Nosso homenageado de hoje sofreu pela incompetência e descaso daqueles que se ocultam nos bastidores de seus gabinetes, abreviando ou mesmo ceifando, a carreira de verdadeiros talentos do mundo da bola.
Lula era uma das estrelas do Náutico naqueles anos sessenta, quando o Timbu mandou no futebol pernambucano (hexacampeão estadual de 1963 a 1968) e por muito pouco não mandou no futebol nacional.
O Náutico chegou ao honroso vice-campeonato da Taça Brasil de 1967, quando fez o forte Palmeiras suar lágrimas de verdadeiro sacrifício para ficar com a Taça.
Lula destrói as esperanças de gol do Palmeiras contra o Náutico. Crédito:robertoblogdo.blogspot.com.br.
Forte formação do Náutico nos dourados anos sessenta: Gernan, Zequinha, Salomão, Lula, Clóvis e Coronel. Agachados: Nado, Bita, China, Ivan Brondi e Rinaldo. Crédito: nauticonet.com.br.
O time era tão bom que seus craques ficaram conhecidos como “Os Intocáveis”. E não era para menos. Jogadores como Gernan, Salomão, Coronel, Bita, Lalá, Elói, Nado e Rinaldo formaram a melhor safra da história do clube dos Aflitos.
Como todo grande time começa por um grande goleiro, aquela fase de ouro do Timbu se deve muito aos milagres do goleiro que passou a ser conhecido mais tarde como “Lula Monstrinho”.
Lula começando a carreira no CSA de Alagoas. Crédito: site do Milton Neves.
Lula com a camisa do Náutico. Crédito: site do Milton Neves.
Luís dos Santos Costa nasceu em Maceió (AL), no dia 16 de janeiro de 1942. No final dos anos cinqüenta, suas defesas milagrosas já eram conhecidas jogando pelo modesto time alagoano do Ourícuri.
Contratado pelo CSA (Centro Sportivo Alagoano) em 1960, Lula não chegou a esquentar os panos e no final de 1961 já estava com tudo acertado para sua transferência junto ao Náutico.
Lula Monstrinho salta contra o Sport em 1964. Crédito:robertoblogdo.blogspot.com.br.
Lula e Valdir Joaquim de Moraes.
Lula escreveu capítulos de glória quando segurou os dois grandes times de Minas Gerais durante a disputa da Taça Brasil de 1967. O Cruzeiro, que havia surpreendido o poderoso Santos em 1966, não contava com as atuações espetaculares do goleiro alagoano.
A performance do jovem guarda metas logo chamou a atenção das grandes equipes do eixo Rio São Paulo e dessa forma o Corinthians foi buscá-lo em 1968.
Crédito: revista Placar – 26 de março de 1971.
Crédito: revista Placar – 26 de março de 1971.
Lula chegou ao Parque São Jorge com status de um dos melhores goleiros do país, tanto que chegou a defender o Brasil nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970.
Mas algumas contusões pontuais foram determinantes em sua trajetória e Lula não foi para o México. Na verdade, em depoimento para a revista Placar, Lula disse que a única notícia que teve sobre sua dispensa da seleção foi através dos jornais da época.
Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Lula em partida contra o Botafogo no inacabado Estádio do Morumbi em 1968. Crédito: revista do Esporte N. 508.
Defendendo o Corinthians, Lula realizou ótimas partidas e também tinha tudo para dar certo. Com a camisa alvinegra entre 1968 e 1970, ele fez 59 partidas e sofreu 60 gols (números do “Almanaque do Corinthians”, de Celso Unzelte).
Com a ascensão do gaúcho Diogo e a chegada do jovem catarinense Ado, Lula não conseguiu mais reencontrar seu caminho no time mosqueteiro. Começou então a verdadeira novela pelos direitos federativos do goleiro envolvendo o Náutico e o Sport Recife.
Em fins de 1969, os clubes pernambucanos travaram uma verdadeira disputa pelo passe do goleiro da Seleção Brasileira. O Náutico alegava possuir um documento assinado por Idel Aronis, diretor de futebol do Corinthians, cedendo Lula por empréstimo.
Corinthians 1969. Em pé: Ditão, Luís Carlos, Dirceu Alves, Pedro Rodrigues, Lidu e Lula. Agachados: Paulo Borges, Tales, Benê, Rivellino e Eduardo.
Crédito: revista Veja.
O Sport Recife por sua vez, dizia ter em mãos um documento assinado pelo mesmo diretor, fixando o passe de Lula em 370.000 cruzeiros em troca do ponta de lança Duda.
O Corinthians, no entanto, não reconhecia os documentos acima mencionados e dessa forma Lula seguia treinando enquanto a pendência jurídica não era resolvida.
Crédito: robertoblogdo.blogspot.com.br.
Finalmente, em 1970, o goleiro deixou a cidade de São Paulo (com o passe ainda preso ao Corinthians) e foi defender o Sport Recife, graças as manobras do Diretor rubro-negro Rubem Moreira junto a federação pernambucana e a então C.B.D.
Lula jogou pelo Sport Recife e depois retornou ao Náutico para disputar a temporada de 1972. Decepcionado com os rumos de sua carreira, Lula deixou o futebol profissional e raramente voltou para debaixo das traves, mesmo nos encontros entre amigos.
* Não tenho registros se Lula defendeu outras equipes no futebol nordestino ou ainda se encerrou a carreira após retornar ao Náutico.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Franklin Campos), revista do Esporte, revista Veja, site do Milton Neves,nauticonet.com.br, robertoblogdo.blogspot.com.br,campeoesdofutebol.com.br, scratchcorinthiano.blogspot.com.br,albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Nenhum comentário:
Postar um comentário