CARECA-Atacante
Nascimento: 05 de outubro de 1960, em Araraquara, SP, Brasil.
Posição: Atacante
Clubes: Guarani-BRA (1978-1982), São Paulo-BRA (1983-1987), Napoli-ITA (1987-1993), Kashiwa Reysol-JAP (1994-1996), Santos-BRA (1997), Campinas-BRA (1998) e São José do Rio Grande do Sul-BRA (1999).
Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Brasileiro (1978) e 1 Campeonato Brasileiro da Série B (1981) pelo Guarani.
1 Campeonato Brasileiro (1986) e 1 Campeonato Paulista (1985) pelo São Paulo.
1 Copa da UEFA (1988-1989), 1 Campeonato Italiano (1989-1990) e 1 Supercopa da Itália (1990) pelo Napoli.
Principais títulos individuais e artilharias:
Bola de Prata da Revista Placar: 1982, 1985 e 1986
Bola de Ouro da Revista Placar: 1986
Artilheiro do Campeonato Paulista: 1985 (23 gols)
Artilheiro do Campeonato Brasileiro: 1986 (25 gols)
“Um show de espetáculos na grande área”
Em qualquer lista com os 10 maiores atacantes da história do futebol brasileiro, certamente Antonio de Oliveira Filho, mais conhecido como Careca, estará presente. O artilheiro de Guarani, São Paulo, Napoli e da seleção brasileira foi um dos mais espetaculares centroavantes do nosso futebol, sinônimo de qualidade e arte em campo e dono de um vasto repertório de jogadas dentro e fora da área. Careca decidia jogos sozinho, ganhou dois brasileiros em um curto espaço de tempo e foi a estrela maior do Brasil na Copa do Mundo de 1986, quando marcou cinco gols. Sua ausência na Copa de 1982, aquela da seleção mágica de Telê, foi muito sentida e certamente uma das consequências para o revés canarinho em terras espanholas. Ainda no final dos anos 80, fez uma parceria memorável com o genial Maradona no Napoli, onde conquistou três títulos e barbarizou com lances magníficos e gols mais uma vez decisivos. Nos anos 90, perdeu a intensidade, mas conseguiu se eternizar como um gênio da bola. É hora de relembrar.
Fã do humor e do futebol
O pequeno Antonio de Oliveira Filho nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, onde jogava futebol nas equipes amadoras da cidade. Desde cedo o jovem mostrava muita habilidade e um faro de gols notável, além de ser muito rápido. Com sete anos de idade ganhou o apelido que carrega até hoje: Careca, por ser fã do palhaço Carequinha, um ícone da criançada naquele tempo. Careca só foi conhecer o palhaço aos 26 anos, quando já era uma estrela do futebol. Depois de se tornar uma das maiores promessas da cidade, o jovem ganhou uma chance de demonstrar seu talento no Guarani, de Campinas (SP).
No Bugre, Careca teve a estrutura necessária para começar uma brilhante carreira profissional. Ele vivia nos alojamentos do time e rapidamente foi integrado à equipe titular pelo técnico Carlos Alberto Silva, em 1978, com apenas 17 anos. E já em sua primeira temporada como jogador profissional o atacante mostraria a que veio.
Despontando para o Brasil
O Guarani de 1978 era uma equipe desconhecida por todos, mas muito entrosada e forte dentro de campo. O time aliava a experiência do goleiro Neneca e do meio campista Zé Carlos com a juventude e talento dos meias Renato e Zenon, do ponta-esquerda Bozó e, claro, do atacante Careca. A maior vitrine para aquele time se exibir foi o Campeonato Brasileiro, disputado por 74 clubes naquele ano. Nas fases iniciais, a equipe foi avançando com um futebol que tinha força e qualidade na troca de passes. Depois de várias eliminatórias no confuso sistema de classificação daquele torneio, o time chegou à terceira fase, última antes dos mata-matas, e mostrou que poderia, sim, dar trabalho para os grandes times do país.
Depois da derrota por 2 a 0 para a Portuguesa ainda na segunda fase, o Guarani emendou uma série de 15 partidas sem perder, que começou no empate sem gols contra o Coritiba e só terminaria na grande final. Logo no primeiro jogo da terceira fase, o time teria a ingrata tarefa de encarar o Internacional de Falcão no Beira Rio. Lá, os interioranos foram tratados com desprezo pela imprensa gaúcha como o “time de circo e risos”, pelo fato de o ataque contar com Capitão, Careca e Bozó. Mas aquilo serviu apenas para incentivar ainda mais o time alviverde que calou o estádio colorado e venceu por 3 a 0, gols de Renato, Bozó e Zenon. O tal “circo” fazia a alegria dos amantes do futebol com uma goleada épica, que inseriu de vez o Guarani na disputa pelo título. No jogo seguinte, empate em 1 a 1 com o Goiás, fora de casa. Depois desse jogo, o Bugre emendou 11 vitórias seguidas até a fase final. O time derrotou Santos (2 a 1), Botafogo-PB (1 a 0), Goytacaz (3 a 0), Botafogo-SP (1 a 0) e Londrina (1 a 0), ficando na primeira posição do grupo e garantindo uma vaga nas quartas de final. Nela, vitórias sobre o Sport por 2 a 0 e 4 a 0 e vaga na semifinal.
Para chegar à decisão, o time paulista teve de encarar o Vasco de Mazarópi, Marco Antonio, Paulo Roberto e Paulinho. No primeiro jogo, em Campinas, vitória do Bugre por 2 a 0. Na volta, no Maracanã com mais de 100 mil pessoas, o time de Careca voltou a calar uma torcida rival e venceu por 2 a 1. A utopia virava realidade: o Guarani era finalista do Brasileiro de 1978.
Careca desencanta e dá o título ao Bugre
Na grande final, o Guarani era a zebra diante do Palmeiras de Leão e Jorge Mendonça. No primeiro jogo, no Morumbi, Zenon marcou o único gol do jogo e deu a vitória ao alviverde de Campinas. Nesse jogo, o goleiro palmeirense Leão foi expulso e facilitou as coisas para a equipe de Careca. Na decisão, em Campinas, Careca queria de qualquer jeito pôr fim ao seu jejum de gols, que perdurava desde a terceira fase. E foi na hora que o Guarani mais precisava que o atacante mostrou que tinha estrela. Aos 36´ do primeiro tempo, Careca aproveitou o rebote do goleiro e fez o gol do título do time campineiro. E olha que ele perdeu um gol feito no segundo tempo, depois de driblar o arqueiro palmeirense e tentar um toque de calcanhar ao invés de chutar direto. Festa em Campinas! Pela primeira e única vez na história um time do interior era campeão do Campeonato Brasileiro. E Careca despontava como a maior revelação do esporte nacional graças aos seus 13 gols no torneio. A conquista consagrou ainda uma campanha magistral do Guarani: 20 vitórias, 4 empates e 4 derrotas em 32 jogos, com 57 gols marcados e 22 sofridos. Neneca, goleiro do bugre, ficou sete partidas (ou 778 minutos) seguidas sem levar gols, um recorde na história do clube.
Artilheiro e o preferido de Telê
Os anos se passaram e Careca foi amadurecendo ainda mais. O craque foi até 1982 o grande jogador do Guarani e por um milagre não foi contratado por outros clubes no período. Em 1981, com o Guarani na série B do Brasileiro, conduziu o time de volta à primeira divisão ao marcar gols decisivos nas finais contra o Anapolina. Em 1982, ganhou sua primeira Bola de Prata na carreira e se tornou o maior artilheiro do time em campeonatos brasileiros com 36 gols. No total, fez 109 gols pelo Guarani.
Foi nessa época que Careca ganhou suas primeiras chances na seleção brasileira que se preparava para a Copa do Mundo da Espanha de 1982. O técnico Telê Santana via no craque a peça chave para o time ter uma referência no ataque. Munido por astros como Sócrates, Falcão, Zico e Éder, Careca tinha tudo para fazer um montante formidável de gols naquele mundial. Mas, o que era para ser a chance de ouro do craque virou um pesadelo. Poucos dias antes do mundial, Careca sofreu uma contusão num treino da seleção que o tirou da Copa. Roberto Dinamite foi em seu lugar, não teve chances e o Brasil foi eliminado pela Itália na “Tragédia do Sarriá”. Aquela foi a grande decepção da carreira de Careca, segundo ele próprio. Mas a volta por cima seria dada rapidamente.
Rei do Morumbi
Em 1983, cabisbaixo e triste, Careca foi contratado pelo São Paulo, que buscava um substituto para Serginho Chulapa. Maduro e talentoso, Careca ganhou rapidamente a torcida tricolor e voltou aos seus bons tempos, ajudando o time a começar uma era de ouro. Ao lado de craques como Müller, Silas e Pita, o time ficou conhecido como Menudos do Morumbi e faturou já em 1985 o Campeonato Paulista, com 23 vitórias em 42 jogos, marcando 72 gols (sendo 23 de Careca, artilheiro da competição) e sofrendo apenas 29.
A primeira Copa
Em 1986, Careca pôde, enfim, disputar sua primeira Copa do Mundo. Novamente comandada por Telê Santana, a seleção tinha esperanças de conquistar o tetra e se apoiava em Careca para ir longe. Na primeira fase, Careca marcou três gols: o da vitória por 1 a 0 sobre a Argélia e dois na goleada de 3 a 0 sobre a Irlanda do Norte. Nas oitavas de final, mais um gol na goleada por 4 a 0 sobre a Polônia. Nas quartas, o artilheiro fez seu quinto gol no mundial no empate em 1 a 1 contra a França, mas viu a seleção perder nos pênaltis e dar adeus ao sonho do título. Vice-artilheiro da Copa, Careca foi um dos poucos a se destacar no mundial do México. Mesmo com o revés, aquele ano de 1986 ainda reservava muitas glórias para ele.
Campeonato Brasileiro: novo brilho
No Campeonato Brasileiro daquele ano, o tricolor de Careca foi com tudo em busca do título e ficou na liderança de seu grupo na primeira fase. Na etapa seguinte, o time garantiu a classificação com o segundo lugar no grupo, atrás apenas do Palmeiras, com sete vitórias, sete empates e duas derrotas em 16 jogos. Destaque para as vitórias sobre o Santos por 2 a 0, sobre o Bangu, pelo mesmo placar, sobre o Botafogo por 5 a 0 (três gols de Careca), sobre a Ponte Preta por 6 a 1 e sobre o Joinville por 5 a 0, todas elas no Morumbi. A cada partida, o talento de Careca explodia cada vez mais, com gols bonitos e impossíveis. Mas o craque maior tinha muito mais para mostrar na fase de mata-mata.
Nas oitavas de final, o tricolor encarou a perigosa e surpreendente Inter de Limeira, então campeã estadual e primeira equipe do interior a conseguir um título Paulista. No primeiro jogo, em Limeira, vitória alvinegra por 2 a 1. Na volta, no Morumbi, Silas (2) e Careca garantiram a vitória por 3 a 0 que colocou o São Paulo nas quartas.
Na sequência, o Fluminense. No primeiro jogo, no Maracanã, vitória dos cariocas por 1 a 0. Na volta, no Morumbi, Careca e Müller fizeram 2 a 0 para o São Paulo e colocaram o tricolor paulista definitivamente na luta pelo bicampeonato. O craque Careca, em entrevista para a revistaPlacar, comentou a importância daquela partida na caminhada do título:
“Fizemos grandes jogos, mas acho que contra o Fluminense, que também tinha um grande time, aqui no Morumbi, foi uma partida marcante. Fiz um gol espírita que ajudou a equipe a superar aquele adversário duro”. – Careca, em entrevista à Placar.
Na semifinal, outro carioca, dessa vez o América, que chegava pela primeira vez entre os quatro melhores do país. No primeiro jogo, no Morumbi, vitória tricolor por 1 a 0, gol dele, claro, Careca. Na volta, no Maracanã, o São Paulo segurou um empate em 1 a 1 (Careca fez o do tricolor, só para variar…) e se garantiu em mais uma decisão nacional. O adversário seria o Guarani de Ricardo Rocha, Marco Antônio, Evair (aquele mesmo, do Palmeiras dos anos 90) e João Paulo.
Teste para cardíacos
A final do Brasileiro de 1986 foi a segunda envolvendo dois times paulistas (a primeira aconteceu em 1978, entre Guarani e Palmeiras. Em 1973, embora o campeão e vice tenham sido paulistas, a fase final foi um quadrangular, e não partidas finais). O time de Campinas queria levar a melhor novamente, mas sabia que do outro lado estava uma equipe muito mais forte e que tinha em Careca o brilho e poder de decisão necessário para levar o título. Mesmo assim, o alviverde foi um rival duríssimo para o tricolor. No primeiro jogo, no Morumbi, empate em 1 a 1, com gols dos matadores Evair (Guarani) e Careca (São Paulo). A volta seria no Brinco de Ouro, em Campinas.
O jogo, como não poderia deixar de ser, foi muito pegado e eletrizante. O Guarani abriu o placar logo no primeiro minuto, com Nelsinho (contra), mas apenas alguns minutos depois Bernardo empatou. O tricolor cresceu no jogo, Careca começou a infernizar a zaga alviverde, mas não conseguiu marcar. Com o empate em 1 a 1, o jogo foi para a prorrogação. E que prorrogação! Pita fez 2 a 1 logo no primeiro minuto. Boiadeiro empatou de novo para o Guarani. João Paulo, aos 107´, colocou o Bugre na frente. A festa alviverde tomou conta do estádio, a torcida explodia em festa e o drama aumentava cada vez mais para os lados do São Paulo. A torcida via o título virtualmente perdido. Mas, como o futebol é uma caixinha de surpresas e como o tricolor tinha Careca do seu lado, aos 128´, depois de várias paralizações e acréscimos, o atacante recebeu na entrada da área e chutou de primeira, estufando as redes do goleiro: GOLAÇO! De maneira inacreditável, o São Paulo empatava o jogo em 3 a 3 na até então mais emocionante final de Campeonato Brasileiro da história (se não a mais emocionante de todas). Careca marcou seu gol de número 25, se isolando na artilharia do torneio e entrando de vez para a história do São Paulo. O juiz apitou o final de jogo e o Brasil teria que conhecer seu novo campeão nos pênaltis. Na marca da cal, Boiadeiro bateu e Gilmar pegou. Careca foi para a dele e bateu mal, na mão do goleiro Neri. Tosin e Darío Pereyra marcaram na sequência, mas João Paulo chutou para fora a terceira cobrança do Bugre. Fonseca deixou o São Paulo na frente, Valdir Carioca e Evair marcaram para o Bugre, assim como Rômulo para o tricolor. A cobrança decisiva estava nos pés de Wágner Basílio. Ele bateu rasteiro, o goleiro ainda tocou na bola, mas não deu: 4 a 3 para o tricolor!
O Brasil era vermelho, preto e branco pela segunda vez na história! Os Menudos chegavam ao topo com 17 vitórias e apenas quatro derrotas em 34 jogos, marcando 62 gols (melhor ataque) e sofrendo apenas 22. Muita festa em Campinas e a consagração do capitão Careca, sem dúvida, o grande nome da conquista. Naquele ano, ele ganhou a Bola de Prata, a Bola de Ouro e o prêmio de artilheiro do torneio. Tanto talento e qualidade, porém, despertariam o interesse de um time em franca ascensão no mundo da bola: o Napoli, de Maradona.
Pura MaGiCa!
Depois de 191 jogos e 115 gols com a camisa do São Paulo, e de se tornar o atacante mais talentoso da história do clube, Careca foi vendido ao Napoli da Itália em 1987 (mesmo ano em que disputou a Copa América pela seleção, mas sem brilho nem título). O atacante realizaria um sonho pessoal em jogar ao lado do mito Maradona, maior craque do planeta na época e recém-campeão da Copa de 1986 com a Argentina. Em entrevista ao Esporte Espetacular de 2010, ele comentou a ida para a Itália:
“Fui para o Napoli por causa do Maradona. O São Paulo estava me negociando com a Espanha, mas disse que queria jogar na Itália ao lado dele. Não era fácil jogar com ele, pelo contrário. Na verdade, era mais difícil. Ele passava todas as bolas redondinhas e eu não podia fazer feio, matar na canela. Eu tinha que corresponder”. Careca, sobre a ida ao Napoli e a chance de jogar ao lado do gênio argentino.
A chegada de Careca ao time napolitano fez a imprensa italiana apelidar o mais novo trio de ouro da equipe de “ma-gi-ca” (Maradona, Giordano e Careca). Ambos foram cruciais para as exibições magníficas do Napoli e eram garantia de casa cheia no estádio San Paolo. Na temporada 1987-1988, Careca anotou 13 gols no Campeonato Italiano e foi o vice-artilheiro da competição, dois a menos que o companheiro Maradona. Uma pena que o título tenha ficado com o Milan de Maldini, Gullit, van Basten e Cia. O vice-campeonato garantiu o Napoli na Copa da UEFA de 1988-1989, na qual o clube partiu em busca da glória continental. A equipe passou pelo PAOK (GRE), Lokomotive Leipzig (ALE) e Bordeaux (FRA) nas primeiras fases até encarar a Juventus nas quartas de final. No primeiro jogo, em Turim, vitória da Juve por 2 a 0. O Napoli precisava derrotar a equipe alvinegra por três gols de diferença se quisesse chegar à semifinal. Foi então que o time celeste sufocou o rival e marcou com Maradona e Carnevale, levando a partida para a prorrogação. Quando tudo encaminhava para os pênaltis, Renica fez o terceiro gol do Napoli, garantindo a vaga para a semifinal. Nela, duelo contra o sempre copeiro Bayern München-ALE. No primeiro jogo, em Nápoles, Careca e Carnevale fizeram os gols da vitória da equipe napolitana por 2 a 0. Na volta, em Munique, Careca abriu o placar para os italianos, aos 61´, mas Wohlfarth empatou dois minutos depois. Aos 76´, Careca marcou mais um e Reuter, aos 81´, empatou o jogo: 2 a 2. O Napoli estava na final.
Campeão da Europa!
A Copa da UEFA de 1988-1989 foi decidida entre Napoli e Stuttgart (ALE). Naquela época, a final era composta por dois jogos e não apenas um como hoje. O Napoli fez o primeiro jogo em casa, no estádio San Paolo tomado de gente. As estrelas do time marcaram (Maradona e Careca) e os italianos venceram por 2 a 1. Um empate bastava para o Napoli conquistar seu primeiro título europeu.
No segundo jogo, na Alemanha, Alemão abriu o placar aos 18´para o Napoli. O jovem Klinsmann empatou para o Stuttgart aos 27´. Aos 39´o zagueiro Ferrara deixou o Napoli em vantagem novamente. Aos 62´, Careca mostrou seu faro matador e decisivo e marcou o terceiro: 3 a 1. O Stuttgart parecia vencido, mas ainda encontrou forças para diminuir (gol contra de De Napoli) e empatar (Olaf Schmäler), mas era tarde. O Napoli era campeão da Copa da UEFA e conquistava seu primeiro título continental, algo que nem os rivais Roma ou Lazio haviam conseguido. Era a consagração de uma equipe que jogava sob os dotes do gênio Maradona e contribuições precisas e exuberantes de Careca (vice-artilheiro com seis gols).
Novo caneco nacional
No Campeonato Italiano de 1988-1989, o Napoli foi outra vez vice-campeão, 11 pontos atrás da campeã Internazionale. Careca marcou 19 gols, sendo o vice-artilheiro ao lado de van Basten. Já na temporada 1989/1990 o craque comemorou, enfim, o título italiano. O Napoli ficou apenas dois pontos a frente do vice-campeão Milan. Nesse campeonato, o time venceu o esquadrão de Milão por sonoros 3 a 0 em uma de suas grandes exibições. Careca anotou 10 gols na competição. Ainda em 1990, o craque ajudou o Napoli na conquista da Supercopa da Itália com um show pra cima da Juventus de Roberto Baggio: 5 a 1, com dois gols dele. Ali, porém, seria o último grande momento do clube celeste, que perderia Maradona (pego em um exame antidoping por uso de cocaína em 1991 e suspenso por 15 meses, além de ter o nome ligado à Camorra, a máfia napolitana) e outros craques nas temporadas seguintes.
Nova Copa e velha frustação
As glórias pelo Napoli não se repetiram na seleção em 1990. Ausente da Copa América de 1989, vencida pelo Brasil, o craque voltou à equipe de Lazaroni na Copa do Mundo da Itália. Careca foi razoavelmente bem, marcou dois gols (ambos na vitória por 2 a 1 sobre a Suécia), mas perdeu várias chances na partida contra a Argentina do amigo Maradona, nas oitavas de final, e viu a seleção ser eliminada com a derrota por 1 a 0. O time de 1990 não era nem sombra da equipe de 1986 e ficou marcado pelo futebol defensivo e sem brilho. Para Careca, aquela foi a última Copa de sua carreira. Em 1994, mesmo em forma e cotado para o mundial dos EUA, ele decidiu não disputar o torneio para dar espaço a outros jogadores.
Últimos anos e a aposentadoria
Em 1993, Careca deixou o Napoli e passou a jogar suas últimas partidas como profissional. O craque jogou no Japão, pelo Kashiwa Reysol, e ainda disputou alguns jogos no Santos, seu time do coração, até se aposentar em 1999. Em 1998, fundou o Campinas Futebol Clube ao lado do também ex-jogador Edmar, mas o clube foi extinto em 2010. Além disso, o ex-craque se arriscou como comentarista esportivo na Rede TV e possui vários negócios na área esportiva pelo interior de São Paulo. Mas sua maior contribuição foi mesmo dentro de campo, onde maravilhou torcidas com seu futebol refinado, moderno e decisivo, marcando gols em quase todas as grandes finais que disputou na carreira e sendo ídolo no Guarani, no São Paulo e no Napoli. Um craque imortal.
Números de destaque:
É o segundo maior artilheiro da história do Guarani com 109 gols marcados.
Disputou 191 jogos e marcou 115 gols pelo São Paulo.
Disputou 221 jogos e marcou 96 gols pelo Napoli.
Disputou 60 jogos e marcou 29 gols pela Seleção Brasileira.
futebol interior
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