Leões tropeçam no berço na véspera da grande batalha
Em vésperas de receber o Benfica em Alvalade, o Sporting tropeçou no «berço» e deu um passo em falso na luta pelo título.
Jorge Jesus não poupou jogadores. Não tinha como, aliás. Apesar do carinho que a palavra «berço» sugere, Guimarães é território hostil, terreno de batalha, onde só passa quem deixar a pele em campo.
O técnico leonino alterou todo o quarteto defensivo em relação ao jogo da Liga Europa, frente ao Bayer Leverkusen, mas a mudança mais estrutural foi a provocada pela ausência de Adrien, lesionado: João Mário teve de derivar para o meio, junto de William, e abriu espaço para Gelson entrar para o flanco direito.
Boa aposta. Gelson foi um quebra-cabeças para a defesa vitoriana durante a hora em que esteve em campo.
Sérgio Conceição repetiu o onze com que o Vitória empatou em Braga. Opção evidente, já que o treinador dos vitorianos não tem alternativas para mexer tanto assim na equipa.
E até começaram melhor os vimaranenses, logo aos cinco minutos, com Licá, numa diagonal, a aparecer nas costas da defesa do Sporting para rematar cruzado, sozinho na área, para defesa de Patrício.
O Sporting reagiu e não fosse o desacerto de Slimani podia ter chegado ao golo antes do intervalo. O ponta-de-lança argelino trabalhou muito – como sempre – mas falhou quando teve a baliza em ponto de mira: foi assim aos 21’, após cruzamento rasteiro de Schelotto, tal como aos 45’, após novo cruzamento atrasado (um padrão no ataque leonino) de Gelson.
Entre uma coisa e outra Gelson quase criou um golo sozinho (41’), ao entrar na área e rematar cruzado para João Miguel salvar com uma palmada. Isto imediatamente após Otávio, o talento criativo do meio-campo vitoriano, mas com pernas apenas para uma hora de jogo, quase descobrir o caminho da baliza num livre frontal.
«JJ» colocava dificuldades a Conceição (seu ex-jogador): o 4-4-2 «no papel» variava para um 4-2-3-1, quando não até para um 4-1-3-1 (com William à frente da defesaz e Ruiz nas costas de Slimani), isto sem contar com os adiantamentos de Schelotto e Zeegelaar pelas laterais.
Conceição tentava encaixar nestas variações do adversário e equilibrava pela raça de Licá e Valente, pelas alas, ou pela categoria de Otávio e Dourado, pela zona central do ataque.
Aos 58’ Jesus decidiu arriscar: trocou Gelson – um dos melhores – por Téo Gutiérrez para juntá-lo a Slimani na frente e o sistema voltou a mudar, transformando-se em situações de ataque num claro 4-2-4, com Bruno César (mais tarde João Mário) e Ruiz abertos nas alas.
Começou aqui o melhor período do Sporting. Com o Vitória encolhido, como uma presa ferida, os leões atacaram. E só não marcaram porque Ruiz, na pequena área, com João Miguel batido, acabou por desviar de cabeça por cima da barra (aos 60’… O costa-riquenho voltou a falhar (aos 71’), rematando contra o corpo de Miguel Silva. Mas quando Ruiz decidiu servir os companheiros, a eficácia não melhorou: como no caso de William, aos 82’, a desperdiçar algo parecido a um «penálti em movimento».
O Vitória quebrava fisicamente e tinha dificuldades em ligar três passes de seguida, face à pressão de um caçador feroz. Mais débil ficou a um quarto de hora do final, quando Josué foi expulso (acumulação de cartões amarelos) por agarrar Slimani.
Mesmo com um jogador a mais e apesar do domínio no segundo tempo em oportunidades e posse de bola, o Sporting não encontrava o caminho da baliza.
Barcos e Schelotto quase traziam da Argentina o golo da salvação leonina nos minutos finais... Porém, já nos descontos, na outra área, Victor Andrade caiu num lance polémico, em que os vitorianos pediram grande penalidade. Nada feito. Tudo acabaria em branco.
Faltaram golos a um jogo muito disputado, com picardia q.b., que terminou com um ambiente de festa pelos mais de 20 mil vitorianos que vieram ao Afonso Henriques (não faltaram também cerca de dois mil sportinguistas).
Festejos justificados para o Vitória, que ganha um ponto importante na luta pelos lugares europeus, com o Sporting, apesar de continuar líder, a lamentar a perda de dois pontos importantes (não são todos?) na corrida ao título.
Do tropeço leonino no duelo desta noite em Guimarães quem beneficiou foram os rivais. Sobretudo o Benfica, acabado de vencer o União, que fica a um ponto da liderança com o clássico de Alvalade à porta.
Na épica luta pelo título essa é a grande batalha que se segue…
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