PALMEIRAS 1959-1969
Grandes feitos: Bicampeão da Taça Brasil (1960 e 1967), Bicampeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), Campeão do Torneio Rio-SP (1965) e Tricampeão Paulista (1959, 1963 e 1966).
Time base: Valdir de Moraes (Picasso / Leão); Djalma Santos, Djalma Dias (Baldocchi), Valdemar Carabina (Minuca) e Ferrari (Geraldo Scotto); Dudu (Zequinha) e Ademir da Guia; Julinho Botelho (Gildo / Germano), Servílio (Chinesinho / César Maluco), Tupãzinho (Vavá / Ademar Pantera) e Rinaldo (Romeiro / Ênio Andrade). Técnicos: Osvaldo Brandão (1959-1960), Geninho (1962-1963), Mário Travaglini (1963, 1964, 1965-1966 e 1967-1968), Sílvio Pirillo (1963-1964), Filpo Núñez (1964-1965 e 1968-1969), Fleitas Solich (1966), Aymoré Moreira (1967), González (1968) e Rubens Minelli (1969).
“Ensinando a jogar bola – parte 1”
“Terás categoria na hora de sair jogando desde o campo de defesa. Saberás construir jogadas ofensivas de qualquer lado do campo e passando a bola de pé em pé. Não temerás rival algum, mesmo que ele seja o mais temível de todos os rivais. Marcarás gols em profusão. Driblarás zagueiros adversários sem dó. Conquistarás títulos históricos. Depois de tudo isso, terás seu nome marcado para sempre como sinônimo de futebol bem jogado, impecável e acadêmico. Serás uma Academia de Futebol. E lecionarás para a eternidade”.
Esse hipotético lema bem que poderia ser uma das máximas de um dos maiores times de toda a história do futebol brasileiro: o Palmeiras dos anos 60, uma equipe tão exuberante e tão forte que ganhou o singelo apelido de Academia pelo fato de ensinar a todos os que a assistiam como se jogar futebol. Com quase uma dezena de técnicos em 10 anos, mas um time base que conseguiu jogar junto por muito tempo, o Verdão fez história por ser um dos únicos (senão o único) times do Brasil a conseguir jogar de igual para igual contra o maior time daqueles tempos: o Santos de Pelé. Os alvinegros não conseguiram ganhar todos os Campeonatos Paulistas dos anos 60 por causa da Academia. E eles também não emendaram mais títulos nacionais na Taça Brasil e no Torneio Roberto Gomes Pedrosa por causa de Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Zequinha, Dudu, Ademir da Guia, Julinho, Vavá, Servílio e outros craques que desfilaram suas virtudes pelos mais variados gramados do país. E pensar que aquilo era só o começo. Nos anos 70, o Palmeiras ousou em montar uma segunda Academia, como o Imortais já relembrou aqui. É hora de viajar no tempo e conhecer todas as façanhas de um Palmeiras imortal.
Prévia dos anos dourados
Desde a famosa conquista da Copa Rio de 1951 que o Palmeiras não sabia o que era gritar “é campeão” naquele ano de 1959. O time teve que ver os rivais Corinthians, Santos e São Paulo se revezarem na galeria de campeões entre 1951 e 1958, algo que deixou os alviverdes bem bravos. No entanto, tudo começou a mudar exatamente em 1959. Sob o comando de Oswaldo Brandão, um dos maiores técnicos do futebol brasileiro em todos os tempos, o Palmeiras começou a montar um time capaz de brigar por títulos e retomar a coroa no estado. Com a venda de José Altafini para o Milan-ITA, a equipe conseguiu o dinheiro necessário para ir às compras e trazer para o Palestra Itália jogadores como Ênio Andrade (isso mesmo, o que viraria técnico), Zequinha e Valdir de Morais, além de repatriar o craque Julinho Botelho, que havia feito história na Portuguesa da metade dos anos 50 e na Fiorentina-ITA. Com ótimos jogadores contratados e uma boa base formada por Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina, Scotto e Chinesinho, o time fez um campeonato estadual brilhante e terminou empatado em número de pontos com o Santos (67 a 67). Com isso, os times disputaram uma final “melhor de quatro pontos” (e com os jogos disputados no Pacaembu) para ver quem ficaria com a taça.
No primeiro jogo, no Pacaembu, empate em 1 a 1, com Zequinha marcando para o Palmeiras e um já famoso Pelé para o Santos, que começava a mostrar a força de seu esquadrão com Dalmo, Zito, Dorval, Coutinho e Pepe. Na partida seguinte, mais um empate, dessa vez em 2 a 2 (Getúlio, contra, e Chinesinho fizeram para o Verdão). O terceiro jogo foi decisivo e mostrou a força do esquadrão alviverde. A equipe dominou grande parte da partida, não se abateu com o gol de Pelé aos 14´do primeiro tempo e virou o jogo para 2 a 1 com Julinho, aos 43´, e Romeiro, aos 3´do 2º. Depois disso, os alviverdes ainda chutaram duas bolas na trave do Santos e não sofreram mais sustos. O placar deu o “supertítulo” Paulista de 1959 ao Palmeiras, que celebrava uma conquista depois de nove anos. E em cima do já grande Santos de Pelé. Ali, começaria uma nova era no Palestra Itália: a era acadêmica.
Debute no Brasil
Após a conquista do estadual de 1959, o Palmeiras teria que esperar até 1963 para voltar a reinar no estado por causa do Santos, que faturaria o tricampeonato entre 1960 e 1962. Com isso, as atenções do time se voltaram para a Taça Brasil, principal competição nacional na época. Após as fases iniciais, o Verdão estreou na competição já nas semifinais, onde encarou o Fluminense. No primeiro jogo, no Pacaembu, o empate sem gols levou a decisão da vaga para o Maracanã e o Palmeiras conseguiu a vitória graças a um gol de Humberto aos 44´do segundo tempo. Na decisão, os alviverdes enfrentaram o Fortaleza e não tomaram conhecimento dos tricolores. Na ida, no Ceará, vitória paulista por 3 a 1 (dois gols de Romeiro e um de Humberto). Na volta, no Pacaembu tomado por 40 mil pessoas, um baile verde: 8 a 2, com dois gols de Chinesinho, dois de Cruz, um de Humberto, um de Zequinha, um de Romeiro e um de Julinho Botelho. O Palmeiras conquistava pela primeira vez em sua história um título nacional e, de quebra, se tornava o primeiro clube paulista a obter tal façanha. A taça deu ao time o direito de disputar a Copa Libertadores da América de 1961.
Aurinegros acabam com sonho americano
Na Libertadores de 1961, o Palmeiras estreou contra os argentinos do Independiente e conseguiu duas vitórias incontestáveis: 2 a 0 na Argentina (gols de Gildo e Zequinha) e 1 a 0 no Brasil (gol de Scotto). Na semifinal, a equipe viajou até a Colômbia para encarar o Independiente Santa Fé e arrancou um empate em 2 a 2 (gols de Gildo e Chinesinho). Na volta, a goleada por 4 a 1 (dois gols de Romeiro, um de Humberto e outro de Gildo) colocaram os alviverdes na final. Na decisão, porém, a Academia não conseguiu superar o super time do Peñarol-URU de Maidana, Cubilla, Spencer, Sasía e Joya, que venceu o primeiro duelo, em Montevidéu, por 1 a 0 e empatou em São Paulo em 1 a 1. Era hora de se reerguer em busca de novas conquistas.
A chegada do Divino e a Academia Brasil
A partir de 1963, o Palmeiras reforçaria ainda mais o status de Academia com a titularidade de um jovem e talentoso meio-campista: Ademir da Guia. Depois de esquentar o banco diversas vezes, Ademir conseguiu se firmar em 1963, ano em que o Palmeiras impediu o tetracampeonato paulista do Santos de Pelé e faturou o torneio estadual com uma certa folga no segundo turno da competição. O caneco veio após uma vitória de 3 a 0 sobre o Noroeste. Ademir mostraria com o passar do tempo suas qualidades e virtudes como visão de jogo, cadência, calma, técnica e a falsa lentidão que o acompanharia por toda carreira. De passadas largas, o jogador era avesso às corridas exacerbadas. Preferia ir ao seu ritmo, dominando a bola com uma presteza sem igual.
Em 1964, o Palmeiras voltou a fazer dinheiro vendendo mais um craque (Vavá) e utilizou a quantia para trazer, entre outros, um jogador da Ferroviária para reforçar o meio de campo e dar mais pegada e combate: Dudu. Era a peça que faltava para a Academia se consagrar definitivamente e Ademir encontrar seu tão sonhado parceiro. Com Dudu, o Divino poderia armar mais jogadas, ter liberdade para atacar e ficar mais solto no 4-2-4 do alviverde na época. A parceria seria uma das mais longas da história do futebol brasileiro: 13 anos e muitas taças para a coleção. Um completava o outro e um dava a cobertura para o outro. Se o Santos tinha Pelé e Coutinho, o Palmeiras tinha Ademir e Dudu.
Depois de uma temporada sem títulos, em 1965 o Palmeiras teve suas primeiras grandes exibições pelo Brasil. A mais importante delas, sem dúvida, foi quando o time alviverde vestiu a camisa amarela do Brasil para um jogo amistoso contra o Uruguai, em 7 de setembro, na festa de inauguração do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG). A “Academia Brasil” venceu a Celeste por 3 a 0 com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano, uma vitória que encheu de orgulho todos os torcedores alviverdes e permanece viva até hoje. A apoteose foi apenas uma das muitas protagonizadas pela equipe naquele ano. No Torneio Rio-SP, o Palmeiras venceu com sobras massacrando os rivais. O time derrotou o Vasco por 4 a 1, no Maracanã; o time reserva do Santos por 7 a 1, o Flamengo por 4 a 1 e o Botafogo por 5 a 3, ambos no Maracanã; o São Paulo por 5 a 0 e o Botafogo por 3 a 0, no Pacaembu. Como foi campeão dos dois turnos, o time alviverde conquistou o torneio daquele ano sem necessitar de uma final, com 12 vitórias, três empates e apenas uma derrota em 16 jogos, com 49 gols marcados e 20 sofridos. Graças às atuações de gala no Maracanã, o Palmeiras fez o estádio carioca ganhar o apelido de “Recreio dos Periquitos”, em alusão a mascote do alviverde.
Enxurrada de títulos
Entre 1966 e 1969, o Palmeiras iniciou uma coleção invejável de títulos que o fez um dos times mais copeiros do país. Primeiro veio o Campeonato Paulista de 1966, que interrompeu mais uma sequência do Santos de Pelé. O jogo do título foi uma goleada de 5 a 1 pra cima do Comercial. Em 1967, o Verdão deu show em âmbito nacional com duas taças conquistadas. No Torneio Roberto Gomes Pedrosa, espécie de Brasileiro da época, o Palmeiras ficou na liderança de seu grupo na primeira fase com sete vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas em 14 jogos, com 31 gols marcados e 21 sofridos. Na fase final, a equipe disputou seis jogos e não perdeu nenhum: venceu o Internacional, fora, por 2 a 1, o rival Corinthians, em casa, por 1 a 0 e o Grêmio, em casa, por 2 a 1. Nos outros três jogos, empates contra Corinthians (2 a 2, fora), Grêmio (1 a 1, fora) e Internacional (0 a 0, em casa).
No segundo semestre, foi a vez da conquista da Taça Brasil, quando o time passou pelo Grêmio na semifinal e encarou o Náutico na final. No primeiro jogo, vitória alviverde por 3 a 1 na Ilha do Retiro (gols de César Maluco, Zequinha e Lula). Na volta, derrota inesperada por 2 a 1. Na partida desempate, no Maracanã, César Maluco e Ademir da Guia fizeram os gols da vitória por 2 a 0 e do segundo título nacional do clube em apenas um ano.
Em 1968, o Palmeiras disputou mais uma vez a Copa Libertadores da América. Depois de jogos complicados, catimba e muita pressão, o time chegou à final. Mas o adversário seria o temido Estudiantes-ARG de Verón. No primeiro jogo, em La Plata, a equipe argentina apostou na força de sua torcida e de seu conjunto e venceu por 2 a 1, gols de Verón e Eduardo Flores. Na volta, no Pacaembu, o Palmeiras fez 3 a 1 e forçou a terceira partida. Em campo neutro, no estádio Centenário, em Montevidéu (URU), o Estudiantes liquidou os brasileiros com um gol em cada tempo: Ribaudo, aos 13´, e Verón, aos 82´. O desgaste na Libertadores custou ao clube alviverde o título do Campeonato Paulista, que ficou outra vez com o Santos.
Passeios internacionais e a última glória
Não bastasse colecionar taças em âmbito nacional e encantar a todos com seu futebol, o Palmeiras realizou naquela década de 60 uma série de excursões internacionais que resultaram em diversos títulos. A equipe venceu o Torneio Quadrangular de Lima (PER) e o Torneio Cidade de Manizales (COL), em 1962, o Torneio Pentagonal de Guadalajara (MEX) e o Torneio de Firenze (ITA) – este com vitória por 3 a 1 sobre a Fiorentina e empate em 1 a 1 contra a Internazionale, em 1963, o Troféu Tereza Herrera (ESP), em 1966, com vitória por 2 a 0 sobre o então campeão europeu Real Madrid, e o Troféu Ramon de Carranza (ESP), em 1969, com nova vitória sobre o Real Madrid por 2 a 0. Foi também em 1969 que o Palmeiras venceu a última taça da primeira era de sua Academia: o bicampeonato do Torneio Roberto Gomes Pedrosa. O time foi líder de seu grupo na primeira fase com nove vitórias, um empate e seis derrotas em 16 jogos, com 24 gols marcados e 19 sofridos, e despachou Cruzeiro, Corinthians e Botafogo na fase final, faturando o seu quarto título nacional da década.
À espera da segunda geração
Com jogadores já envelhecidos, o Palmeiras começou a repaginar seu elenco nos anos 70 para uma nova era de conquistas históricas, em especial o bicampeonato do recém-criado Campeonato Brasileiro, em 1972 e 1973, com a segunda geração da Academia de Futebol. Mas a parte 2 da Academia só foi possível graças à parte 1 e aos feitos de jogadores extraordinários que conseguiram levar o time alviverde a glórias inesquecíveis justamente num tempo onde o Santos dava as cartas. Porém, o próprio Santos temia pelo pior quando tinha que encarar aquele timaço vestido em verde e branco, com jogadores que jogavam de cabeça erguida, mirando o gol e planejando lances magníficos e impecáveis para que as plateias de todo Brasil pudessem aprender um pouco sobre a arte do futebol. Um esquadrão acadêmico mais do que imortal.
Fato em destaque:
Entre 1959 e 1969, apenas o Palmeiras conseguiu ter alguma sorte nos jogos contra o Santos de Pelé. Em 44 jogos no período, o alviverde venceu 13, empatou 11 e perdeu 20. Já Corinthians e São Paulo não guardam boas lembranças: ambos disputaram exatos 35 jogos contra o time da Vila e venceram apenas seis partidas cada um. Veja a relação das vitórias palmeirenses a seguir:
1959 – 2×1 – Torneio Rio-SP / 2×1 – Campeonato Paulista
1960 – 2×1 – Campeonato Paulista
1961 – 3×2 – Campeonato Paulista
1963 – 1×0 – Campeonato Paulista
1964 – 3×2 – Campeonato Paulista
1965 – 7×1 – Torneio Rio-SP / 1×0 e 5×0 – Campeonato Paulista
1967 – 2×1 – Torneio Roberto Gomes Pedrosa
1969 – 3×2 e 1×0 – Campeonato Paulista / 2×1 – Torneio Roberto Gomes Pedrosa
Os personagens:
Valdir de Moraes: o Palmeiras sempre teve a tradição de possuir bons goleiros e com Valdir não foi diferente. Mesmo sendo baixo para a posição (pouco mais de 1,70m), o goleiro marcou época naquela década de 60 com muita regularidade, ótima colocação, saídas de gol fantásticas e grandes defesas. Jogou uma década no Palmeiras e foi um dos símbolos da Academia. Depois de pendurar as chuteiras, se tornou um dos precursores do trabalho de preparação de goleiros no Brasil.
Picasso: teve duas passagens pelo Verdão nos anos 60 e teve destaque com defesas importantes e reflexo apurado durante suas participações nas conquistas do Paulista de 1963 e do Torneio Rio-SP de 1965.
Leão: estava começando no Palmeiras quando teve tempo de jogar pelo menos um ano na primeira Academia. Jovem e soberbo, parecia um veterano no gol com defesas arrojadas e um talento fantástico. Brilharia pra valer nos anos 70, como goleiro intocável da segunda Academia.
Djalma Santos: técnica primorosa, físico privilegiado, visão de jogo estupenda, habilidade nos dribles e em roubar bolas… Em linhas gerais, um jogador perfeito e nascido para jogar na lateral-direita de qualquer equipe do mundo, seja na Academia do Palmeiras, na Portuguesa e na seleção brasileira bicampeã mundial em 1958 e 1962. Djalma Santos foi uma lenda do esporte por sua qualidade em campo e fora dele e por ser um exemplo para qualquer futebolista que deseje ser lateral-direito no futebol. É um dos jogadores que mais vezes vestiu a camisa alviverde: 498 partidas entre 1959 e 1968.
Djalma Dias: jogava com tanta técnica e classe na zaga alviverde que ganhou o apelido de “Bailarino da Bola”. Djalma Dias foi um dos maiores defensores da história do Palmeiras e mais um dos ídolos daquela Academia. Fazia poucas faltas, não era violento e roubava a bola de maneira leal, sem carrinhos. Por jogar de cabeça erguida e com técnica, saía de campo quase sempre com o uniforme limpo. Jogou durante toda a plenitude daquele esquadrão imortal do Palmeiras, de 1961 até 1968, e vestiu a camisa da seleção brasileira em 17 oportunidades.
Baldocchi: era o típico zagueirão, com pouquíssima técnica e que isolava a bola toda vez que ela teimava em invadir a área alviverde. Jogou de 1966 até 1971 no Verdão e conquistou vários títulos pelo clube naquele final de anos 60. Teve passagens também por Corinthians e Fortaleza.
Valdemar Carabina: se o Santos de Pelé não teve vida fácil naqueles anos 60 nos jogos contra o Palmeiras, Valdemar Carabina foi um dos responsáveis por não aliviar as coisas contra os alvinegros. O zagueiro era um marcador implacável, muito aplicado e ótimos nas jogadas aéreas. Fez uma dupla memorável ao lado de Djalma Dias e foi um dos poucos que não levou tantos bailes de Pelé naquela época. Ganhou o apelido de “Carabina” pelo fato de ter marcado um golaço de fora da área certa vez, no Pacaembu, que chamou a atenção do comentarista Mário Moraes, da rádio Panamericana, que disse que o chute havia sido “mais forte que um tiro de carabina”. Como não poderia deixar de ser, o apelido pegou instantaneamente e acompanhou o zagueiro por toda sua carreira. É um dos recordistas de jogos pelo Palmeiras com 584 partidas disputadas.
Minuca: zagueiro muito bom nas jogadas aéreas que integrou o elenco da Academia de 1965 até 1972. Disputou 194 jogos pelo clube e faturou quatro taças com o Verdão.
Ferrari: marcou época no Palmeiras como um dos mais precisos laterais-esquerdo da Academia entre 1963 e 1969. Gilberto Ferrari conquistou cinco títulos com a camisa alviverde e disputou mais de 290 partidas pelo clube do Palestra Itália.
Geraldo Scotto: ao lado de Roberto Carlos, é um dos maiores laterais-esquerdo da história do Palmeiras em todos os tempos. Exímio marcador, ótimo nos passes, e extremamente correto na defesa, Scotto não brincava em serviço e jogava o simples. Foi um dos grandes marcadores de Garrincha no final dos anos 50 e início dos anos 60. Sabia apoiar o ataque com inteligência sem deixar a zaga desprotegida. Ídolo eterno do Verdão, Scotto disputou mais de 350 jogos pelo clube.
Dudu: era o “irmão gêmeo” de Ademir no meio de campo do Palmeiras. Disputou 519 jogos ao lado do companheiro em uma das maiores duplas que o futebol brasileiro já viu. Eram sintonizados, entrosados e um completava o outro. Dudu era a preciosidade na marcação e em segurar os rivais para que Ademir brilhasse com sua classe, dribles e muitos gols. É o terceiro na lista dos que mais atuaram pelo alviverde: 609 jogos, 12 anos, 9 títulos conquistados e idolatria eterna da torcida.
Zequinha: era pequenino (1,66m), mas virava um gigante no meio de campo com muita técnica, raça e muita movimentação. Deixava as defesas adversárias malucas quando aparecia de surpresa e marcava gols. Jogou de 1958 até 1967 no Palmeiras, colecionou títulos e foi campeão do mundo com a seleção brasileira na Copa de 1962, como reserva de Zito.
Ademir da Guia: filho do Divino Mestre, Domingos da Guia, Ademir herdou do pai o apelido estonteante que significava com clareza o seu futebol de craque. Foi o dono da camisa 10 do Palmeiras por 15 anos e 901 jogos. É o terceiro maior artilheiro da história do clube com 153 gols e o que mais atuou também. É considerado o maior ídolo da história palmeirense (ou seria Marcos?) e um dos craques mais completos que passou pelo Palestra, com passes precisos, gols maravilhosos, visão de jogo impecável e a capacidade de jogar pelo time em qualquer situação. Um imortal da bola que só não brilhou na seleção brasileira.
Julinho Botelho: foi um dos maiores pontas da história do futebol brasileiro e só não foi o maior pelo simples fato de por aqui ter nascido um tal de Garrincha. Veloz, driblador nato, extremamente técnico e dono de um chute potente e preciso, Julinho encantava plateias por onde passava com um futebol à frente de seu tempo e digno da magia futebolística que aflorava no Brasil naquela década de 50, quando jogava pela Portuguesa. O craque jogou tanto que despertou a atenção da Fiorentina-ITA, que o levou para a Itália em 1955. Julinho conduziu a equipe de Florença ao título italiano de 1956 e disputou a Copa de 1954. Não foi para o mundial da Suécia por não achar justo ir no lugar de algum jogador que atuasse no Brasil. Quando voltou ao Brasil, voltou a encantar com a camisa do Palmeiras e conquistou mais quatro títulos para sua coleção. Um craque imortal.
Gildo: ponta-direita, Gildo realizou grandes partidas com a camisa do Palmeiras entre 1961 e 1966, disputando 249 jogos e marcando 40 gols. Um deles foi com apenas sete segundos de jogo, no Maracanã, em uma goleada sobre o Vasco por 4 a 1 pelo Torneio Rio-SP vencido pelo clube naquele ano. Tinha facilidade para os dribles e uma impressionante velocidade.
Germano: o ponta-esquerda chegou emprestado ao Palmeiras em 1965 depois de ter um conturbado romance com a condessa Giovana Agusta, de uma poderosa família italiana, em sua passagem pelo Milan. Pelo Verdão, o jogador teve algum destaque com seus dribles, velocidade e chutes fortes de longa distância. Disputou 38 partidas com a camisa alviverde e marcou seis gols.
Servílio: tinha 1,84m e era lento, mas com a bola nos pés demonstrava uma técnica apurada que deixava muito baixinho com inveja. Nas bolas aéreas, era ainda mais preciso e letal e se consagrou como um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiros nos anos 60. Jogou no Palmeiras de 1963 até 1968 e foi uma das referências do ataque da Academia. É o quinto maior artilheiro do clube com 140 gols marcados.
Chinesinho: foi o camisa 10 da Academia naquele final de anos 50 e início de anos 60 e um dos principais responsáveis pelo título do Campeonato Paulista de 1959, com atuações de gala em todos os jogos da final contra o Santos. Tinha uma técnica exuberante e é considerado até hoje como um dos craques mais talentosos que já vestiu o manto do clube. Brilhou também com a camisa do Internacional e da seleção brasileira, pela qual disputou 17 partidas e marcou sete gols.
César Maluco: era carismático, tinha raça, xodó da torcida e um goleador nato. César Maluco é o segundo maior artilheiro da história do Palmeiras com 180 gols marcados. Polêmico, sempre se metia em confusões e não levava desaforo para casa. Peça chave para o brilho do time alviverde de 1967 até 1974 e um dos poucos a ter tido o prazer e honra de jogar nas duas Academias. Conquistou sete taças com o Verdão.
Tupãzinho: outro maravilhoso atacante que passou pelo Palmeiras naquela década de 60, Tupãzinho se tornou uma lenda alviverde com seu faro de gol apurado, sua habilidade e velocidade nos contra-ataques. Era o grande comandante do ataque alviverde entre 1963 e 1968 e faturou cinco taças pelo clube. Brilhou na Copa Libertadores de 1968, quando anotou 11 gols.
Vavá: o “peito de aço” jogou de 1961 até 1964 e conseguiu brilhar diante da torcida alviverde com seu futebol oportunista, raçudo, e que tinha como único objetivo colocar a bola para dentro do gol, de qualquer jeito e da maneira que desse. Foi assim que Vavá se tornou um dos maiores centroavantes da história do futebol brasileiro e autor de gols em duas finais de Copa do Mundo seguidas, em 1958 e 1962, ambas vencidas pelo Brasil. Brilhou ainda com a camisa do Vasco e em clubes mexicanos.
Ademar Pantera: o atacante jogou no Palmeiras de 1964 até 1967 e em 1968, marcando vários gols e fazendo jus ao apelido de “Pantera”, herdado por causa da força física e valentia para encarar as zagas rivais. Tanta vontade, porém, lhe rendeu uma perna quebrada após um lance com o futuro zagueiro palmeirense Baldocchi, que tirou Ademar da Copa do Mundo de 1966. O atacante foi artilheiro do Torneio Rio-SP de 1965 com 14 gols.
Rinaldo: ponta-esquerda com boas passagens pelo futebol nordestino antes de chegar ao Palmeiras, em 1964, Rinaldo integrou o ataque alviverde até 1968 e fez ótimas partidas com precisão nos passes, gols e arrancadas. Disputou 166 jogos pelo Verdão e marcou 61 gols.
Romeiro: ponta-esquerda muito ágil e técnico, Romeiro foi um dos principais atacantes do Palmeiras no final dos anos 50 e estrela na final do Paulista de 1959. Disputou 114 partidas pelo clube e marcou 62 gols.
Ênio Andrade: antes de virar um dos maiores técnicos do futebol brasileiro, Ênio Andrade brilhou dentro dos gramados como um meia de talento, inteligência e preciso nos passes. Jogou de 1958 até 1961 na Academia e conquistou o Paulista de 1959 e a Taça Brasil de 1960 pela equipe alviverde.
Osvaldo Brandão, Geninho, Mário Travaglini, Sílvio Pirillo, Filpo Núñez, Fleitas Solich, Aymoré Moreira, González e Rubens Minelli(Técnicos):foram quase dez técnicos distintos no período de brilho da primeira Academia do Palmeiras naqueles anos 60. E todos tiveram sua contribuição para que a imortalidade daquele time fosse construída com títulos, jogos marcantes e grandes façanhas. Citar apenas um como o principal nome é uma injustiça, por isso, todos são imortais e merecem destaque por manter o Palmeiras por tanto tempo (uma década) entre os principais times do Brasil. Algo quase impossível nos dias de hoje.
futebol interior
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