CBF
Uma briga na Justiça entre a CBF e a sua ex-patrocinadora Marfrig envolve a compra de aviões, acusação de traição e uma cobrança de cerca de R$ 100 milhões. O processo ao qual o blog teve acesso revela como a confederação inclui outros interesses que nada tem a ver com o futebol em acordo de marketing da seleção de 16 anos que deveria beneficiar o desenvolvimento do esporte.
O enredo começou em março de 2010 quando o então presidente da confederação Ricardo Teixeira assinou o contrato com a Marfrig. O valor total era de US$ 160 milhões. Com uma prorrogação assinada, o acordo era válido até 2026.
Só que esse montante não entraria integralmente para os cofres da CBF. No acordo, foi estabelecido que US$ 24 milhões seriam usados para a compra de duas aeronaves para a confederação. “Além do pagamento da remuneração trimetral (…), a Marfrig se obriga, perante a CBF, a adquirir (…) 1 helicóptero da escolha da CBF, bem como uma aeronave também a critério da CBF'', diz uma cláusulas do contrato.
A justificativa era de que as aeronaves, que a confederação poderia escolher, seriam utilizadas no projeto da entidade para a Copa-2014 sem que fosse explicado como isso ocorreria. Teixeira tinha uma verdadeira obsessão por aviões. Já tinha comprado outro para a confederação anteriormente, e incluiu mais um em acordo com a Tam, como publicado em matéria da “Folha de S. Paulo''.
No caso da Marfrig, os veículos nunca foram compradas e agora a CBF cobra da empresa o dinheiro referente a elas, entre outros valores. Mas esse não era o único item bizarro do contrato da confederação.
Além de ingressos de jogos, tamanhos de marca em uniformes, e outros itens comuns a acordos, estava previsto que a empresa tinha direito a organizar um churrasco de “confraternização'' em amistoso da seleção “sempre que for viável e a critério da comissão técnica''. Ou seja, faria festas com jogadores. Nenhuma das partes quis explicar se as comemorações foram, de fato, realizadas.
Certo é que o clima azedou entre a Marfrig e a CBF a partir de 2012 quando começaram a atrasar as parcelas de patrocínio. A confederação notificou a empresa da interrupção de pagamentos. Houve uma negociação de acordo, mas este acabou rescindido e a entidade fechou com a BRF Foods. Aí, as versões dos dois lados são conflitantes.
A CBF afirmou que tentou receber várias vezes e, com a falta de pagamento, deu por rescindido o contrato em maio de 2013. Já a Marfrig alega que fez uma proposta de acordo, que foi aceita pela entidade. Mas, pelas suas costas, a confederação fechou com o rival.
“O fato é que, enquanto discutia com a Marfrig os termos para dar prosseguimento à parceira (…), a CBF negociava novo contrato de patrocínio para substituir o da embargante com um de seus maiores concorrentes, a Brasil Foods (BRF)'', acusa o advogado da Marfrig, que ainda fala em quebra de confidencialidade.
No total, a CBF cobra R$ 88,6 milhões da Marfrig por pagamentos não feitos, aviões não entregues e descumprimento de cláusulas do contrato. A Marfrig reconhece o débito, mas alega que o valor pedido é excessivo e alega ter direito a multa por quebra de confidencialidade.
O parecer do perito judicial é favorável à confederação. Ele estimou em R$ 118 milhões o valor devido pela empresa para a CBF, o que representaria, por exemplo, toda a renda de um ano de um clube como o Botafogo. O perito negou que a confederação tenha quebrado cláusulas de contrato, ou que tenha dito que aceitava proposta de pagamento e negociado pelas costas com a BRF Foods. A empresa contesta o laudo.
Procurada pelo blog, a assessoria de imprensa da Marfrig informou que a empresa não iria se manifestar. O advogado da confederação, Carlos Eugênio Lopes, também silenciou: “Não quero falar porque esse assunto está em juízo então é melhor não me manifestar'', contou ele.
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