de Bauza, um especialista em jogos eliminatórios.
"Estamos evoluindo. Crescendo na hora certa", dizia o treinador argentino após a vitória sobre o River Plate. Mal poderia imaginar o pesadelo que se tornaria o domingo.
A partida mostrou os dois times marcando mal. Dando espaço. Os treinadores souberam como envolver os volantes defensivos. Tabelas e lançamentos terminavam, com facilidade, aos pés dos atacantes. Denis e o goleiro/linha Sidão fizeram ótimas defesas. Lugano pode ser um grande líder. Mas está sem tempo de bola, lento. Deixando claro porque Maicon é titular absoluto. Foi um ponto muito explorado pelo Audax.
A rotatividade do meio de campo para a frente do time de Osasco parece era novidade só para Bauza. Os dois volantes ortodoxos que colocou na marcação foram tratados como dois postes. O Audax estava melhor. Só faltava um pouco de confiança. Mas as intermediárias começaram a serem ganhas no primeiro tempo.
O único jogador do São Paulo que parecia saber que se tratava de uma decisão era Calleri. Ele não se conformava com a morosidade, a falta de vibração do time. Na verdade, engolido taticamente pela rotatividade do carrossel osasquense.
O time de Fernando Diniz só não saiu na frente no placar aos oito minutos graças a Denis. O goleiro fez duas excelentes defesas seguidas. Ytalo ganhou do instável Rodrigo Caio e chutou forte, Denis conseguiu rebater. Na volta, Ytalo ajeitou para Juninho bater cara a cara e Denis salvar com as pernas. A resposta veio no jogador mais desinteressado da partida. Ganso. Ele deu um toque genial por cobertura e Sidão fez excelente defesa.
Com a bola rolando, o São Paulo era envolvido. Se salvava nos escanteios, levando perigo, principalmente com Rodrigo Caio. Lugano e os demais jogadores altos faziam a parede nos zagueiros do Osasco, para Rodrigo Caio cabecear. Jogada típica debasquete. E que quase funcionou.
Mas Rodrigo Caio estaria envolvido em lance de gol. O primeiro do Audax. Ytalo bateu forte da entrada da área, a bola desviou no zagueiro são paulino e entrou. 1 a 0 ao time de Osasco, aos 26 minutos. O São Paulo ainda reagiu rápido. Aos 34 minutos, graças a uma falha de Breno, que tinha a bola dominada, Calleri invadiu a área e empatou.
Havia a impressão que o time de Bauza poderia virar. Com seus jogadores mais talentosos, com a pressão da torcida. Sidão fez ótima defesa, abafando Calleri. Foi o raro momento de entusiasmo são paulino. Só que o conjunto do Audax se impôs. O segundo gol foi uma pintura, lindíssimo. Yuri fez excelente lançamento por cima da linha de marcação do São Paulo. Ytalo bateu de primeira, sem deixar a bola tocar o chão. Golaço, aos 41 minutos.
Na segunda etapa, se esperava o São Paulo com mais determinação, vontade. Lutar para buscar a vaga na semifinal do Paulista. Mas foi exatamente o contrário. O time seguiu desinteressado. Porém mais aberto. O que só facilitou o trabalho do Audax. As duas intermediárias foram tranquilamente dominadas. E logo aos cinco minutos, Mike fazia 3 a 1, ao aproveitar o rebete da trave, em cobrança de Juninho.
Bauza apelou para o desespero. Tirou Michel Bastos e Kelvin. Alan Kardec e Centurión entraram. Não mudaram absolutamente nada. Pioraram o time. E aos 24 minutos, a efetivação da goleada. Mike driblou Mena e chutou cruzado, Denis espalmou e Juninho só empurrou para as redes.
São Paulo eliminado.
Vexame inesquecível de um time incapaz de ganhar uma partida fora de casa no Paulista de 2016. Não é por acaso que Bauza quer uma reformulação o mais rápido possível. Já conhece profundamente o elenco e sabe que não há o que conquistar com esses jogadores.
Não foi por acaso que hoje acabou o Paulista.
O time é inconstante.
Não desperta confiança.
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