domingo, 20 de março de 2016

CRAQUE IMORTAL – PEDRO ROCHA


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PEDRO ROCHA



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Nascimento: 03 de Dezembro de 1942, em Salto, Uruguai. Faleceu em 02 de dezembro de 2013, em São Paulo, Brasil.
Posição: Meia
Clubes: Peñarol-URU (1959-1970), São Paulo-BRA (1970-1977), Coritiba-BRA (1978), Palmeiras-BRA (1979), Bangu-BRA (1979) e Monterrey-MEX (1980).
Principais títulos por clubes:
2 Mundiais Interclubes (1961 e 1966), 3 Copas Libertadores da América (1960, 1961 e 1966), 1 Recopa dos Campeões Mundiais (1969) e 8 Campeonatos Uruguaios (1959, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967 e 1968) pelo Peñarol.
1 Campeonato Brasileiro (1977) e 2 Campeonatos Paulista (1971 e 1975)  pelo São Paulo.
1 Campeonato Paranaense (1978) pelo Coritiba.

Principais títulos individuais:
Bola de Prata da Revista Placar: 1973
38º Futebolista do Século XX pela IFFHS: 1999
Melhor Jogador da Copa América: 1967
Artilharias:
Artilheiro do Campeonato Uruguaio: 1963 (18 gols), 1965 (15 gols) e 1968 (8 gols)
Artilheiro do Campeonato Brasileiro: 1972 (17 gols)
Artilheiro da Copa Libertadores da América: 1974 (7 gols)
“El Verdugo”
Num misto de raça uruguaia com a mais nobre elegância do futebol arte, Pedro Virgílio Rocha Franchetti encantou o Uruguai, o Brasil, a América e o mundo com exibições formidáveis e uma categoria fascinante que o levou ao status de ídolo nos gigantes Peñarol e São Paulo e na seleção uruguaia. Multicampeão no clube aurinegro, “El Verdugo” (O Carrasco) é o único jogador da história do Uruguai a disputar quatro Copas do Mundo de maneira consecutiva (1962, 1966, 1970 e 1974), além de ser uma das únicas estrelas celestes no período de vacas magras da equipe. Tranquilo, sempre longe dos holofotes e preocupado apenas em jogar o simples, Pedro Rocha foi um gigante em campo e um dos grandes meias do futebol nas décadas de 60 e 70. É hora de relembrar.
Nascido em berço de ouro. E negro.
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Pedro Rocha começou a demonstrar seu talento no futebol no tradicionalíssimo Peñarol, de Montevidéu. O jogador teve a sorte de iniciar a carreira justamente no momento mais áureo e fantástico do clube aurinegro, no final da década de 50. Com jogadores como Cubilla, Martínez, Joya, Sasía, Caetano, Maidana e Spencer, o clube começou uma supremacia incrível no futebol do país, ao conquistar o Campeonato Uruguaio em oito oportunidades naquele período, com direito a um tetra de 1959 até 1962 (penta se levarmos em consideração o caneco de 1958). Jovem, talentoso, alto, forte, veloz, impecável com os dois pés e perfeito em cobranças de falta, Rocha era um craque completo, mas que começaria a brilhar apenas a partir de 1962. Antes disso, fez sua estreia como profissional ao entrar no segundo tempo de um clássico entre Peñarol e Nacional, no lotado estádio Centenário, em Montevidéu, na primeira vez que “queria chamar a mãe”, em alusão ao fato que passou na Copa de 1974, quando pela segunda vez na carreira também quis a mãe no jogo contra a Holanda. Coadjuvante, Pedro Rocha viu o Peñarol conquistar duas Copas Libertadores, perder de goleada (5 a 1) o primeiro Mundial Interclubes, em 1960, para o Real Madrid, e dar a volta por cima na edição de 1961, quando foi o Peñarol quem goleou o adversário, o Benfica, por 5 a 0, e ficou com o caneco depois de três jogos. O craque não disputou as partidas decisivas por ser “inexperiente”, segundo o técnico Scarone, um luxo que aquele esquadrão poderia ter com tantos craques no elenco. Tão jovem, Rocha conseguiu suas primeiras convocações para a seleção e um lugar na Copa de 1962, no Chile.

Seca de títulos continentais
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Em 1962, Pedro Rocha nada pode fazer para o Peñarol conquistar o tricampeonato da América, contra o Santos de Pelé, que ficou com a taça. Naquele ano, o craque disputou, aos 19 anos, a Copa do Mundo do Chile, ao lado dos companheiros Cubilla e Sasía. O Uruguai não tinha um bom time e estava longe de encantar como encantou nas Copas de 1954, 1950 e 1930, o que fez a equipe cair precocemente no torneio com apenas uma vitória (2 a 1 na Colômbia) e duas derrotas (3 a 1 para a Iugoslávia e 2 a 1 para a União Soviética). Sem brilho, Rocha teve que focar suas atuações no Peñarol, que manteve a sina de títulos nacionais com as taças de 1964 e 1965. No período, Rocha começou a mostrar o faro artilheiro ao conquistar as artilharias dos campeonatos de 1963, com 18 gols, e 1965, com 15 gols. Mas o grande ano do craque seria 1966. Ali, despontava de vez o gênio com a bola nos pés.

Campeão maiúsculo
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Titular absoluto do Peñarol, em 1966, Pedro Rocha deu show na temporada. Na Libertadores, conduziu a equipe ao tricampeonato, com muitos gols, assistências e partidas formidáveis, com destaque para o clássico contra o Nacional na fase de grupos, onde Rocha marcou dois gols na vitória dos aurinegros por 3 a 0, e em outro confronto contra os maiores rivais, agora  pelas semifinais, quando Rocha foi simplesmente fantástico ao marcar todos os gols da vitória por 3 a 0 do Peñarol, que carimbou a vaga do time para a final, contra o River Plate (ARG). Na decisão, o Peñarol venceu o primeiro jogo, em casa, por 2 a 0, perdeu o segundo por 3 a 2 (com um gol de Rocha), e venceu na prorrogação a partida derradeira, em campo neutro, por 4 a 2, após empate em 2 a 2 no tempo normal, com Rocha marcando o gol do título. O craque foi o vice-artilheiro da competição com 10 gols, sete atrás do matador nato Daniel Ortega, maior goleador em uma só edição da história da Libertadores. O caneco continental levou o Peñarol para o Mundial Interclubes, contra o Real Madrid, numa reedição da final de 1960.
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No Mundial, o Real Madrid já não era mais o mesmo dos anos 50, mas ainda sim tinha uma boa equipe, com Velásquez, Gento, Pirri e Amaro. O Peñarol queria vingar a derrota de 1960 e contava com alguns dos remanescentes das conquistas do começo da década. No primeiro jogo, no Uruguai, os aurinegros venceram por 2 a 0, com dois gols de Spencer. Na volta, no Santiago Bernabéu, Pedro Rocha fez o primeiro do Peñarol, e Spencer, sempre ele, ampliou, tudo ainda no primeiro tempo: Real Madrid 0x2 Peñarol. Com 4 a 0 no placar agregado, os uruguaios conquistavam pela segunda vez o mundo e acabavam de vez com o algoz de anos atrás. Pedro Rocha celebrava, enfim, um Mundial conquistado de maneira legítima por ele, em campo, com raça, técnica e muito futebol arte.

A melhor Copa
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Também em 1966, Pedro Rocha teve um desempenho brilhante na Copa do Mundo da Inglaterra. Aos 23 anos, o meia fez partidas marcantes, como na estreia, quando o Uruguai quase saiu com a vitória contra os donos da casa – o jogo terminou 0 a 0. Em seguida, o Uruguai venceu a França por 2 a 1, com um dos gols de Rocha, e empatou sem gols com o México. A equipe se classificou, mas foi eliminada pela forte Alemanha do jovem Beckenbauer, que goleou a Celeste por 4 a 0. Mesmo fora do Mundial, o mundo conheceu ainda mais o craque uruguaio, que marcou seu nome com as jogadas rápidas, os chutes, a visão de jogo e a presença em campo. Se o sonhado primeiro caneco pela Celeste escapou de novo, no ano seguinte ele não teimou em fugir.

A primeira (e única) taça pela Celeste
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Em 1967, Pedro Rocha liderou o Uruguai campeão da Copa América, realizada no próprio país. O time foi campeão invicto, com quatro vitórias e um empate em cinco jogos, com a taça vindo após a vitória por 1 a 0 (gol de Rocha) no clássico contra a Argentina, no estádio Centenário. O craque foi eleito o melhor jogador do torneio e foi um dos goleadores, com três gols. Aquele foi o primeiro e único troféu de Rocha com a camisa uruguaia.

Vestindo tricolor
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Depois de mais algumas taças em 1967, 1968 e 1969, Pedro Rocha deixou o Peñarol para jogar no Brasil, mais precisamente no São Paulo, que começava a montar um grande time depois da construção do Morumbi. Antes de começar a se destacar pelo clube brasileiro, o jogador viveu um drama na Copa do Mundo de 1970, no México, quando sofreu uma grave contusão logo na partida de estreia. O jogador perdeu todo o torneio, o Uruguai sentiu a falta de seu melhor jogador, e os sul-americanos foram eliminados pelo Brasil, nas semifinais. Como estava se recuperando da contusão, Rocha não teve um bom início no São Paulo e demorou a se adaptar no clube. Para piorar, muitos diziam que ele sofria de “boicote”, principalmente do outro craque da equipe, Gérson. Mesmo assim, o técnico do tricolor, Oswaldo Brandão, conseguiu juntar os dois gênios no time e o São Paulo venceu o Campeonato Paulista de 1971. Pedro Rocha ainda não brilhava, e começou a despontar de vez apenas com a saída de Gérson, em 1972. Mais solto, Rocha jogou muito e virou rapidamente ídolo no São Paulo, começando a dinastia de bons uruguaios no tricolor. O jogador foi um dos artilheiros do Brasileiro de 1972, com 17 gols (ao lado de Dadá Maravilha), sendo o único estrangeiro a conseguir a façanha até hoje. Em 1974, Pedro Rocha ajudou o São Paulo a chegar até a final da Copa Libertadores, mas o time brasileiro não resistiu ao copeiro Independiente, que ficou com a taça. De consolo, Rocha foi o artilheiro da competição com sete gols. O ano foi também o último de Pedro Rocha em uma Copa do Mundo, quando o Uruguai, já bem enfraquecido, foi eliminado logo na primeira fase ao perder para a Laranja Mecânica de Cruyff por 2 a 0, empatar com a Bulgária em 1 a 1 e perder para a Suécia por 3 a 0. O jogador entraria para a história como o primeiro e único uruguaio a disputar quatro Copas de maneira consecutiva.
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No ano seguinte, Rocha venceu mais um Campeonato Paulista, quando o São Paulo derrotou a Portuguesa, nos pênaltis. O jogador era o maestro na equipe que tinha Valdir Peres, Nelsinho, Chicão, Terto, Muricy Ramalho e Serginho Chulapa. Em 1977, Rocha foi campeão brasileiro com o São Paulo, mesmo não tendo participado de toda a campanha, por ter sido emprestado ao Coritiba, pelo fato de Rubens Minelli querer rejuvenescer a equipe. Naquele mesmo ano, o jogador se despediu do tricolor como 11º maior artilheiro do clube com 119 gols marcados em 393 jogos.
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Último caneco, últimos lampejos e o fim
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Em 1978, já experiente, Pedro Rocha foi um dos grandes símbolos do Coritiba na conquista do Campeonato Paranaense, quando a equipe alviverde derrotou o maior rival, o Atlético-PR, nos pênaltis. O craque, mesmo com o caneco, sabia que era hora de parar, e jogou com bem menos frequência no período. Rocha vestiu as camisas de Palmeiras, Bangu e Monterrey, antes de encerrar a carreira, em 1980. Depois de pendurar as chuteiras, o uruguaio se arriscou como treinador de futebol e comandou Mogi Mirim, Portuguesa de Desportos e Rio Branco, mas sem sucesso. Na memória de todos, ficou mesmo a classe, o talento e a arte de Pedro Rocha dentro de campo, comandando o Peñarol na consagração de seu reinado, em 1966, liderando com estilo a Celeste Olímpica no mesmo ano, na Copa do Mundo, e virando ídolo com o vermelho, preto e branco do São Paulo. Por tudo o que fez, pelos títulos invejáveis que conquistou, e pelo futebol exuberante que praticou, Rocha foi, sem dúvida, um imortal do futebol. Gênio e ídolo aurinegro, celeste e tricolor, definido de maneira sublime por Eduardo Galeano:
“Pedro Rocha fazia o que queria com a bola, e ela acreditava totalmente nele.” – Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, sobre o craque.

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Números de destaque:
Disputou 52 partidas pela seleção do Uruguai e marcou 17 gols.
Único jogador uruguaio a disputar quatro Copas do Mundo de maneira consecutiva (1962, 1966, 1970 e 1974).
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