Nascimento: 1º de Abril de 1976, em Paramaribo, Suriname.
Posições: Volante e Meia
Clubes: Ajax-HOL (1992-1995), Sampdoria-ITA (1995-1996), Real Madrid-ESP (1996-2000), Internazionale-ITA (2000-2002), Milan-ITA (2002-2012) e Botafogo-BRA (2012-2014).
Principais títulos por clubes:
1 Liga dos Campeões da UEFA (1994-1995), 2 Campeonatos Holandeses (1993-1994 e 1994-1995), 1 Copa da Holanda (1992-1993) e 2 Supercopas da Holanda (1993 e 1994) pelo Ajax.
1 Mundial Interclubes (1998), 1 Liga dos Campeões da UEFA (1997-1998), 1 Campeonato Espanhol (1996-1997) e 1 Supercopa da Espanha (1997) pelo Real Madrid.
1 Mundial de Clubes da FIFA (2007), 2 Ligas dos Campeões da UEFA (2002-2003 e 2006-2007), 2 Supercopas da UEFA (2003 e 2007), 2 Campeonatos Italianos (2003-2004 e 2010-2011), 1 Copa da Itália (2002-2003) e 2 Supercopas da Itália (2004 e 2011) pelo Milan.
1 Campeonato Carioca (2013) pelo Botafogo.
Principais títulos individuais:
Jogador Holandês do Ano: 1993 e 1994
Eleito para o Time do Ano da ESM: 1996-1997
Eleito para o Time do Ano da UEFA: 2002 e 2007
FIFA 100: 2004
Melhor meio-campista do ano da UEFA: 2006-2007
Bola de Prata do Mundial de Clubes da FIFA: 2007
Cavalheiro da Ordem de Orange-Nassau
Bola de Prata da revista Placar: 2013
“Exemplo de craque”
Um craque dificilmente pode ser definido em uma só palavra. São necessários vários adjetivos e exemplos dentro e fora de campo para que ele tenha, de fato, essa alcunha. Títulos são grandes triunfos. Visão de jogo, também. Físico privilegiado e vitalidade idem. Disciplina tática e técnica apuradíssima são indispensáveis. Essas qualidades foram encontradas em vários jogadores que desfilaram suas virtudes pelos gramados em décadas passadas, podem ser vistas em alguns do futebol atual e se tornou a essência de Clarence Clyde Seedorf, meio-campista nascido no Suriname que se consagrou na Holanda como um dos mais completos, inteligentes e vitoriosos futebolistas de toda a história. Seedorf conseguiu ser campeão em quase todos os times por onde passou e se consagrou como o primeiro a levantar por três clubes diferentes o mais cobiçado troféu do futebol europeu: a Liga dos Campeões. Além disso, o craque venceu os mais variados títulos, foi ícone no Ajax, no Real Madrid e no Milan e resgatou o orgulho perdido do torcedor do Botafogo, clube alvinegro onde o craque pendurou as chuteiras com a idade avançada, mas um físico de dar inveja em muito garoto por aí. Líder e cerebral, Seedorf só não teve grande sorte vestindo a camisa da Seleção Holandesa, pela qual não conquistou taças e só disputou uma Copa do Mundo, em 1998, muito pouco para um jogador de sua qualidade e quilate. É hora de relembrar.
Futebolista desde sempre
Seedorf nasceu em Paramaribo, Suriname, país que conseguiu a independência da Holanda em 1975, um ano antes de o futuro craque nascer. Ainda criança, Seedorf foi morar com a família em Almere, na província holandesa de Flevoland, onde virou cidadão da Holanda e manteve a tradição da família ao se tornar futebolista assim como seu pai, Johann Seedorf e seus irmãos Jürgen, Chedric e Rhamlee. Seedorf começou a jogar futebol no VV AS´80 e no Real Almere até ser levado às categorias de base do Ajax, maior clube do país e sempre elogiado pela ótima estrutura que oferece aos jovens promissores. Por lá, o jogador mostrou um notável talento com a bola nos pés e um físico exemplar para sua pouca idade. Tanta vitalidade e disposição chamaram a atenção do técnico do Ajax na época, Louis van Gaal, que incorporou Seedorf ao time titular em 1992 e escalou o jogador como titular do meio-campo do clube alvirrubro pela primeira vez em 29 de novembro daquele ano, em uma partida contra o Groningen. Com apenas 16 anos, Seedorf se tornou o mais jovem jogador profissional a debutar no Ajax na história e entendeu rapidamente a filosofia de trabalho de seu treinador, que tinha pleno foco no “Futebol Total” e no perfeito domínio dos fundamentos básicos do esporte. Em entrevista à ESPN, em setembro de 2010, o meio-campista comentou sobre seu início no time de Amsterdã e como conseguiu se dar bem:
“O foco dos treinamentos era a bola em si. Apenas aqueles que mostravam perfeito controle (de bola) em toda e qualquer situação de jogo eram selecionados para o time titular do Ajax”. Seedorf, em entrevista à ESPN, 30 de setembro de 2010.
No berço dos craques
Naquele começo de anos 90, Seedorf era um dos muitos jovens revelados por uma safra fantástica do Ajax. Além dele, nomes como Frank e Ronald de Boer, Edgar Davids, Patrick Kluivert e Dennis Bergkamp eram alguns dos garotos que figuravam entre os titulares e faziam renascer a magia do clube que fez história lá nos anos 70 com Johan Cruyff e companhia. Logo em sua primeira temporada, Seedorf faturou a Copa e a Supercopa da Holanda, embora não tenha disputado muitos jogos como titular. Na temporada seguinte, o meio-campista entrou mais vezes e disputou 19 dos 34 jogos realizados pelo Ajax que se consagrou campeão nacional de 1993-1994 com 26 vitórias, dois empates e seis derrotas. Seedorf marcou quatro gols e mostrou toda sua força na marcação e também no apoio ao ataque, além de um talento único no domínio de bola e nos lançamentos em profundidade. Crescendo de produção a cada jogo, o jovem craque tinha grandes esperanças de ser titular absoluto na temporada seguinte. Ainda mais com a possibilidade de disputar sua primeira Liga dos Campeões na carreira.
Temporada de ouro
No mês de agosto de 1994, o Ajax de Seedorf começou a temporada com uma vitória por 3 a 0 sobre o Feyenoord na decisão da Supercopa da Holanda. O título foi só um aviso do que estava por vir. O time não tomou conhecimento dos rivais no Campeonato Holandês e conquistou o torneio de maneira invicta, com 27 vitórias e sete empates em 34 jogos, marcando 106 gols e sofrendo 28, melhor ataque e melhor defesa do torneio (ao lado do Roda JC, que também levou 28 gols). Seedorf disputou 29 jogos como titular, entrou em outros cinco e marcou seis gols. Ainda em 1994, o craque foi convocado pela primeira vez para a Seleção Holandesa e marcou até gol na goleada por 5 a 0 sobre Luxemburgo pelas Eliminatórias da Eurocopa de 1996. A partir dali, o meio-campista seria figurinha constante no selecionado laranja.
Voltando ao Ajax, o time de Seedorf deu um show ainda maior na Liga dos Campeões da UEFA. Na fase de grupos, os holandeses venceram quatro jogos e empataram dois, com destaque para os dois triunfos sobre o Milan-ITA, tanto na Holanda quanto na Itália, por 2 a 0. Nas quartas de final, o time empatou o primeiro jogo sem gols com o Hajduk Split, da Croácia, e venceu por 3 a 0 a partida de volta, na Holanda. Na semifinal, nostalgia pura no duelo contra o Bayern München (ALE), que colocou frente a frente os dois maiores titãs do continente nos anos 70. No primeiro jogo, na Alemanha, nó tático de van Gaal e empate sem gols. Na volta, na Holanda, um espetáculo: Ajax 5×2 Bayern, com gols de Litmanen (2), Finidi, Ronald de Boer e Overmars. Depois de 22 anos, o Ajax estava de volta a uma final de Liga dos Campeões da UEFA. E, por ironia do destino, ele reencontrava o Milan, “freguês” naquela Liga, mas responsável por derrotar o Ajax na final do torneio em 1969, a primeira disputada pelo time holandês na história.
No duelo da “vingança”, os garotos do técnico Louis van Gaal não se intimidaram com a fama copeira do Milan e nomes como Maldini, Baresi, Albertini, Donadoni, Desailly, Massaro e Boban, e venceram por 1 a 0, com o gol do título marcado por Kluivert. O Ajax se tornou tetracampeão europeu, conquistou mais um título de maneira invicta e retomou o posto de maior time da Europa depois de 22 anos. Seedorf participou de 11 jogos naquela Liga dos Campeões e foi aclamado como uma das maiores revelações dos últimos anos no futebol mundial.
Tempos de decepções
Na temporada 1995-1996, Seedorf optou por não estender seu contrato com o Ajax já pensando em uma boa transferência e buscando novos desafios. A Sampdoria-ITA foi rápida no gatilho e levou o meio-campista para Gênova. Por lá, Seedorf foi uma estrela solitária na fraca equipe que não era nem mais sombra do brilhante esquadrão do começo da década de 90 – e que chegou a ser vice-campeão da Liga dos Campeões, em 1992. O holandês manteve a boa forma e o bom futebol, mas não conquistou títulos em sua primeira passagem pelo Calcio.
Ainda em 1996, o craque disputou seu primeiro grande torneio pela Holanda: a Eurocopa. Titular do time comandado pelo técnico Guus Hiddink, Seedorf colaborou para a classificação holandesa até as quartas de final após um segundo lugar na fase de grupos (atrás apenas da anfitriã Inglaterra). No entanto, o meio-campista viveu um dia para esquecer no duelo contra a França, em Liverpool. Depois de 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação, a França venceu a Holanda por 5 a 4 na disputa de pênaltis graças ao erro de Seedorf, único jogador que desperdiçou sua cobrança. Embora tenha passado por maus momentos, o jogador não tinha com o que se preocupar. Ao término daquela temporada, o Real Madrid-ESP contratou o holandês com o intuito de formar um esquadrão forte o bastante para recuperar o prestígio continental. Era hora da reviravolta.
A segunda Liga e a primeira Copa
Na Espanha, Seedorf teve o prazer de jogar com um de seus jogadores favoritos e que ele próprio se espelhava em campo: Fernando Redondo, argentino que marcou época como um dos volantes mais completos da história. A dupla era uma das armas que o Real utilizaria para recuperar o trono perdido desde os anos 60 na Liga dos Campeões. Além de Seedorf e Redondo, os madrilenos tinham nomes como Roberto Carlos, Mijatovic, Suker, Illgner, Hierro e Raúl. A primeira mostra de que tempos prósperos estavam de volta pelas bandas do Santiago Bernabéu foi a conquista do Campeonato Espanhol de 1996-1997 pelos merengues. Seedorf virou titular rapidamente, disputou todos os 38 jogos da temporada, marcou seis gols e foi um dos destaques. Na temporada seguinte, a equipe não faturou o título nacional, mas Seedorf foi outra vez fundamental ao disputar 36 jogos e marcar mais seis gols, entre eles um estupendo contra o Atlético de Madrid, em agosto de 1997, num chute quase do meio de campo (veja no final do texto, na seção “Extras”). Mas o grande objetivo do time não era a Espanha. Era a Europa.
Comandado pelo alemão Jupp Heynches, o Real Madrid fez da temporada 1997-1998 a derradeira para a conquista da Liga dos Campeões da UEFA. Depois de passar com facilidade pela fase de grupos, a equipe espanhola encarou o Bayer Leverkusen-ALE e empatou o primeiro jogo, fora de casa, em 1 a 1, e venceu a volta por 3 a 0. Nas semifinais, novo adversário alemão, dessa vez o então campeão europeu e mundial, Borussia Dortmund. No primeiro jogo, em Madrid, Morientes e Karembeu deram a vitória por 2 a 0 ao time espanhol. Na volta, o time segurou a pressão e empatou em 0 a 0, garantindo a vaga em uma final de Liga dos Campeões. A moderníssima Amsterdam Arena, na Holanda, foi o palco da grande final entre o Real Madrid de Panucci, Hierro, Roberto Carlos, Redondo, Karembeu, Seedorf e Raúl, e a Juventus de Peruzzi, Montero, Iuliano, Di Livio, Deschamps, Davids, Zidane e Del Piero. O jogo foi extremamente disputado, com equipes fortes no meio de campo e no ataque. Depois de um primeiro tempo sem gols, Mijatovic aproveitou a sobra de um chute de Roberto Carlos no segundo tempo, driblou o goleiro italiano e chutou para o gol vazio para marcar o único gol do jogo: Real Madrid 1×0 Juventus. O time segurou o placar e levantou, pela sétima vez (e depois de 32 anos), a Liga dos Campeões da UEFA. O topo da Europa pertencia, de novo, ao Madrid.
Logo após seu segundo título europeu, Seedorf foi convocado para a disputa de sua primeira Copa do Mundo, na França. Mas o que era para ser o torneio definitivo para a consagração do craque se tornou uma decepção. Na fase de grupos, o meio-campista foi titular apenas no primeiro jogo da Holanda (empate sem gols contra a Bélgica) e ainda foi substituído por Zenden. Nas oitavas de final, Seedorf voltou ao time titular e recuperou seu espaço na vitória por 2 a 1 sobre a Iugoslávia. Nas quartas, outra vez o jogador não foi titular e viu do banco sua seleção vencer a Argentina com um gol épico de Bergkamp. Na semifinal, contra o Brasil, Seedorf só entrou no segundo tempo da prorrogação e nada pôde fazer no empate em 1 a 1 que levou o duelo para os pênaltis. Nele, o Brasil venceu por 4 a 2 e eliminou a mais brilhante geração da Holanda em Copas desde os anos 70. Apáticos, os europeus perderam para a Croácia na disputa pelo terceiro lugar por 2 a 1 (com Seedorf titular) e ficaram apenas na quarta posição.
Mundial e nova decepção na Itália
De volta ao Real Madrid, Seedorf continuou a exibir um futebol primoroso e eficiente e foi mais do que essencial na conquista do Mundial Interclubes de 1998. A equipe espanhola enfrentou o Vasco-BRA, campeão da Copa Libertadores daquele ano, e venceu por 2 a 1, com o segundo gol digno de moldura: Seedorf fez um lançamento magnífico para Raúl, este driblou dois zagueiros do Vasco e marcou um gol simplesmente sensacional. Na temporada 1998-1999, o craque seguiu como titular absoluto do Real, mas começaram a surgir rumores de sua transferência para um novo clube após problemas com a diretoria merengue e com a comissão técnica. Primeiro, o Real propôs à Juventus-ITA uma troca entre ele e Zidane, maestro da Velha Senhora e grande alvo dos espanhóis na época. O negócio não deu certo e Zidane só foi vestir o manto merengue em 2001. Foi então que, em dezembro de 1999, a Internazionale-ITA oficializou a contratação do holandês por quase 25 milhões de dólares.
Em Milão, Seedorf pensou que encontraria o sucesso que não teve na Sampdoria, mas outra vez sua passagem pelo futebol italiano foi ruim. A Inter não tinha time para brigar com os rivais e foi figurante no Campeonato Italiano. Salvo algumas boas partidas (como num clássico contra a Juventus, em março de 2002, quando o holandês marcou dois gols no empate em 2 a 2), Seedorf merecia estar em um clube mais forte e com um elenco que possibilitasse a ele disputar títulos como nos tempos de Ajax e Real Madrid. Depois de apenas dois anos na equipe nerazzurri, Seedorf entrou em uma negociação envolvendo Francesco Coco e foi jogar no Milan. Mal sabia o holandês que os tempos de penúria no Calciohaviam terminado.
Quanta mudança!
Bastou vestir a camisa vermelha e preta do Milan para Seedorf entrar na era mais vitoriosa e sublime de sua carreira. O craque se entendeu quase que instantaneamente com o técnico Carlo Ancelotti e virou uma das peças motrizes da trindade que dominaria as ações do meio de campo do clube rossonero por muitos anos: Gattuso-Pirlo-Seedorf. O trio se uniu a outras lendas como Maldini, Nesta, Dida, Shevchenko e Inzaghi e ajudou o Milan a faturar na temporada 2002-2003 a Copa da Itália e uma inesquecível Liga dos Campeões sobre a rival Juventus, mesmo com Seedorf tendo perdido seu pênalti na vitória rossonera por 3 a 2 após 0 a 0 no tempo normal. Aquela taça fez de Seedorf o primeiro (e até hoje único) jogador a conquistar o mais nobre troféu do futebol europeu por três clubes diferentes. No final do ano, porém, o jogador voltou a desperdiçar um pênalti e o Milan foi derrotado por 3 a 1 pelo Boca Juniors-ARG, após empate em 1 a 1 no tempo normal.
Na temporada 2003-2004, Seedorf foi campeão italiano e disputou 29 dos 34 jogos da campanha milanista. O holandês marcou três gols e passou a atuar de maneira mais incisiva no ataque, atuando muitas vezes como meia e elemento surpresa entre os zagueiros adversários. Além disso, seus chutes de longa distância eram perigosíssimos e uma grande arma do Milan tanto nos jogos do Campeonato Italiano quanto em partidas continentais.
Adeus à seleção
Os bons momentos de Seedorf no Milan contrastaram com o início do fim da passagem do craque pela Seleção Holandesa. Após disputar as Eurocopas de 2000 e 2004 (ambas sem sucesso), o meio-campista foi menosprezado pelo técnico Marco van Basten, que preferiu dar espaço a jovens promessas, e não foi convocado para a Copa do Mundo de 2006. As desavenças entre Seedorf e Van Basten culminaram na aposentadoria precoce do meia já em 2008, quando ele não quis participar da Eurocopa e se despediu da Seleção após disputar apenas 10 jogos entre 2006 e 2008, além de ter ficado dois anos sem vestir a camisa holandesa entre 2004 e 2006.
O auge
No final das contas, as não convocações de Seedorf foram ruins apenas para a Holanda e ótimas para o Milan. Motivo? Entre 2006 e 2008, o craque viveu momentos de pura arte e comandou o time italiano em mais uma conquista da Liga dos Campeões da UEFA, agora na temporada 2006-2007. Com a companhia assídua do brasileiro Kaká, Seedorf virou um segundo meia no esquema tático de Carlo Ancelotti e ganhou mais liberdade para atacar e ajudar o brasileiro na construção de inúmeras jogadas. A parceria teve o ápice exatamente na reta final da competição continental.
Nas quartas de final, contra o Bayern München-ALE, Seedorf marcou o primeiro gol da vitória italiana por 2 a 0 em plena Allianz Arena que colocou o Milan na semifinal. Nela, os italianos perderam a partida de ida para o Manchester United-ING (3 a 2), mas Seedorf e Kaká comandaram a virada no San Siro lotado e o Milan venceu por 3 a 0, com um gol de cada um e mais outro de Gilardino. Na decisão, vitória por 2 a 1 sobre o Liverpool-ING (dois gols de Inzaghi) e Europa pintada de vermelho e preto pela sétima vez na história.
Naquela temporada, Seedorf foi eleito o melhor meio-campista da Liga dos Campeões e um dos titulares do time dos sonhos da Europa. Para coroar um ano mágico, o craque ainda ajudou o Milan a conquistar o Mundial de Clubes da FIFA, em dezembro, no Japão. Na semifinal, Seedorf marcou o gol da vitória italiana por 1 a 0 sobre o Urawa Red Diamonds-JAP. Na final, nova atuação impecável no triunfo por 4 a 2 sobre o Boca Juniors-ARG.
Após a quarta taça continental e a segunda mundial, Seedorf seguiu no Milan, ganhou mais um Campeonato Italiano (em 2010-2011) e superou Nils Liedholm ao se tornar o atleta estrangeiro que mais vestiu a camisa do clube na história com 432 jogos. Após 10 anos de serviços prestados ao gigante italiano, Seedorf decidiu deixar Milão para pensar em uma vida mais tranquila ao lado da família. E foi ela a principal responsável pela escolha do último clube do craque na carreira.
A nova estrela de General Severiano
Seedorf é casado com uma brasileira natural do Rio de Janeiro e torcedora do Botafogo. Adivinhe onde o craque foi jogar em 2012? Claro que foi no clube da estrela solitária. Após uma longa e surpreendente negociação, o time alvinegro fez a alegria da torcida ao apresentar o craque multicampeão num aeroporto lotado e sob olhares ainda incrédulos diante da presença de uma estrela do futebol mundial em solo brasileiro. Poliglota, Seedorf esbanjou simpatia e educação em suas entrevistas e fez questão de falar um ótimo português com muito pouco sotaque. Acostumado aos padrões europeus, o craque nem ligou para as instalações e estádios simplórias do Brasil e mostrou que, mesmo com quase 37 anos, ainda tinha muita lenha para queimar.
O jogador virou rapidamente o grande maestro do meio de campo do clube alvinegro e fez grandes exibições no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2012. Mas foi em 2013 que ele virou a grande estrela do time do técnico Osvaldo de Oliveira. No Campeonato Carioca, Seedorf marcou seu primeiro hat-trick da carreira (na vitória por 3 a 1 sobre o Macaé) e ajudou o Botafogo a conquistar os dois turnos do Estadual e faturar a competição. No Brasileirão, o clube carioca deu mostras de que poderia brigar pelo título, mas faltou fôlego no returno e a equipe terminou na quarta posição, mas o suficiente para conseguir uma vaga na Copa Libertadores de 2014. Como não poderia deixar de ser, Seedorf venceu a “Bola de Prata” da revista Placar e entrou na seleção do Campeonato Brasileiro de 2013.
No tempo em que vestiu a camisa 10 do clube alvinegro, Seedorf se notabilizou pela liderança perante os companheiros, pelo carisma junto ao torcedor, pela forma física invejável e por se mostrar solidário aos problemas enfrentados pelos atletas brasileiros dentro e fora de campo. Além disso, o craque se dispôs a ajudar na “arrumação” do calendário esportivo que tanto prejudica clubes, torcedores e o espetáculo em si. Plantada a semente da mudança, o craque decidiu se aposentar em janeiro de 2014, para a tristeza da massa botafoguense que queria ver seu “Professor” disputando uma Libertadores.
Em busca do sucesso fora das quatro linhas
Depois de se retirar do futebol, Seedorf não demorou muito e voltou para a Itália como técnico do Milan, clube mais representativo em sua carreira. Ele não ficou muito tempo no cargo, mas espera ter, como treinador, o mesmo sucesso que teve nos tempos de jogador e manter sua sina de títulos importantes por clubes. Enquanto isso não acontece, as lembranças de seus dribles, seus chutes precisos, suas arrancadas, sua plena visão de jogo, seus lançamentos e sua marcação impecável permanecem frescas na memória dos amantes do bom futebol e daqueles que tiveram o privilégio de ver o craque em ação. Com uma quantidade absurda de grandes títulos conquistados, presença marcante em três esquadrões que entraram para a história do futebol e muito profissionalismo, Seedorf deixou sua marca como um craque único, incontestável e imortal.
Números de destaque:
Disputou 90 jogos e marcou 11 gols pelo Ajax.
Disputou 159 jogos e marcou 20 gols pelo Real Madrid.
Disputou 432 jogos e marcou 62 gols pelo Milan.
Disputou 81 jogos e marcou 24 gols pelo Botafogo.
Disputou 87 jogos e marcou 11 gols pela Seleção Holandesa.
Leia mais sobre grandes times que tiveram Seedorf como um dos destaques aqui no Imortais!
futebol interior
Nenhum comentário:
Postar um comentário