“Um dos sinais do atraso do futebol brasileiro em relação ao futebol da Europa, principalmente, é velocidade com que nossos clubes trocam seus treinadores.”
O enunciado acima já se tornou um lugar comum. Também, pudera, durante o Campeonato Brasileiro da Série A de 2015, os 20 participantes tiveram um total de 33 treinadores! Pior ou melhor que isso: o único clube que não trocou seu treinador foi o campeão, o Corinthians de Tite. Portanto, os outros 19 clubes tiveram 32 treinadores!
Como muito falamos em Europa, bem a propósito foi divulgado hoje um estudo do CIES Football Observatory, justamente sobre esse tema. É uma pena que ele mostre somente as Big Five, as cinco grandes ligas d’Europa e do mundo, mas assim mesmo é um trabalho muito interessante, especialmente num comparativo com nossa realidade:
O trabalho do Football Observatory destaca, naturalmente, o tempo médio na Premier League, muito influenciado pela longevidade de Arsène Wenger à frente do Arsenal: 19 anos e 5 meses! O segundo treinador há mais tempo em um time da EPL é Eddie Howe, do Bournemouth, mas mesmo em relação a ele a diferença é brutal: o tempo de Wenger nos Gunners é quase seis vezes maior.
Outro destaque, sem dúvida, são os pouco mais de 6 anos de Christophe Galtier no St-Etienne: 75 meses.
No topo das demais ligas temos Giampiero Ventura (Torino, 57 meses), Diego Simeone (Atlético Madrid, 51 meses) e Markus Weinzierl (Augsburg, 45 meses).
Eu destaco, ainda, Jocelyn Gourvennec, do Guingamp (70 meses) e Stéphane Moulin, do Angers (57 meses).
Considerando as cinco ligas, o tempo médio de permanência dos treinadores é de 12,5 meses, ficando claro que Espanha e principalmente a Itália “puxam” essa permanência para baixo.
No caso do Brasil, se considerarmos os 12 clubes de maiores torcidas, incluindo o Vasco que disputará a Série B nesse ano, a permanência média aumenta um pouquinho: 6,5 meses. Nada significativo, portanto.
Comentando a duração de apenas 9 meses de cada treinador, em média, à frente dos clubes da Serie A italiana, os analistas do Football Observatory são ácidos na análise:
“...(na Itália) não é incomum que os clubes troquem o treinador mais de uma vez na mesma temporada.Isso reflete a falta de visão estratégica dos clubes muito mais que a eventual incompetência dos treinadores.”
Perfeito, nada a acrescentar, exceto que a mesma conclusão é 100% aplicável a uma análise de nossa realidade.
Para fechar o post, segue a lista dos cinco treinadores mais longevos em cada uma das cinco grandes ligas:
por Emerson Gonçalves-Globo.com
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