sábado, 30 de abril de 2016

FC Porto-Sporting, 1-3 (crónica)


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FC Porto-Sporting, 1-3 (destaques dos leões)


FC Porto-Sporting, 1-3 (destaques dos leões)
FIGURA: Islam Slimani
A torre do inferno azul e branco. Não perdeu uma bola nas alturas! O argelino cresce, cresce, tem uma impulsão notável e um cabeceamento mortífero. Fez assim o segundo golo, com Martins Indi a olhar, e podia ter feito mais dois ou três, não fosse a boa exibição de Iker Casillas. No primeiro golo só teve de encostar o passe perfeito de João Mário, mas reduzir a exibição de Islam aos golos seria injusto. O ponta de lança é um animal sanguinário, um homicida das área contrárias, um monstro. Terceiro jogador adversário a bisar no Dragão esta época, depois de Walter Gonzalez e Danilo Dias. Tudo no reinado de José Peseiro.
POSITIVO: João Mário
O internacional português está num momento de forma notável. Aproveitou a simpatia de José Ángel para cruzar para o primeiro golo, repetiu pouco depois o passe para Slimani falhar o impossível, encheu o centro e a direita do meio campo leonino. Não é um extremo mas consegue fugir pela linha em velocidade, procurando com qualidade a linha de fundo. Tem pulmão, tem categoria nos pés e tem o que falta a muitos outros: inteligência. Um senhor jogador.

NEGATIVO: William Carvalho
A exibição do Sporting não merece reparos relevantes, mas William foi o menos inspirado dos leões. Lento a executar, permissivo em determinados momentos, não foi o médio cativante e catalisador de outros dias. Esteve na melhor equipa e pior do que o concorrente direto na Seleção Nacional, Danilo Pereira.

OUTROS DESTAQUES

Bryan Ruiz

Que classe, Bryan! Fez o cruzamento para o segundo golo de Slimani, já depois de um apontamento notável sobre Maxi Pereira, perto da bandeirola de canto. Devoto da bola, carismático, executante de altíssimo gabarito. O futebol português fica mais bonito com um jogador desta qualidade. Que classe, Bryan!

Sebastian Coates
Comparar o gigante uruguaio aos centrais do FC Porto é um exercício penoso. Coates é superior em tudo. Pelo ar, pelo chão, no campo emocional, na forma como comunica e acalma os colegas. Uma excelente contratação do Sporting no mercado de janeiro, um jogador claramente para agarrar. Duas notas negativas, porém: cometeu penálti sobre Brahimi (assinalado) e um outro sobre Aboubakar, perdoado por Soares Dias.

Bruno César
Avançou aos 81 minutos, marcou aos 86. Rendimento extraordinário, pois, nos dez minutos (mais descontos) em que esteve em campo. Aposta feliz de Jorge Jesus.

Rui Patrício
Só não parou a grande penalidade de Herrera. Seguríssimo. Está a fazer a melhor temporada da carreira, menos tremelicante nos cruzamentos, mais certeiro no jogo com os pés. Muito boa a defesa a remate de Jesus Corona, logo no início do segundo tempo.  

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Vai ser mesmo até ao fim… O Sporting passou no Dragão, num clássico em que o líder Benfica torcia por fora, e vai correr até à meta pela disputa do título.
Hoje, no Dragão, tal como na primeira volta, em Alvalade, foi um bis de Slimani a decidir o clássico. Hoje, voltou a ser tarde de «Super Slim», com o ponta-de-lança argelino a fazer dois golos (cinco em clássicos para a Liga) entre a mão cheia de oportunidades de que dispôs.
Mas vamos ao jogo… Desde logo para sublinhar uma primeira parte frenética, com domínio alternado entre as duas equipas e várias ocasiões de golo.
A diferença fez-se na capacidade de definir bem do setor mais aditando do Sporting e na inacreditável passividade no setor mais recuado do FC Porto.
Se o Sporting é intenso, o FC Porto anda tenso – não é de agora que joga sobre brasas, sobretudo diante do seu público.
Na defesa, então, a intranquilidade é quase tão gritante como a falta de qualidade de alguns protagonistas.
Peseiro começou a perder o jogo com o quarteto defensivo que apresentou: Ángel à esquerda (Layún não está recuperado e foi para o banco?) e Chidozie a recuperar o lugar de central porque o FC Porto só tem um Danilo e hoje precisava mais dele a dar consistência ao meio-campo.  
Vamos por partes: os laterais têm falhas graves na marcação, sobretudo José Ángel, que deixou João Mário esgueirar-se para assistir Slimani no primeiro golo (22’) e voltou a deixar Schelotto (34’) solto para assistir o argelino que quase fez o segundo.
Slimani não apareceu solto apenas duas vezes na cara de Casillas… Antes do intervalo ainda teve espaço e tempo para subir na área e colocar de cabeça para voltar a pôr os leões na frente do marcador (43’). Pelo meio, os dragões já haviam reduzido numa grande penalidade de Coates sobre Brahimi, bem assinalada, convertida por Herrera. O mexicano foi quem mais perto esteve do golo do lado dos portistas: já havia atirado ao poste (7’) e logo a seguir ao golo rematou à entrada da área, com a bola a sair bem perto da baliza de Rui Patrício (36’).  
Porém, voltemos a Slimani para salientar que nas três ocasiões que teve no primeiro tempo o ponta-de-lança leonino fez dois golos.
Mas porque aparece ele sozinho em zona de golo?
Porque é felino e sagaz; um lutador que se tornou num matador com Jorge Jesus, claro. Mas também porque o FC Porto em vez de dois centrais tem uma passadeira azul no eixo da defesa.
E aí voltamos às deficiências portistas.
Chidozie (aposta de Peseiro para esta partida) antecipa-se muitas vezes no homem a homem em campo aberto, mas à zona ou em zonas proibidas deixa crateras à disposição. Carências que estranhamente o internacional holandês, bem mais experiente, Martins Indi também mostra, tal como os problemas de ambos em saírem a jogar a partir da primeira fase de construção e jogo.
Jesus sabe isso e colocou os seus avançados – Slimani sobretudo – a pressionarem a saída de bola portista.
Tal como colocou Slimani de novo a surgir de trás na área nos cantos… Uma jogada estudada que quase valeu o terceiro aos 57’, num lance em tudo semelhante àquele do primeiro golo do Sporting diante do FC Porto (2-0 em Alvalade) na primeira volta.
Outro mérito de Jesus: joga com centrais… E tem laterais que são ofensivos, mas que defensivamente não comprometem em demasia.
Todos vieram em janeiro, na reabertura de mercado. Uma linha defensiva totalmente nova, mas já bem rotinada.
Daí para a frente, há em campo a liderança de Adrien, a classe de Ruiz, o talento e alta rotação de João Mário… E a ferocidade, eficácia e abnegação de Slimani, o homem do jogo. Téo tem estado bem, mas hoje viu-se pouco. William tem sido mais intermitente e hoje viu-se menos.
Individualmente, cada jogador sabe a sua missão em campo. Coletivamente, isso resulta numa equipa organizada e cheia de garra. 
O oposto do FC Porto, que hoje criou perigo sobretudo em transições rápidas. Os dragões têm um meio-campo capaz, pela qualidade de Danilo, Herrera e Sérgio Oliveira (autor de um livre à trave antes de sair aos 62'), mas que daí para a frente vivem dos lampejos de criatividade um tanto ou quanto aleatórios de Brahimi e Corona, além da combatividade de Aboubakar, demasiado só ou em alternativa perdulário.
É tudo sobre o jogo? Ainda não.
Falta dizer que Artur Soares Dias só viu uma grande penalidade de Coates, quando o central uruguaio cometeu uma segunda (e poderia ter visto o segundo cartão amarelo), sobre Aboubakar, carregado em falta na área aos 68'.
Isso foi quando o jogo estava 2-1. Porque Bruno César ainda iria entrar para sentenciar o resultado aos 86’, num remate forte na área com Casillas a ser mal batido.
Resumindo: a vitória acaba por assentar melhor à equipa mais consistente, num bom jogo, sobretudo para os 2 500 leões que esta tarde estiveram no Dragão.
Para a esmagadora maioria dos 41 316 adeptos nas bancadas terá sido também um espetáculo um pouco deprimente ver o FC Porto, que já havia «batido no fundo», descer um pouco mais e ficar a 13 pontos do Sporting e 15 do Benfica (coisa jamais vista nas últimas três décadas).
Para lá deste jogo, 1-3 acaba até por ser uma curta diferença entre os dois adversários. O FC Porto investiu bem mais do que este Sporting, mas joga bem menos (a proporção de 1 para 3 aqui poderá ter o seu exagero).
Há, de facto, uma grande diferença entre este Sporting cheio de alma, de Jorge Jesus, que voltou a demonstrar hoje os méritos de ter voltado a lutar pelo título após tantas épocas arredado, e um FC Porto desorientado, conformado, que com Peseiro (8 derrotas e 10 vitórias desde que chegou) não ganhou qualquer rumo.
A melhor síntese disso mesmo é ver hoje este dragão deprimido estender a passadeira azul em sua casa para ver o candidato passar.



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