terça-feira, 30 de junho de 2015

O sofá da sala e a revolução que o Brasil precisa fazer já

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Todos conhecem a piada a que se refere o título do post, não? A do marido que pegou a mulher com outro no sofá da sala, e em vez de trocar de mulher trocou o sofá da sala. Pois bem, parte da nossa mídia, ao achar que mudar o técnico da Seleção vai resolver a sinucaça de bica em que se meteu o futebol brasileiro, apenas propõe trocar o sofá da sala.


Claro que Dunga não poderia ser o técnico da seleção. Pelo simples motivo de que não é o melhor técnico do país, muito menos do continente ou do mundo. E seleção brasileira é para os melhores. A substituição de Robinho, a poucos minutos de um jogo que não tinha como não ir para os pênaltis é sintoma de total desconhecimento do que é um jogo. Na coletiva, a explicação foi infantil: "Tirei Robinho porque ele estava cansado. Se não segurássemos o empate, não haveria pênaltis. E o treinador não pode pensar em pênaltis." Dunga, por favor, é claro que o técnico tem de pensar em pênaltis. O técnico tem de pensar em tudo o que acontece e, principalmente, antecipar o que vai acontecer num jogo. Quando um Éverton Ribeiro, frio, poderia fazer mais do que Robinho para segurar o empate? Mas, melhor do que eu, Robinho tratou de tirar a máscara do chefe ao dizer, na zona mista, que queria ter ficado em campo. Só por esse episódio, Dunga tinha de desembarcar no Brasil demitido.

Mas só isso, troca de nomes, não resolverá nossa crise. Dunga não deixou de fora tanta gente que pudesse causar comoção ou que fosse garantia, nas condições atuais, de mudar o destino do Brasil na Copa América. É mais ou menos isso aí que temos de menos ruim. Mesmo com Pep Guardiola no comando, com esse time não assustamos ninguém. Os adversários não partem para cima da Argentina, porque sabem que ela tem Messi, tem Di Maria, tem Aguero, tem Mascherano. Mesmo que ainda não tenha virado um grande time, mas tem sobra de talento. Contra o Brasil, os jogadores olham para o outro lado e se deparam com Fernandinho, Thiago Silva, Roberto Firmino, William... Claro que vão pra dentro do Brasil, ninguém mete medo. A não ser Neymar.

Não vamos resolver o problema a curto prazo. Mas podemos evitar o vexame de não ir a uma Copa, e podemos, é claro, voltar a ser campeões do mundo e da América a partir do momento em que a CBF entender e admitir que precisa delegar a alguém de fora a tarefa de fazer uma revolução. O mundo ideal seria que esse alguém fosse Guardiola. Mas um Jorge Sampaoli já ajudaria muito.

A revolução teria os seguintes ítens:
- Trazer mais gente de fora para ensinar aos jogadores como se deve jogar o futebol nos dias de hoje. O Brasil joga, aqui dentro, um jogo absolutamente ultrapassado.
- Ensinar tudo isso também aos treinadores. Hoje praticamente não temos ninguém - eu disse ninguém - que esteja inteiramente alinhado com o que se faz no mundo, ou se estiver, com capacidade para por isso em prática nos treinos. Assim, em dez anos, poderíamos talvez voltar a recorrer a técnicos daqui.
- Cuidar de reformular as peneiras, onde se descobrem os talentos. Exigir da CBF e do Ministério do Esporte que cuidem para dar estrutura aos jovens talentos, e evitar que saiam do país e percam qualquer vínculo emocional ou afetivo com o futebol e a seleção brasileira.
- Cuidar de dar um padrão de alto nível a todas as seleções, para que se crie um estilo. Importa menos qual seja o estilo, mas que haja um. Que a Seleção principal jogue bem, se imponha, saiba o que fazer, seja quem for o convocado. Hoje o padrão do time é absolutamente inexistente.
- Cuidar de pinçar, lapidar e estimular lideranças, jovens que tenham personalidade, inteligência, leitura de jogo, e liderança. Chega das recentes lideranças "técnicas" de Thiago Silva e Neymar. Isso não funciona. O Barcelona chegou onde chegou com craques, mas também com líderes como Puyol, Mascherano e Xavi Henrnadez. 
Haveria mais uns 20 itens, que tornariam cansativo o post, mas se o novo comandante conseguir dar conta disso, poderemos cobrar dele títulos na Copa do Mundo de 2026.

Se continuarmos a permitir que a CBF controle o futebol com conceitos arcaicos, achando que a nossa camisa joga sozinha, vamos conseguir a façanha inimaginável de acabar com o produto nacional que melhor sabíamos fazer, o futebol. Não vai ser fácil, mas parece cada vez mais possível e próximo esse abismo. 

 Ricardo Gonzalez-Globo.com

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