Santa Cruz a 90 minutos de uma glória inédita
Início vacilante, críticas, troca de técnico e a arrancada final. O Santa Cruz põe todos os elementos de sua campanha na Copa do Nordeste no gramado do Amigão, a partir das 16h deste domingo (1), às 16h, quando encara a segunda partida diante do Campinense pela decisão da competição regional. O triunfo por 2×1 arrancado no apagar das luzes da última quarta-feira (27) deu ao time pernambucano a vantagem de trazer a Orelhuda para Pernambuco com empate por qualquer placar. Os paraibanos precisam levar a melhor por dois gols de diferença. Se o resultado do Arruda se repetir, a definição vai para as cobranças de pênaltis.
O Tricolor ganhou dois reforços para essa decisão, um que organiza e outro que executa. O técnico Milton Mendes não esteve no banco de reservas na quarta por ter dado uma cabeçada no auxiliar técnico do Bahia na semifinal – cumpriu suspensão. Já o meia João Paulo ficou fora porque no mesmo jogo foi expulso e logo em seguida sofreu um trauma na panturrilha direita. A presença do treinador está confirmada, mas o camisa 10 voltou a trabalhar apenas nesta quinta (28). Pode ficar como opção no banco.
TIMEO trabalho da sexta-feira (29), em Campina Grande, foi a portas fechadas. Por isso, o time é uma incógnita, embora Milton deva manter a formação básica. A grande dúvida fica mesmo para a posição de João Paulo. Apesar da vitória, Leandrinho não agradou no primeiro jogo. Se João não estiver cem por cento pode abrir espaço para Raniel, este autor do passe para Bruno Moraes marcar o gol da vitória. A surpresa seria Wallyson, que também pode atuar no setor.
EQUILÍBRIO
Num momento decisivo, o técnico tricolor vem enfatizando mais as questões emocionais do que técnicas e táticas. Para ele, o equilíbrio num momento como esse vai fazer a diferença. “Quem estiver com o emocional mais equilibrado. Quem encarar com mais tranquilidade estará mais perto de ganhar”, diz.
ADVERSÁRIO
O técnico Francisco Diá perdeu o volante Leandro Sobral, com uma lesão muscular que deve tirá-lo de combate por até 15 dias. O substituto imediato é Fernando Pires, mas o treiandor pode usar de outra alternativa para confundir o adversário. Pires foi titular no trabalho na noite de sexta no Amigão. Também existe a possibilidade de Jussimar começar como titular, já que a equipe paraibana precisa ser mais ofensiva por conta da vantagem dos corais.
A Raposa trabalhou com Glédson; Negretti, Joécio, Tiago Sala e Danilo; Fernando Pires, Magno, Felipe Ramon (ou Jussimar) e Roger Gaúcho; Raul e Rodrigão.
Ficha do jogo:
CAMPINENSE
Glédson; Negretti, Joécio, Tiago Sala e Danilo; Leandro Sobral , Magno, Filipe Ramon (Jussimar) e Roger Gaúcho; Raul e Rodrigão. Técnico: Francisco Diá.
Glédson; Negretti, Joécio, Tiago Sala e Danilo; Leandro Sobral , Magno, Filipe Ramon (Jussimar) e Roger Gaúcho; Raul e Rodrigão. Técnico: Francisco Diá.
SANTA CRUZ
Tiago Cardoso; Vítor, Néris, Danny Morais e Tiago Costa; Uillian Correia, Leandrinho (João Paulo) e Lelê; Arthur, Grafite e Keno. Técnico: Milton Mendes.
Tiago Cardoso; Vítor, Néris, Danny Morais e Tiago Costa; Uillian Correia, Leandrinho (João Paulo) e Lelê; Arthur, Grafite e Keno. Técnico: Milton Mendes.
Local: Estádio Amigão, em Campina Grande (PB). Horário: 16h. Árbitro: Jailson Macedo Freitas (BA). Assistentes: Alessandro Rocha de Matos e José Carlos Oliveira dos Santos (BA).
Autor: Wladmir Paulino
Santa Cruz: do início vacilante ao voo na reta final
O desempenho do Santa Cruz pode ser comparado com um automóvel que tem uma pequena sujeira na injeção eletrônica que impede seu motor desenvolver a velocidade plena. Mas quando consegue limpar torna-se inalcançável. De uma vaga conquistada aos trancos e barrancos e nos critérios de desempate à invencibilidade no mata-mata o time passou por todas as fases: favoritismo no início, sofrimento no meio e redenção no fim.
Os corais estavam no grupo C, que tinha como adversário mais duro, ao menos em tese, o Bahia. E isso se concretizou logo na primeira rodada. O goleiro Marcelo Lomba teve grande atuação, garantindo os três pontos depois do gol de Juninho. A primeira vitória veio longe de casa, contra o Confiança, com gols de Grafite e Alemão.
Parecia que o time iria engrenar. Só parecia. Na volta para casa, novo balde de água fria na torcida com um insosso empate por 1×1 com o frágil Juazeirense. Esse jogo indicaria uma tendência nessa primeira fase do Estadual, que encontraria eco no Pernambucano: o time se complicaria quando jogasse em casa. O jogo em sequência, contra o Juazeirense de novo, confirmou esse ‘problema’. O time foi a Senhor do Bomfim e venceu o mesmo adversário por 1×0.
A primeira vitória em casa só veio na penúltima rodada, com um 3×1 em cima do Confiança, com gols de Tiago Costa, Keno e Bruno Moraes. Mesmo assim, a torcida já chiava e não era pouco com o técnico Marcelo Martelotte. O Tricolor mantivera a base vice-campeã da Série B, mas o futebol ficou perdido em algum lugar do passado. O time não tinha força para atacar e dava muito espaço na hora de defender.
Isso chegou ao ápice na última rodada da primeira fase quando teria novamente o Bahia pela frente. Classificado antecipadamente e com cem por cento de aproveitamento, o Tricolor de Aço deu-se ao luxo de escalar um time repleto de garotos recém-promovidos das divisões de base. Os corais brigavam com outras quatro equipes para entrar nas quartas de final como um dos três melhores segundos colocados. Um time emperrado e experiente conseguiu perder para a meninada baiana. No retorno ao Recife, Martelotte foi demitido.
MATA-MATA
Milton Mendes, com bons trabalhos na Ferroviária de Araraquara e Atlético Paranaense, foi o escolhido. E ‘estreou’ com o pé direito. Na abertura das quartas de final contra o Ceará ele estava nas tribunas vendo o time jogar comandado por Adriano Teixeira. No intervalo, com a equipe no prejuízo por 1×0, foi ao vestiário, conversou com os jogadores, deu algumas orientações e a virada veio na segunda etapa com dois gols de Keno.
No jogo da volta o Tricolor sofreu um bombardeio do atual campeão. Teve direito a Danny Morais salvando em cima da linha e Tiago Cardoso defendendo um pênalti, feito que ele não alcançava desde o dia 6 de setembro de 2014. No final do jogo, Wallyson escapou num contra-ataque e fez 1×0. Começava ali a melhor campanha do mata-mata.
A semifinal era a chance de dar o troco ao Bahia. Mas as coisas começaram bem diferentes. O time visitante marcou a saída de bola e tocou a bola no campo ofensivo até marcar o gol aos 19 minutos com Hernane Brocador. Só aí o Santa saiu para o jogo, comandado pelo inspiradíssimo Keno. E foi dele o empate já no último minuto do primeiro tempo depois de passar por três marcadores. A virada coral veio aos 12, com direito a Grafite driblar Marcelo Lomba. Parecia que o filme das quartas de final iria se repetir. Mas só parecia. Aos 38 do segundo tempo, em sua segunda participação no jogo, Wellington Cézar meteu a mão na bola dentro da área. Luisinho foi para a cobrança e deixou tudo igual.
Com o 2×2 o Bahia poderia empatar por 0x0 e 1×1 para ir à final. A Fonte Nova viu o jogo mais tenso da competição com jogadores dos dois times trocando empurrões e cometendo faltas ríspidas. Nesse nervosismo, o zagueiro Róbson falhou numa saída de bola. Melhor para Grafite que avançou e fez 1×0 ainda na primeira etapa. Depois foi se segurar para grantir a final inédita.
DECISÃO
Depois de despachar o dono da melhor campanha, o Santa teria pela frente justamente o segundo melhor. E com um bônus. O Campinense se especializava em mandar pernambucanos de volta para casa. Só o Salgueiro perdeu três vezes para a Raposa. Nas semifinais, a vítima foi o Sport. E como todo mundo esperava o jogo foi duríssimo, ainda que nacionalmente haja um abismo entre os dois – o Santa está na Série A e o time paraibano na B.
O Campinense não se intimidou e jogou de igual para igual. Mesmo com essa dificuldade, Grafite estava lá para fazer a diferença ainda no primeiro tempo. O panorama seguiu igual no segundo e quase no mesmo lugar do gol tricolor, o time visitante empatou com Tiago Sala. Sem outra alternativa a não ser atacar, Milton Mendes mandou o time para cima deixando apenas um volante protegendo a defesa. E foi recompensado com um chute de primeira de Bruno Moraes aos 46 do segundo tempo. Era a vantagem que o Tricolor precisava para escrever um feliz capítulo final desta história.
Autor: Wladmir Paulino
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