quinta-feira, 10 de março de 2016

OPINIÃO COSME RIMOLI




Palmeiras e Paulo Nobre têm pressa para substituir Marcelo Oliveira. A busca por Cuca deve começar ainda hoje. O novo técnico deve estar trabalhando daqui uma semana, no Uruguai, contra o Nacional….


Alexandre Mattos estava visivelmente tenso. Mais uma vez ele teve de encarar a imprensa. E assumir o segundo fracasso pessoal no Palmeiras. Seu primeiro dissabor aconteceu no dia 9 de junho de 2015, quando anunciou a demissão de Oswaldo de Oliveira. Quatro dias antes, o executivo havia dado a garantia que ele continuaria no cargo.

"Não é nem 100%, é 1000%. Vamos parar, porque não tem nada." Garantia, acrescentando que não tinha interesse em Marcelo Oliveira. No dia 16 de junho, o ex-treinador do Cruzeiro era apresentado.
No início deste ano, Alexandre Mattos jurava aos repórteres. "Marcelo Oliveira ficará até o final de seu contrato. Ficará até dezembro de 2016."
O executivo, depois da derrota de ontem para o Nacional, se dirigiu à imprensa. E avisou.
"As coisas não estão evoluindo, o coletivo não está funcionando e por isso mudamos. Marcelo Oliveira não é mais o treinador do Palmeiras. Ele é o técnico mais vitorioso do Brasil nos últimos três anos. Não é o que eu queria. Não era o que imaginava", dizia, nervoso.
Alexandre Mattos foi incumbido de demitir Marcelo Oliveira. A ordem partiu de quem manda. Paulo Nobre. O presidente não se conformou com a derrota de ontem diante do Nacional. Viu que o time não teve a mínima organização tática. E para enfrentar um adversário que atuou com apenas dez jogadores durante 48 minutos. E dentro da arena palmeirense, com o apoio de 37.073 pagantes. O maior público este ano.
Paulo Nobre foi ao seu limite. Suportou o quanto pôde. Desde o ano passado, Marcelo Oliveira era muito questionado pelos conselheiros. Principalmente pela ala conservadora que sustenta politicamente o presidente. E que é comandada por Mustafá Contursi.
No ano passado, Marcelo Oliveira chegou com o status de bicampeão do Brasil. Nobre não se recusou a bancar os salários de R$ 400 mil ao técnico. Tinha tanta certeza que ele daria certo, que jurou. "Será meu último treinador como presidente. Só sairá daqui comigo, em dezembro de 2016."
Só que foi um sofrimento. O time não mantinha um padrão tático. Ele passou seis meses tentando encaixar as 25 contratações feitas por Alexandre Mattos. Tinha como desculpa o fato de haver chegado no meio da temporada. A insegurança, a incoerência e o futebol de altos e baixos se juntavam.
Marcelo tinha a obrigação de classificar o Palmeiras para a Libertadores deste ano. Não importava como. Por sua sorte, a equipe se superou e venceu a Copa do Brasil. No Campeonato Brasileiro terminou em nono.
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Paulo Nobre se sentiu muito aliviado. Ficou tão feliz por levantar o troféu com Zé Roberto que prometeu ao treinador. O time seria reforçado em 2016. Não venderia atleta algum. E Alexandre Mattos compraria oito novos jogadores. Todos aprovados por Marcelo.
O treinador faria a pré-temporada em Itu. Teria todo o tempo para entrosar o time reforçado. Faria torneio amistoso no Uruguai. E o Paulista estava liberado para testes. Deveria apenas não dar vexames. A meta estava determinada: fazer o time ir mais longe possível na Libertadores, se possível o título. Se não, uma fase importante, como a semifinal.
Além da tentativa de conquistar o título sonhado desde 1999, Nobre estava de olho no retorno financeiro dos jogos da competição na arena.
Nobre acompanhou de perto a insegurança dominar o treinador. A incoerência. A resistência para mudar seu esquema 4-2-3-1, que usava desde 2011 no Coritiba. O Palmeiras se tornava uma equipe previsível. O treinador se arrependera em não exigir um meia talentoso. Quis concordar com Nobre que esse jogador seria Cleiton Xavier. Mas ele acumulava problemas musculares. Desfalcando o time.
Houve dois momentos recentes que convenceram Nobre e os conselheiros que o cercam. Marcelo deveria sair. O primeiro foi a derrota para a Ferroviária. A comparação foi inevitável. O time de Araraquara, formado por jovens do Atlético Paranaense, se impôs como equipe organizada, moderna, competitiva. Tudo o que o Palmeiras deveria ser. O trabalho do treinador português Sérgio Vieira foi elogiado. Mas ele é muito novo para o clube da capital. Tem apenas 31 anos.
O segundo, foi na semana passada. Na vitória contra o Rosário Central. O sufoco que o time sofreu em plena arena incomodou demais Paulo Nobre. Por sorte os argentinos não ganharam aquela partida. O presidente já começou a imaginar o que aconteceria na Argentina.
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E sem alarde, estava muito preocupado com o jogo de ontem. Sabia que a derrota poderia ser caótica. O Palmeiras terá de enfrentar o Nacional e o Rosário Central no Uruguai e na Argentina. Se o clube perder os dois jogos, acabou a Libertadores. A última sob o comando de Nobre. Por isso decidiu o tratamento de choque. E mandou Alexandre demitir Marcelo no vestiário.
Cuca é mesmo a prioridade. Ele foi o último treinador brasileiro campeão da Libertadores. Ganhou com o Atlético Mineiro. Passando por partidas de enorme dificuldades, como a que o Palmeiras enfrentará no Uruguai e Argentina. Foi jogador do clube em 1992. E acalenta o sonho de treinar a equipe.
Assumiu esse desejo em janeiro do ano passado, quando ainda comandava o Shandong Luneng. "Lógico que eu pretendo trabalhar no Palmeiras. Mas depois de cumprir meu contrato com a China. Daqui a alguns anos", previa, quando o time chinês fazia pré-temporada no Brasil.
Cuca acabou saindo do Shandong em novembro. Teve sérios problemas de doença na sua família. A princípio, só queria trabalhar no segundo semestre. Mas a situação melhorou. Tanto que estava disposto a assumir o Fluminense. Mas quando soube que o clube carioca fazia um leilão com Levir Culpi, quem aceitasse receber menos seria o escolhido, Cuca desistiu das Laranjeiras.
Agora está livre. Acessível.
E ele tem uma proximidade com Alexandre Mattos dos tempos de Belo Horizonte.
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A expectativa é a readequação ao padrão salarial brasileiro.
Na China, Cuca recebia R$ 1,5 milhão.
Marcelo Oliveira ganhava R$ 400 mil.
Na madrugada desta quinta-feira, no Palmeiras havia a certeza de uma reunião ainda hoje com Cuca.
Paulo Nobre tem pressa.
A partida contra o Nacional será daqui uma semana.
Contra o São Paulo, no domingo, o time será comandado pelo auxiliar Alberto Valentim.
Há muito otimismo em relação ao acerto com Cuca.
Conselheiros mais ousados comentavam sobre o português Sérgio Vieira.
Mas Alexandre Mattos não deixava brecha para o treinador da Ferroviária.
"Queremos alguém experiente, vencedor, com conquistas internacionais."
Só faltou falar o nome de Cuca.
A tentativa deve acontecer.
E ainda hoje.

O Palmeiras e Paulo Nobre têm pressa...
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COSME RIMOLÍ

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