sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

SPORT CLUB DO RECIFE


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Romerito: "Queria nunca envelhecer para poder jogar no Sport de novo"

De férias no Recife, jogador de 39 anos, campeão da Copa do Brasil em 2008, recorda momentos inesquecíveis e revela que quer ser treinador após se aposentar

  

Há 2.309 dias, em 30 de abril de 2008, uma Ilha do Retiro lotada testemunhava uma das maiores performances individuais de um atleta na história recente do estádio. Com uma assistência e três gols marcados, Romerito comandou o Sport na vitória por 4 a 1 sobre o Palmeiras, que valeu o passaporte para as quartas de final da Copa do Brasil. O título ao final da campanha viria coroar a trajetória do jogador com a camisa do Leão. Apesar de ter ficado fora do jogo decisivo contra o Corinthians - o contrato expirou antes - o meio-campista terminou a competição como artilheiro (seis gols) e ficou marcado pelo protagonismo, naquele que é considerado um dos dois maiores títulos da história do clube, ao lado do polêmico Brasileiro de 1987. A passagem pela Ilha do Retiro, contudo, também teve momentos difíceis. E pode ter um futuro, no que depender do jogador. De férias no Recife, Romerito visitou o Sport e reencontrou sua história.

- Tenho grandes lembranças. Principalmente aqui da Ilha, onde tive o melhor momento da minha carreira. Ainda sim passei um momento muito difícil, fui muito vaiado, mas sempre tive aquele espírito de guerreiro. No final do Brasileiro de 2007 já tinha feito alguns gols importantes. Em 2008 foi só alegria. A Copa do Brasil foi marcante, não só para mim, mas como para todo o clube, uma conquista em âmbito nacional. Foi o melhor momento da minha carreira – vibra.

A conquista da Copa do Brasil deixou marcas na Ilha. No alto da arquibancada especial, a referência à conquista está lá pintada. No corredor do clube, um mural com os maiores ídolos do clube tem Romerito entre eles. Ao olhar para o gramado da Ilha, Romerito, hoje com 39 anos, transporta-se para o passado e lembra do grito que ecoava na Ilha em dias de jogos.

- Quando o locutor instigava a torcida a todos gritavam meu nome, o "ah, é Romerito", eu buscava forças onde não tinha. Você já começava o jogo a mil. Vinha do aquecimento já voando. Não perdia nada. Era só alegria. Correr e guerrear aqui dentro para conseguir as vitórias. A sensação era incrível. A saudade é muito grande. Do torcedor, do Recife. E não só minha, como de toda a minha família. Minha esposa vive dizendo que quer retornar pra cá de vez, para morar. Ela é completamente apaixonada pelo Recife. Veio para cá com minha filhas para passar o ano novo e diz que quer encontrar um apartamento para nós, aqui - revela Romerito.

Caminhando pelo gramado da Ilha, Romerito, aos risos, brinca com a idade. Contratado pelo Goianésia para disputar o Campeonato Goiano em 2015, o último de sua carreira, o atleta não esconde o desejo de retornar ao Sport. Sabedor da idade avançada, o meia prefere relembrar os tempos de glória. Há seis anos, o jogador era a cara do Sport.

- A idade poderia não chegar. A gente tinha que estar sempre mais novo para atuar em um clube como o Sport. É diferente. Eles são muito acolhedores. Claro que cobram nos momentos difíceis. Mas jogar sempre para mais de 15, 20 mil pessoas, é aquilo que todo jogador deseja. Já é uma motivação. E com o torcedor gritando seu nome... Eu só tenho a agradecer a Recife e ao torcedor do Sport, por terem proporcionado coisas tão boas na minha carreira – cravou.

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ANTES DA IDOLATRIA, A QUASE DISPENSA

O início de Romerito no Sport não foi bom. Parado há 30 dias no Goiás, antes de enfim ser contratado pelo Sport, o jogador demorou a entrar em forma e foi muito contestado na Ilha do Retiro. Vaias e xingamentos ecoavam pelas arquibancadas, e a história do jogador parecia fadada a um rápido desfecho no Recife.

- Tive um momento difícil. Cheguei após um tempo parado no Goiás. Aqui estava chovendo muito naquela época, e tive dificuldade em entrar em forma. Mas sempre com aquele espírito de guerreiro. Felizmente conseguir dar a volta por cima e proporcionar alegrias ao torcedor do Sport – disse o jogador, artilheiro da Copa do Brasil de 2008 com seis gols.

Distante do Sport há quase quatro anos, Romerito ainda acompanha o clube. Mantém amizade com o zagueiro César, além de outros jogadores. O laço, entretanto, pode ser ainda maior no futuro.
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RETORNO AO SPORT FORA DAS QUATRO LINHAS?

Atuando profissionalmente por mais seis meses, Romerito já tem planos bem definidos para o futuro. E não serão longe do futebol. O jogador quer continuar atuando nas quatro linhas, mas com alguns metros de diferença. Como treinador. E o Sport, mais uma vez, é um objetivo. Romerito pretende seguir os passos de Daniel Paulista, que começou estagiando na comissão técnica do Leão e hoje faz parte do quadro efetivo do clube. Os passos, contudo, serão dados aos poucos.

- Quero seguir no futebol sem dúvida. Já fiz alguns cursos. Tive o convite para jogar o Campeonato Goiano em 2015 e, aí sim, depois dele, me retiro. Após isso, quero seguir a carreira de treinador e, quem sabe aqui não poderia ser um dos primeiros lugares onde eu possa fazer meu estágio para, um dia, ser treinador do Sport. Depois da casa da minha família, aqui é minha casa – disse, emocionado.

Embora o reencontro ainda possa demorar, o jogador sabe que venceu o tempo dentro da Ilha do Retiro. Mesmo sua passagem apagada em 2010/2011 não diminuiu em nada a idolatria do torcedor. Ao caminhar pela sede, é cumprimentado por torcedores jovens e crianças, que não viram sua noite mágica naquele 30 de abril. Perto de se aposentar, Romerito sabe: é ídolo do Sport. E, nos dias hoje, poucos atletas em atividade podem dizer isso.
globo.com

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