quarta-feira, 13 de abril de 2016

Benfica faz tremer Bayern e sai da Champions de cabeça erguida

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O Benfica está fora da Liga dos Campeões. Os “encarnados” empataram a duas bolas na Luz com o Bayern Munique.


O Benfica está fora da Liga dos Campeões. Os “encarnados” empataram a duas bolas na Luz com o Bayern Munique, em jogo da segunda-mão dos quartos-de-final da prova. Jiménez e Talisca marcaram para o Benfica, Vidal e Mueller para o Bayern. A formação alemã segue para as meias-finais da Liga dos Campeões onde já está o Real Madrid, Manchester City e Atlético Madrid.
Depois da boa exibição no Allianz Arena, o Benfica entrou em campo sabendo que podia dar a volta a eliminatória, depois da derrota por 1-0 na Alemanha. A forma como os "encarnados" travaram o ataque bávaro alimentava as esperanças dos benfiquistas, frente a um adversário muito forte e formado por individualidades que podem decidir uma partida a qualquer instante.
Sem Jonas, castigado, e Gaitán, lesionado, Rui Vitória sabia que a tarefa da equipa era mais complicada, frente a um adversário que o Benfica nunca vence em solo português (dois empates e cinco derrotas). O técnico apostou em Raul Jiménez, jogador com a moral em alta após o golo que deu a vitória em Coimbra. O técnico das "águias" optou por Carcela no lugar de Gaitán e, surpresas das surpresas, deixou Mitroglou no banco, fazendo entrar Salvio. Do outro lado, Pep Guardiola também surpreendeu, ao deixar Lewandowski no banco, optando por entrar com um meio campo mais musculado, formado por Xabi Alonso, Vidal e Thiago Alcântara. Mueller era ajudado na frente por Ribéry e Douglas Costa, numa equipa que tentava chegar às meias-finais da Liga dos Campeões pela quinta vez seguida.
Perante cerca de 65 mil gargantas na Luz, num ambiente fantástico, o Bayern entrou a assumir as despesas do jogo como é habitual, com muita posse de bola. O Benfica defendia atrás e tentava rápidas saídas para o contra-ataque. Mueller aos 19 minutos e Vidal aos 22 deram os primeiros sinais das intenções dos bávaros, em dois lances muito perigosos para a baliza de Éderson.
A resposta do Benfica foi letal. Eliseu fez um centro longo, Jiménez apareceu entre os centrais e cabeceou para golo, provocando a primeira explosão de alegria na Luz. Por estas alturas o Bayern era equipa intranquila, confusa, situação aproveitada pelo Benfica para subir um pouco mais no terreno. Jiménez teve nos pés o 2-0 aos 31 minutos mas o seu remate saiu fraco, para as mãos de Neuer, num lance onde ficou patente a tremideira que ia na defesa alemã.
Ora muitas equipas podem perdoar mas não as alemães. Aos 38 minutos, Lahm centrou na direita, Éderson afastou a bola com os punhos mas esta foi ter com o pé esquerdo de Vidal à entrada da área. O chileno disparou de primeira e fez um golaço, empatando assim a partidaa. Se a missão era dífcil no início, passou a espinhosa já que o Benfica teria de marcar mais dois golos e não sofrer nenhum para passar.
A igualadade trouxe a tranquilidade que faltava na equipa de Guardiola, que passou a ter ainda mais bola, a controlar as operações como gosta.
E logo no regresso, após o intervalo, a formação bávara deu uma "machada final" na eliminatória quando Thomas Mueller fez o 2-1 aos 52 minutos. O internacional alemão aproveitou um primeiro desvio de Javi Martinez para encostar para golo. Mueller tem um gosto especial por marcar aos lusos, ele que tinha feito golos contra a seleção de Portugal e contra Soporting e FC Porto na Liga dos Campeões.
Com vantagem no jogo e na eliminatória, o Bayern soltou-se ainda mais e, tirando partido de algum desacerto do Benfica, criou várias situações para ampliar o marcador. Aos 54 minutos Éderson teve de sair da baliza para tirar a bola a Douglas Costa que já estava isolado. Dois minutos depois foi Ribéry num tiro fortíssimo que saiu um pouco por cima. Aos 61 foi Douglas Costa a atirar ao poste, num lance em que o guarda-redes do Benfica já estava batido.
Rui Vitória foi obrigado a mexer, lançando Gonçalo Guedes e depois Talisca no encontro, para os lugares de Pizzi e Salvio. E foram estes dois que construiram o lance do empate. O extremo disparou em direção à baliza e foi travado por Javi Martinez. O espanhol viu amarelo mas o Benfica queria um cartão de outra cor. Na transformação da falta, Talisca marcou de forma exemplar e bateu Neuer pela segunda vez. Era o segundo golo do brasileiro na prova, ele que já tinha marcado na vitória fora sobre o Zenit, também num jogo onde saltou do banco. Faltavam 15 minutos para o final e as meias-finais estavam a distância de dois golos.
O empate empolgou os quase 65 mil que marcaram presença na Luz e galvanizou os jogadores que saíram à procura da ´remontada`. Talisca ainda ameaçou num livre direto mas viria a ser o Bayern Munique a ter uma soberana oportunidade por Lewandowski, ele que tinha entrado para o lugar de Mueller. O polaco apareceu isolado mas rematou à figura de Éderson. Já nos descontos, Luka Jovic podia ter empatado (entrou para o lugar de Eliseu) mas o seu remate saiu à figura de Neuer.
Nos minutos finais e após o apito final os adeptos brindaram os jogadores com uma enorme ovação. O Bayern segue para as meias-finais da Liga dos Campeões onde já está o Real Madrid, Manchester City e Atlético Madrid.

LC: Benfica-Bayern, 2-2 (crónica)


O sonho terminou, mas o Benfica mostrou que era possível recuperar as grandes noites europeias. Honrou a sua história e mostrou que é possível recuperar estas noites europeias, mesmo que o tempo tenha mudado muita coisa.
Ninguém pode exigir ao Benfica (ou a outro clube português) as glórias europeias de outros tempos, mas de vez em quando aparecem estas campanhas (do Benfica e não só), a provar-nos que sonhar deve ser um hábito. Pois só assim é possível imaginar um despertar diferente.
As (já reduzidas) possibilidades do Benfica caíram ainda mais um pouco a uma hora do apito inicial: o «onze» de Rui Vitória não tinha Gaitán, e como se isso não bastasse não tinha também Mitroglou. Nem no banco.
A equipa portuguesa viu-se privada das três unidades mais ofensivas, mas manteve-se fiel à ideia de que não há insubstituíveis e não deixou de tentar o «milagre». A ponto de ter feito o Inferno da Luz acreditar que era possível, quando Raúl Jiménez empatou a eliminatória (27m).
E quatro minutos depois o mexicano até teve a possibilidade de marcar novamente, após falha dos centrais do Bayern, mas o remate (ainda desvia em Lahm?) foi defendido por Neuer.
A estratégia era a mesma de Munique: quarteto defensivo o mais adiantado possível no terreno e bem próximo do meio-campo, num bloco que tentava condicionar a construção do Bayern o quanto antes. A coesão não foi a mesma, porém, até porque era necessário arriscar um pouco mais.
O Bayern chegou ao intervalo com mais posse de bola do que na primeira mão (70 por cento), e até podia ter sido a primeira equipa a marcar, num desvio de Müller que saiu ligeiramente ao lado (19m). O empate acabou por surgir onze minutos após o tento de Jiménez (38m), apontado por Vidal, que aproveitou uma palmada de Ederson para a entrada da área, após cruzamento de Lahm.
O Benfica voltou a sentir muitas dificuldades para controlar os extremos do Bayern, mas até foram as incursões de Lahm a criar os principais desequilíbrios na defensiva portuguesa. Isso e as entradas de Vidal na área, como no único golo da primeira mão.
Uma crença inesgotável
O golo de Vidal foi um golpe naturalmente duro para o Benfica, e o inicio da segunda parte trouxe mais um golo para o Bayern, apontado por Müller na sequência de um canto bem estudado, a justificar o abraço imediato de Guardiola ao adjunto.
Seguiu-se então uma avalanche ofensiva do Bayer, que podia ter começado a construir uma goleada. Douglas Costa atirou ao poste (61m), Müller viu um golo anulado (67m) e Ederson quase dava um «frango» a remate de Vidal (72m).
Mas mesmo depois de tudo isto o Benfica reergueu-se e voltou à luta. Talvez não pelo apuramento, que ainda ficou a dois golos de distância, mas pelo menos a luta pelo triunfo na segunda mão.
Talisca saiu do banco para fazer o empate de livre direto (76m) – num lance que devia ter valido cartão vermelho a Javi Martínez mas que resultou foi na expulsão de Rui Vitória -, e pouco depois quase repetia o feito (85m). 
O Benfica acabou o jogo a tentar o golo da vitória com Guedes, Talisca, Jovic e Carcela. E lutou até ao fim. Não conseguiu o apuramento, nem sequer conseguiu a primeira vitória sobre o Bayern, mas deixa a Liga dos Campeões de cabeça bem levantada. Honrou o seu símbolo, honrou a sua história. Honrou o futebol português.


DESTAQUES ;

Benfica-Bayern Munique, 2-2 (destaques)
Figura: Estádio da Luz
Impressionante, admirável, por vezes surpreendente, mas sempre notável. Sobretudo mágico. O ambiente do Estádio da Luz, onde mais de 60 mil pessoas recuperaram a mística das grandes noites europeias, foi tudo isso, e muito mais. Em 1990, no fim das meias-finais com o Marselha, um jornalista francês disse que nunca tinha vivido nada como a mística do Benfica, mas que também não a conseguia explicar. Faz sentido, não se explica: admira-se em grandes noites.
Positivo: Arturo Vidal
É incontornável. Mesmo que se quisesse muito, não dá para desviar esta análise do essencial: e o essencial é que Vidal foi o homem que desequilibrou a eliminatória. Já tinha marcado em Munique o golo da vitória, voltou a marcar esta noite, num remate forte, de pé esquerdo, que empatou o jogo e despejou gelo sobre o Estádio da Luz. Mais tarde ainda foi dele o canto que permitiu a Javi Martínez desviar para Muller encostar para golo. Lapidar.
Momento: Raul Jimenez falha o segundo
A lesão de Mitroglou manteve-o no onze e ele respondeu com o golo que fez a Luz explodir: foi aos 27 minutos, num cabeceamento cheio de oportunismo. Curiosamente, quatro minutos depois, teve uma ocasião soberana para voltar a marcar, mas embrulhou-se com a bola e o remate foi desviado por Neuer. Podia ter feito o segundo, que tornaria tudo diferente, no momento do jogo. Mas enfim, alimentou a capacidade dos benfiquistas sonhar, o que já não foi pouco.
OUTROS DESTAQUES:
Eliseu
Passou meia hora a discutir com Rui Vitória, que queria que defendesse por fora, enquanto ele (que não anda aqui há dois dias) preferia fazê-lo perto dos centrais, para não se expor à velocidade dos adversários. Depois disso assistiu Jimenez para o primeiro golo e travou o isolado Douglas Costa.
Talisca
Entrou em campo para relançar o jogo, ele que é uma pessoa de extremos: capaz do melhor e do pior. Esta noite viu-se a face mais favorável do brasileiro, que empatou o jogo na marcação perfeita de um livre e ainda ameaçou fazer o terceiro golo num outro remate que saiu a rasar o poste.
Ederson
Voltou a ser destaque do jogo: desta vez teve menos trabalho do que em Munique, mas uma eficácia muito boa. Para lá de uma fífia que quase desviava a bola para a própria baliza, tirou o golo dos pés de Douglas Costa, parou um remate de Lewandowski e ainda agarrou um cabeceamento de Vidal.
André Almeida
Talvez tenha sido o jogador mais seguro defensivamente, se bem que Lindelof foi muito mais vezes exposto (e teve por isso mais trabalho) e Jardel esteve muito bem nas dobras. André Almeida defendeu bem, saiu com critério e ainda ameaçou marcar, num remate forte que Neuer defendeu.
Lahm
O capitão do Bayern é, aos 32 anos, um pêndulo de eficácia, experiência e inteligência. A forma como sai da posição de lateral para se posicionar no meio campo é fundamental na estratégia do Bayern de conservar a bola. Para além disso, ainda foi dele a assistência para o golo de Vidal.
Muller
É o líder da equipa, o jogador que grita (e puxa) pelos colegas. Ao longe parece não ter nada de especial para lá disso, não é extremamente rápido ou muito tecnicista, mas surge do nada onde mais é preciso: fez um golo, teve um segundo anulado e ainda ameaçou outro. Foi só encostar...

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