terça-feira, 29 de março de 2016

Opinião dos blogueiros

Resultado de imagem para flag brasil




por Ledio Carmona


Luis Suárez contém Neymar Brasil x UruguaiNāo vou entrar no mérito sobre a presença de Dunga como treinador da Seleçāo Brasileira. Tenho a mesma opiniāo da maioria, mas a realidade é essa, a discussāo beira o anacronismo e duvido que algo seja alterado até a Copa da Rússia. O que me incomoda muito mais no futebol nacional - e aí se incluem 80% (ou mais) dos treinadores, inclusive Dunga -, é a falta de poder de reaçāo (estratégica) quando o adversário nos surpreende, anula nossas jogadas e nos confina nas cordas.

Nessas ocasiōes, raramente vem o contra-golpe. A capacidade de responder com um movimento preciso das peças no tabuleiro poucas vezes é percebida. Quando acuados, simplesmente os clubes brasileiros (raras sāo as exceçōes) e a Seleçāo ficam atônitos, surtados e correm atrás do rival de forma estabanada e pouco prática, ou como queiram, inteligente. O bloqueio foi novamente testemunhado ontem, no Recife, durante o segundo tempo pertubador do ótimo Brasil 2 x 2 Uruguai.

Do meio para a frente, o domínio do Brasil foi absoluto. A partir de Renato Augusto, a Seleçāo jogava com fluência. Willian, Neymar e Douglas Costa partiam para cima, trocavam passes, trocavam de posiçāo e enlouqueciam uma improvisada e lenta retaguarda uruguaia.

Douglas Costa fez o primeiro antes do primeiro minuto. Renato Augusto, o segundo, depois de entortar Muslera com belo drible. Poderiam ter saído mais gols. A linha ofensiva, de fato, jogava muito bem. Mas quem marcou foi Cavani, numa dupla falha de Filipe Luiz e David Luiz. Esse gol começou a escancarar os furos da defesa de Dunga e, a reboque, o descontrole do time.

No intervalo, Tabarez acertou o setor defensivo. E equilibrou o meio com a entrada de Alvaro Gonzalez no lugar de Cebola Rodríguez. O Brasil nāo encontrou mais espaços e nāo soube mais como achá-los. O ataque nāo recebeu mais bolas e também nāo se reinventou em pleno jogo. A defesa errou muito, com destaque para a atuaçāo desastrosa (mais uma) de David Luiz. Falhou no gol de empate de Suárez (bom demais) e, de tāo perdido, fez com que o sempre regular Miranda também errasse junto. Um desastre.

O Brasil foi melhor no primeiro tempo. O Uruguai atropelou no segundo. Mas, de novo, ficou provado que o futebol brasileiro sofre para alterar seu plano de açāo em pleno vôo. Se tudo sai dentro do planejado, normalmente leva vantagem. Se o adversário apresenta uma contra-indicaçāo, a falência de ideias e de açōes em campo se manifesta e envolve a todos. Foi assim nos últimos fracassos do Brasil. Melhor nāo recordar.


No fim da contas, ficou o bom presságio de que temos soluçōes ofensivas. Renato Augusto e Lucas Lima podem ajudar na criaçāo. Mas o atraso de proposta de jogo fica explícito quando Luiz Gustavo se limita a marcar e desarmar, enquanto Fernandinho evoluiu muito pouco nas açōes em todo campo para quem joga há anos na exigente Premier League. Quanto a David Luiz, qual é a novidade?



O limite entre o normal e o inaceitável no futebol


O Brasil empatou contra o Uruguai na sexta-feira à noite e as críticas à seleção por não ter um time confiável voltaram. Sempre voltam. O Palmeiras perdeu por  4 x 1 para o Água Santa e seguiu sua sina de sofrer uma goleada por ano. É quase uma sina. Voltando ano a ano para trás, o Palmeiras caiu para a Chapecoense por 5 x 1 ano passado, por 6 x 0 para o Goiás em 2014, 6 x 2 do Mirassol em 2013, 6 x 0 do Coritiba em 2011, 4 x 1 do São Caetano em 2010, 5 x 2 do Flamengo em 2008, 5 x 0 do Cruzeiro em 2007…
Sofrer uma goleada por ano é normal… mas inaceitável.
Empatar por 2 x 2 para o Uruguai é normal… e apenas isso. Por mais que se discuta por qual razão o Brasil fez bons trinta minutos e foi inferior ao rival a partir daí, há um respeito pela camisa celeste que explica um empate em casa.
A dificuldade do jogo contra o Paraguai passa por isso. O Brasil jogou em Assunção 19 vezes contra a seleção paraguaia. Venceu onze, empatou quatro e perdeu quatro. Mas sete destas vitórias aconteceram antes do primeiro triunfo paraguaio, em 1968.
De  lá para cá, são 4 vitórias do Brasil, 3 empates e quatro vitórias do Paraguai. Não vencer no Defensores del Chaco é normal. O país nunca aceitou isso, mas é o resultado natural também para Argentina e Uruguai, de histórica dificuldade em Assunção — a Argentina perdeu onze vezes lá.
Empatar em Assunção é normal. Perder não é absurdo, dado o retrospecto. Ficar fora do grupo dos classificados ao final da sexta rodada, é inaceitável. Só aconteceu uma vez, ao final da terceira rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994. Por isso, não é de se considerar normal.
Para evitar o inaceitável, a seleção tem de conseguir um resultado que não existiu nos últimos trinta anos — vencer no Defensores del Chaco.
pvc

Ciúme de Del Nero com ex-namorada rende 27 mil e-mails à CPI do Futebol


A equipe de investigação da CPI do Futebol no Senado está analisando mais de 27 mil mensagens de e-mail do presidente licensiado da CBF, Marco Polo Del Nero. Algumas dessas mensagens já vieram a público na sessão da semana passada. Outras devem ser reveladas para ajudar na investigação e nos trabalhos da comissão.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) revelou, por exemplo, um e-mail entre Gustavo Feijó, vice-presidente da CBF para o Nordeste, e Marco Polo no qual pede que se cumpra um acordo entre a entidade e sua campanha para prefeito de Boca da Mata, Alagoas, em 2012. O cartola afirmou em mensagem que recebera R$ 300 mil e faltavam outros R$ 300 mil a receber, conforme o que havia sido combinado com Ricardo Teixeira, que renunciou à presidência da CBF em março de 2012.
Os e-mails estão em poder da Justiça desde 2012, quando Marco Polo foi alvo da “Operação Durkheim”, da Polícia Federal, que apurava a atuação de um grupo especializado na quebra ilegal de sigilo telefônico, bancário e fiscal.
Marco Polo teve computadores pessoais apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal. Relatou que contratou serviços de detetives para “vigiar'' a então namorada, a apresentadora de televisão Carolina Galan, hoje alvo de investigações da CPI do Futebol. Del Nero também esclareceu que o caso não tinha ligação com sua atividade na FPF (Federação Paulista de Futebol), do qual foi presidente de 2003 a 2012, e não foi indiciado.
Esta apuração recolheu o laptop pessoal de Marco Polo e nele estava sua caixa e e-mail com as mais de 27 mil mensagens. Muitas das quais possuem informações novas para a CPI do Futebol.
Por exemplo: embora tenha negado em depoimento no Senado que não possuía conta bancária no exterior, foi encontrado uma troca de e-mail com o filho do cartola pedindo que procurasse determinada agência do banco HSBC nos Estados Unidos e falasse com uma gerente específica para tratar de uma transação financeira para a família Del Nero.
Na semana passada, o Blog do Juca, no UOL Esporte, revelou com exclusividade um email de Marco Polo para Valcke pedindo, entre outras coisas, que o governo não tivesse assento no Comitê Organizador da Copa do Mundo Fifa-2014.
Esses e-mails só se tornaram público graças à tentativa da Bancada da CBF na CPI tentar barrar as investigações. Dos 17 senadores membros da comissão, apenas cinco haviam feito registro no sistema de informação para ter acesso aos trabalhos da apuração da equipe.
Por isso, Randolfe Rodrigues quer convocar novamente Del Nero para depor à CPI e, desta feita já com a acusação de falsidade testemunhal, conforme afirmou na sessão da quarta-feira passada.
Daniel Brito

TV virou refém do sistema que ela própria criou


Quando o Clube dos 13 foi implodido, há questão de cinco anos, um dos principais articuladores da mudança do sistema de pagamento aos clubes pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro foi Marcelo Campos Pinto, então diretor de esportes da Globo.
Hábil negociador, Campos Pinto sabia que, naquele momento, a implosão do sistema de negociação individual dos clubes era bom para ele e para a emissora que trabalhava.
A situação, naquela época, era a seguinte. O Clube dos 13, pela primeira vez na história, havia criado um modelo de venda de direitos muito similar ao que acontece na NFL, a liga que mais fatura em direitos de transmissão no mundo. Em vez de buscar as emissoras para transmitir com exclusividade a competição, a NFL entrega jogos exclusivos para todas elas.
A lógica de mercado é simples. Em vez de ganhar muito de uma fonte só, a liga espalha entre diversas empresas seus diferentes produtos, criando valores distintos para cada um deles. O modelo, que começou lá nos anos 70 a ser implementado pelos americanos, beneficiou-se de um mercado aquecido de direitos de mídia. Hoje, por ano, a NFL ganha quase US$ 8 bilhões. As emissoras disputam, com valores estratosféricos, direitos sobre uma conferência, sobre o jogo do domingo à tarde, da segunda-feira à noite, da quinta-feira, do sábado, etc.
O Clube dos 13 estava, há cinco anos, tentando ainda de forma embrionária buscar esse modelo. Como havia uma disputa mais acirrada na TV aberta (Record e Rede TV! sinalizavam interesse em participar da concorrência), a ideia era os clubes faturarem mais da TV, mesmo que no final das contas terminasse com uma única empresa ganhando a disputa.
O que aconteceu, porém, foi um embate gigantesco por poder político entre um grupo liderado por Kleber Leite e Andrés Sanchez, tendo como mentor e incentivador Ricardo Teixeira, e o outro pelos líderes do Clube dos 13, então personificados em Fábio Koff e Ataíde Gil Guerreiro.
Guerreiro era o maior articulador do novo modelo de negociação da TV. A ideia era de realizar concorrência a cada três anos, abrindo cada vez mais espaço para jogos exclusivos para quem se interessasse pelos direitos. Além disso, ele traria para os clubes a geração de imagem das partidas, conceito que é premissa básica em qualquer evento, mas que ainda está muito, mas muito distante, de ser implementado no Brasil, que ainda tem na Globo não só a detentora dos direitos de transmissão, mas também a responsável por gerar as imagens.
Em meio a essa ideia, veio a briga pelo poder. Sem vencer as eleições, o grupo Teixeira-Leite-Sanchez decidiu, então, implodir o contrato de televisão. Puxados pelo Corinthians, os clubes sondaram Campos Pinto para a negociação individual.
Para a Globo, o negócio, naquele momento, era vantajoso.
O contrato individual acabaria com o projeto de trazer mais para a mão do C13 o controle sobre a distribuição das imagens do Brasileirão e, logicamente, a divisão por diferentes emissoras da transmissão do campeonato.
Agora, cinco anos depois, o feitiço começa a virar contra o feiticeiro. O que teoricamente Campos Pinto deixou como legado para a emissora hoje é um Frankstein. Exatamente pelo fato de cada clube negociar individualmente seus contratos que houve brecha para que o Esporte Interativo iniciasse as conversas para comprar os direitos do Brasileirão na TV paga com alguns clubes.
Hoje, com a negociação na base do “cada um por si'', quem quer comprar tem um trabalho 20 vezes maior, pelo menos, para adquirir os direitos de transmissão. Em vez de sentar com um único interlocutor e conseguir um acordo pela principal competição do país, é preciso ir a cada clube e conversar individualmente com eles. Isso deixa o processo muito mais demorado e, mais do que isso, incerto.
É só ver a bagunça em que se transformou a negociação dos direitos do Brasileirão na TV paga para o período 2019-2024. Se o formato de disputa não se alterar, o torneio terá 20 clubes, mas Globosat e Esporte Interativo já fecharam acordo com pelo menos 30 agremiações.
No final das contas, a TV virou refém do próprio sistema que ela ajudou a criar. E, ao que tudo indica, pelo menos até 2024 não há previsão de que os clubes se organizem para voltar à negociação coletiva dos direitos.
Erich Beting


Uefa Pro, o nível máximo de formação dos técnicos na Europa. Agora, no Arruda


Diploma de Milton Mendes com o ais alto nível do curso da Uefa. Crédito: Milton Mendes/Arquivo pessoal

Santa Cruz anunciou Milton Mendes como técnico para a Série A de 2016. Com um bom trabalho no Atlético-PR, o seu perfil apresenta uma formação teórica acima da média dos treinadores do país, com a realização de todos os cursos possíveis na Uefa, onde chegou ao quarto nível, com o diploma Uefa Pro, em 2009 (foto abaixo). Hoje, o documento é uma exigência para trabalhar profissionalmente na Europa. Desde 2010 a entidade exige a licença máxima nas cinco principais ligas nacionais (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França). Em outros campeonatos tradicionais, basta o “nível A”.
Na Premier League, até nomes tarimbados tiveram que cumprir a determinação, como Alex Ferguson, Arsene Wenger, Sven-Goran Eriksson e Rafa Benitez. Segundo a FA, a federação inglesa, o “curso é designado para preparar gestores e técnicos para o trabalho no nível máximo”, com 240 horas de duração, com 90 horas de aulas práticas, incluindo questões técnicas e visitas a clubes e, em algumas ocasiões, estágios com treinadores renomados (e já licenciados). Em todos os casos, o Uefa Pro precisa ser renovado a cada três anos.
Uma reportagem da BBC, de Londres, da época da formação de Milton Mendes, aponta os 16 tópicos de estudos para os treinadores. Ao todo, existem quatro níveis junto à união europeia de futebol. No caso de Mendes, a inscrição ocorreu através da federação portuguesa. O primeiro módulo, o maior, dura oito meses, com teorias para melhorar estratégias táticas, o ambiente do elenco e a forma de se comunicar, extrair o potencial do principal jogador do time etc.
Influência sobre atletas profissionais
Estilos de jogo
Análise dos principais pontos do jogo
Preparação mental
Medicina esportiva
Treinamentos especializados
Relação entre jogo e treino
Aptidão e condicionamento físico
Meios de comunicação e tecnologia
Ética e código de conduta
Gestão de negócios
Estrutura do clube
Contratos e agentes
Planejamento de descanso e regenerativo
Visitas de estudo
Trabalho prático e resolução de problemas
A formação de Milton Mendes, intercalada por trabalhos em times portugueses da 2ª e 1ª divisões e equipes catarianas, durou quase uma década. Foi finalizada com a pós-graduação em 2012, já voltada aos “profissionais de elite”.
2002 – 1º nível (Uefa)
2003 – 2º nível (Basic Uefa)
2008 – 3º nível (Uefa A)
2009 – 4º nível (Uefa Pro) 
CBF também realiza um curso de técnicos, dividido em cinco níveis. À parte da pós-graduação, o nível profissional é voltado para ex-jogadores e treinadores com a licença B. As aulas práticas são realizadas na Granja Comary, em Teresópolis. Neste cenários, eis as disciplinas: preparação física e fisiologia do futebol profissional; psicologia do esporte no futebol profissional; treinamento de campo no futebol profissional; prática e análise do treinamento de campo; legislação esportiva aplicada III; e medicina esportiva no futebol profissional.
Pro – Excelência (370 horas)
A – Futebol profissional (250 horas)
B – Categoria de base (185 horas)
C – Escolinha (140 horas)
D – Projetos sociais
Curso de treinadores de Milton Mendes em 2009. Crédito: Milton Mendes/arquivo pessoal

Por Cassio Zirpoli


Nenhum comentário:

Postar um comentário