segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Dalmo Pessoa: Um campeão de ética é hoje rei dos barracos(SÃO PAULO FC)

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por Dalmo Pessoa - Gente Boa de Bola - São Paulo
- “Dalmo, o São Paulo é um Fluminense por dentro e um Corinthians por fora”, dizia José Silveira – que Deus o tenha – em nossas discussões na mesa-redonda do Canal 11.
Outra definição de Silveira sobre seu time do coração merece ser lembrada para que possamos entender o momento de um clube que sempre foi considerado um modelo de gestão, dentro e fora do campo, e hoje protagoniza cenas de verdadeiros barracos, que mancham sua imagem e não lembram os bons tempos.
Para entender o São Paulo é preciso mergulhar um pouco na história. Seus sócios, funcionários de uma cervejaria de origem alemã, eram obrigados a contribuir com suas mensalidades. Tempos magros, de pouco dinheiro, e por isso mesmo seus torcedores eram chamados de pipoqueiros. Uma vez, o São Paulo quebrou e até passaram uma bandeira nos estádios para arrecadar dinheiro até de corintianos.
O tempo passou, o São Paulo se recuperou, cresceu, virou uma potência e sua trajetória atraiu uma plêiade de juristas. O São Paulo virou um time de juízes, desembargadores e advogados famosos. Isto fortaleceu seus órgãos diretivos e também vieram cardeais como Laudo Natel, Porfirio da Paz, Manoel Raimundo Pais de Almeida, Antonio Leme Nunes Galvão, entre tantos outros; operadores de Justiça como Valdemar Mariz de Oliveira, Onei Rafael, Pinheiro Oricchio, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Henri Aidar; bem como nomes do nível de Fernando Casal De Rey, Marcelo Portugal Gouveia e outros que poderiam perfeitamente ocupar lugar nesta lista.
O tempo passa, o tempo voa. Alguns saíram, outros partiram para o Além e os que ficaram não conseguem devolver ao São Paulo a aura de clube-modelo e acostumado a conquistas de três libertadores, três títulos mundiais e outros títulos. O clube perdeu a capacidade de se inovar e se renovar. Seus gestores não passam de aprendizes de feiticeiros de administração. Os resultados no futebol são pífios, os títulos escassearam, o time é ruim e vive de um resultado razoável, aqui e ali.
Mas, salvo melhor juízo, o final do ano não acena com alguma conquista expressiva.Enquanto isso, a dignidade do clube é estraçalhada pela incompetência da diretoria e pela mediocridade dentro do campo, o que justifica outra definição de Zé Silveira, quando o time sofria uma derrota humilhante: “O São Paulo é uma imensa caixa de pó de arroz vazia”. Tinha um estádio bonito, mas a essência – o futebol dentro do campo – não cheirava nem lírios, nem rosas.
Ultimamente, os barracos se sucedem. Diretorezinhos medíocres que usam a internet para transpirar suas frustações como alucinados torcedores. O São Paulo, que já teve Didi, Edson Cegonha, Gerson, Dario Pereira, Lugano (o outro, não esse atual), Roberto Dias, Toninho Guerreiro e tantos outros tem que se contentar com o Neymar do Nordeste (imitação barata), Carlinhos baladeiro e outras mediocridades.
O São Paulo tem um centro de formação, onde gastou 20 milhões (entrou dinheiro público aí) e não consegue aproveitar quase nada da base. Aquele luxo de Cotia só serve para engordar os bolsos de empresários vigaristas.

O São Paulo ainda não entrou na argentinização do futebol, mas está perto, seduzido por uruguaios que fizeram histórias no Morumbi como Forlan, Dario Pereira e Lugano, o mais novo jogador veio do INSS do mundo da bola. Tomará que dê certo, mas perguntamos: Cotia não consegue formar um zagueiro do nível de Roberto Dias?
Está na hora do São Paulo se encontrar com seu passado quando tinha dirigentes de nível, que sabiam contornar os seus problemas internos, com desavenças e rupturas que não ultrapassavam os muros do Morumbi. Afinal, a imagem de Zé Silveira – o São Paulo é um Fluminense por fora e um Corinthians por dentro – se apagava ali mesmo, o clube se superava.
Hoje, não. O comando mistura as coisas. Diretores que brigam em restaurantes, trocam socos; assessores com status de comando, que não cumprem a quarentena, conforme recomenda a ética, isto é, trabalham para empresários, e depois assumem cargos no clube, caso de Gustavo Oliveira e outro diretor de meia pataca.
O São Paulo teve duas manchas éticas em sua história: o caso José Eduardo Mesquita, punido pelo Conselho; e Carlos Miguem Aidar, com aquela história de Ataíde Guerreiro. Afinal, apuraram o quê daquela sujeirada? Quem foi punido? Aidar saiu, mas a mancha ética, não. Afinal, ele errou ou não? Se não errou, limpem essa mancha.
O São Paulo sempre foi um modelo. Hoje é o rei dos barracos. Quem vai resgatar o passado de ética e dignidade do São Paulo?
Dalmo Pessoa - Gente Boa de Bola
Um dos mais importantes e polêmicos jornalistas esportivos do país, foi colunista do Notícias Populares, jornal de maior venda avulsa da capital por vários anos. Falando uma linguagem direta para o torcedor, ele era temido pelos dirigentes e pelos que pisavam no tomate. 

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