Preparador físico do Timão na queda em 2007, o agora badalado treinador do Sport esteve na mira da diretoria antes da volta de Tite. Agora, tenta atrapalhar o Alvinegro
É bem provável que um filme passe pela cabeça de Eduardo Baptista nesta semana. Um dos técnicos mais elogiados da nova geração graças à ótima campanha do Sport no Campeonato Brasileiro, ele terá pela frente na próxima rodada um clube que conhece bem. Oito anos depois de ser rebaixado com o Corinthians para a Série B, o ex-preparador físico tenta frear em Itaquera a equipe que chegou a cogitar contratá-lo antes da volta de Tite.
O nome entrou em pauta no Timão enquanto o grupo político de Andrés Sanchez buscava alternativa para o lugar de Mano Menezes. O ex-presidente e hoje deputado federal (PT-SP) não estava convencido de que o retorno de Tite seria a melhor alternativa. O dirigente se animou com as informações que recebeu sobre o trabalho de Eduardo, com quem conviveu rapidamente quando ele foi preparador físico do clube em 2007, com o pai Nelsinho Baptista.
A ideia só não avançou graças à disponibilidade de Tite no mercado. Após recusar a proposta feita pelo Internacional, o treinador campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes manifestou a Roberto de Andrade, presidente eleito em fevereiro, que aceitaria regressar até com um salário inferior. Andrés, que também pensara em Oswaldo de Oliveira para a vaga, acabou sendo voto vencido.
– Eu sou treinador há um ano e meio e tenho 20 anos de carreira no futebol. Receber um elogio de uma pessoa do quilate do Andrés é importante, me faz estudar mais, para um dia receber uma oferta. Por que não? Fico contente, mas ciente de que preciso evoluir sempre – afirmou Eduardo Baptista, de 45 anos.
O treinador conhece bem o mundo alvinegro. Em setembro de 2007, Eduardo, como preparador físico, e o pai, como técnico, desembarcaram no Parque São Jorge como bombeiros e milagreiros. A missão não era simples. O Corinthians fazia uma terrível campanha no Brasileirão e tinha um time de dar calafrios na torcida.
A meta era bem diferente do atual momento do Corinthians, de brigar por títulos ou pelo menos uma vaga na Libertadores de 2016. Sem poder de reação e mergulhado em uma crise política que culminou na queda do presidente Alberto Dualib, o Timão foi rebaixado pela primeira vez em sua história, no dia 2 de dezembro, ao empatar por 1 a 1 com o Grêmio, no estádio Olímpico. Nelsinho não resistiu e acabou demitido poucos dias depois.
– Pegamos um time que vivia uma crise interna muito grande. O Nelsinho fez um trabalho excepcional de reação. A equipe não vinha bem fisicamente, conseguimos dar todas as condições, mas o tempo era curto. Não conseguimos o sucesso necessário – recordou Eduardo.
Quis o futebol que a resposta da família Baptista fosse justamente em cima do Corinthians, comandado por Mano Menezes e em meio à construção da equipe que, mais tarde, serie campeã da Série B. Cinco meses depois do rebaixamento em São Paulo, pai e filho levaram o Sport à conquista de um de seus títulos mais importantes. Após perder por 3 a 1, no Morumbi, o Leão fez 2 a 0, na Ilha do Retiro, e levantou a taça da Copa do Brasil pela primeira vez.
– O futebol é rápido. Caímos com o Corinthians e, logo depois, estávamos sendo campeões em cima dele. Quando você cair, tem de ser em pé. E do mesmo jeito que, quando estiver em pé, precisa deixar os pés bem no chão para não ser surpreendido. São lições que tomamos – disse.
Com passado corintiano e um trabalho que agrada aos dirigentes alvinegros, Eduardo Baptista tem nesta quarta-feira, a partir das 22h, em Itaquera, a chance de atrapalhar a vida de Tite na briga pela liderança do Brasileirão. O Timão é vice-líder, com 34 pontos, apenas quatro acima do Sport, quinto colocado. O radar corintiano está ligado, para o futuro.
– Se contarmos desde o ano passado, são 24 jogos e apenas uma derrota (para o Atlético-MG) do Sport no Brasileiro. O Corinthians é um clube pelo qual sempre tive admiração. Trabalhar lá foi importante, mesmo em um momento ruim. Você cresce e ganha projeção. Poder enfrentá-lo também é bom.
globo.com
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