domingo, 20 de março de 2016

Boavista-Benfica, 0-1 (crónica)

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Uma daquelas vitórias que pode valer um título. Marquem estas palavras. O Benfica venceu no Estádio do Bessa ao cair do pano, provavelmente sem o merecer, num jogo em que não foi verdadeiramente superior ao Boavista. Mas os campeões também vivem de momentos como este.
O remate salvador de Jonas, já em período de descontos, fez lembrar por exemplo um ensaio providencial de Renato Sanches em Guimarães, outro palco dificílimo, onde pairou o espectro da perda de pontos.
Foi assim um Benfica com estrela e fé em Jonas, moralizado pela chamada à seleção brasileira. O líder da corrida à Bota de Ouro europeia desesperava por uma oportunidade e agarrou a coroa encarnada no último suspiro, para desespero de um Boavista que justificava algo mais.
A história do jogo demonstra que o desfecho não era completamente previsível. Sobretudo pela obra de Rúben Ribeiro. O criativo do Boavista conseguiu enervar vários adversários ao longo do encontro, sobretudo após um lance a caminho do intervalo em que deu vários toques com o braço em Renato Sanches.
Logo depois, seria Eliseu a ter uma entrada muito dura sobre o mesmo Rúben Ribeiro e a ficar no limite entre o cartão amarelo e o vermelho.
Foi o final truculento de uma primeira parte interessante, com o Boavista a jogar futebol de igual para igual com um Benfica abaixo das suas reais capacidades.
O mérito começa em Erwin Sánchez, que colocou esta formação axadrezada a acreditar mais num jogo positivo. Após a vitória importante na Madeira, frente ao Marítimo (0-3) – que permitiu a fuga à zona de despromoção – o treinador boliviano manteve a estrutura e pediu à Pantera para encarar a Águia olhos nos olhos.
Phillipe Sampaio e Mário Martínez substituíram os castigados Henrique e Anderson Carvalho, com Zé Manuel a manter-se como uma referência incómoda no centro do ataque. Dono de uma velocidade impressionante, o extremo conseguiu arrancar um cartão amarelo ao nono minuto de jogo.
Samaris foi a solução encontrada por Rui Vitória perante a razia no centro da defesa. Luisão e Jardel estão lesionados, Lisandro López ainda não tem ritmo. Com o recuo do grego, surgiu André Almeida ao lado de Renato Sanches a meio-campo. Salvio e Raúl Jiménez tentaram fazer esquecer Gaitán e Mitroglou. Demasiadas mudanças.
Durante largo período, o Benfica apostou preferencialmente no seu flanco direito – com Nélson Semedo a destacar-se mais que Salvio – e em vários livres conquistados nessa zona do relvado. Seria um desses lances, por exemplo, a abrir caminho para uma vistosa bicicleta de Raúl Jiménez, para defesa de Mika.
As melhores oportunidades pertenceram à formação encarnada mas em número reduzido para o que costuma ser a produção habitual da equipa de Rui Vitória. A ocasião mais flagrante, na etapa inicial, surgiu por intermédio de Pizzi, já após a meia-hora, com um remate ligeiramente ao lado.
O Boavista defendia com enorme acerto – destaque para Paulo Vinícius e Afonso Figueiredo nesse particular – e tirava partido de lances rápidos perante um adversário sem coordenação no último reduto.
Antes do ensaio de Pizzi, Zé Manuel chegou ligeiramente atrasado a um passe de Mário Martínez. Logo depois, Ederson teve de sair dos postes para tirar a bola nos pés de Renato Santos.
Seria o extremo do Boavista a ficar muito perto do golo, logo após o intervalo, num remate cruzado que ainda levou a bola a desviar em Lindelof. O tempo não corria a favor do Benfica perante um adversário a rubricar exibição de grande nível.
Rui Vitória sentia a oportunidade a fugir e trocava precocemente Salvio por Mehdi Carcela. Já após a hora de jogo, Pizzi viu outro bom ensaio ser anulado pelo gigante Paulo Vinícius.
O Boavista quebrava fisicamente mas Rúben Ribeiro continuava a ter apontamentos de classe e Luisinho garantia nova vitalidade nas transições ofensivas. O extremo, porém, desperdiçou uma oportunidade excelente ao minuto 75, em grande posição na área, atirando por cima.
A formação encarnada aumentava a pressão sobre o último reduto axadrezado, Talisca substituía Nélson Semedo – com recuo de André Almeida – e Rui Vitória arriscava até Luka Jovic, o jovem ponta-de-lança. O tempo escasseava.
Num final de partida verdadeiramente alucinante, Rúben Ribeiro sentou Eliseu mas atirou para a bancada. E já em tempo de descontos, quando o empate se parecia ajustar ao que se passou no relvado, a bola surgiu no lado esquerdo da área do Boavista e Jonas assumiu o papel de rei, batendo Mika. Verdadeiramente incrível.
DESTAQUES:
A FIGURA: Jonas
Philipe e sobretudo Vinícius raramente lhe deram um palmo durante os 90 minutos... Porém, já nos descontos, o pistoleiro do costume apareceu para matar o jogo. Bola no pé de Jonas+espaço=golo! É uma equação simples de fazer e o resultado já toda a gente conhece. Jonas resolveu, fez o 29 na Liga e ganhou fôlego na corrida pela Bota de Ouro do futebol europeu… Tudo na mesma semana em que foi convocado para a seleção brasileira.

O MOMENTO: Minuto 90’+3. Jonas não faz descontos na hora de cobrar
Olhava-se para o relógio, já no período de descontos, quando Jonas apareceu para resolver. O amortecimento de Carcela foi primoroso, mas o mérito maior vai para o instinto matador de Jonas, que surge na área para disparar… Minutos antes (87’), Rúben Ribeiro podia ter resolvido na área contrária quando dançou na frente de Eliseu e disparou a centímetros da baliza de Ederson. Ribeiro perdoou… Jonas não. Momentos assim ajudam a definir campeonatos.

OUTROS DESTAQUES:
Pizzi
Joga sempre em alta rotação. Em largos momentos do jogo foi ele o turbo de um meio-campo do Benfica que demorava demasiado tempo a carburar. Pela esquerda, na primeira parte, ou mais sobre a direita, depois da entrada de Carcela, Pizzi explorou os flancos quando o jogo afunilava, cobrou bolas paradas com perigo e colocou o Boavista em alerta até sair, extenuado, a cinco minutos do final.
Ederson
Ninguém nota a ausência de Júlio César e esse é o melhor elogio que se pode fazer ao jovem guarda-redes brasileiro. Hoje, Ederson voltou a dar segurança na baliza. E se entre os postes não teve tanto trabalho assim, apesar do fluxo ofensivo do Boavista, fora deles esteve sempre muito atento, como quando saiu aos pés de Renato Santos e Rúben Ribeiro, ainda no primeiro tempo, ou, já no segundo, quando voltou a fazer de líbero para resolver de cabeça um contra-ataque axadrezado.
Rúben Ribeiro
Palavras para quê? É craque… Só quem tem andado desatento aos jogos do Boavista ainda não tinha percebido isso. Rúben exagerou algumas vezes no drible, é verdade, mas também pôs a cabeça em água aos defesas encarnados. Ganhou faltas atrás de faltas, mostrou a paleta de habilidades e, acima de tudo, esteve taticamente disciplinado e não raras vezes apareceu em missões defensivas; por exemplo, até a fazer um carrinho a Renato Sanches. Aos 87 minutos, teve a vitória nos pés, quando partiu os rins a Eliseu e rematou forte… Falhou por centímetros um prémio que era bem merecido para a sua exibição de gala.
Renato Santos
Além de Rúben, Zé Manuel e, mais tarde, Luisinho, foi outra seta apontada à baliza encarnada. A assistir, a rematar, a correr durante quase toda da partida como se tivesse uma bateria sobresselente. Foi dele a melhor oportunidade do Boavista, a par do remate de Rúben Ribeiro aos 87’: logo no início da segunda parte (48’), chutou rasteiro com a bola a passar bem perto do poste.
Afonso Figueiredo
O jovem lateral esquerdo formado no Sporting fez uma exibição quase irrepreensível. Sálvio, Pizzi e até Carcela, já perto do final, apareceram sobre o seu flanco, mas raramente tiveram um palmo. Grande exibição!

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