terça-feira, 30 de junho de 2015

Falta o ovo da inteligência !




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Sem ovos, não se faz omelete. A frase, cunhada por Oto Glória que nos deixou há quase trinta anos, vira e mexe é exumada nestes tempos de um futebol brasileiro sombrio e desesperançado. Culpa dos jogadores, uns medíocres milionários que não sabem sequer amarrar as chuteiras e tal e cousa e lousa e maripousa, como gostam de dizer por aí para justificar a incapacidade de nossos técnicos em avançar um milímetro no espaço e no tempo.
Conheci Oto Glória, com quem tive longos papos no tempo em que dirigiu a Lusa. Aquela Lusa campeã pela última vez, dividindo o título paulista com o Santos, graças a uma manobra esperta de Oto, em cima do erro de aritmética do juiz Armando Marques, na decisão por pênaltis. Lembra? Ao perceber a contagem  errada de Marques que dava a vitória à Portuguesa, embora faltasse um pênalti para a situação ser definida, Oto reuniu a tropa e, mesmo uniformizada, colocou-a no ônibus e escafedeu-se do estádio, deixando o pepino nas mãos dos cartolas, que decidiram no banheiro dividir a faixa de campeão entre as duas equipes.
Pois é. O fato é que, malandragem à parte, Oto era um sujeito instruído, sobretudo acerca das coisas do futebol, teoria e prática. Se vivo estivesse, seria saudado pela nossa mídia como gênio da modernidade. E estou convencido de que um cara como Oto faria um bom omelete com os ovos disponíveis no mercado da bola. Certamente, não uma iguaria de sabor inigualável, mas algo bem palatável.
Basta citar um exemplo daquela Lusa dos anos 70. Basílio, que mais tarde entraria para a galeria dos heróis eternos do Corinthians com o apelido de Pé de Anjo, era um centroavante lento e trombador, até que Oto Glória resolvesse recuá-lo para meia-armador, a mais nobre das posições de um time de futebol, hoje como no mais remoto passado. E Basílio deu-se tão bem na nova função que, terminado o ano, foi eleito o melhor de sua posição, onde reinavam simplesmente Gérson e Ademir da Guia, dois gênios incomparáveis.
Futebol, como um teatro da vida, não é só conhecimento. É também percepção, aquela sutil capacidade de perceber detalhes imperceptíveis aos olhos de quem só vê a realidade através de clichês.
O futebol brasileiro destes dias atuais não passa de um grande e repetitivo painel de clichês, de lugares-comuns, de chavões, que ninguém ousa contrariar, a não ser aqui ou ali, sem que esse rompimento sirva de modelo para os demais. Ao contrário: é tratado como outro clichê da moda – um ponto fora da curva.
Claro que o futebol brasileiro carece de uma cirurgia completa, da cabeça aos pés, há muito tempo. Desde sua estrutura política até a formação de jogadores nas bases dos clubes, sem falar no caráter precário das pessoas que manejam os cordéis dessa cena gigante e ultra milionária de marionetes.
Mas, quaisquer que sejam as mudanças estruturais ou cosméticas, carecerá de algo que não se visualiza no cenário amplo do nosso futebol – um pingo de inteligência. Esse é o ovo primordial que está faltando na receita do nosso omelete.


Chama o FBI


A Seleção Brasileira está fora da Copa América. Mais do que isso, está ameaçada de não se classificar para o próximo Mundial, como estará, pela primeira vez, sem disputar a Copa das Confederações.
Não adianta ficar cobrando algo, além do que estamos vendo. A realidade do futebol brasileiro está bem retratada no time de Dunga. No próximo dia 8 se completará um ano do 7 a 1. E o que se fez para mudar o estágio deprimente do nosso futebol? Simplesmente, nada. Em um  ano não se poderia tirar jogadores do chão, surgindo uma grande seleção num passe de mágica.
O que deveria estar em processo era um plano de trabalho, visando a valorização das fileiras de base. A disseminação de cursos de atualização dos técnicos brasileiros, em especial os que trabalham com jovens.
Além disso deveríamos ter uma grande rede de olheiros, espalhados por todo Brasil, em busca dos meninos talentosos pobres, onde normalmente estão os grandes com a bola nos pés. Mas esses que mal conseguem se alimentar, não têm espaços em testes nos grandes clubes. Lá as cartas são marcadas, não para favorecer os melhores e sim os protegidos de empresários, sócios de cartolas e treinadores desqualificados moral e tecnicamente.
Ou seja, o Brasil deveria ter implementado um plano de resgate do nosso principal esporte, que chegou ao fundo do poço com a humilhação da Copa de 2014. Não se fez nada. Apenas trocou-se o treinador. Dunga tentou e até conseguindo alguns bons resultados. Mas, na hora da competição e perdendo o único talento da atualidade, naufragou. Não dá para culpá-lo por todos os males. Poderia ter evitado a volta do capitão chorão, que negou fogo outra vez. Talvez devesse tentar outras alternativas táticas não contando, apenas, com a opção de marcação forte e contra ataques rápidos, que somem sem Neymar.
Sim, uma ou outra coisa poderia ser diferente. Mas a estrutura é que precisa mudar. São necessárias projeções de curto, médio e longo prazo. A CBF,  porém, está mais preocupada em  fugir de investigações, pagar parlamentares para continuar com a mamata atual e evitar a criação de ligas independentes.
Um ano depois, tudo segue igual. O vexame da Copa não serviu para nada. Outras Alemanhas e Paraguais virão. Está claro que os donos do poder não querem mudanças importantes. Primeiro porque perderão seus grandes lucros e segundo por não terem capacidade de fazer algo sério em benefício do futebol.
Se vierem mudanças terão que ser de cima para baixo. Bem de lá de cima. Chama o FBI.

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