segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Benfica-União Madeira, 2-0 (crónica)

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O dérbi começou esta noite, ainda a cinco dias do jogo de Avalade, mas com o Sporting a jogar praticamente à mesma hora em Guimarães, o Benfica cumpriu a sua parte diante do União da Madeira. Jonas, com um golo madrugador, abriu caminho para uma noite tranquila para o Benfica que, sem impor muita intensidade, controlou praticamente o jogo do princípio ao fim. Jonas acabou por bisar no jogo e, desta forma, ultrapassou Luis Suárez (Barcelona), para se destacar, com 26 golos, na corrida à Bota de Ouro. Mais. Rui Vitória poupou André Almeida e Renato Sanches que, assim, estão disponíveis para Alvalade, tal como Jardel que acabou o jogo sem amarelos. Uma noite quase perfeita para a equipa de Rui Vitória que acabou ao som dos «parabéns» a comemorar os 112 anos do clube.
O dérbi começou também pelas alterações que Rui Vitória promoveu no onze, poupando André Almeida e Renato Sanches, dois dos jogadores que estavam em risco para Alvalade, para uma remodelação que começou nas laterais, com Nélson Semedo a recuperar a titularidade sobre a direita e Grimaldo a estrear-se no lado contrário. Talisca também entrou de início para o lugar de Renato, mas a linha avançada manteve-se intacta, com Gaitán a voltar à equipa para se juntar a Pizzi, Jonas e Mitroglou.
Norton de Matos, por seu lado, procurou reforçar a zona frontal, com Tiago Ferreira a jogar como «trinco», à frente dos centrais, com especial atenção às movimentações de Jonas, mas também com Shehu e Soares logo ali a servirem de tampão. Sobravam apenas Amilton, Danilo Dias e Toni Silva para as saídas rápidas para o ataque. Uma estratégia que sofreu um rombo logo no início, com o Benfica a chegar ao golo aos cinco minutos. Livre de Pizzi sobre a esquerda, Soares afasta de cabeça e a bola sobra para Jonas que enche o pé para o 25º golo na Liga.
Um golo que tranquilizava o Benfica que, nesta altura, já estava confortavelmente instalado no meio-campo do União que, por sua vez, sentia tremendas dificuldades para sair a jogar. Sem pressa para chegar ao segundo golo, o Benfica cercava a área do União para, de tempos a tempos, com um futebol rendilhado, procurar forçar uma abertura para novo remate certeiro. Neste capítulo, fazemos desde já, uma chamada de atenção para as movimentações de Pizzi, o verdadeiro comandante dos encarnados esta noite, com Gaitán demasiado encostado sobre a esquerda. O internacional português encheu o campo, surgindo em todos os sectores, com passes de rotura e remates que por muito pouco não resultaram em golo.
O União fechava-se cada vez mais sobre a baliza de Gudiño e, sempre que podia, procurava responder com passes longos em profundidade, para a velocidade de Danilo Dias e Toni Silva, mas os dois avançados raramente tiveram apoio e acabavam desarmados antes de chegar perto da área de Júlio César. Era o Benfica que mandava no jogo, embora sem a preocupação de impor um ritmo intenso. Um domínio paciente, que implicava uma sucessão de passes, muitas vezes já no interior da área, mas por vezes com demasiada cerimónia, à espera que o adversário perdesse o equilíbrio. Até ao intervalo, Pizzi teve três oportunidades para aumentar a vantagem, com destaque para a última, com Gaitán, com elevada nota artística, a levantar a bola sobre os centrais para a cabeçada do português ao lado.
Jonas bisa e ultrapassa Suárez e Higuaín
O intervalo chegou com um vantagem magra, mas segura, tendo e conta que o União deu muito pouco trabalho em termos defensivos. Por isso o Benfica voltou a entrar da mesma forma, com elevada posse de bola, boa circulação, mas pouca intensidade diante de um União cada vez mais encolhido, agora com duas linhas bem claras à frente da baliza de Gudiño. Era precisamente entre essas duas linhas que o Benfica procurava desequilíbrios, mas também nas bolas paradas. Mitroglou voltou a estar perto do golo num livre de Pizzi, mas a verdade é que faltava velocidade para surpreender o União. Rui Vitória procurou-a, abdicando de Talisca [raramente esteve enquadrado com os companheiros] para lançar Salvio.
O cerco manteve-se apertado, Nélson Semedo esteve perto de marcar e Mitroglou aqueceu as luvas de Gudiño antes do Benfica voltar a marcar, com uma bomba do grego, desviada subtilmente pelo melhor marcador dos campeonatos europeus, Jonas de seu nome. Um golo que destaca o avançado brasileiro à frente de Suárez e Higuaín, ambos com 25 golos, na corrida à bola de ouro. Até ao final do jogo, sem notícias de golos em Guimarães, o Benfica controlou sem grandes problemas, tirando uma fuga de Élio Martins que acabou por tropeçar à entrada da área.
Ainda sem conhecer o resultado final do Sporting em Guimarães, a verdade é que o Benfica cumpriu a sua parte e pode apresentar-se em Alvalade na máxima força.

Benfica-U. Madeira, 2-0 (destaques)


A FIGURA: Jonas, o decisivo do costume
O brasileiro segue imparável e nesta segunda-feira voltou a ser decisivo em mais uma vitória do Benfica. Mais dois golos para a conta pessoal, que elevam o pistoleiro da Luz à condição de Bota de Ouro da Europa, com 26 golos em 24 jornadas. Notável!

O MOMENTO: golo de Jonas, 5 minutos
Os encarnados estiveram longe de realizar uma exibição de encher o olho, talvez por culpa da ausência de Renato Sanches, que foi poupado por Rui Vitória a pensar no dérbi, e que obrigou a mudar alguns mecanismos da equipa. Ainda assim, cumpriram perante um União muito fechado mas sempre apto para surpreender no contra-ataque. O golo madrugador de Jonas deu tranquilidade e permitiu que o Benfica gerisse o jogo de forma mais tranquila.

OUTROS DESTAQUES
Pizzi: foi de longe o melhor dos encarnados nos primeiros 45 minutos, período no qual fez pelo menos quatro remates, três deles muito perigosos. Com Talisca muito colado a Samaris para pegar no jogo (ou perdido) na primeira fase de construção, o transmontano criou muitos desequilíbrios a partir do centro do terreno. Autêntico playmaker, esteve em praticamente todas as jogadas dignas de registo da equipa de Rui Vitória na primeira parte. Marcou o livre que esteve na origem do 1-0, serviu Mitroglou (que desperdiçou o segundo) e podia ter marcado aos 26 minutos depois de tirar um adversário do caminho. Já perto do intervalo entendeu-se bem com Gaitán, surgindo nas costas da defesa para cabecear ligeiramente ao lado do poste esquerdo. Esteve menos influente na segunda parte mas manteve-se em bom plano.
Mitroglou: ao oitavo jogo para a Liga o grego ficou em branco. Esteve perdulário no capítulo da finalização, falhando algumas oportunidades claras. Ainda assim tem faro pelo golo, surgindo quase sempre no sítio certo quando se trata de ocupar o sítio certo na grande área. O segundo golo do Benfica também é um pouco dele.
Grimaldo: depois de ter atuado 28 minutos na goleada do Benfica por 6-1 ao Moreirense para a Taça da Liga, o lateral ex-Barcelona estreou-se pelas águias no campeonato e logo no Estádio da Luz. Sentiu algumas dificuldades iniciais no duelo com Danilo Dias e, por opção ou por indicação do treinador, não se envolveu muito nas ações ofensivas, privilegiando a segurança defensiva. Foi-se libertando da timidez aos poucos e esteve mais atrevido no segundo tempo.
Nélson Semedo: ainda está longe dos índices que exibia quando se lesionou com gravidade em outubro. Sentiu algumas dificuldades com Amilton mas envolveu-se bem na manobra ofensiva. Não há lateral no Benfica que o faça tão bem como ele.
Amilton: começou o jogo na direita mas depressa trocou com Danilo Dias. Foi um dos melhores da equipa de Norton de Matos. Muita velocidade e boa visão de jogo. Saiu dos pés dele um dos lances mais perigosos da equipa insular em todo o jogo, quando isolou Toni Silva na cara de Júlio César.
Raul Gudiño: o guarda-redes cedido pelo FC Porto é um dos melhores no FIFA 16 na sua posição. Tem 19 anos, é cedo para saber o que será daqui a uns anos, mas esta segunda-feira esteve ao nível do mexicano virtual. Enorme na baliza do União, travou pelo menos três remates com selo de golo (dois a Mitroglou e um a Pizzi) só na primeira parte. Voltou a tirar outro golo a Mitroglou na segunda parte e estava no caminho da bola no lance do segundo golo dos encarnados mas Jonas enganou-o com um desvio subtil. Já escrevemos que tem 19 anos?

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