quinta-feira, 24 de março de 2016

CRAQUE IMORTAL – JOHAN CRUYFF


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JOHAN CRUYFF



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Nascimento: 25 de Abril de 1947, em Amsterdam, Holanda.
Posição: Meia / Atacante – ou Todas (menos o gol)
Clubes: Ajax-HOL (1964-1973 / 1981-1983), Barcelona-ESP (1973-1978), Los Angeles Aztecs-EUA (1979-1980), Washington Diplomats (1980-1981), Levante-ESP (1981) e Feyenoord-HOL (1983-1984).
Principais títulos por clubes: 1 Mundial Interclubes (1972), 3 Liga dos Campeões da UEFA (1970/1971, 1971/1972 e 1972/1973), 1 Supercopa Europeia (1973), 8 Campeonatos Holandês (1965-66, 1966-67, 1967-68, 1969-70, 1971-72, 1972-73, 1981-82 e 1982-83) e 5 Copas da Holanda (1966-67, 1969-70, 1970-71, 1971-72 e 1982-83) pelo Ajax.
1 Campeonato Espanhol (1973/1974) e 1 Copa do Rei (1977/1978) pelo Barcelona.
1 Campeonato Holandês (1983/1984) e 1 Copa da Holanda (1983/1984) pelo Feyenoord.

Principais títulos individuais:
Bola de Ouro da Revista France Football: 1971, 1973 e 1974
Eleito para o Time da Copa do Mundo da FIFA: 1974
Esportista holandês do ano: 1973 e 1974
Melhor jogador estrangeiro do Campeonato Espanhol: 1977 e 1978
Chuteira de ouro da Holanda: 1984
Jogador Holandês do ano: 1967, 1968, 1969 e 1971
Chuteira de Ouro da Europa (Marcou 42 gols em 43 jogos pelo Ajax e Seleção da Holanda): 1967
FIFA 100: 2004
“Gênio Total. Craque Total”
O futebol holandês (e mundial) nunca mais foi o mesmo quando surgiu, na segunda metade da década de 60, o craque e gênio da bola Hendrik Johannes Cruijff, mais conhecido como Johan Cruyff. O jogador foi o melhor da história do futebol holandês e considerado o maior jogador europeu do século XX. Cerebral, revolucionário, ofensivo, vistoso, coletivo, eficiente e genial, Cruyff transformou o Ajax na maior potência da Holanda e da Europa por mais de três anos, realizando apresentações fantásticas e inesquecíveis. Foi o primeiro “jogador total” e símbolo do Futebol Total aplicado pela Holanda na Copa de 1974. Polivalente, Cruyff jogava em todas as posições no campo e fazia estragos nas defesas adversárias com chutes potentes, tabelinhas inesquecíveis com seus companheiros e articulações de jogadas de tirar o fôlego. Campeão de tudo com o Ajax, a decepção de Cruyff ficou exatamente na única Copa que disputou, em 1974, quando sua Holanda sucumbiu diante do futebol aplicado e eficiente da Alemanha. Mesmo assim, ele foi o nome do mundial e o mundo se maravilhou com seu futebol, fazendo com que o craque entrasse de vez no mapa dos imortais da bola. Perfeito como jogador, Cruyff ainda conseguiu construir uma brilhante carreira como técnico. É hora de recordar os feitos do “craque total”.

Prodígio
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Filho de uma faxineira do Ajax, Cruyff começou nas categorias de base do time da capital holandesa aos 10 anos de idade. Tempo depois, já começou a demonstrar ótima presença de ataque, e estreou no time titular em 1964, marcando um gol na derrota por 3 a 1 para o GVAV, pela Eredivisie, a Liga Holandesa de futebol. O revés não era nada para ele, que iria mudar para sempre o seu clube muito em breve.
A transformação do Ajax
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Em 1965, Cruyff conheceu Rinus Michels, ex-jogador do Ajax nas décadas de 40 e 50 que voltava ao clube com a função de técnico. Já deixando todos no Ajax loucos com suas ideias revolucionárias e impondo táticas de jogo e até a participação nas negociações salariais dos jogadores, Cruyff se identificou prontamente com Michels, que queria transformar o Ajax em uma potência no país e na Europa. E foi o que Cruyff e Michels fizeram com o time a partir da temporada 1965/1966. No primeiro ano juntos, Cruyff e Michels conduziram o Ajax ao título de campeão holandês, sete pontos à frente do vice-campeão, Feyenoord. O time começava a ter o padrão revolucionário de Michels em que os jogadores não guardavam posição fixa, sempre se alternando em campo. Era o início do Futebol Total.
Colecionando títulos
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Na temporada 1966/1967, Cruyff jogou demais. O craque marcou 33 gols pelo Campeonato Holandês, sendo o artilheiro da competição e ajudando o clube de Amsterdam a vencer o bi. Para finalizar uma temporada brilhante, Cruyff venceu, também, a Copa da Holanda, marcando um dos gols na vitória por 2 a 1 do Ajax em cima do NAC Breda, na partida final. Ainda em 1967, Cruyff faturou seus primeiros grandes títulos individuais: Jogador Holandês do Ano, Artilheiro da Eredivisie e Chuteira de Ouro da Europa, ao marcar incríveis 42 gols em 43 jogos disputados, praticamente 1 gol por jogo! O craque seguiu reinando nos anos seguintes, até ter a grande chance de conquistar sua primeira Liga dos Campeões, na temporada 1968/1969.
Experiência rival tira a sonhada taça
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O Ajax fez uma ótima campanha na Liga dos Campeões de 1968/1969. Cruyff foi decisivo em muitos jogos, principalmente nos eletrizantes embates contra o Benfica, que exigiram uma partida extra em campo neutro para decidir o classificado para as semifinais. Dos 7 gols marcados pelo Ajax nos três jogos (1×3, 3×1 e 3×0), Cruyff marcou três. Depois de passar pelas semis, o time chegou à final contra o Milan, mas sucumbiu: 4 a 1 para os rossoneros, que conquistaram a segunda taça de sua história. A falta de experiência do time holandês foi crucial para determinar a vitória do rival. Mas o jogo serviu como aprendizado, principalmente para o obstinado Cruyff, que conheceria os caminhos para vencer a Liga dos Campeões muito em breve. O jogador foi o vice-artilheiro da competição, com 6 gols, três a menos que Denis Law, do Manchester United.
A volta por cima
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Depois de perder o principal interclubes do planeta, Cruyff viu o rival Feyenoord levantar o cobiçado troféu em 1970, fazendo do time de Roterdã o primeiro holandês campeão europeu. O feito deixou o jogador “mordido” e ávido em igualar e até superar o rival. E foi o que o time da capital fez. O Ajax sacramentou o tetracampeonato nacional em 1970, e decidiu que era hora de focar na competição europeia.
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Na Liga dos Campeões de 1970/1971, Cruyff e seu Ajax passaram na primeira fase pelo Nëntori Tirana, da Albânia, após empate em 2 a 2 e vitória por 2 a 0. Na segunda fase, duas vitórias contra o Basel, da Suíça, por 3 a 0 e 2 a 1. Nas quartas de final, embate duro contra o bom Celtic (ESC) daquela época. No primeiro jogo, Cruyff, Hulshoff e Keizer fizeram a diferença e anotaram os 3 a 0 do Ajax. Na volta, a derrota por 1 a 0 não foi suficiente para eliminar o time holandês, que avançou. Nas semifinais, o time encarou o Atlético de Madrid (ESP). No primeiro jogo, vitória espanhola por 1 a 0. Na volta, o baile de sempre do Ajax em Amsterdam: 3 a 0.
No topo da Europa
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Na final, disputada no estádio Wembley, em Londres, o esquadrão de Cruyff encarou o surpreendente Panathinaikos, da Grécia, do artilheiro Antoniadis e comandado no banco de reservas pelo mito Puskás, que se aventurava como técnico. Porém, a diferença entre o Ajax e os rivais gregos foi grande. Com gols de Van Dijk e Arie Haan, o clube igualou o feito do rival de Roterdã (Feyenoord) e conquistou sua primeira Liga dos Campeões da UEFA. O time não quis disputar o Mundial Interclubes daquele ano, dando a vaga para o vice-campeão Panathinaikos. O clube queria mesmo era continuar seu reinado no continente.
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A perda de Michels
Cruyff sentiu um baque na temporada seguinte com a ida de seu grande mestre Rinus Michels para o Barcelona. Leal a seu clube, o craque balançou, mas decidiu ficar. E não se arrependeu. Na temporada 1971/1972 o clube conquistou novamente o título Holandês, com uma campanha ainda mais impressionante que a de 1969/1970: 30 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota em 34 jogos, com 104 gols marcados e 20 sofridos. Cruyff foi o grande nome do torneio, sendo o artilheiro da competição com 25 gols. Na Copa da Holanda, novo título, o terceiro consecutivo. Soberano novamente em casa, o Ajax se concentrou na Liga dos Campeões.
Rumo ao bi
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Cruyff foi novamente essencial na caminha do Ajax rumo ao bicampeonato europeu. O craque fez a diferença no duelo contra o Olympique de Marselha, na segunda fase, ao marcar um dos gols na vitória por 2 a 1 em plena França, e outro na goleada por 4 a 1 na Holanda. Mas o show ele preparou para a finalíssima.
Show do gênio
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A final da Liga dos Campeões da UEFA de 1971/1972 colocou Internazionale (ITA) e Ajax frente a frente. Duas escolas completamente diferentes duelaram para ver quem era o melhor time europeu. Mas o que se viu foi um jogo histórico, que coroou de vez o Futebol Total aplicado pelo Ajax. Jogando em casa (a final foi na Holanda, só que na cidade de Roterdã), o time holandês dominou praticamente toda a partida, deixando a Inter toda em seu campo se defendendo desesperadamente. Depois de tanto martelar, no segundo tempo, enfim, Cruyff conseguiu furar a retranca italiana e marcou os dois gols da vitória do Ajax por 2 a 0. O clube conseguia o bicampeonato europeu, e colocava seu estilo de jogo no topo do continente. Cruyff já era tido como o maior jogador europeu e encantava a todos com seu desempenho em campo e sua participação ainda mais ativa na organização do time, depois da saída de Rinus Michels. Para coroar tantas exibições brilhantes, estava mais do que na hora de conquistar o mundo.
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Mundo alvirrubro
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O Ajax aceitou disputar o Mundial Interclubes de 1972 contra o Independiente (ARG). O primeiro jogo foi na Argentina, no caldeirão do clube de Avellaneda. Mesmo com toda a pressão adversária e as habituais botinadas, o Ajax segurou o empate em 1 a 1. Na volta, o time mostrou o que era futebol técnico e tático, colocou os argentinos na roda, e venceu por 3 a 0, com gols de Neeskens e Rep (2). Pronto, não faltava mais nada para o esquadrão de Cruyff: o time era campeão mundial.
Sem medo de gigantes
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Na temporada 1972/1973, Cruyff continuou com seu show e levou o Ajax a vencer novamente o Campeonato Holandês, com 30 vitórias e 4 derrotas em 34 jogos, marcando 102 gols e sofrendo apenas 18. Foi mais um caneco conquistado em cima do grande rival da época, o Feyenoord. Não tinha para ninguém, só dava Ajax, que partiu novamente em busca do tricampeonato da Liga dos Campeões. Sem precisar disputar a primeira fase, o time eliminou o CSKA Sofia (BUL) com duas vitórias, 3 a 1 e 3 a 0 na segunda fase da competição. Nas quartas de final, um dos confrontos mais emblemáticos da década, contra o Bayern München, que despontava como uma das grandes forças do continente com Beckenbauer, Sepp Maier e Gerd Müller. No primeiro jogo, em Amsterdam, o time de Cruyff aplicou uma sonora e inapelável goleada por 4 a 0, atordoando os alemães com o Futebol Total holandês. Na volta, a vitória alemã por 2 a 1 não foi suficiente para eliminar o Ajax, que avançou para as semifinais.
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Nas semifinais, vitórias com estilo para cima do poderoso Real Madrid: 2 a 1 na Holanda e 1 a 0 em pleno Santiago Bernabeu. O esquadrão dos sonhos estava novamente na final.

Tricampeonato europeu
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O Ajax enfrentou novamente um adversário italiano, só que dessa vez a forte Juventus de Dino Zoff, Marchetti, Capello (sim, o técnico, na época jogador), Altafani e Bettega. Com um gol de Johnny Rep logo aos 4 minutos de jogo, o clube cozinhou a partida, Cruyff tratou de impor seu jogo e orientar a equipe de maneira perfeita e garantiu o terceiro título consecutivo da Liga dos Campeões e, de quebra, ganhava a posse definitiva do emblemático troféu. Era o ápice e a consagração final de um time que desfilou pela Europa muito talento, eficiência tática, técnica e física, protagonizando partidas memoráveis e incríveis. Não havia rival que o Ajax de Cruyff não pudesse enfrentar e derrotar. O clube ainda conseguiu a sonhada vingança contra o algoz Milan na Supercopa da UEFA de 1973. Depois de perder a primeira partida em Milão por 1 a 0, o clube de Amsterdam aplicou 6 a 0 em casa, um show de gols e de futebol, que garantiu o título. Pena que aquela seria a última conquista brilhante do esquadrão de ouro holandês, já que o time não disputou o Mundial de 1973 por causa da hostilidade dos argentinos do Independiente, deixando sua vaga para a vice-campeã europeia, Juventus. Depois de vencer o terceiro título europeu consecutivo com o Ajax, Cruyff viu que seu próprio estilo de líder e de imposição começava a mexer com os outros jogadores, que decidiram que o novo capitão da equipe seria Piet Kiezer. Sem a faixa de capitão, Cruyff viu que era hora de partir. O destino? O Barcelona, onde já estava seu mestre Rinus Michels.
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Começando uma nova era
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Cruyff chegou à Catalunha na transação mais cara do futebo à época, tão cara que o governo espanhol não aprovou o negócio. Para burlar o feito, o craque foi registrado oficialmente, acredite se quiser, como uma peça de máquina de agricultura (!). Cruyff ajudou o clube a conquistar depois de 14 anos (curiosamente, seu mais emblemático número de camisa) o título de campeão espanhol. Também em 1974, ele venceu sua terceira Bola de Ouro, se consagrando como um dos poucos a ter três prêmios como esse.
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No Barça, Cruyff foi rapidamente um ídolo para o clube, que, depois do título de 1974, só venceu uma Copa do Rei, em 1978. O jogador, ao lado de Michels, revolucionou para sempre o estilo de jogo do Barça, que passaria a ser sinônimo de futebol arte, ofensivo e moderno. Durante sua trajetória na Catalunha, Cruyff marcou um de seus gols mais famosos, conhecido como “O gol fantasma”. Foi em uma partida contra o Atlético de Madrid, no Camp Nou, que o craque holandês recebeu um cruzamento da direita e, rodopiando, fez um golaço, meio que de voadora (você pode ver essa obra prima no final do post, nos extras). Uma pintura digna de gênio. Mas o craque mostraria ao mundo toda a sua sutileza com a bola nos pés, sua liderança e sua genialidade no maior eventou futebolístico de todos: a Copa do Mundo.
O mundo conhece Cruyff
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Mesmo já consagrado em toda a Europa e na Argentina, devido a disputa do Mundial Interclubes de 1972 contra o Independiente, Cruyff e a seleção da Holanda ainda não eram populares quando se falava em “mundo”. A melhor ocasião para mostrar a todos o Futebol Total era na Copa do Mundo de 1974. Com a base dos craques dos dois melhores times holandeses na época, o Feyenoord e o Ajax, além de craques de outras equipes, a Holanda assombrou o mundo naquela Copa, principalmente Cruyff. O craque, na seleção, mostrou que, além de capitão, era também peculiar. Enquanto os jogadores da seleção utilizavam os números de acordo com a ordem alfabética de seus sobrenomes (com o goleiro sendo o número 8, por exemplo), Cruyff utilizou seu número predileto: o 14. Até no uniforme notava-se a diferença. A Holanda tinha como fornecedora de material esportivo a Adidas, conhecida pelas três listras nas mangas. Porém, na camisa de Cruyff, só se via duas listras. Motivo: a patrocinadora de Cruyff era a Puma, por isso, ele se recusou a utilizar a marca rival.
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Em campo, Cruyff e os outros “laranjas” passaram fácil pela fase de grupos, ao vencer o Uruguai por 2 a 0, empatar com a Suécia em 0 a 0 e golear a Bulgária por 4 a 1. Na segunda fase, dois grupos com quatro equipes cada decidiriam os finalistas, que seriam os primeiros colocados de cada grupo. No primeiro jogo, a Holanda simplesmente massacrou a Argentina ao golear por 4 a 0, com dois gols de Cruyff. Em seguida, foi a vez de vencer a Alemanha Oriental por 2 a 0. Na partida decisiva, contra o Brasil, apenas um empate garantiria os holandeses na final. Mas Cruyff fez o dele, Neeskens outro, e a Holanda despachou o Brasil: 2 a 0, fazendo os brasileiros engolirem uma azeda laranja. Depois de encantar o planeta em jogos magníficos e sem dar chance ao rival, a Holanda estava na final. Era a chance de Cruyff se consagrar de vez como o melhor do planeta.
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A maior marcação da vida
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Cruyff viu Neeskens abrir o placar na final da Copa, contra a Alemanha, logo aos dois minutos de jogo, após converter um pênalti sofrido pelo capitão holandês. Porém, depois de um começo de jogo muito bom, a Holanda dormiu, e Cruyff foi impiedosamente marcado por Vogts, que o marcou como se não houvesse amanhã. Anulado, o craque não conseguiu liderar sua equipe e viu os donos da casa virarem o jogo e comemorar o título. A decepção foi grande, mas o craque não abaixou a cabeça. Tempo depois, Cruyff disse que não dormiu bem na noite anterior à partida por ter de dar explicações para sua esposa após uma notícia em um jornal alemão insinuar que ele dera uma festa em um hotel regada a champagne e prostitutas. O fato, verdade ou não, causou muita dor de cabeça ao jogador. Aquela foi a primeira e única Copa de Cruyff, que decidiria se aposentar em breve.
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Pendurando as chuteiras – por apenas um momento
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Cruyff estava cansado da pancadaria do futebol espanhol (que lhe rendeu uma perna quebrada) e decidiu abandonar o futebol em 1978, mesmo ano em que negou participar da Copa do Mundo e que venceu a Copa do Rei. Porém, depois de investir em negócios que lhe fizeram perder milhões, como uma desastrosa criação de porcos, Cruyff decidiu voltar a jogar. Ele escolheu o crescente futebol norte-americano, que já havia aberto as portas para astros do futebol na época como Pelé, Carlos Alberto Torres e Beckenbauer. O jogador atuou dois anos no Los Angeles Aztecs, onde foi treinado novamente por Rinus Michels, e outros dois anos no Washington Diplomats. Mesmo nos EUA e longe da pressão por resultados, o craque continuou polêmico. Certa vez, em uma preleção do técnico do Diplomats, Cruyff levantou, apagou tudo o que o técnico havia escrito, e disse: “é óbvio que vamos fazer tudo diferente disso!”. Os jogadores brincavam que a diretoria do clube deveria ter avisado que Cruyff seria contratado para que os atletas pudessem comprar algodões e colocar nos ouvidos, tamanha a falação de Cruyff no time, tanto dentro quanto fora de campo.
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De volta à Espanha e à Holanda
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Cansado dos EUA e de não fazer parte do grupo de jogadores por seu jeito difícil, Cruyff voltou para a Espanha para atuar apenas um ano no Levante. No clube de Valência, ele não brilhou, e logo voltou à Holanda, para jogar no seu Ajax. No clube que o revelou, ele foi recebido com festa e ao mesmo tempo desconfiança, pois tinha um lado desbocado e complicado, além de já estar com 34 anos. Mas ele respondeu com gols e apresentações fantásticas, com arrancadas irresistíveis e a genialidade de sempre. O craque teve tempo, ainda, de inventar a cobrança de pênalti em dois lances, em que, ao invés de chutar, ele rolava a bola pra frente para um companheiro estufar as redes adversárias, ou até mesmo rolar de volta para ele marcar. Com estádios lotados e ótimo público na TV, Cruyff venceu a Copa da Holanda de 1982/1983, ao lado de jovens promessas que brilhariam muito nos anos seguintes: Rijkaard e Van Basten. Mas, depois de apenas dois anos, Cruyff deixou o Ajax após o clube se negar a pagar o que ele queria, por considerar o craque velho.
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Vingança e o fim
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Cruyff se vingou da demissão do Ajax na temporada 1983/1984 ao atuar no rival Feyenoord. No clube de Roterdã, o craque foi estrela e uma das peças centrais na conquista do Campeonato Holandês e da Copa da Holanda, quebrando um jejum de 10 anos sem títulos da Eredivisie do Feyenoord. Ao lado de outro prodígio, Gullit, Cruyff encerrou sua carreira de maneira digna, vitoriosa e, acima de tudo, no topo.
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Gênio também na área técnica
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Era fato que Cruyff viraria técnico depois de pendurar as chuteiras. E ele brilhou nos anos seguintes, de terno, fora das quatro linhas, levando o Barcelona a ser o maior time da Espanha e um dos maiores da Europa de 1990 até 1994. De quebra, ainda venceu uma Liga dos Campeões (em 1992) e mudou novamente a maneira como o clube catalão lidava com suas promessas nas categorias de base, instalando uma filosofia que perdura até hoje e que rende títulos em massa, como temos visto nos últimos anos.
Mito imortal
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Cruyff foi o maior jogador que a Holanda já teve em sua história. Foi, também, o primeiro jogador cerebral que entendia tudo e mais um pouco de táticas, treinos, estratégias e posicionamento. Líder, explosivo e rebelde, marcou território e conquistou quase todos os prêmios e títulos possíveis para um jogador de futebol. Suas arrancadas, dribles, jogadas e gols são lembrados até hoje, e o fazem um dos maiores jogadores de todos os tempos. Um Craque Total. E imortal.
Números, fatos e frases:
Disputou 48 jogos pela Holanda e marcou 33 gols
Disputou 662 jogos na carreira e marcou 368 gols
  • Desde 1996, a Supercopa da Holanda tem o nome de Johan Cruyff Shield (ao pé da letra “Escudo Johan Cruyff” ou, melhor dizendo, “Troféu Johan Cruyff”)
  • Venceu, em 2006, o prêmio Laureus por sua contribuição ao futebol mundial
  • Em abril de 2007, o Ajax aposentou a camisa 14, utilizada por Cruyff

“Futebol é um jogo de erros. Aquele que cometer menos erros, vence”.
“Futebol é simples, mas o mais difícil é jogar futebol simples”.
“Se a bola está com a gente, eles não conseguem marcar gols”.
“A Alemanha não venceu a Copa de 1974. Nós (Holanda) que a perdemos”.
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futebol interior

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