Benfica-V. Guimarães, 1-0 (destaques)
A FIGURA: Jarde voltou a decidir
Já tinha sido figura no último jogo no Estádio da Luz, quando apontou o golo do triunfo frente ao Vitória de Setúbal. Desta vez, o central teve novamente cabeça para marcar o golo solitário que deu o triunfo e manteve o Benfica na rota do título. Aos 47 minutos, o brasileiro aproveitou um livre bem batido por Gaitán e, ao primeiro poste, deu o desvio necessário para que a bola embatesse nas redes de Miguel Silva. Bom golpe de cabeça de Jardel, a fazer lembrar o outro cujo golo é prato da casa todos os dias. De resto, destaque também para um corte fundamental já perto do final do encontro, que podia ter resultado no golo da igualdade ao Vitória de Guimarães.
O MOMENTO: André Almeida fez de Ederson, Hurtado de Arnold
Aos 67 minutos, o Vitória de Guimarães esteve perto de chegar ao empate e de gelar a Luz. Valeu a intervenção pronta e em dose dupla de André Almeida, negando o golo a um homem do Vitória que se preparava para desviar ao segundo poste. A bola desviada foi parar, contudo, ao pé de Hurtado, que rematou para a baliza deserta mas apareceu novamente o lateral do Benfica a cortar para fora. O lance mereceu muitos aplausos dos adeptos e percebe-se o porquê. Dupla intervenção que valeu ouro aos encarnados neste jogo.
OUTROS DESTAQUES:
Fejsa
Mais um bom jogo do médio sérvio, que nesta reta final parece ter conquistado em definitivo o lugar no meio campo encarnado. Não se deu muito por ele, possivelmente porque os olhos dos adeptos estavam todos postos no ataque, tamanha era a ânsia de festejar o golo. Mas a verdade é que Fejsa foi muito importante para fechar as muralhas defensivas do Benfica, aproveitando como nunca a sua imensa capacidade de antecipação e intensidade física. Curioso também perceber a quantidade de passes acertados que realizou, por exemplo, na primeira metade do jogo, que andou muito perto da totalidade. Enorme a exibição de Fejsa frente ao Vitória de Guimarães.
Gaitán
É sempre um dos elementos mais preponderantes desta estratégia montada por Rui Vitória, e frente aos vitorianos não foi exceção. Nico Gaitán é daqueles jogadores que acrescenta qualidade ao jogo, mesmo que isso não seja notório em algumas situações. Mas ficou na retina novamente uma exibição bem conseguida do extremo, que culminou com a assistência para o primeiro golo do encontro, colocando a bola redondinha para a cabeça de Jardel ao primeiro poste. À entrada do último quarto de hora ainda levou os adeptos a gritar golo, na cobrança de um livre direto que passou perto da baliza de Miguel Silva.
Ederson
Apresentou-se a bom nível o guarda-redes do Benfica diante da equipa vimaranense, com um par de defesas essenciais para a conquista do triunfo no Estádio da Luz. A última então valeu ouro. Aos 78 minutos, um grande passe de Otávio descobriu Hurtado ao segundo poste. O peruano seguiu isolado para a cara de Ederson, e o guardião brasileiro negou o golo que valia o empate ao Vitória. Já tinha salvaguardado o triunfo encarnado no último jogo em casa, frente ao também Vitória, mas o de Setúbal, e voltou a conseguir segurar nas mãos os três pontos.
Raúl Jiménez
O avançado mexicano entrou a cerca de vinte minutos do fim mas foi mais do que a tempo para brilhar no encontro. Primeiro tentou o bonito ao fazer uma «rabona» que podia ter terminado na baliza se não fosse a boa intervenção de Miguel Silva. Depois, aos 85 minutos, trabalhou bem à entrada da área e disparou com força, levando a bola a embater na trave da baliza vimaranense. Parece estar motivado nesta reta final Jiménez. Depois do golo precioso que deu o triunfo encarnado em Vila do Conde, o avançado bem que tento deixar nova marca neste jogo, mas não conseguiu.
Otávio
Se dúvidas houvesse de que o médio brasileiro é o melhor jogador deste Vitória de Guimarães, essas dúvidas ficaram desfeitas imediatamente com a exibição de Otávio no Estádio da Luz. O que lhe falta em controlo emocional (8 amarelos para um médio ofensivo parece-me demasiado), sobra-lhe e muito em talento para o futebol. O miúdo nasceu para isto caramba. Os adeptos do FC Porto estarão certamente entusiasmados por contar com este jovem talento nas suas fileiras na próxima época. Pelo menos há motivos para isso. Grande jogo de Otávio, que sozinho quase desmoronou o teórico favoritismo do adversário.
PELA NEGATIVA: teve tudo para correr mal
Dez cartões amarelos e um vermelho. O jogo entre Benfica e Vitória de Guimarães tem números dignos de um espetáculo de violência, quando na realidade não foi isso que aconteceu. Sim houve pouco futebol, sobretudo na primeira parte, mas nem por isso se justificava a mostragem de tantos cartões, o que prejudicou claramente a qualidade do jogo jogado e trouxe ao de cima o nervosismo de ambas as partes. André Almeida, que durante a partida já tinha sido admoestado com o quinto cartão amarelo, e por isso já ficaria de fora do próximo jogo do Benfica frente ao Marítimo, acabou mesmo por ser expulso mesmo em cima do apito final, sendo esta a única «vítima» a registar no plano disciplinar, se, claro, esquecermos a expulsão do treinador vimaranense Sérgio Conceição.
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Dizer que o Benfica deu um passo muito importante para ser campeão é um eufemismo: na realidade o Benfica deu um salto decisivo em direção ao título.
Venceu o V. Guimarães, o que está longe de ser pouco, garantiu a liderança para lá do que acontecer no Dragão e, sobretudo, despejou baldes, e baldes, e baldes de pressão sobre o Sporting. A formação leonina já tinha uma enorme dificuldade, agora tem duas: tem de vencer no Dragão, num clássico de exigência máxima, e sabe que isso não adianta de nada para já porque o líder está formoso e seguro.
É de facto profundamente desmoralizador.
Por isso, lá está, falar de um passo muito importante é curto: o Benfica percorreu a distância correspondente a vários passos com um só salto.
Curiosamente fê-lo num jogo que se tornou muito mais difícil do que se imaginava. Basicamente porque o V. Guimarães o levou para terreno severo, com uma estratégia de muito futebol físico, perdas de tempo e força defensiva.
A equipa de Sérgio Conceição, que foi expulso ainda na primeira parte - já agora interessa dizer que Bruno Paixão foi outra vez Bruno Paixão, perdendo o controlo sobre o jogo muito cedo -, mas a equipa de Sérgio Conceição, dizia-se, entrou em campo com três centrais e cinco médios.
Por isso colocava muita gente na zona defensiva, não deixava jogar e usava todas as estratégias para tirar o Benfica do sério: no fundo tentava irritar os atletas, e sobretudo as bancadas, esvaziando a Luz de influência.
Por isso foi preciso ter muita cabeça. E o Benfica teve-a, claro: a dobrar.
Antes de mais não perdeu a paciência, manteve o sangue frio e a vontade de jogar futebol, não se deixando levar no jogo psicológico do adversário. Depois teve jogo aéreo, que tem sido o caminho mais curto entre a formação de Rui Vitória e os triunfos recentes pela margem mínima.
Recorde-se que o Benfica já tinha feito golos de cabeça nas vitórias sobre a Académica, o V. Setúbal e o Rio Ave, esta sexta-feira voltou a fazê-lo, novamente por Jardel, que marcou outra vez no regresso à Luz como tinha feito com os sadinos, garantindo um triunfo difícil, mas justo.
Foi logo no reatamento do encontro, depois de uma primeira parte muito pobre, na sequência de um livre de Gaitán: o central surgiu ao primeiro poste a desviar uma jogada de laboratório, claramente.
A partir daí o jogo ficou diferente. A primeira parte tinha metido dó: feia e pobre. Tanto assim que só teve uma oportunidade de golo verdadeira, num remate de Mitroglou a centímetros do poste. E, já agora, só teve um remate enquadrado com a baliza, num tiro de Dourado para defesa de Ederson.
Já dá para ter uma ideia do que foi, não é?
Pois bem, o segundo tempo começou com o golo de Jardel e animou, porque o V. Guimarães teve de crescer, tornar-se mais audacioso, fazer-se enfim à vida.
A partir daí houve mais espaço, embora não tenha havido mais inspiração. Raul Jimenez ainda atirou à trave, Salvio e Gaitán remataram a rasar o poste, e o V. Guimarães... bem, o Vitória teve uma clara ocasião de golo, mas Hurtado acertou em André Almeida, com Ederson fora da baliza.
Nessa altura foi impossível não lembrar o jogo de há quinze dias, neste mesmo Estádio da Luz, quando Arnold se isolou nos minutos finais do jogo e não conseguiu marcar na cara de Ederson.
Este Benfica não tem estrelinha de campeão, tem três estrelinhas de campeão: o que faz sentido, porque parece cada vez mais ser uma questão de tempo até chegar ao terceiro título consecutivo.
Não é, Sporting?
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