sexta-feira, 18 de março de 2016

Futebol nos Tempos da Crise Política



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por : Arthur Muhlenberg



Analogias se tornaram uma praga comum no jornalismo digital. O que é uma pena, porque a analogia é um recurso estilístico muito bacana, quando bem usado. Mas que acabou se vulgarizando pela exiguidade dos prazos de fechamento, pela necessidade dos escribas de se expressarem com franqueza sem no entanto deixar sujar, e talvez, um pouco pela preguiça de pensar. E hoje as analogias infestam tanto as reportagens da grande mídia quanto os textões no Face, memes e tantas outras frescurinhas que ao lado dos inacreditáveis comentários de notícias, formam o grosso do arcabouço literário da Grande Rede Mundial. Se você escreve e  quer ser original pra se destacar no meio da manada é recomendável segurar a onda com as analogias. É o meu conselho de amigo.

Mas conselho só serve mesmo pra se dar pros outros. Porque a tentação de sublinhar as semelhanças entre os momentos lamentáveis pelos quais atravessam tanto o futebol quanto a política brasileira é quase irresistível. A casa está caindo diante dos nossos olhos com a pompa e a circunstância de uma implosão de edifício condenado pela Defesa Civil e não seria muito inteligente perder essa oportunidade de esculhambar com todo mundo logo de uma vez.

Vejam a CBF, há milênios manda e desmanda, faz o que quer com futebol nacional. Seleção, campeonato Brasileiro, Comissão de Arbitragem, o escambau. É tudo deles e até por ser uma sociedade civil privada a CBF sempre ficou meio imune à fiscalizações e nem pra opinião pública, o nosso grande dragão de papel, ela dava muita bola. Foi assim que a banda tocou até entrarem em cena os canas da gringolândia com seus terríveis e ameaçadores distintivos do FBI.

Aí a chapa esquentou de verdade e os ratos mais malandros foram logo abandonando o navio que ia a pique. Os que permaneceram na linha de frente e não conseguiram malocar o seu flagrante estão hoje no veneno, pagando com o seu próprio dinheiro para serem vigiados 24 horas por dia. Bem feito.

Na politica nacional o quadro é bem parecido. Quem manda e desmanda está acuado, os três poderes estão sob suspeição e ninguém sabe como vai ser a próxima rodada desse campeonato bizarro. Porém, ao contrário do que se passa com a CBF, salvo nos pós-viradas de mesa, a torcida tem estado muito mais atenta ao desenrolar do jogo que está sendo jogado. Atenta e participativa. Quando o galerão vai pra rua de forma massiva causa um efeito assustador, porque quando se atrapalha o trânsito de uma grande metrópole, seja lá por que causa for, a mídia não pode ignorar e o movimento passa a se auto-alimentar até tomar proporções muito maiores do que as originalmente planejadas. Mas tergiverso.

O traço de união mais marcante entre Brasil/CBF é a constatação pública da absoluta irresponsabilidade com que seus dirigentes maiores tocaram seus negócio. Nem vou mencionar a honestidade, porque nesses tempos de relativismo é muito difícil precisar o ponto exato em que podemos chamar alguém de safado ou ladrão. Pra evitar mal entendidos e não ter que voltar aqui mais tarde pra apagar o que escrevi só posso afirmar que se qualquer um de nós, reles mortais, tentarmos fazer a metade do que as estrelas dos escândalos em epígrafe andaram fazendo já estaríamos há muito tempo desfrutando de longas estadias em Cannes usando calças bege. Perante a lei todos são iguais, mas os recentes acontecimentos não nos deixam esquecer dá que uns são mais iguais que outros.

O cenário atual é caótico e, lamentavelmente, tudo pode acontecer. Até mesmo o nada, o que seria uma derrota acachapante para quem ainda acredita nos bons costumes. Dá uma saudade danada daquele tempo em que extravasávamos nossa bronca xingando a mãe do juiz. Hoje nem isso podemos fazer

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