por Cassio Zirpoli
A vantagem era enorme, do tamanho do futebol apresentado num Arruda tomado de gente. Consciente disso e apostando na incredulidade do rival, até então dono da melhor campanha, o Santa foi à arena e sacramentou mais uma vaga na final do Pernambucano, a quinta nos últimos seis anos. Como nas anteriores, vai pelo título, que pode garantir ao clube o status de campeão da década no cenário local, mesmo faltando bastando tempo. No domingo, havia um desfalque de peso, o meia João Paulo, o pulmão do time, mas a essa altura do alto rendimento em campo, com seguidos jogos decisivos, os companheiros acabam adotando a mesma intensidade, vital para qualquer grande conquista.
Um símbolo disso, talvez de todo esse momento vivido pelo Santa nas últimas semanas, é o atacante Grafite. Jogou de forma diferente, saindo bastante da área, para buscar e prender o jogo. E exerceu bem o papel. Contrariando a lógica, o Náutico buscou inspiração até na superstição, com jogar de vermelho, lembrando a reviravolta de 2004, quando goleou os corais em seu último título. Apoiado pela torcida, que mesmo abadalada se fez presente, o Timbu impôs uma pressão inicial. Algo esperado por todos, incluindo, claro, o adversário.
O Timbu até ficou perto do sonho, ao abrir o placar aos 33 minutos, com o zagueiro-artilheiro Ronaldo Alves pegando um rebote num escanteio. Chegou a seis tentos. A desvantagem, que chegara a ser de três gols no Arruda, àquela altura era de apenas um. Dava pra buscar. Para isso, daria mais espaço. A bola na trave de Grafa, ainda no primeiro tempo, foi só o aviso do perigo.
Logo na retomada do jogo veio o lance fatal num clássico já encaminhado. Num belo lançamento de Leandrinho, Grafite recebeu no meio-campo, avançou sozinho, driblou Júlio César com calma e empatou. Foi o sétimo gol do camisa 23 na temporada, somando todas as competições, empatando com Keno. No último lance, Lelê mandou de fora da área e virou 2 x 1. Lá e lô do Santa, que luta não por um, mas por dois títulos, no Nordestão e no Estadual. As duas finais, nos dois próximos domingos, prometem muitas emoções para os corais.
Estratégia mais uma vez vitoriosa do técnico do Santa
Estrategista, o técnico do Santa Cruz Milton Mendes apostava no “desespero” do adversário. E ganhou não só a aposta, mas também a segunda consecutiva contra o Náutico, ratificando a vaga do Tricolor na final do Campeonato Pernambucano. “Os jogadores foram inteligentes, entenderam bem o jogo e as coisas aconteceram do jeito que a gente pensava”, afirmou o treinador, na entrevista logo após a vitória de ontem, por 2×1, na Arena Pernambuco.
Apesar do esquema traçado, Milton Mendes ressaltou que foi preciso uma intervenção dele no intervalo para “ajustes” após o Náutico abrir o placar no primeiro tempo. “Keno e Arthur estavam jogando atrás da linha da bola e nós estávamos ficando sempre em desvantagem na compactação. Fizemos a correção no vestiário, adiantamos as linhas e no segundo tempo a equipe cresceu”, explicou o técnico tricolor.
Para Milton Mendes, o resultado final acabou sendo justo. “Nós poderíamos ter feito o segundo gol até antes. Era natural que o Náutico saísse para o jogo pois na circunstância do jogo eles precisariam arriscar mais. Falei para os jogadores que precisávamos tirar proveito disso e as coisas acabaram saindo do jeito que a gente planejou.”
Apesar de ter vencido as duas partidas contra o Náutico, num placar “agregado” de 5×2, Milton Mendes fez questão de elogiar o técnico adversário, Gilmar Dal Pozzo. “A equipe deles é muito boa. Quando a gente falou isso nas entrevistas, não era da boca para fora. O Dal Pozzo vem fazendo um bom trabalho e não tinha outra saída a não ser se arriscar. No primeiro tempo, nós esperamos e a ideia era mudar esse comportamento no segundo, indo para o ataque. E foi o que aconteceu”, afirmou o treinador.
Autor: Alvaro Filho
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